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Notícia extraída do semanário “O Lusitano” no seu primeiro número (1), que aborda a greve que as “donas das casas das toleradas” fizeram face à publicação do novo Regulamento das meretrizes que foi publicado a 23 de Maio de 1898. (2)

Extraído de “O Lusitano” Vol I, n.º 1 de 28 de Agosto de 1898

(1) Neste dia, 28 de Agosto de 1898, foi publicado o primeiro número do semanário “O Lusitano”, com redação na Calçada do Gamboa, sendo órgão do Conselheiro Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa e tendo por principais colaboradores João Albino Ribeiro Cabral, Horácio Poiares e João Pereira. Cessou a publicação em Dezembro de 1899. Publicou 70 números até 24-12-1899 (SILVA, Beatriz Basto da- Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995)
Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa (pai do Governador Artur Tamagnini de Sousa Barbosa), esteve em Macau de 1877 como 2.º oficial da administração de fazenda militar, fazendo parte do 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria do Ultramar, onde exercia as funções de quartel-mestre. Foi depois nomeado, em 1879, contador interino da junta de fazenda de Macau e Timor. Voltou ao Reino em 1880. Regressou a Macau e 1882, tendo sido nomeado em 1884 inspector da fazendo provincial. Esteve colocado em Macau, 14 anos, 6 meses e 4 dias. (3)
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João Albino Ribeiro Cabral (1839-1900) nascido do distrito da Guarda, veio para Macau frequentar o Seminário de S. José mas não chegou a ser padre tendo decidido ficar em Macau, onde foi tesoureiro da Junta de Fazenda Provincial e docente do Seminário S, José o o Liceu de Macau.
Avô do Dr. João Albino Cabral (1907-1983) que foi médico de 1.ª classe do quadro médico comum do Ultramar, colocado em Macau em 1939  e aqui exerceu até ao se u falecimento em 1983.
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Anteriores referências de:
O bacharel Horácio Afonso da Silva Poiares:
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O bacharel João Pereira Vasco
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(2) 1.º Regulamento sobre a prostituição, em Macau, contendo as normas desta actividade profissional é de 11-09-1851.

REGULAMENTO DE 1898

Dado que as meretrizes continuaram a frequentar os restaurantes, as hospedarias e demais lugares proibidos, assim como continuavam a detectar-se irregularidades quanto ao registo e pagamento das taxas das casas toleradas, o Regulamento de 1898 (considerava “casa de meretrizes aquela em que houver uma ou mais mulheres cujo notório modo de vida seja prostituição ainda que tenha outro.”, veio salientar e precisar os locais determinando ao registo e pagamentos das taxas das casas toleradas. Assim “os registos serão feitos, quanto às casas chinezas, na Procuratura Administrativa dos Negócios Sínicos, e quanto às restantes na Administração do Concelho, pelos respectivos escrivães.”.
O Regulamento de 1898 classificava estas casas em três categorias para efeitos do pagamento de taxas: de 1ª classe todas as que tivessem mais de seis meretrizes, de 2a classe as que tivessem entre quatro e seis, e de 3a classe as que tivessem até três meretrizes
Sobre os aspectos da prostituição em Macau, sugiro a leitura de
NUNES, Isabel – Bailarinas e cantadeiras Aspectos da Prostituição em Macau
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30015/1630

Para os festejos de gala para celebração do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia por Vasco da Gama, (1498 -1898) que começou a 17 de Maio de 1898, em Macau, estavam programados para o dia 20 de Maio – feriado no território – o Te-Deum na Sé Catedral, a abertura solene da Avenida Vasco da Gama, (1) o lançamento da 1.ª pedra para o monumento a Vasco da Gama (2) no Jardim do mesmo nome (3)  e a publicação de um jornal ilustrado que se chamou “Jornal Único” (4).
Este jornal foi publicada sob a direcção de uma subcomissão composta pelo comendador António Joaquim Basto, conselheiro Arthur Tamagnini da Motta Barbosa, Dr. José Gomes da Silva, Dr. Horácio Poiares, Eduardo Cyrillo Lourenço. Pedro Nolasco da Silva e João Pereira Vasco.
O Presidente da comissão executiva da celebração em Macau do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia por Vasco da Gama, (1498 -1898), foi o Conselheiro Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo (governador de Macau)
Sumário dos artigos publicados e seus autores:
1 – Glorificar os heroes da Pátria comemorando os seus altos, é honrar a mesma Pátria – Eduardo Augusto Rodrigues Galhard
2 – 8 de Julho de 1497 – 20 de Maio de 1498 – José, Bispo de Macau (D. José Manuel de Carvalho)
3 – A Caminho da Índia – João Pereira Vasco. Tradução para chinês por Pedro Nolasco da Silva
4 – Praia Grande – António Joaquim Basto
5 – S. Gabriel – sonetos -Camilo Pessanha (5)
6 – O Centenário em Macau – José Gomes da Silva
7 – Portugal – Macau – Wenceslau de Moraes
8 – O edifício do Leal Senado – António Joaquim Basto
9 – O assalto do Passaleão – E. A. Marques
10 – Hontem, hoje e amanhã – G. S.
11 – Na China, conto pueril – Horácio Poiares
12 – Currente calamo – Mário B. de Lima
13 – Avenida Vasco da Gama – Augusto Cezar d´Abreu
14 – A Vasco da Gama – soneto – J. L. Marques
15 – Querer é poder – Domingos M. Amaral
16 – Sé Catedral – Arthur Tamagnini Motta Barbosa
17 – Cam Pau Sai – Abeillard Gomes da Silva
18 – A gruta de Camões –G. S.
19 – A Voz da Infância – Anna Caldas
20 – Fachada do antigo convento de S. Paulo – António Joaquim Basto
21 – Pharol da Guia – Eduardo Cyrillo Lourenço
22 – O patois de Macau – Pedro Nolasco da Silva
23 – O pagode da Barra – António Joaquim Basto
24- A Porta do Cerco – Arthur Tamagnini Barbosa
25 – O Porto Interior de Macau – A. Talone da Costa e Silva

