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Em 17 de Setembro de 1883, escreve Adolfo Loureiro (1) a propósito do Hotel Macao (2) (desde 1880, sob a direcção de Pedro Hing Kee) (3):

«Fiquei hoje definitivamente instalado nos meus aposentos que são completamente independentes e mobilados conforme as minhas indicações. Na varanda coberta lá estão as frescas e cómodas cadeiras, ou sofás de rota; no salão uma grande mesa para estantes, plantas e desenhos, secretárias, pequena mesa para quando quiser almoçar ou jantar no meu quarto, etc., etc,; no quarto de cama, um leito enorme e de armação, mesas, toilettes, guarda roupa, cabides; finalmente, uma pequena galeria envidraçada, dando para um páteo interior, e nela a sala de banho com uma daquelas banheiras chinesas de barro com esmaltes que fazem lembrar as antigas tinas de banho gregas ou romanas. Estou optimamente instalado e encontro no dono do hotel que é um cristão, o maior desejo de me ser agradável… (…) O jantar foi servido com profusão, com boa ordem e com uma cozinha, meio inglesa, meio portuguesa que me não desagradou. Quando terminei, ao chegar à janela vi o governador (Tomás de Sousa Rosa) que ia ao seu passeio. Acompanhei-o.» (4)

Por volta de 1900, encontra-se no Tourist Book de Hong Kong o seguinte anúncio: (4)

Macao Hing Kee’s Hotel – A perfectly new Building – 30 bedrooms – A confortable family Hotel – Five Minutes from the Wharves steamer – Every thing of the Best – Charges very moderate.

(1) O engenheiro Adolfo Loureiro, encontrava-se em Macau a fazer estudos sobre a viabilidade da construção de um dique no porto interior. Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adolfo-loureiro/

(2)

Em primeiro plano os Correios, a seguir, o «Macao Hotel», c. 1900

Velho hotel oitocentista «Hotel Hing Kee» (“Nam Van Heng Ki Chau Tim”) com a fachada principal virada a leste para a Rua da Praia Grande com o número 101 (Directório de 1890, p. 57), propriedade de P. L. Hing-Kee. Depois «Macao Hotel» (explorado por William Farmer (ou «New Macao Hotel», a partir de 1923) remodelado em 1927-1928 pelo comendador Lou Lim Ioc  com o nome de «Hotel Riviera» (encerrou em 1969) e, dois anos mais tarde, demolido. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-macao/

DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1890, p. 57

No Directório de Macau de 1879, vem mencionado um Hotel com o nome de «Macau Hotel» (Ou Mun Tai Chao Tim), propriedade de Joaquim Pereira de Campos, na Rua de Praia Grande n.º 15 (com gerência de António Gomes da Silva Telles e Augusto Siqueira)

DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1879, pp. 28 -29

(3) O Engenheiro Adolfo Loureiro no seu livro ”Oriente” descreve-o «um china rechonchudo e prazenteiro que me recebe de modo expansivo, falando-me, em vozes mansas, um português ininteligível e que me obriga a recorrer ao inglês, língua em que sou menos forte do que ele no português» (4)

(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, p.75

Anúncio em inglês de 1920, inserida numa publicação “turística” editada em Hong Kong.

O “Hotel Macao”/ “Macao Hotel” situado no Centro da Praia Grande  com entrada na Rua da Praia Grande n.º 65, tinha uma fachada de três pisos, que dava para a praça da Praia Grande, e proporcionava uma ampla vista panorâmica da zona ribeirinha e da marginal orlada de pinheiros, e uma porta lateral sque dava para  futura Avenida de Almeida Ribeiro. O luxuoso hotel era o preferido dos turistas e comerciantes  abastados e dos convidados oficiais.

Anteriormente chamado Hotel “Hing Kee” (o proprietário do hotel era o sr. Leong Hing Kee / Pedro Hing Kee, grande negociante/comerciante em Hong Kong e em Macau) (1) foi depois remodelado, passando a ser conhecido em 1903, como “Macao Hotel” e depois na década de 20 (séc. XX) “New Macao Hotel” com entrada principal na Avenida Almeida Ribeiro. Após a morte do proprietário, o hotel de novo entrou em obras, permanecendo a entrada pela Avenida Almeida Ribeiro, e reinaugurado com o nome de “Hotel Riviera” de 1928 até 1969, quando foi demolido. Em 1974 erigido no mesmo local o edifício Comercial Nam Tung e depois reconstruído, em 1998 para sede do Banco da China, em Macau.

