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Hoje dia 18 de Novembro do ano de 1934, aterrou cerca das 16.30 horas, no hipódromo da Areia Preta, o tenente-aviador Humberto da Cruz que, com o seu mecânico, 1.º Sargento Gonçalves Lobato, efectuaram o voo Lisboa- Dili.” (1)

Fotos da chegada dos aviadores do fotógrafo José Neves Catela publicadas no «Directório de Macau de 1936» (2)

O avião “Dilly” que tripulado pelo aviador Humberto Cruz e mecânico Lobato, no hipódromo da Areia Preta
Um aspecto da chegada a Macau dos heroicos tripulantes do avião “ Dilly”

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/18/leitura-a-viagem-do-dilly-i/

(2) Sobre este fotógrafo, ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-neves-catela/

Fotos de Catela (1) publicadas em 1936, (2) mas tiradas provavelmente em 1934 quando estiveram em Macau os aviadores, capitão Humberto Cruz e o mecânico António Lobato durante 5 dias no raid Lisboa-Timor-Macau-Índia. Lisboa. O aparelho Dilly – um “De Havilland Leopard Moth”, com motora Gipsy Major de 130 cavalos – aterrou a 18 de Novembro de 1934 no hipódromo da Areia Preta. Durante a estadia, voaram sobre a cidade com o fotógrafo Catela que tirou 180 retratos aéreos da Colónia. (3)

Vista aérea da península de Macau 
Vista aérea do centro da cidade, vendo-se o Largo do Senado
Vista aérea da Avenida Vasco da Gama e Campo da Caixa Escolar
Vista aérea dos terrenos conquistados ao mar que foram cedidos à Companhia de Abastecimento de Águas para a construção de reservatório
Vista aérea do Porto Interior

(1) José Neves Catela faleceu aos 49 anos de idade, em Macau, a 1 de Fevereiro de 1951. Natural de Alpiarça, onde nasceu em 1902, encontrava-se em Macau desde 1921 sendo funcionário da Secção de Propaganda de Macau. (informação da revista MOSAICO). Sobre este fotógrafo ver referências anteriores em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-neves-catela/

(2) Extraído de «Directório de Macau de 1936»,

(3) , Luís Andrade de – Aviação em Macau, um século de aventuras. Livros do Oriente, 1990, p.66; https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/humberto-da-cruz/

A Revista “Ilustração” noticiava em Janeiro de 1935:
A bordo do «DILI» chegaram no dia 21 do mês findo à Amadora, o tenente Humberto da Cruz e o sargento-mecânico Gonçalves Lobato, que completaram brilhantemente o «raid Lisboa-Macau-Timor», com passagem pela Índia Portuguesa e Macau num total de 40 700 quilómetros. Lisboa fez-lhe o caloroso acolhimento a que tinha direito.

ILUSTRAÇÃO JAN1935 n.~217 Chegada aviadores a Amadora IIOs aviadores instantes depois da sua chegada à Amadora.

ILUSTRAÇÃO JAN1935 n.~217 Chegada aviadores a Amadora INa gravura vê-se o mecânico Lobato à saída da Câmara Municipal

 A tenacidade deste intrépido aviador bem mereceu o entusiástico acolhimento que lhe dispensaram. Como no tempo glorioso das descobertas, Humberto da Cruz sentiu a tentação das Índias – e foi até lá, através dos ares.”

Referências anteriores a esta viagem aérea ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/humberto-da-cruz/

Na sequência do post anterior “A VIAGEM DO DILLY” (1), retiro do mesmo livro o envio dum envelope postal muito especial, relatado pelo próprio Tenente- aviador Humberto do Cruz.

Envelope postalEnvelope do primeiro correio aéreo saído de Macau, “Por avião Dily“, endereçado ao Tenente-aviador Humberto da Cruz  (Nova Goa – Índia), no ano de 1934.

O envelope  está inscrito (em português e em inglês)

3.º Cachet emitido pela S.I.C.

Comemorativo do 1.º Périplo aéreo do Im-

pério Colonial Português, feito pelos aviado-

res, Tenente Humberto da Cruz, piloto e 1.º

Sargento Gonçalves Lobato, mecânico.

Vôo Macau – Goa – 27/11/934

-/-

Third Cachet issued by the S.I.C.

Commemorating the first intrepid aerial
circumnavigation of the Portuguese Colonial
Empire, by the fliers Lieutenant Humberto
da Cruz, pilot, and air mechanic Gonçalves
Lobato

Macau – Goa Flight – 27/11/934

Selo 15 avosTem um selo de 15 avos – Correio de Macau. Os selos desta série continuariam a ser utilizados , já no correio aéreo, com um carimbo “Avião”

