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Ao fim de uma semana de estadia britânica em Macau, a 31 de Janeiro de 1840, o novo Procurador José Vicente Jorge (1) tem uma entrevista com o Tou-T’ói, (2) pelas 15.30 horas, no Hopu (alfândega chinesa) de Macau. 

O Tou-T´ói veio com o fim de exigir a expulsão do capitão Elliot e dos ingleses residentes em Macau, (3) apoiado com mil homens que, a pedido dos mandarins, ficaram retidos na Casa Branca, dizendo que tal tropa se destinava a proteger os portugueses. Ofereceu-se, porém, para prorrogar a publicação do edital dos Suntós dos dois Kuongs e de Cantão, que ordenava a ele, Tou T´ói, que viesse, à testa da tropa, prender os ingleses, e ao ajudante-geral Kuam-Chon-Hiac que seguisse com mais mil homens para se juntarem aos mil de Tou T´ói, a fim de promover o encerramento das alfândegas, a suspensão do comércio português e o isolamento de Macau, bem como a retirada de todos os chineses, dentro de cinco dias, pois a cidade seria invadida. O procurador não cedeu ante a intimidação do enviado chinês. (3) A 1 de Fevereiro, fez- se uma proclamação imperial onde se procurava sossegar as comunidades chinesa e estrangeiras em Macau, afirmando que se pretendia apenas cercar e prender os ingleses. (4)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

23-01-1840 – Os súbitos britânicos expulsos da China desembarcam e passam a  viver em Macau, o que desencadeou a reacção das autoridades chinesas, que se apresentaram , na pessoa do Tou T´oi a 31 do mesmo mês, na cidade portuguesa, dando um prazo de 5 dias para a limpar dos ingleses. O Governador Adrião Acácio da Silveira Pinto reuniu com o Senado e, na sequência da correspondência trocada com o Comandante H. Smith, da corveta Hyacinth , este acabou por retirar, o mesmo fazendo as forças chinesas estacionadas junto do Templo da Barra. Macau procurou, como em tantas outras vezes estribar-se na neutralidade.. (4) (5)  

(2) Tou T´oi (intendente Militar chinês) fez do templo Lian Feng (Lin Fong) sua residência em Macau O templo já servira de cenário a importantes conversações entre as autoridades portuguesa e o comissário imperial Lin Zexu depois de iniciada a guerra do ópio (1839-1842 – Duração da Guerra do ópio; 26-11-1839 – Édito de Cantão proibindo o comercio com os navios ingleses).

(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IIII, 2015, pp. 86, 89-90

(5) 24-05-1839 – Capitão Elliot e todos os negociantes ingleses saíram de Cantão para Macau até receber ordens de Londres onde chega a 26-05-1839. Os súbditos ingleses retiram-se para Hong Kong (que não era colónia inglesa ainda) dado a neutralidade anunciada pelo Governo de Macau na disputa entre Inglaterra e a China. Daí em 1-09-1839 Elliot propôs que os ingleses regressassem a Macau pondo a disposição do Governador Silveira Pinto o navio de guerra inglês Volage e mais 800 homens para cooperarem na defesa da Cidade, mas o governador recusa. O Senado ordena e proíbe a aproximação de navios com ópio (episódio do incêndio espanhol «Bilbaino»  fundeado na Taipa, por engano foi tomada por embarcação inglesa por ordem do Comissário Imperial Chinês (4)

NOTA I: sobre este assunto, o jornal das ocorrências do «Chinese Repository» vol. VIII, May 1839-April 1840), afirmava na sua p. 239, o seguinte:

NOTA II: sugiro ainda a leitura de «Declínio do porto de Macau» de José Simões Morais publicado a 13 de Maio de 2016 no jornal “hojemacau” e acessível em: https://hojemacau.com.mo/2016/05/13/declinio-do-porto-de-macau/

