Ao fim de uma semana de estadia britânica em Macau, a 31 de Janeiro de 1840, o novo Procurador José Vicente Jorge (1) tem uma entrevista com o Tou-T’ói, (2) pelas 15.30 horas, no Hopu (alfândega chinesa) de Macau.
O Tou-T´ói veio com o fim de exigir a expulsão do capitão Elliot e dos ingleses residentes em Macau, (3) apoiado com mil homens que, a pedido dos mandarins, ficaram retidos na Casa Branca, dizendo que tal tropa se destinava a proteger os portugueses. Ofereceu-se, porém, para prorrogar a publicação do edital dos Suntós dos dois Kuongs e de Cantão, que ordenava a ele, Tou T´ói, que viesse, à testa da tropa, prender os ingleses, e ao ajudante-geral Kuam-Chon-Hiac que seguisse com mais mil homens para se juntarem aos mil de Tou T´ói, a fim de promover o encerramento das alfândegas, a suspensão do comércio português e o isolamento de Macau, bem como a retirada de todos os chineses, dentro de cinco dias, pois a cidade seria invadida. O procurador não cedeu ante a intimidação do enviado chinês. (3) A 1 de Fevereiro, fez- se uma proclamação imperial onde se procurava sossegar as comunidades chinesa e estrangeiras em Macau, afirmando que se pretendia apenas cercar e prender os ingleses. (4)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/
23-01-1840 – Os súbitos britânicos expulsos da China desembarcam e passam a viver em Macau, o que desencadeou a reacção das autoridades chinesas, que se apresentaram , na pessoa do Tou T´oi a 31 do mesmo mês, na cidade portuguesa, dando um prazo de 5 dias para a limpar dos ingleses. O Governador Adrião Acácio da Silveira Pinto reuniu com o Senado e, na sequência da correspondência trocada com o Comandante H. Smith, da corveta Hyacinth , este acabou por retirar, o mesmo fazendo as forças chinesas estacionadas junto do Templo da Barra. Macau procurou, como em tantas outras vezes estribar-se na neutralidade.. (4) (5)
(2) Tou T´oi (intendente Militar chinês) fez do templo Lian Feng (Lin Fong) sua residência em Macau O templo já servira de cenário a importantes conversações entre as autoridades portuguesa e o comissário imperial Lin Zexu depois de iniciada a guerra do ópio (1839-1842 – Duração da Guerra do ópio; 26-11-1839 – Édito de Cantão proibindo o comercio com os navios ingleses).
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IIII, 2015, pp. 86, 89-90
(5) 24-05-1839 – Capitão Elliot e todos os negociantes ingleses saíram de Cantão para Macau até receber ordens de Londres onde chega a 26-05-1839. Os súbditos ingleses retiram-se para Hong Kong (que não era colónia inglesa ainda) dado a neutralidade anunciada pelo Governo de Macau na disputa entre Inglaterra e a China. Daí em 1-09-1839 Elliot propôs que os ingleses regressassem a Macau pondo a disposição do Governador Silveira Pinto o navio de guerra inglês Volage e mais 800 homens para cooperarem na defesa da Cidade, mas o governador recusa. O Senado ordena e proíbe a aproximação de navios com ópio (episódio do incêndio espanhol «Bilbaino» fundeado na Taipa, por engano foi tomada por embarcação inglesa por ordem do Comissário Imperial Chinês (4)
NOTA I: sobre este assunto, o jornal das ocorrências do «Chinese Repository» vol. VIII, May 1839-April 1840), afirmava na sua p. 239, o seguinte:
NOTA II: sugiro ainda a leitura de «Declínio do porto de Macau» de José Simões Morais publicado a 13 de Maio de 2016 no jornal “hojemacau” e acessível em: https://hojemacau.com.mo/2016/05/13/declinio-do-porto-de-macau/