O avião Dilly de regresso  Portugal, partiu do campo da Areia Preta (hipódromo) com destino a Goa, via Hanói, Bangkok, Akyab (Birmânia), Allahabad (Índia), tendo aterrado em Goa a 1 de Dezembro de 1934
Anuário 1938 HipódromoRefere o piloto:
” Quási na hora da largada foram-nos entregues dois pacotes de cem cartas, cada, com envelopes especiais e devidamente selados. Um, dirigido a Gôa e, o outro ,  a Lisboa. alguém tivera a feliz ideia de aproveitar o avião para dar um início experimental ao correio entre colónias e entre Macau e a Metrópole…
Em cada um dos pacotes vinham duas cartas para os tripulantes do «Dilly» e , assim, em Gôa e em Lisboa, tivemos a satisfação de receber, quási à nossa chegada, cartas de Macau que nos eram dirigidas e que nós tínhamos trazido.
Os envelopes ficarão, pelos seus dizeres e pelos seus gráficos e desenhos, não faltando a barra nacional verde-vermelha, a atestar para sempre, na posse dos colecionadores, êsse primeiro transporte de correio aéreo feito por um avião português. ” (2)

Chegada ÍndiaA primeira aterragem dum avião português em Macau e em baixo, à esquerda, o “Dilly na Índia.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/18/leitura-a-viagem-do-dilly-i/
(2) CRUZ, Humberto da (ten. av.); LOBATO, António (mec). – A Viagem do “Dilly” (1934). Impresso nas oficinas da Sintra Gráfica, 1935, 269 p
Foto do hipódromo retirado do Anuário de Macau , 1938 (já publicado em 01-04-2012 a propósito do mesmo hipódromo em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/01/leitura-eu-estive-em-macau-durante-a-guerra-o-hipodromo-de-macau/

“Hoje dia 18 de Novembro do ano de 1934, aterrou cerca das 16.30 horas, no hipódromo  da Areia Preta, o tenente-aviador  Humberto da Cruz que, com o seu mecânico , 1.º Sargento Gonçalves Lobato, efectuou o voo Lisboa- Dili.” (1)
A viagem de 42670 Km foi de Lisboa (partida: Amadora) a Timor e depois na volta, Macau, índia até  Lisboa. Decorreu entre 25 de Outubro a 21 de Dezembro de 1934.
O Tenente-Aviador Humberto da Cruz publicou as peripécias da viagem num livro “A Viagem do Dilly” (2)

Por sorte nossa marcávamos, na Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, a primeira aterragem dos portugueses, entre lágrimas e sorrisos, entre «vivas» e palmas, entre abraços e saudações, saltámos do avião para todos recebermos num primeiro abraço que era, para eles, o abraço que lhe iamos levar. Sua Ex.ªa o Sr Governador ali estava, e com êle quanta gente!…(…)
Abrigado o avião no hangar improvisado, feito de panos de tenda, fômos para a cidade, onde nos queriam receber no Leal Senado . na sua sala nobre, repleta de gente, tanta quanta coube, foram-nos dadas as boas vindas pelo presidente, Sr. Dr. Luiz Nolasco da Silveira,…(2)

A aterragem em Macau foi na verdade a primeira a ser efectuada por um avião de Portugal já que os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que efectuaram a anterior viagem aérea de 1924, chegaram a Macau por barco (3)
                             Macau visto de bordo do “Dilly” (4)

(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p., 18 cm x 12 cm
(2) CRUZ, Humberto da – A Viagem do “Dilly“. Edição especial, de 100 exemplares, em papel de luxo (que não foi posta à venda). Impressão Sintra Gráfica, de António Medina Júnior, 1935, 271 p., 28 cm x 18,5 cm.
(3) “25-06-1924 – Trouxe a canhoneira Pátria os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que, no seu acidentado voo Lisboa – Macau, tinham caído, no dia 20, cerca das 15 horas , em Sàm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram entusiasticamente recebidos por toda a população, desembarcando sob uma chuva de flores, entusiásticos vivas, estrepitoso estralejar de panchões e da música dirigindo-se todos ao Leal Senado para a sessão solene. Macau esteve em festa durante dias seguidos” (1)
(4) Esta foto foi realizada por José Neves Catela.
No dia seguinte, de manhã, por indicação de Sua Ex.ª o Governador, fui com o fotógrafo Catela – um artista no género – já consagrado por diversos trabalhos de vulto, dos quais podemos citar algumas fotografias de Macau que estiveram na Exposição Colonial do Pôrto, tirar algumas «fotos» de Macau e das ilhas. Levou com ele quatro boas máquinas e fez 180 impressões. Bom trabalho resultou desse voo.” (2)
NOTA: Sobre o fotógrafo José Neves Catela (1902-1951):
A partir dos anos 20 e 30, a fotografia começou a fazer parte do quotidiano de Macau. O fotógrafo português José Neves Catela viveu em Macau entre 1925 até 1941, Foi um fotojornalista de vários jornais e revistas e estabeleceu o seu próprio estúdio. E, deixou um espólio fotográfico de grande valor que documenta vários aspectos da cidade, sobretudo as antigas embarcações de Macau.”
http://www.mam.gov.mo/showcontent.asp?item_id=20111217010200&lc=2
Mais informações ainda em:
http://caderno-do-oriente.blogspot.pt/2011/02/ano-novo-chines-fotografias-de-jose.html

CORRECÇÃO EM 08-12-2014:
José Neves Catela faleceu aos 49 anos de idade, em Macau, a 1 de Fevereiro de 1951. Natural de Alpiarça, onde nasceu em 1902, encontrava-se em Macau desde 1921 sendo funcionário da Secção de Propaganda de Macau. (informação da revista MOSAICO)