Uma nota inserida no «The Canton Register», Vol 8, DEC 8th, 1835, n-º 49, p. 195, (assinada com o nome de “Cícero”), acerca dos pintores chineses da escola de Lam Qua.
Lam Qua 林官  (1), foi um pintor chinês da província de Cantão, que com os seus retratos de estilo ocidental (muitos são retratos de mercadores estrangeiros e chineses de Cantão e Macau) criou uma “ fábrica /escola” de desenho e pinturas (onde se fazia também cópias de pinturas e depois quadros a partir de fotografia) na sua oficina em Cantão (na zona dos grandes armazéns estrangeiros) grande parte destinados a clientes ocidentais.
Foi o primeiro pintor chinês a ter uma exposição dos seus quadros no Ocidente

“View of Foreign Factories, Canton, 1825–1835” atribuído a Lam Qua
Lam Qua trabalhando num estúdio em Hong Kong c. 1850
Fotografia de John Thomson (2) (3)

Auto-retrato de Lam Qua cerca de 1840

 

Embora sempre referenciado como discípulo em 1820 de George Chinnery, (4) este terá negado que fosse um seu aluno. Chinnery ensinou muitos estudantes chineses e provavelmente por intermédio destes e dos próprios quadros de Chinnery, exerceram uma grande influência na pintura de estilo ocidental de Lam Qua.
Lam Qua é também conhecido por ter colaborado com o médico Peter Parker, (5) pintando os retratos dos doentes com patologia pré operatória, a maioria com  tumores  e deformidades (3)

 

Auto-retrato de Lam Qua c.1853-1854

 

Um dos quadros atribuídos a Lam Qua é o retrato do macaense Miguel António de Cortela
Miguel António Cortela, (1783 – 1844), 5.º filho de Inácio Baptista Cortela de Sousa e Albuquerque e de Mariana da Silva Faria, casou em casa, em 8 de Abril de 1829, com Ana Maria dos Remédios, (fal. a 1860) que corria perigo de vida , sendo ela viúva de Eduardo Organ e filha de  António Bernardino dos Remédios e de Maria Rita dos Remédios. Tendo-se ela restabelecido, receberam ambos as bênçãos nupciais em 12 de Novembro de 1829.
Miguel sucedeu a seu pai, cerca de 1820, nos cargos de Depositário Geral dos Cofres de Macau e tesoureiro dos Defuntos e Ausentes. Foi proprietário da barca «Tranquilidade» que naufragou na viagem de Macau para Solor em 1843 com 48 homens a bordo, que todos se salvaram. Tinha 1 das 82 acções da «Casa de Seguros» de Macau fundada em 1810
TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria dos Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942.
FORJAZ, Jorge – Família Macaenses, I Volume
(1) Guan Qiaochang (1801 – c.1860) (Lam Qua 林官; ou Kwan Kiu Cheong 關 喬 昌), é neto do famoso artista de Cantão, Spoilum (Guan Zuolin, activo entre 785 and 1810) e filho de Lamqua (com o mesmo nome) que terá herdado o estúdio familiar de pinturas. Com a colaboração de muitos dos seus alunos, produzia-se um grande número de quadros de pintura para exportação. Seu irmão Tinqua (Guan Lianchang- ca. 1809-1870) refinou o método de trabalho com produção em massa dos quadros quer a óleo quer de aguarelas.
https://visualizingcultures.mit.edu/rise_fall_canton_01/cw_essay04.html
林官 mandarim pīnyīn: lín guān; cantonense jyutping: lam4 gun1
(2) Sobre este fotógrafo, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/john-thomson/
(3) https://en.wikipedia.org/wiki/Lam_Qua
(4) George Chinnery (1774 – 1852) que deixou a Inglaterra aos 28 anos de idade em 1802, e passou 23 anos na Índia e depois 27 na China, chegou a Macau em 1825 tendo aí falecido em 1852.
Ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/george-chinnery/
(5) De 1836 a 1855, Lam Qua produziu uma série de quadros de pacientes em tratamento com Peter Parker, médico missionário dos Estados Unidos. Parker que estabeleceu o primeiro hospital americano Guangzhou em 1835, introduzindo técnicas cirúrgicas novas (introdução de anestesia) como amputações e cirurgias reconstrutivas, contratou Lam Qua para pintar os retratos pré-operatórios dos pacientes que tiveram tumores grandes ou outras grandes deformidades. Algumas das pinturas agora fazem parte de uma coleção do trabalho de Lam Qua, realizado pela Universidade de Yale, na Coleção Peter Parker, na Biblioteca Médica Harvey Cushing / John Hay Whitney; outras estão no Museu Gordon, no Guy’s Hospital, em Londres.
http://whitney.med.yale.edu/gsdl/collect/ppdcdot/
https://library.medicine.yale.edu/find/peter-parker 
NOTA: Outro quadro de Lam Qua,de 1843, é : “A Praia Grande vista da varanda, residência do mercador Nathan Kinsman, já postado em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/23/noticia-de-23-de-fevereiro-de-1837-tomada-de-posse-do-governador-adriao-silveira-pinto/

