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Em 17 de Setembro de 1883, escreve Adolfo Loureiro (1) a propósito do Hotel Macao (2) (desde 1880, sob a direcção de Pedro Hing Kee) (3):

«Fiquei hoje definitivamente instalado nos meus aposentos que são completamente independentes e mobilados conforme as minhas indicações. Na varanda coberta lá estão as frescas e cómodas cadeiras, ou sofás de rota; no salão uma grande mesa para estantes, plantas e desenhos, secretárias, pequena mesa para quando quiser almoçar ou jantar no meu quarto, etc., etc,; no quarto de cama, um leito enorme e de armação, mesas, toilettes, guarda roupa, cabides; finalmente, uma pequena galeria envidraçada, dando para um páteo interior, e nela a sala de banho com uma daquelas banheiras chinesas de barro com esmaltes que fazem lembrar as antigas tinas de banho gregas ou romanas. Estou optimamente instalado e encontro no dono do hotel que é um cristão, o maior desejo de me ser agradável… (…) O jantar foi servido com profusão, com boa ordem e com uma cozinha, meio inglesa, meio portuguesa que me não desagradou. Quando terminei, ao chegar à janela vi o governador (Tomás de Sousa Rosa) que ia ao seu passeio. Acompanhei-o.» (4)

Por volta de 1900, encontra-se no Tourist Book de Hong Kong o seguinte anúncio: (4)

Macao Hing Kee’s Hotel – A perfectly new Building – 30 bedrooms – A confortable family Hotel – Five Minutes from the Wharves steamer – Every thing of the Best – Charges very moderate.

(1) O engenheiro Adolfo Loureiro, encontrava-se em Macau a fazer estudos sobre a viabilidade da construção de um dique no porto interior. Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adolfo-loureiro/

(2)

Em primeiro plano os Correios, a seguir, o «Macao Hotel», c. 1900

Velho hotel oitocentista «Hotel Hing Kee» (“Nam Van Heng Ki Chau Tim”) com a fachada principal virada a leste para a Rua da Praia Grande com o número 101 (Directório de 1890, p. 57), propriedade de P. L. Hing-Kee. Depois «Macao Hotel» (explorado por William Farmer (ou «New Macao Hotel», a partir de 1923) remodelado em 1927-1928 pelo comendador Lou Lim Ioc  com o nome de «Hotel Riviera» (encerrou em 1969) e, dois anos mais tarde, demolido. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-macao/

DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1890, p. 57

No Directório de Macau de 1879, vem mencionado um Hotel com o nome de «Macau Hotel» (Ou Mun Tai Chao Tim), propriedade de Joaquim Pereira de Campos, na Rua de Praia Grande n.º 15 (com gerência de António Gomes da Silva Telles e Augusto Siqueira)

DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1879, pp. 28 -29

(3) O Engenheiro Adolfo Loureiro no seu livro ”Oriente” descreve-o «um china rechonchudo e prazenteiro que me recebe de modo expansivo, falando-me, em vozes mansas, um português ininteligível e que me obriga a recorrer ao inglês, língua em que sou menos forte do que ele no português» (4)

(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, p.75

Extraído de «Echo Macaense», I-9 de 12 de Setembro de 1893, p.3

Bernardino de Senna Fernandes, 1.º barão (1889), elevado a visconde (1890) e depois a conde (em duas vidas) em 1893, faleceu a 2 de Maio de 1893. (1) O conde casou pela 2.ª vez, em 11-07-1862 com Ana Teresa Vieira Ribeiro (1846-1929) que fundou (depois de viúva) a firma «Viúva Senna Fernandes & Filhos», com sede na Rua da Praia Grande, n.º 71 onde ela vivia. Em 1901, a firma, com a retirada de duas filhas, ficou para a filha Alina (5.ª filha), casada com Fernando José Rodrigues, dando assim posteriormente à firma «F. Rodrigues & Filhos». (2) (3)

Ana Teresa Vieira Ribeiro, em 20.12-1894, casou pela 2.ª vez com o seu sobrinho, por afinidade Leôncio Alfredo Ferreira. (2) (4)

