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Na tarde de 21 de Julho de 1951, no campo dos operários (pelado) (1) defrontaram-se os primeiros classificados do campeonato militar e do campeonato civil de futebol em miniatura, (2) saindo vencedor o grupo civil Leng Yee, que derrotou o adversário por 2-0

O grupo Leng Yee com a taça que ganhou
O capitão do grupo Leng Yee recebendo a taçadas mãos do sr. Ung Tchek  Ii, representante da Associação dos Cambistas Chineses, doadora da taça

Extraído de “Mosaico”, II-1 de Agosto de 1951

(1) Lugar actualmente ocupado pelo Hotel Grand Lisboa.

“Associação de Futebol em Miniatura de Macau (AFMM) – grande regozijo a notícia do despacho do Governador cedência dum terreno nos aterros da Praia Grande para a construção dum campo para a prática de futebol em miniatura” (3)

(2) Os Estatutos do Futebol em Miniatura (vulgo Bolinha) foram aprovados em 06-11-1943 – Portaria n.º 3251 (posteriormente foram actualizados a 08-05-1963, Portaria n.º 7:245, data em que o nº de equipas inscritas eram mais de 25) (4)

A.F.M.M. inaugurou a sua nova sede bem como o campo de jogos na Praia Grande a 29-08-1953, e iniciou o Campeonato de Bolinha, no dia 1 de Setembro, de 1953, o qual foi precedido dum festival desportivo de inauguração do campo de jogos e abertura do Campeonato de Macau. Inscreveram 24 grupos, 12 portugueses e 12 chineses, os quais disputaram a prova divididos em três séries diferentes. Os três primeiros classificados de cada série disputaram entre si o título de campeão, numa «poule final». O magnífico troféu posto à disputa intitulava-se “Taça Governador Joaquim Marques Esparteiro.” (3)

(3) «Macau Boletim Informativo», Ano I, n.º 2, 31 de Agosto de 1953, p. 13)

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 277).

Continuação de (1)

“À tardinha, e até pela noite fora, os cozinheiros vendedores de sopa de fitas (Van-tan-min) (2) são os mais frequentes e agregam o maior  número de clientes, incluindo macaenses e metropolitanos. É, certamente , o manjar chinês de maior consumo e o preferido pelos portugueses. Na realidade, o delicioso Van-tan-min tem a propriedade de conquistar à primeira prova o metropolitano recém-chegado, forçando-o a ser um consumidor incondicional. A tijelinha com caldo de camarão, coberta de massa em fitas e camarão enrolado   em massa e gema de ovo, com alguns temperos, tem o condão especial de deleitar todos os paladares. Durante os meses cálidos – e eles constituem a maioria do ano – juntam-se ao entardecer, conservando-se pela noite fora, em redor do campo da Bolinha, à Praia Grande, (3) algumas dezenas de cozinheiros ambulantes com os mais variados petiscos.

MBI I-7 15NOV1953 COZINHEIROS DE MACAU (IV)O vendedor da saborosa e apreciada sopa de fitas (Van-tan-min)

Aí se vêem também, com a sua bancada própria, os bruxos ou adivinhos que à guisa de ciganos, lêem o futuro na palma da mão.
É sem dúvida, neste local que se faz a maior concentração de cozinheiros ambulantes. Alguns mais completos possuem um carro, género bancada, com quatro rodas de ferro, e estabelecem ali o seu paradeiro durante os meses calmos. De inverno estacionam em locais onde se realizem espectáculos desportivos.
Os vendedores de chás medicinais  prontos a beber, para tratamento de qualquer órgão: estômago, fígado, rins, etc., encontram-se sempre no referido local e normalmente têm regular clientela. Os vendedores e propagandistas chamam a atenção do público fazendo tilintar campainhas ao mesmo tempo que reclamam, gritando, a eficácia do uso dos seus produtos.

MBI I-7 15NOV1953 COZINHEIROS DE MACAU (V)Homens e mulheres, adultos e crianças, todos recorrem aos cozinheiros ambulantes

Os cozinheiros ambulantes encontram-se enfileirados e, como a permanência é longa, quase todos põem pequenas mesas com bancos baixos em redor da improvisada cozinha. Como a população chinesa janta, por norma, entre as 17 h. e 18 h., é vulgar depois das 20 horas encontrar-se em volta dos cozinheiros , numerosa clientela saboreando os petiscos predilectos. Ali se vêem os cozinheiros de Van-tan-min, de caril, de cabeça de porco e miudezas cozidas, de frituras de choco e batata doce, de camarão, pimentos, etc. …(…)

MBI I-7 15NOV1953 COZINHEIROS DE MACAU (VI)É bem rudimentar, por vezes, o «trem de culinária» dos cozinheiros ambulantes 

Na Praia Grande, junto ao Campo da Bolinha, o tilintar das campainhas, os pregões estridentes, a vozearia confusa continuam, continuam sempre, até desfalecerem a pouco e pouco pelo adiantado da noite e só ao perceber no recinto um ou outro noctívago consumado que apenas se retira quando os últimos cozinheiros recolhem a casa.”
Artigo não assinado de «MACAU B. I., 1953».
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/05/10/os-antigos-cozinheiros-ambulantes-de-macau-1953-i/
(2) Sopa de fitas : Van- tan-min (wantan min) – 雲吞麺  (mandarim pinyin: yúntūn miàn; cantonense jyutping: wan4 tan1 min6.
(3) O campo da bolinha era o antigo Campo Desportivo dos Operários, hoje onde está o Hotel Grand  Lisboa.