Parte dum mapa – carta náutica – de 1808, desenhado por Chretien-Louis-Joseph de Guignes, onde se visualiza Macau, Hong Kong  e Cantão.
Esta carta náutica (com pormenores de marcação de profundidade, tipo de fundo marítimo) mostra o estuário /delta do Rio das Pérolas  (珠江三角洲), Macau e arredores e à direita, Hong Kong com as ilhas ao seu redor (Lantau, Lamma, etc)
Este mapa encontra-se incluída no livro “Voyages a Peking, Manille et l’Île de France faits dans l’Intervalle des Annees 1784 à 1801” (1)
(1) Sobre Chretien-Louis-Joseph de Guignes que esteve cerca de 10 anos em Macau e este livro (três volumes) ver anterior postagem:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/chretien-l-j-de-guignes/

Extraído de «Bol. Gov. Macau» IX-4, 1862.

Sedder Street

A revista portuguesa “Ilustração Portugueza” de 1919 (1) publica em meia página, uma notícia com o título “As festas da paz em Hong Kong”, ilustrado com quatro fotos:
“ Foram deslumbrantíssimos os festejos feitos em Hong Kong, para comemorar a vitória dos aliados. Nas ruas engalanadas viam-se muitas bandeiras portuguezas. As nossas gravuras representam Sedder Street olhando para o Pico Vitória e a cidade alta. O edifício Príncipe na Rua Chater. Ao fundo o edifício Jardine.”

A cidade alta
Aspectos do edifício Príncipe
Praça das Estátuas (Statue Square)

 (1) «Ilustração Portugueza», II série, n.º 711 de 6 de Outubro de 1919.

(2) A I Guerra Mundial iniciada em 28 de Julho de 1914, terminou a 11 de Novembro de1918. A República Chinesa entrou na 1.ª Grande Guerra em 1917 ao lado dos aliados. Terá participado com 200000 homens para os campos da batalha tendo falecidos 2000 (informação que fixei há muitos anos, não me recordando da fonte).

HMS Triumph firing at German positions at Tsingtao, China, in October 1914” (4)

A armada Naval germânica na China (comandada por Maximilian Graf Spee) estava sediada em Tsingtao (3) e em 1914, com o início da guerra, os navios do esquadrão do leste asiático estavam espalhados em diversas colónias  do Pacífico pelo que reagruparam-se nas nas Ilhas Mariana do Norte com destino ao Atlântico mas o esquadrão foi  destruído na Batalha das Malvinas.  em Agosto de 1914, pela a armada anglo-japonesa (4) no extremo sul do continente americano  A mesma armada anglo-japonesa, participou depois após passar por Hong Kong no chamado “Cerco de Tsingtao” entre 31 de Outubro e 7 de Novembro de 1914.
(3) Qingdao ou Tsingtao (青岛) é uma cidade na província de Shandong, na República Popular da China. É um porto no mar Amarelo, na península de Shandong.