Thomas Edison com o seu 2.º fonógrafo. Foto de Levin Corbin Handy em 1878. (https://en.wikipedia.org/wiki/Phonograph )

NOTA: O fonógrafo, (depois conhecidos como “gramofone” desde 1887), pequena máquina que gravava e reproduzia sons através de rolos de cera, foi inventado por Thomas Edison em 1877 que com os melhoramentos progressivos, tornaram-se populares na segunda metade da década de 80 do século XIX, espalhando-se pelo mundo. O fonógrafo que no início era reservado a um restrito número de homens ricos, passou a ser mostrado em espectáculos públicos, em que um espectador pagava para poder ouvir uma série de cilindros de fonógrafo por uma ordem pré determinada e conduzida pelo apresentador. (5)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bernardino-de-senna-fernandes/

(2) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, vol. III, 1996, pp. 544 e 994

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/firma-f-rodrigues/

(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leoncio-alfredo-ferreira/

(5) https://www.aminharadio.com/radio/historia_fonografo

Anúncio em inglês de 1920, inserida numa publicação “turística” editada em Hong Kong.

O “Hotel Macao”/ “Macao Hotel” situado no Centro da Praia Grande  com entrada na Rua da Praia Grande n.º 65, tinha uma fachada de três pisos, que dava para a praça da Praia Grande, e proporcionava uma ampla vista panorâmica da zona ribeirinha e da marginal orlada de pinheiros, e uma porta lateral sque dava para  futura Avenida de Almeida Ribeiro. O luxuoso hotel era o preferido dos turistas e comerciantes  abastados e dos convidados oficiais.

Anteriormente chamado Hotel “Hing Kee” (o proprietário do hotel era o sr. Leong Hing Kee / Pedro Hing Kee, grande negociante/comerciante em Hong Kong e em Macau) (1) foi depois remodelado, passando a ser conhecido em 1903, como “Macao Hotel” e depois na década de 20 (séc. XX) “New Macao Hotel” com entrada principal na Avenida Almeida Ribeiro. Após a morte do proprietário, o hotel de novo entrou em obras, permanecendo a entrada pela Avenida Almeida Ribeiro, e reinaugurado com o nome de “Hotel Riviera” de 1928 até 1969, quando foi demolido. Em 1974 erigido no mesmo local o edifício Comercial Nam Tung e depois reconstruído, em 1998 para sede do Banco da China, em Macau.

(1) Pedro Leong Hing Kee (alias Pang Ahim) (segundo algumas fontes, além do chinês, falava francês, inglês e português?) era entre 1870 e 1880, dono de dois hotéis de luxo em Hong Kong “Hong Kong Hotel” e Victoria Hotel” e depois em 1890 fixou-se em Macau,. envolvendo-se  em vários negócios, como por exemplo, negociante de gelo neste anúncio de 1922

Pedro Hing Kee era proprietário do hotel “Hing Kee” (também chamado “Hotel Victória“) , inaugurado em 1880, e em Maio de 1903, vendeu-o por 20 mil patacas a William Farmer. (2) Há uma outra informação que refere ter o Hotel “Hing Kee”, pertencido de 1891 a 1903 a um chinês, rico comerciante do Havai (3)

(2) William M. Farmer, australiano do ramo da hotelaria, veio para Hong Kong em 1890 para trabalhar no “Victoria Hotel” e depois “New Victoria Hotel” que ele comprou, em 1898. Em 1892 associado ao negociante parse, Sr. Madar, adquiriu o “King Edward Hotel”. Nessa década, terá vindo a Macau e achou que era proveitoso investir na hotelaria em Macau e havia só dois hotéis que o satisfazia: hotel Boa Vista e o hotel Hing Kee. Quis arrendar o Hotel-sanatório Boa Vista, mas este foi cedido à Santa Casa da Misericórdia, em 1901, por 80 mil patacas. Comprou o Hotel Hing Kee, em 1903 rebatizando-o como “Macao Hotel”.