(1) Pedro Leong Hing Kee (alias Pang Ahim) (segundo algumas fontes, além do chinês, falava francês, inglês e português?) era entre 1870 e 1880, dono de dois hotéis de luxo em Hong Kong “Hong Kong Hotel” e Victoria Hotel” e depois em 1890 fixou-se em Macau,. envolvendo-se  em vários negócios, como por exemplo, negociante de gelo neste anúncio de 1922

Pedro Hing Kee era proprietário do hotel “Hing Kee” (também chamado “Hotel Victória“) , inaugurado em 1880, e em Maio de 1903, vendeu-o por 20 mil patacas a William Farmer. (2) Há uma outra informação que refere ter o Hotel “Hing Kee”, pertencido de 1891 a 1903 a um chinês, rico comerciante do Havai (3)

(2) William M. Farmer, australiano do ramo da hotelaria, veio para Hong Kong em 1890 para trabalhar no “Victoria Hotel” e depois “New Victoria Hotel” que ele comprou, em 1898. Em 1892 associado ao negociante parse, Sr. Madar, adquiriu o “King Edward Hotel”. Nessa década, terá vindo a Macau e achou que era proveitoso investir na hotelaria em Macau e havia só dois hotéis que o satisfazia: hotel Boa Vista e o hotel Hing Kee. Quis arrendar o Hotel-sanatório Boa Vista, mas este foi cedido à Santa Casa da Misericórdia, em 1901, por 80 mil patacas. Comprou o Hotel Hing Kee, em 1903 rebatizando-o como “Macao Hotel”.

 (3) “Quando Chun Afong (1825-1906), um rico comerciante do Hawaii, visitou Macau na companhia do filho no verão de 1891, tentou entrar no Hotel Victoria, mas foi impedido pelo porteiro que lhe explicou que “cães e chineses não eram admitidos”. Chun ficou irritadíssimo e pediu para falar com o gerente do hotel, a quem ofereceu 5.000 dólares americanos pela compra do Hotel. Uma vez adquirido, o hotel mudou de nome e passou a chamar-se “Sei Hoi Fong Un” (o jardim de Fong dos quatro mares).” (“As Ruas Antigas de Macau”, I.A.C.M., 2016,p. 29)

Anteriores referências a este hotel em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-new-maca

A propósito do livro “Roteiro do Ultramar”, postado em (1), encontrei no Anuário de Macau de 1956-1957, os seguintes anúncios, referentes aos hotéis de 1.ª categoria que existia em Macau no ano de 1958,  (só faltou o do Hotel «Kuoc Chai»).

ANÚNCIO Hotel Central 1957Anúncio do Hotel Central de 1957 (gerido pela Companhia Tai Hing), semelhante ao já publicado em (2), referente ao ano de 1951.

O EDIFÍCIO MAIS ALTO DO ULTRAMAR PORTUGUÊS,
SITUADO NA AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO
A PRINCIPAL ARTÉRIA DA CIDADE

ANÚNCIO Hotel Bela Vista 1957HOTEL BELA VISTA
SERVIÇO PERFEITO
QUARTOS A PREÇOS ACESSÍVEIS,
ASSEADOS E COM BOA VENTILAÇÃO

ANÚNCIO Hotel Riviera 1957HOTEL RIVIERA
É o único hotel europeu desta cidade com o maior conforto para turistas e visitantes

ANÚNCIO Hotel Macau 1957HOTEL MACAU
Preços módicos
Comodidades modernas

NOTA: O Hotel “Macau” tinha a gerência de Peter Pang e  os hotéis “Riviera” e “Bela Vista” estavam, nesse ano, a ser geridos pela Sociedade “A Macau Lda”.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/17/leitura-roteiro-do-ultramar/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/29/anuncios-hotel-central-i/

Livro de Manuel Henriques Gonçalves, “Roteiro do Ultramar (1), de 1958 (traz a indicação de 1959, na lombada) pretende ser, conforme afirma o autor “… uma síntese da história, da geografia, das raças, das produções, das possibilidades sociais e turísticas, dos meios de comunicação, numa palavra, – da vida desses pedaços de Portugal, que, como há oito séculos, continua a ser um povo de missão…..”