(4) O navio “HMS Triumph” construído em 1902 e que foi destacado para a Estação Naval Britânica na China em 1913 participou neste batalha naval. Em 1915 foi transferido para o Mediterrâneo tendo participado na «Campanha de Dardanelos» contra o Império Otomano e em 25 de Maio de 1915 foi torpedeado e afundado pelo célebre submarino  alemão U-21. (https://en.wikipedia.org/wiki/HMS_Triumph_(1903))

Duas fotos publicadas em números diferentes da «Revista Colonial», no ano de 1913, atribuídas erradamente a Macau já que as legendas são bem elucidativas donde foram tiradas – Hong Kong
Esta foto “Deposito de carvão em IAU-MA-TI, refere aos depósitos de carvão que existiam nessa altura (1913) na zona de Iau Má Tei em Kooloon.
Nesta foto, a legenda é bem elucidativa: “Queen´s Road (entre Mercantile Bank e Thomas Hotel), uma das principais ruas da Ilha de Hong Kong.
Reparar na foto, a instalação de um poste para electricidade.

POSTAL – Queen´s Road Central – Hong Kong

O banco “Mercantile Bank of India” (1) foi inaugurado em 1882 como “Mercantile Bank of Bombay” e ficava no canto da “Queen´s Road” (Queen´s Road, n.º 11 – Central) com a “Ice House Street”. O edifício foi demolido.
O “Mercantile Bank of India”
(1) “The Mercantile Bank of India started life as the Mercantile Bank of Bombay, taking the name of the city where it was founded in 1853. It soon changed its name to the Mercantile Bank of India, London, and China, and in 1855 opened its branch in Hong Kong. Trouble in 1893 meant it lost its charter, and was reconstituted as the Mercantile Bank of India, Ltd. In 1959 it was purchased by HSBC. By then its name had been shortened again, to “Mercantile Bank, Ltd”.
https://gwulo.com/mercantile-bank#12/22.2726/114.1524/Map_by_ESRI-Markers/100

anuncio-de-1922-vapores-de-hk-cantao-e-macau HONGKONG, CANTON AND MACAO STEAMBOAT Co.

A sede da Companhia estava em Hong Kong e o agente em Macau era António Alexandrino Gonzaga de Melo. (1)
O Preçário desta Companhia de Transporte em 1928:
Ligação Macau-Hong Kong – os barcos partem de Hong Kong diariamente pelas 08.00 A.M.. e 2 P.M., e no mesmo horário partem de Macau.
Duração: 3 a 4 horas
Única viagem $4 (4 patacas)
Ida e Volta $7 (7 patacas)
Barcos em excursões especiais aos Domingos (9.00 A.M. Hong Kong – Macau; 5 P. M. Macau-Hong Kong)
Única viagem: $3 (3 patacas)
Ida e volta: $ 5 patacas

Ligação Macau – Cantão – os barcos partem de Macau às 09.P.M. e de Cantão às 4.30 P.M.
Duração: 8 horas.
Única viagem: $4.50 (4 patacas e 50 avos)
Ida e volta: $ 9.00 (9 patacas).

(1) Ver anteriores referências de António Alexandrino Gonzaga de Melo
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-alexandrino-gonzaga-de-melo/

Recorte do jornal “Ultramar” (1), órgão oficial da I Exposição Colonial (Dir. Henrique Galvão), de 1934
ULTRAMAR 1934 n.º 6 -adamastor IO Cruzador “Adamastor” construído nos Estaleiros Navais de Livorno, lançado à água em 12 de Julho de 1896, comprado pelas receitas provenientes de uma subscrição pública organizada como resposta portuguesa ao ultimato britânico de 1890, entrou pela primeira vez a barra do Tejo em 7 de Agosto de 1897.

DIARIO ILLUSTRADO 7-8-1897 Adamastor IO “Diario Illustrado” de 7 de Agosto de 1897  dando a notícia da chegada do “Adamastor”, na sua primeira página (2)