 (3) “Quando Chun Afong (1825-1906), um rico comerciante do Hawaii, visitou Macau na companhia do filho no verão de 1891, tentou entrar no Hotel Victoria, mas foi impedido pelo porteiro que lhe explicou que “cães e chineses não eram admitidos”. Chun ficou irritadíssimo e pediu para falar com o gerente do hotel, a quem ofereceu 5.000 dólares americanos pela compra do Hotel. Uma vez adquirido, o hotel mudou de nome e passou a chamar-se “Sei Hoi Fong Un” (o jardim de Fong dos quatro mares).” (“As Ruas Antigas de Macau”, I.A.C.M., 2016,p. 29)

Anteriores referências a este hotel em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-new-maca

Notícia curiosa referenciada em 17 de Fevereiro de 1913: (1)
Queixa apresentada por W. Farmer, (2) gerente do «Macao Hotel», (3) contra o facto de os culis se servirem de um cais fronteiro ao seu hotel, na Praia Grande para mictório. Providências tomadas pelo Governo.
(1) Processo n.º 416 – Série Q, dos Arquivos de Macau in Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I (Jan/Jun 1985).
NOTA. Esta mesma notícia é reproduzida por Luís Gonzaga Gomes (Catálogo dos Manuscritos de Macau, 1965) com a data de 17 de Maio de 1913. Não sei qual a data exacta, confirmação essa só com uma consulta directa do Arquivo da Repartição Provincial dos Serviços de Administração Civil (documentos referentes ao ano de 1913) existente no Arquivo Histórico de Macau.
(2) Em Maio de 1903, W. Farmer comprou por 20 mil patacas o «Hotel Hin-Kee» de Macau mudando o nome para «Macao Hotel». O objectivo inicial do Sr. Farmer era conseguir o arrendamento do Hotel «Boa Vista» que os franceses pretendiam comprar para aí instalarem um sanatório mas o governo (por pressão dos ingleses que duvidavam das verdadeiras intenções dos franceses) expropriou o edifício e vendeu-o à Santa Casa da Misericórdia.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/04/25/postais-macau-em-bilhetes-postais-antigos-vi/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-hing-kee/

ANÚNCIO de 1922 - HOTEL NEW MACAO

Anúncio (em português e inglês) do Hotel «New Macao”, em 1922, após “recente renovado e modernizado, com quartos duplos amplos e confortáveis; cozinha excelente e habilmente dirigida; mesas separadas; banhos quentes, frios e de chuva; luz eléctrica profusa; botequins público e privado; e casa de bilhar” e “acomodações de primeira classe para famílais e turistas”
Preços módicos – entre 5 e 8 mexicanas (1)  por dia

1909 Hotel New MacaoFoto de c. 1909, os edifícios dos Correios de Macau (à esquerda) e  do »New Macao Hotel» (à direita), cujas fachadas davam para a Avenida da Praia Grande, em frente ao mar.

Anteriores referências a este Hotel “New Macao Hotel» (inaugurado em 1903) que foi anteriormente “Hotel Hing Kee” (inaugurado em 1880) e depois seria o “Hotel Riviera” em 1928:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-new-macao/
(1) Em 1854, foi determinado que a pataca mexicana passasse a ter curso legal em Macau sendo recebida a par do peso duro ou pataca espanhol, mas em 1929 (Decreto-Lei 17 154) determinou-se  que era ilegal a circulação de qualquer moeda estrangeira  (o Banco Nacional Ultramarino foi inaugurado em Macau em 1902). Sabemos no entanto, que, embora ilegal, continuava a circular outras moedas.
Em 1938 circulava a pataca portuguesa, a nota inglesa de Hong Kong, as notas e a prata chinesa (mais valiosa e melhor aceite)
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4, 1997

