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António Severino Vidigal de Almeida, médico macaense, regressa a Macau em 1825 via Goa, no navio Vasco da Gama, vindo de Coimbra, onde cursou brilhantemente e foi doutorado em medicina.(1) Tomou posse do lugar de médico do Partido Municipal em 3 de Novembro deste ano, ficando Director dos Hospitais da Misericórdia e Ultramar. A ida deste rapaz, órfão, para Portugal, deve-se ao esforço do Pe. Joaquim Leite, então Reitor do Colégio de S. José, que lhe descobriu talento e ao ouvidor Miguel de Arriaga, que lutou por mandar este e outros moços de Macau, da China e de Timor, com bolsas de estudo do Leal Senado, para Coimbra e Lisboa. A ideia de que se preparassem e voltassem às suas terras para difundir conhecimentos, foi do Pe. Leite mas a insistência no projecto das Bolsas de Estudo deve-se a Arriaga. As áreas privilegiadas eram medicina, farmácia, matemática e geometria, estas duas “com vistas numa eventual escola náutica” (2) (3)

(1) Código de referência da Universidade de Coimbra – PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/A/002079 – Título: António Severino Vidigal de Almeida – Datas de produção:1816-10-26 a 1819-10-11 – Naturalidade: Macau, China – Âmbito e conteúdo – Faculdade: Matemática – Matrícula (s): 1816/10/30 (obrigado) – Filosofia: 1816/10/26 (obrigado) – Medicina: 1819/10/11 – Instituto: Bacharel:- Formatura: Licenciado: Doutor (outras informações: http://pesquisa.auc.uc.pt/details?id=142119&ht=)

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 41.

(3) in SANTOS, Isaú – Macau e o Oriente no Arquivo Histórico Ultramarino (Volume II). ICM 1996, ISBN 972-35-D230-5 (obra completa) ISBN 972-35-0252-6 (vol. II):

1799 – A.H.U. – MACAU, ex. 37, doe. N.° 57 Ofício 1814110113 Ofício do [ouvidor-geral de Macau, conselheiro] Miguel de Arriaga Brum da Silveira, ao [secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, António de Araújo de Azevedo], sobre a necessidade de médicos em Macau e sobre o envio para Coimbra do órfão António Severino Vidigal para estudar medicina. Obs.: Ofício n° 11. Há 2″ via (p. 61).

Anexo: [1815 I 04/ 09] Ofício (minuta) do [secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, António de Araújo de Azevedo], ao [ouvidor-geral de Macau, conselheiro] Miguel de Arriaga Brum da Silveira, sobre as providências para o alojamento do órfão António Severino Vidigal em Coimbra. (p. 62) 

1912 – 1913 – 1914 – 1815/12/19 Ofício do [ouvidor-geral de Macau, conselheiro] Miguel de Arriaga Brum da Silveira, ao [secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, António de Araújo de Azevedo], que envia a correspondência e agradecimentos. Obs.: Ofício n° 1. Há 2• via. A.H.U. – MACAU, ex. 39, doe. n° 11 Ofício 1815/ 12/19 Ofício do [ouvidor-geral de Macau, conselheiro] Miguel de Arriaga Brum da Silveira, ao [secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, António de Araújo de Azevedo], sobre a entrada de dois rapazes de Macau em colégios no Reino: António Severino Vidigal, no Colégio da Intendência, em Coimbra, e Lourenço José Rodrigues Gonçalves, no Colégio Militar. (p. 93)

2514- A.H.U. – MACAU, ex. 53, doe. n” 19 Requerimento [ant. a 1825/02/25] Requerimento de António Severino Vidigal de Almeida a [D. João VI], (rei de Portugal), que pede o passaporte para regressar a Macau. Obs.: Tem despacho a mandar passar passaporte, de 1825/03/07. Anexo: 1825/02/25 Atestado do intendente-geral da Polícia da Côrte e Reino, Simão da Silva Ferraz de Lima e Castro, (barão de Renduffe), que atesta a inexistência de qualquer impedimento para António Severino Vidigal de Almeida poder regressar a Macau.(p. 285)

2542 – A.H.U. – MACAU, ex. 54, doe. n° 24 Ofício 1825/12/10 Ofício do Leal Senado da Câmara de Macau ao secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, Joaquim José Monteiro Torres, sobre a contratação do bacharel António Severino Vidigal de Almeida, formado em medicina na Universidade de Coimbra, à custa da Fazenda Real de Macau, para médico do partido da mesma cidade. Obs.: Ofício n° 13 (2″ via). Anexos documentos comprovativos (assentos e termo do Leal Senado de Macau A-B). (p. 304)