DIARIO ILLUSTRADO 7-8-1897 Adamastor II Ferreira do AmaralO seu primeiro comandante foi o Conselheiro, capitão de mar-e-guerra Ferreira do Amaral. (3)
Com um comprimento (entre perpendiculares) de 73.81  metros  81 cm (comprimento de fora a fora) e velocidade máxima de 18 nós (uma propulsão de 4000 cv – 2 máquinas a vapor com 4 caldeiras alimentadas a carvão), o “Adamastor” tinha uma capacidade (inicial) composta de 215 elementos (16 oficiais, 36 sargentos e 163 praças (4). Em matéria de armamento (há várias versões) (5):
2 peças Krupp de 150mm/ 30 Calibres – Mod.1895 (Calibre: 150mm/Alcance: 14Km)
4  peças  Krupp 105mm/4.0GR Mod. 1895 (Calibre: 105mm/Alcance: 9Km)
4 peças Hotchkiss 65/46
2 peças Hotchkiss 37/42
2 metralhadoras Nordenfelt 6,5 mm e 3 tubos lança-torpedos
DIARIO ILLUSTRADO 7-8-1897 Adamastor IIIEm relação à estadia do “Adamastor” em Macau  e Extremo Oriente:
1.ª comissão ao Ultramar em Outubro de 1899 repartida pela Divisão Naval do Índico e pela Estação Naval de Macau. Regressa em Junho de 1901.
2.ª comissão, em Novembro de 1903 parte para o Extremo Oriente. Chega a Macau em Março de 1904. Desde Agosto desse ano até Março de 1905 permanece em Xangai a fim de proteger os interesses da colónia portuguesa residente, missão que se repetiria mais tarde. Em Agosto chega a Lisboa.
3.ª comissão, larga em Junho de 1907. Parte de Luanda em Maio de 1908 com destino a Timor, onde esteve de 6 de Julho a 24 de Agosto de 1908. Regressa a Lisboa em Julho de 1909.
No ano de 1910 foi montado no navio um aparelho T.S.F. e toma parte na implantação da República, marcando o seu início com 3 tiros como sinal. (6)
Em Outubro de 1912 inicia a sua 4.º comissão. Além de Macau escala Xangai e outros portos da China e chega a Lisboa em Outubro de 1913.
Foi durante esta comissão que o cruzador sofreu um acidente, no dia 11 de Maio de 1913, ao sair do porto de Hong Kong, tendo sido assistido pela canhoneira “Pátria” e o contra-torpedeiro inglês “Otter”. (7) Na sequência do acidente, o “Adamastor” deu entrada na doca de Whampoa, em Kowloon, para ser submetido a reparações. Daí seguiu para o Brasil (Rio de Janeiro e Santos) para participar no lançamento nas festividades da primeira pedra para a construção de um monumento em memória do marechal Deodoro da Fonseca, primeiro Presidente da Primeira República Brasileira, terminando esta missão em Dezembro.
Em meados de 1913, o então capitão de fragata, João de Canto e Castro (1862 -1934) (futuro Presidente da República, que sucede a Sidónio Pais) recebe a missão de se deslocar a Macau para aí assumir o comando do cruzador português Adamastor. (8)
De Agosto de 1919 a 18 de Julho de 1925 sofre grandes restauros, em Lisboa.
Em 1926 a 1928, nova comissão de serviço em Macau. Destacado para outras missões, em Julho de 1926 chega a Xangai  a fim de defender as concessões internacionais e render ao mesmo tempo o cruzador “República”, (9) tendo desembarcado uma força de 30 praças sob o comando de um 2.º tenente. Larga de Xangai em Março de 1928 e entra no Tejo em Abril.
Em Setembro de 1929 rumo novamente para o Extremo-Oriente, escala Macau e parte no dia 8 de Fevereiro de 1932, com destino a Xangai e dali parte em viagem diplomática para Japão. Volta a Xangai para protecção da comunidade portuguesa em virtude do início da guerra sino-nipónica.
Em 15 de Outubro de 1931, parte para Lisboa, em serviço, levando o  Governador de Macau, capitão de Fragata Joaquim Anselmo da Matta e Oliveira (9)