No dia 24 de Fevereiro de 1969 , “ficou encerrado o famoso Hotel Riviera, o coração da cidade. Viria a ser demolido em Fevereiro de 1971. (1) Era um dos hotéis mais antigos e nele se hospedaram figuras ilustres da Administração de Macau, além de forasteiros.” (2)
O Hotel Riviera abriu em 17 de Janeiro de 1928, no lugar do anterior “New Macao Hotel» (anterior «Hing Kee») situado na Avenida Almeida Ribeiro, cruzamento da Praia Grande, em frente ao Banco Nacional Ultramarino. A fachada principal com a entrada para o antigo «New Macao Hotel” era na Rua da Praia Grande. Mas as obras de remodelação em 1921, a fachada principal (com a entrada principal) passou a ser na Avenida Almeida Ribeiro, permanecendo aí depois aquando da adaptação para o novo Hotel.
Lembro-me bem dessa entrada pois tinha (não sei se seria ainda  o  único em Macau, naquela altura, década de 60) uma porta giratória e um porteiro que para além de outras funções, estava lá para impedir os miúdos de brincarem “com a porta”.

Hotel Riviera 1936HOTEL RIVIERA 1936

Esta foto de 1936 ainda se vê as arcadas inferiores da Rua da Praia Grande abertas, consideradas via pública; em 1948 foram fechadas, embora com polémica, o Leal Senado questionou sobre a legalidade desse espaço como domínio público.
Quem entrava no Hotel Riviera pela portas principal não deixava de se surpreender. Dali partia um pequeno corredor que dava directamente para a sala de espera, elegantemente iluminada e mobilada ao melhor estilo italiano. De um lado do corredor ficava a sala de jantar onde eram servidas as três refeições diárias e das quais o jantar era  mais cara : duas patacas por pessoa. A sala de espera dava ainda para o lounge, aberto até à meia-noite, onde se tomava chá e comiam pastéis de dez avos. E, no fundo do corredor, o indispensável bar que, quase desde o início, manteve a reputação de ser um dos mais bem fornecidos de Macau.
Imagine-se o pasmo dos visitantes a quem era dada a oportunidade de admirar a escadaria, que conduzia ao piso superior, coberta, à semelhança dos corredores , de grossos tapetes «tão bons como os dos melhores hotéis»
Os quartos em número de vinte e dois, permitiam apenas a ocupação de quarenta e quatro pessoas. Uma ocupação  que, no entalho, poderia conhecer outros números caso os hóspedes concordasse, com os editoriais, sempre práticos e expeditos de “A Pátria” : « quando os visitantes não se importarem de dormir três ou quatro no memso quarto, o número (de hóspedes) poderá subir a oitenta»
A maior parte dos quartos dispunha de casa de banho individual, com água quente e fria e todos os pisos tinham telefone, numa clara demonstração de que os directores do hotel que se substituíra ao «New Macao Hotel», não se haviam poupado à despesas. Aliás, a remodelação custou-lhes cento e vinte mil patacas e importou-se tudo o que havia de bom e do melhor – a concepção arquitectónica à Palmer & Turner (de Hong Kong), a decoração, talheres e pratas à Lane Crawford (também de Hong Kong) e a roupa branca e louças à casa Albert Pick, de Chicago. A mobília era, naturalmente, italiana”. (3)
O investidor foi o milionário Lou Lim Ioc (ou Ieoc)  que faleceu antes da sua inauguração, a 15 de Julho de 1927 com 50 anos de idade.
Algumas notícias relacionadas com este Hotel, ao longo dos anos:(4)
12-09-1936 – Publicada no B. O. n.º 37 a constituição da Sociedade «Irmãos Unidos, Lda», dos irmãos Leitão, vocacionada sobretudo para a indústria hoteleira  que envolvia os hotéis «Riviera» e «Majestic», os teatros «Capitol» e «Apollo», a «Vacaria» e «Leitaria Macaense».(5)
“03-11-1942 – O jantar dançante realizado no sábado último no Hotel Riviera, inaugurando a sua orquestra sob a regência do distinto músico sr. Artur Carneiro, foi um grande sucesso. Mais de 150 pessoas assistiram ao jantar e muitos não conseguiram entrada devido à falta de lugares. Informa-nos a gerência do mesmo hotel que todas as tardes haverá chá dançante das 5 às 7.30 horas e jantares dançantes das 9 às 23.30 horas exceptuando sábados, que é das 9 à 1 a.m., com menu especial, sendo o preço do jantar nesse dia de $5.00 e nos outros dia de $2.75. Aos domingos a  mesma orquestra tocará música ligeira durante o almoço, das 12.30 horas às 14.30. Para o jantar de sábado podem ser marcados lugares desde hoje . (A Voz de Macau de 3 de Novembro de 1942).(5)
O Hotel possuía um restaurante bastante amplo no seu rés-do-chão, que a gerente Olga Pacheco da Silva queria transformar em salão de dança, daqueles existentes nos grande hotéis de países do primeiro mundo”. Só que também queria manter a ambiência familiar, pois era o único do género no território. Para tal, a Olga teria que contratar uma boa orquestra de Hong Kong., porque não havia nenhuma disponível em Macau. Foi então apontada a orquestra de Art Carneiro (“Art” de Artur, pianista e maestro), com músicos filipinos, e que na altura tocava no Península Hotel de Kowloon – ainda hoje o mais emblemático e luxuoso de Hong Kong…(…) A escolha desse maestro deveu-se precisamente ao facto de, além de ser um bom profissional, descender de portugueses de Xangai.(7)
Segundo Rigoberto do Rosário Jr, (7) a artista Abbe Lane, esposa de Xavier Cugat, referido em anterior postagem, (8) foi uma atracção estrangeira que fez furor no Riviera em finais de 50” ( não foi em finais de 50, mas no ano de 1953).
(1) “FEVEREIRO de 1971 – Demolição do Hotel Riviera, situado  no cruzamento da Av. Almeida Ribeiro com a  Rua da Praia Grande, em frente do edifício do BNU. Dará lugar a um edifício de 8 andares, também já demolido. E assim se vai descaracterizando o centro histórico de Macau”.(2)
Demolido para construir o prédio, sede do Banco “Nam Tung” que em 1987 foi autorizado a mudar de nome para “Banco da China – Filial Macau” (Bank of China Macau Branch).
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998.
(3) , Luís Andrade de – A História na Bagagem. Instituto Cultural de Macau, 1989, 152 p., ISBN 972-35-0075-2.
(4) Para além das anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-riviera/
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(6) Retirado de  ORTET, Luís – 1942 in ” MacaU, II série, n.º 8, Dez. 92, pp. XXIII”.
(7) ROSÁRIO JR, Rigoberto – Memórias de Um Músico Macaense. MacaU, II série n.º 74, Junho de 98, pp.39-54.
(8) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/11/29/noticia-de-29-de-novembro-de-1953-xavier-cugat-em-macau/