Roteiro do Ultramar CAPA

Não traz a indicação da editora mas muito possivelmente da Agência Geral do Ultramar, dentro da política de propaganda ultramarina.

Roteiro do Ultramar MAPA Macau 1958

Referência a Macau das páginas 111 a 120, com 10 páginas de fotogravuras no texto e um mapa de Macau cartonado intercalado extra-texto.

Roteiro do Ultramar Página Macau

De interesse (curiosidade), a ADENDA UTILITÁRIA, no fim do capítulo sobre Macau, proposto pelo autor (em 1958):
“Vias de comunicação exterior:
– Ligações marítimas diárias com Hong Kong; ligações com Lisboa
– Ligações terrestres com a China através da Porta do Cerco.
Elementos económicos:
Como grande porto franco e província constituída por áreas urbanas Macau é um grande entreposto de trânsito e importação. NO entanto, exportou em 1956: arroz (518 tons); artefactos de malha (22 tons); artigos de bambu (352 tons); artigos de couro (10 tons); artigos de toilette (1.000 tons).
Divisão administrativa:
Concelhos de Macau e Ilhas.
Hotéis:
Europeus e chineses: A Chao, Bela Vista(1), Cam Va (ou Kam Va *), Cantão, Central (2), Homo (*) Ian Ian, Kam Lang, Ruoc Chai (3), Macau(4), Riviera (5), San Hou (*), San Ka Pau, Hap Kei, Tai Peng, San San (*), Siong Hoi Seng Kai, Tong Fong, Ung Chao (*), Va Ton, Veng Va (*), Vo Cheong.
(sinalizo os cinco hotéis de 1.ª categoria e com (*) os hotéis de 2.ª categoria, frequentados sobretudo pela população chinesa)
Informações económicas e turísticas:
Repartição Técnica de Estatística – Macau
Informações gerais:
Agência Geral do Ultramar – Rua S. Pedro de Alcântara, 81 – Lisboa.”
 
Roteiro do Ultramar CAPA+CONTRACAPA

GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p. De 22 cm x 16 cm.

(1) O Hotel Bela Vista estava situado na Rua Comendador Kou Ho Neng . Disponha de 27 “arejados” quartos, com restaurante de comida europeia e uma esplanada (onde tocava durante os meses de Verão e Outono, todas as noites das 21.00 horas à meia-noite uma “moderna” orquestra de jazz). Os preços dos quartos, diárias em patacas, variavam de $10,00 para os “singles” «sem casa de banho» a $30.00, para os “doubles” «com casa de banho». Mais informações em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-bela-vista/
(2) O Hotel Central estava situado na Avenida Almeida Ribeiro. No 6.º andar, um «Salão de Dança», todas as noites das 21.00 às 3.00 horas da madrugada tocava uma orquestra filipina. Os preços variavam, diárias em patacas, de $ 7,50 para os “singles” «sem casa de banho» a $14.00 para os “doubles” «com casa de banho».Mais informações, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-centralpresident-hotelgrand-central-hotel/
(3) Deve ter sido erro de impressão – O Hotel era o Kuoc Chai (Grande Hotel) situado ao fundo da Avenida Almeida Ribeiro, junto das pontes de desembarque do porto interior, onde atracavam os barcos da carreira Macau-Hong Kong. Tinha 84 quartos. O «Salão de Dança», que estava 1.º andar estava aberto todas as noites das 21.00 às 3.00 horas da madrugada. As diárias, em patacas, dos “singles” «sem casa de banho» custavam $10,00 e os “doubles” «todos com casa de banho», $25,00. Para mais informações, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/03/07/noticia-de-7-de-marco-de-1941-grande-hotel-kuok-chai/
(4) Hotel Macau, estava na Travessa das Virtudes e era dos hotéis de 1.ª categoria, o mais económico. Tinha 62 quartos com os “singles” «sem quarto de banho» a custar $ 5,00 patacas diárias e os “doubles” «com quarto de banho e ar condicionado» a $ 14,00 diárias.
(5) Hotel Riviera estava situado no cruzamento da Rua da Praia Grande com a Avenida Almeida Ribeiro era o hotel preferido pelos turistas estrangeiros. Dispunha de 22 «amplos e arejados quartos», com as diárias desde os “singles” «sem casa de banho» por$15,00 patacas até aos “doubles” «com casa de banho», por $30,00 patacas. Para mais informações, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-riviera/