Em 18 de Junho de 1932 está fundeado em Macau, reclassificado como aviso de 2,.ª classe, em péssimo estado geral nomeadamente do seu aparelho propulsor e da sua guarnição reduzida, pelo que é decidido que seja abatido em Lisboa. Larga de Macau em Março de 1933 chega a Lisboa em Julho (depois de uma atribulada viagem em que é obrigado a diversas paragens por sucessivas avarias).
Após 36 anos de serviço, foi o “Adamastor” abatido ao “Efectivo dos Navios da Armada” em 16 de Novembro de 1933.
Esta notícia do jornal de 15 de Abril de 1934, encerra a “vida” do “Adamastor” – foi arrematado o casco, vendido à Firma F. A. Ramos & Cª., pelo preço de 60.850$00 (10)
Cruzador ADAMASTOR(1) Ultramar n.º 6, 15 de Abril de 1934 , p. 8 .
(2) http://purl.pt/14328/1/j-1244-g_1897-08-07/j-1244-g_1897-08-07_item2/j-1244-g_1897-08-07_PDF/j-1244-g_1897-08-07_PDF_24-C-R0150/j-1244-g_1897-08-07_0000_1-4_t24-C-R0150.pdf
Francisco Joaquim Ferreira do Amaral(3) Francisco Joaquim Ferreira do Amaral (1844 —1923), mais conhecido por Francisco Ferreira do Amaral ou apenas por Ferreira do Amaral, foi um militar (almirante) português, administrador colonial (Governador de S. Tomé e Príncipe, Governador-Geral de Angola, Governador da Índia Portuguesa)  e político da última fase da monarquia constitucional portuguesa (Presidente do Conselho de Ministros) Era o único filho de Maria Helena de Albuquerque (1.ª baronesa de Oliveira Lima)  e do governador de Macau João Maria Ferreira do Amaral.
Mais informações em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Ferreira_do_Amaral
(4) Em Macau tinha uma tripulação de 206  (14 oficiais, 23 sargentos e 169 praças.)
BARROS, Leonel – Memórias Náuticas, 2003, p. 67
(5) http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/Documents/Cruzador%20Adamastor.pdf
(6) “Para além de Machado dos Santos ( comissário naval), a Marinha teve um papel destacado na revolução, através do “Adamastor” e do “S. Gabriel”, e dos oficiais, sargentos e marinheiros que participaram em acções no Quartel de Alcântara, na abordagem ao D. Carlos….” (VENTURA, António – A Marinha de Guerra Portuguesa e a Maçonaria, 2013, pp. 25.
(7) 11-05-1913 – O cruzador «Adamastor» foi de encontro a uma rocha perto de Hong Kong ( SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4)
Ver referência a este episódio em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cruzador-adamastor/
(8) “Em meados de 1913, recebe a missão de se deslocar a Macau para aí assumir o comando do cruzador português Adamastor. Esta será uma viagem inesquecível. Além de conhecer outras paragens (passa pela Alemanha, Rússia e China), contacta duas figuras políticas com que se cruzará mais tarde e em circunstâncias bem diversas: Sidónio Pais, que encontra em Berlim quando ruma a Macau, e Bernardino Machado, que recebe, na qualidade de embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, a bordo do cruzador na sua passagem pelo Brasil.”
http://www.museu.presidencia.pt/presidentes_bio.php?id=27
(9) 6-03-1927 – Ida do cruzador «República» para Xangai.
15-10-1931- Parte para Lisboa, em serviço, o Governador de Macau, capitão de Fragata Joaquim Anselmo da Matta e Oliveira no Cruzador “Adamastor” que  sai da Ponte Nova do Porto Exterior (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4)
(10) https://pt.wikipedia.org/wiki/NRP_Adamastor.