Abriu o Hotel Riviera, sucessor do New Macao Hotel, herdeiro por sua vez, do Hing Kee (na Avenida Almeida Ribeiro, cruzamento da Praia Grande, em frente ao Banco Nacional Ultramarino) (1)

Hotel Riviera AGU 1963Hotel Riviera publicado em 1963, Turismo de Macau

O «Hotel Hing Kee» foi  inaugurado em 1880. Posteriormente rebaptizado «Hotel Macao» e «New Macao Hotel» em 1903 e depois Hotel Riviera.
Em Maio de 1903, o Hotel «Hing-Kee» foi vendido por 20 mill patacas ao Sr.Farmes.  O Sr. Farmer não conseguira o arrendamento do Hotel-sanatório Boa Vista, que  foi cedido à Santa Casa da Misericórdia, em 1901, por 80 mil patacas (2). O proprietário do «Hotel Hing-Kee» era o sr. Leong Hing Kee, grande comerciante em Macau (3)
Uma referência ao «Hotel Hing-Kee» encontra-se no romance de Emílio de San Bruno (4)
Quando chegara a Hong Kong, tinham-lhe indicado o “Macao Hing Kee´Hotel”, que no Tourist´s Book vinha anunciado:
– «A perfectly new Building – 30 bedrooms – A confortable family Hotel – Five minutes from the steamer Wharves – Every thing of the Best – Charges very moderates»
Não era um Hotel de luxo, mas havia em todos os seus serviços o conforto sólido, sadio, disciplinado e limpo do Hotel inglês. E era china o proprietário! Mas tão bem educado na profissão hoteleira que a sua casa faria inveja a mais de um hotel de Lisboa, mantido por lusos e galegos….”