Projecto do Monumento a Vasco da Gama

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/avenida-vasco-da-gama/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-a-vasco-da-gama/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jardim-de-vasco-da-gama/
(4) O “Jornal Único” publicou-se, num único número, no dia 20 de Maio de 1898, com óptima apresentação e interessante colaboração, em comemoração do 4. º Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia por vasco da Gama (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
Impresso nas Tipografia « N. T. Fernandes e Filhos» e «Noronha & Ca», 1898, 65 p.
Disponível para leitura em:
http://purl.pt/32511
(5) Dois poemas inéditos de Camilo Pessanha publicadas na revista Contemporânea, 3.ª Série, n.º1, de Maio de 1926.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/24/poesia-dois-sonetos-ineditos-de-camillo-pessanha/

Foi inaugurado no dia 28 de Setembro de 1894, o Liceu Nacional de Macau criado pelo decreto de 27 de Julho de 1893 (assinado pelo Ministro da Marinha, João António de Brissac das Neves Ferreira), instalado no Convento de Santo Agostinho com uma simples visita do Governador Horta e Costa. Não se realizou nenhuma solenidade por a família real se encontrar de luto. Estiveram presentes na inauguração os professores do Seminário e da Escola Central  (1)
Portaria n.º 92, de 14 de Abril de 1894: «Tendo sido posta em vigor na província por portaria provincial n.º 89 desta data a carta de lei de 27 de Julho de 1893 que criou o Lyceu Nacional de Macau: Hei por conveniente determinar que o edifício do extincto convento de Santo Agostinho seja entregue ao reitor do mesmo Lyceu para alli serem devidamente instalados os estabelecimentos criados pela citada carta de lei»

Convento de Santo Agostinho – o primeiro edifício que albergou o Liceu em Macau

Segundo Pedro Nolasco da Silva, o primeiro a solicitar do Governo da Metrópole a criação do liceu foi D. António Joaquim Medeiros, bispo de Macau. O Liceu era sustentado pelo Governo, mas recebeu para a sua criação de um subsídio do cofre municipal, atribuído pela vereação do
Leal Senado de 1893-1894, no valor de $ 4 000 anuais para a manutenção do ensino. Teve apoio também da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (subsídio anual de 500 mil reis)
O Regulamento foi aprovado pelo Governador José Maria de Sousa Horta e Costa  por Portaria n.º 164, de 14-08-1894.
No dia 16 de Abril de 1894, no palácio do governo de Macau, foi conferido auto de posse aos seguintes professores:
1.ª cadeira – língua e literatura portuguesa – Horácio Poiares
2.ª cadeira – língua francesa –Mateus de Lima
3.ª cadeira – língua inglesa – P.e Baltazar Estrócio Faleiro
4.ª cadeira – língua latina – João Albino Ribeiro Cabral
5.ª cadeira  – matemática elementar – Wenceslau de Morias
6.ª cadeira – física, química e história natural – Dr. José Gomes da Silva
7.ª cadeira – geografia e história – João Pereira Vasco – tomou posse a 14-05-1894
8.ª cadeira – filosofia elementar – Camilo Pessanha
9.ª cadeira – desenho – Abreu Nunes
O reitor interino foi Dr. José Gomes da Silva.
No mesmo dia e local se fez a primeira reunião do Conselho Escolar, numa das salas do palácio (posta à disposição pelo Governador. Nessa sessão foi resolvido por unanimidade a eleição de Camilo Pessanha como Secretário do Conselho.
Começou apenas com 30 alunos.
O porteiro – Francisco Xavier Brandão
O contínuo – Clementino José Borges
Guarda da Biblioteca – Damião Maximiano Rodrigues (2)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) Informações retiradas do livro TEIXEIRA, Monsenhor Manuel – Liceu de Macau, 1986.