2542 – Anexos: 1827/04/02 Aviso (cópia) do [secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar António Manuel de Noronha, ao Conselho Ultramarino, que pede parecer sobre os ofícios nº S. 13, 14 e 16 do Senado de Macau; admissão de António Severino Vidigal de Almeida como médico do partido de Macau; suspensão da consignação anual ao Mosteiro de Santa Clara e devedores à Fazenda Real. (p. 305)

1827/05/21 Informação do marechal de campo José Osório de Castro Cabral de Albuquerque a [O. Isabel Maria], (infanta de Portugal), sobre a formação de António Sequeira Vidigal de Almeida na Universidade de Coimbra por conta da Fazenda de Macau, para exercer como médico do partido em Macau. Atribuição de mil taéis anuais ao médico do partido com a cláusula de tratar todos os vassalos portugueses. Obs.: À margem parecer do procurador da Fazenda.

2542 – 1827/08/18 Provisão de O. Isabel Maria, (infanta regente de Portugal), ao ouvidor de Macau, desembargador Dr. José Filipe Pires da Costa, a pedir parecer sobre a admissão de António Severino Vidigal de Almeida como médico do partido de Macau. Obs.: Em anexo, o ofício do Senado de Macau e outra documentação. 1832/01 /16 Parecer do ouvidor de Macau, desembargador Dr. José Filipe Pires da Costa, a [0. Miguel], (rei de Portugal), sobre a criação do partido de médico em Macau; sobre a atribuição de um ordenado anual de 640 000 réis segundo resolução régia; parecer favorável à nomeação de António Severino Vidigal de Almeida para médico do partido em Macau. Obs.: Anexa vária documentação sobre o assunto. 1832/07/21 Informação do secretário do Conselho Ultramarino, João Osório de Castro Sousa Falcão, a [O. Miguel], (rei de Portugal), sobre a formação em medicina de António Severino Vidigal de Almeida por conta da Fazenda de Macau com o fim de exercer a sua actividade em Macau. O ordenado de mil taéis anuais é excessivo para o cargo de médico do partido em Macau; estabelecimento do ordenado anual de 640 000.

1832/08/08 Parecer do Conselho Ultramarino a [O. Miguel] (rei de Portugal), que informa sobre a atribuição do ordenado anual de 640000 réis ao médico do partido de Macau nas condições estipuladas na resolução régia de 1807/08/09. Obs.: Anexa a capilha de consulta com nota sobre o processo.(p. 305)

2727- A.H.U. – MACAU, ex. 57, doe. no 12 Requerimento 1827/02/28 Requerimento do médico da cidade de Macau António Severino Vidigal de Almeida a [0. Isabel Maria] (infanta regente de Portugal), que pede para ser confirmado na posse do partido do médico da cidade de Macau, com o ordenado anual de mil taéis. Obs.: Anexos vários documentos comprovativos. À margem, parecer do procurador da Fazenda. Despacho do Conselho Ultramarino para informação do ouvidor de Macau. Anexo: 1828/01 /16 Aviso do [secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar], José Freire de Andrade, ao [presidente do Conselho Ultramarino, O. Diogo de Sousa], (conde do Rio Pardo), que ordena a consulta sobre o requerimento de António Severino Vidigal de Almeida, no qual pede a confirmação do lugar de médico do partido de Macau. (p. 347)

Ainda a propósito da notícia de inauguração do Hospital Militar Sam Januário, do mesmo impresso “120 anos de História” (1), retiro o seguinte:

Prospecto 120 anos - CAPA“Um dos documentos mais antigos sobre a história da assistência médica em Macau remonta a 1575. É uma carta da autoria de D. Melchior Carneiro, jesuíta e primeiro Bispo de Macau, dirigida ao Padre Geral da Companhia de Jesus que refere:
Mal cheguei, abri um hospital, onde se admitem tantos cristãos como pagãos…
É esta obra religiosa que se ficam a dever os primeiros passos no campo assistencial e a D. Melchior Carneiro, em especial, a instituição do sistema da Misericórdia semelhante ao modelo instituído pela Rainha D. Leonor; o Hospital dos Pobres, como era conhecido o Hospital da Misericórdia baptizado anos mais tarde com o nome de S. Rafael (patrono dos doentes), e o primeiro serviço de apoio aos leprosos, criado aquando da sua fundação, são marcos importantes do esforço empreendido.
Já no Século XVII chegam-nos as primeiras notícias de uma enfermaria no Colégio de S. Paulo. Com capacidade para albergar 60 doentes a assistência era prestada pelos boticários Jesuítas daquele Colégio que ao mesmo davam também apoio ao Hospital da Misericórdia.
A Botica do Colégio S. Paulo ficou famosa pelas suas mezinhas e pelo contributo que prestou à introdução da Medicina Ocidental em Macau.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/06/noticia-de-6-de-janeiro-de-1874-hospital-militar-de-s-januario/