Um Anúncio no jornal Notícias de Macau, 8 de Junho de 1948, publicitava:

Hotel Riviera 1945“O elegante edifício do Hotel Riviera”         “À hora do chá, nas lindas varandas do Hotel Riviera”

  “Sob direcção europeia, este novo Hotel acaba de ser inaugurado. A cozinha, assim como o serviço dos quartos, é dos melhores no género. O Hotel destina-se especialmente aos turistas e visitantes estrangeiros. Ao Exmos Hóspedes que desejem ter a certeza de conseguir quarto, aconselha a gerência a reserva com a devida antecedência e por telegrama”

Outra referência, mas do «Hotel Riviera», vem no romance de Jaime do Inso (5)
O hotel «Riviera», onde se instalara, completamente renovado sôbre os restos do antigo «New Macao Hotel» onde a água entrava pelos telhados, de corredores írios e abandonados como um velho convento, oferecia-lhe um bem estar a quem nem em Lisboa estava habituado.
Os tapetes do vestíbulo surpreenderam-no logo de entrada: macios, fôfos como molas onde se pousassem os pés, eram convidativos e discretos, que o prenderam imediatamente, naquela espécie de voluptuosidade que ofereciam ao piso e, sem mais discussão, instalou-se num quarto do primeiro andar, de amplas janelas sôbre o Rada.
Quarto luxuoso e caro, com os mesmos tapetes preciosos e que tinha um certo aspecto  de «boudoir», sentia-se ali tão bem, que foi com supresa cheia de desgôsto que, no fim do mês, ao dividir as paacas pelas múltiplas bôcas que no Oriente as devoram, viu que tinha de modificar o seu viver… (…)
Na «Riviera», pela tarde, juntava-se a bôa sociedade de Macau, às vezes à mistura com alguns excursionistas vindo  de Hong Kong, e chineses ricos de passagem, ou emigrantes fugidos às perturbações de Cantão.”
Naquele dia havia uma certa animação, o «manager » do hotel e outros chineses interessados na emprêsa, não ocultavam quanto satisfeitos, sentados nas amplas poltronas do «hall», enquanto no salão contíguo os criados iam, num vai-vem constante, servindo os fregueses.
No lado oposto, estavam-se ultimando os preparativos para um jantar dançante, à americana, para aquela noite,  e as decorações e as lâmpadas viam-se numa profusão tal que quási encobriam o tecto.”

´Hotel Riviera 1964Hotel Riviera – publicado em 1964, AGU

NOTA: Foi somente em 1918, que a Avenida de Almeida Ribeiro foi aberta completamente. O último troço completou-se com a demolição da casa do rico comerciante Lin Lian, possibilitando estabelecer o cruzamento da Av. de Almeida Ribeiro com a Rua da Praia Grande. (1)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p. (ISBN 972-8091-11-7)
(2) Recordar que o governo de Macau expropriou o edifício (Hotel Boa Vista) por causa de uma tentativa de compra por parte dos franceses para o transformar em sanatório para os seu cidadãos na Indochina mas os ingleses opuseram-se  ao negócio com receio de um reforço francês na região.(1)
(3) Há uma informação em (1) do Sr. Leong Hing Kee:”14-X- 1924 – Pedido e Leong Hing Kee, Gerente da Sociedade por quotas «Armazém Frigoríficos de Macau, Sociedade Ltd.» do exclusivo de congelação de géneros alimentícios.”
(4) BRUNO, Emílio de San – O Caso da Rua Volong. Tipografia do Comércio, 1928,  414 p.
Mais sobre este livro em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/01/02/livro-o-caso-da-rua-volong/
5) INSO, Jaime do – O caminho do Oriente“. Edição do autor, 1932, 374 p. + |4|
Mais sobre este livro em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/17/leitura-o-caminho-do-oriente/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/28/leitura-o-caso-da-rua-volong-ii/