Continuação da publicação dos mapas do livro “Tellurologie et Climatologie Medicales de Macau”, dois deles já publicados anteriormente (1) (2).

MAPA Obras dos Portos de Macau 1921 Tellurologie et ClimatologieEste mapa referente às obras dos portos de Macau (escala de 1/40.000),
PLANO DO PORTO ARTIFICIAL
tem a indicação “As obras do Norte de Macau e as da Taipa estão já em execução.”

O plano previa os aterros em Macau e Taipa e a construção do porto artificial no porto exterior com as docas para hidroaviões, para pequenos vapores e juncos e uma gare marítima) e o canal para a entrada e saída dos barcos.

MAPA delta do Si Kiang 1921 Tellurologie et Climatologie“Vue partielle du delta du Si-Kiang”

 “Au Nord , separée des montagnes de Hiong-Chan (Heong Sán) par le terrain neutre, elle a au Sud l´île de Taypa, à la distance de 2.350 mètres ; à l´Ouest, elle a son port fluvial (Porto Interior), de 600 mètres de largeur, qui la sépare de la haute île de Lapa, étant à l´Est amplement ouverte vers la Rade.
Entourée de hautes montagnes du côté de la terre, du Nord au Sud par l´Ouest , le cercle est fermé du côte de la mer, de loin, au delà de la rade, et de près par d´innombrables îles montagneuses, qui, comme des lignes de forts ou jetées, amortissent les attaques de la Mer de Chine et les tempêtes qui s´y forment.
La Rade est comme l´antichambre para où cette mer la visite deus foisd dans les 24 heures, en son flux e reflux.
A la distance de Canton (Guangzhou/Cantão) de 80 milles marins environ, Macao est à trios heures et demie de Hong-Kong, par les steamers de transport, ou à 25 minutes en hydroplane.” (1)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/01/leitura-tellurolo-gie-et-climatolo-gie-medicales-de-macao/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/23/mapa-de-macau-1921-relief-du-sol/

13-02-1920 – O aviador americano Robert Johnson efectuou um voo de Hong Kong a Macau, em 23 minutos, num hidroplano Curtiss.(1)

Esta notícia foi também publicitada pelo jornal “The Straits Times”, no dia 27 de Fevereiro de 1920 (p. 8) (2)
Mr. Robert Johnson, the American aviator who flew Captain Ricou´s (3) seaplane, with the Captain as passenger, from Hongkong to Macao on the I6th instant, wired the Post as follows : “ Hongkong to Macao, via Curtis’s Seagulll flying boat, 23 minutes. Very foggy” The flyers left Hong Kong about 8.20, so that they were in Macao at 8.43. The trip by steamboat takes about four hours. Commodore Louis D. Beaumont, (4) President of the Comission organising the first Aerial Derby Around the World, received a similar cable, Mr Johnson adding: “First flying boat to fly in China” (5)

Hidroplano CurtissUm hidroplano Curtiss N-9 Seaplane de 191
(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/05/A_Curtiss_Seaplane.jpg)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.
(2) “The Straits Times” é um jornal de língua inglesa de Singapura que mantém-se em publicação desde 15 de Julho de 1845 (inicialmente com o título “The Straits Times and Singapore Journal of Commerce”) A notícia saiu neste jornal porque Singapura devido à sua posição geográfica e às facilidades aeronáuticas com aeroporto, foi escolhida como um dos pontos de controlo desta corrida aérea à volta ao mundo.
(3) Sobre o Capitão Ricou, ver referências anteriores a Charles Ricou.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/charles-ricou/
(4) Louis D. Shoenberg (Beaumont) (1857 – 1942),americano, milionário, filantrópico distribuiu a sua riqueza para fundos educacionais e saúde. Durante a primeira Guerra Mundial mudou o apelido alemão para “Beaumont” tradução de ”montanha bonita” nos dois idiomas

World Aerial Derby CommissionWorld Aerial Derby Commission
(in “The Morning Oregonian”, 23 de Outubro de 1919) (6)
Louis D. Beaumont” é o quarto a contar da esquerda.

Há uma notícia no jornal “The Singapore Free Press and Mercantile Advertiser” (1884-1942), de 6 de Fevereiro de 1920, referente à chegada da Comissão a Hong Kong. (7)

        WORLD AERIAL DERBY
       INTERVIEWS IN MANILA
The Commission organising the first
Aerial Derby around the world arrived in
Hong  Kong recently on the Pacific Mail
steamship Colombia from Manila. The
Comission is composed of Commodore
Louis D. Beaumont (President), Major
Charles J. Glidden, U.S.A., F.R.G.S., (Ex-
ecutive Secretary) and Mr. Benjamin Hill-
man (Treasurer).
 

(5) https://www.portlandoregon.gov/parks/article/471732
(6) http://eresources.nlb.gov.sg/newspapers/Digitised/Article/singfreepressb19200206.2.33.aspx
(7) http://eresources.nlb.gov.sg/newspapers/Digitised/Article/singfreepressb19200303.2.34.aspx.