No dia 6 de Janeiro de 1874, o Hospital Militar de S. Januário, delineado pelo ilustre macaense António Alexandrino de Melo, Barão do Cercal, foi benzido pelo Governador do Bispado Pe. António Luís de Carvalho e solenemente inaugurado pelo Governador, Visconde de S. Januário,, com luzida cerimónia e a presença das autoridades e representantes nacionais e estrangeiras.Foi feita a entrega da chave ao Dr. Lúcio Augusto da Silva, Presidente da Junta de Saúde e entregue à mesma Junta a direcção de estabelecimento .  (1)

Prospecto 120 anos - Hospital Militar 1874 IO ataque holandês em 24 de Junho de 1622 veio chamar a atenção das autoridades para a necessidade da fortificação e defesa de Macau. Cedo se fez sentir também a necessidade de criar uma estrutura especialmente vocacionada para dar assistência na doença aos militares que entretanto se fixaram no território.
A construção do Hospital Militar só viria a ser realizada anos mais tarde por determinação e empenho do Governador Visconde de S. Januário.
O projecto, da autoria do capitão Dias de Carvalho que delineou o plano e do Barão do Cercal a quem competiu a parte arquitectónica, foi considerado na época como um dos mais modernos edifícios hospitalares. Constituído por um corpo principal a que se ligavam perpendicularmente as enfermarias gerais com uma lotação de 60 camas, contava ainda com uma enfermaria para subalternos, quartos-prisão, uma secção de isolamento e quartos para oficiais, o que perfazia uma lotação de 100 camas. A 1 de Dezembro de 1872 era lançada a 1.ª pedra e a a 6 de Janeiro de 1874 era inaugurado o Hospital Militar de S. Januário.” (2)
Prospecto 120 anos - Hospital Militar 1874 IIPortaria n.º 71, de 11 de Novembro de 1872:
«O Governador da província de Macau e Timor e suas dependências determina o seguinte:
Tendo-me sido apreciado pelo director das obras públicas o projecto de um novo hospital militar, que deverá edificar-se no terreno para esse efeito já preparado no monte de Sam Jerónimo, e que se acha compreendido na classe 6.ª da distribuição de fundos para o corrente anno económico, aprovada por portaria de 11 de junho ultimo; hei por conveniente, com o voto afirmativo do conselho technico e da junta da fazenda aprovar o dito projecto e seu orçamento na importância de $ 47:266,197, e determinar que se execute com previa arrematação perante a junta da fazenda.
As auctoridades, a quem o conhecimento e execução d´esta competir, assim o tenham entendido e cumpram.
Palacio do governo em Macau, 11 de novembro de 1872 – o Governador da província, Visconde de Sam Januário.» (3)
NOTA: o primeiro Hospital Militar (com esta denominação) foi criada em 29-11-1855 (3) (4) sendo extinta, a partir de 1 de Dezembro, a velha Enfermaria Militar do batalhão de Artilharia estabelecida pelo decreto de 13 de Novembro de 1845 (1) e que funcionava nas dependências do Hospital da Misericórdia. Mas só a 6 de Junho de 1857, os doentes militares foram transferidos para o antigo mosteiro de S. Agostinho, convertido em Hospital Militar.
(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau.
(2) Retirado do impresso (prospecto ou folheto desdobrável), constituído por uma folha (70,5 cm x 28,5 cm) com duas dobras, intitulado “120 anos de História”, editado pelo Centro Hospitalar Conde de S. Januário, distribuído aquando dos 120 anos do Hospital (1994).
(3) TEIXEIRA, Pe. Manuel – A Medicina em Macau, Volumes I-II, 1998.
(4) Luís G. Gomes aponta 21-11-1855 nas “Efemérides da História de Macau.”
Outras referências ao Hospital Militar de Sam Januário:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hospital-militar-de-sam-januario/