Depois de uma certa inactividade no campo cultural (1) desde o início do século XX por vários motivos entre eles, a diminuição constante do número de sócios por causa da má situação financeira e da tragédia em 1914 (suicídio de João Canavarro, presidente da direcção dos Proprietários do Teatro D. Pedro V, por desfalque), o «Club de Macau», (2) arrendatário do Teatro D. Pedro V, retomou as actividades culturais nomeadamente as representações teatrais, operetas e óperas, muitas vezes aproveitando a passagem de Companhias estrangeiras por Hong Kong e China.
Assim neste dia de 19 de Junho de 1921, a companhia de Ópera Ligeira e Opereta de Daroff e Shtern iniciou a sua temporada em Macau, com «A Viúva Alegre» de Lehar. Os melhores artistas desta Companhia eram os sopranos Glória Charskaia e Rootkowskaia, o tenor Crugloff e os barítonos Daroff e Elin. Tão boa era esta Companhia que, além da «Viúva Alegre», teve de apresentar ainda, nas noites seguintes, no Teatro D. Pedro V, as seguintes operetas: «Os Mistérios de um Harém» de Valentinoff, «Amor de Cigana» de Lehar, «O Conde de Luxemburgo», também de Lehar, «O Rei dos Violinistas » de Kalmann, «Sílvia» de Delibes» «A Princesa dos Dólares» de Leo Fall, o «Pot-Pourri» de Sidney Jones «O Rei Diverte-se», «A Vestal do Deus do Fogo» e «Hadji- Murat». (3) (4)

D. Pedro V - Salão década de 70 (XX)Salão do Teatro D. Pedro V, na década de 70 (Século XX) (5)

(1) Excepto num período muito curto em 1915 em que se passava filmes mesmo sem equipamento adequado, fruto dum contrato entre o Clube de Macau e uma empresa cinematográfica. O «Club de Macau», no dia 05-05-1914, subarrendou o Teatro  à Empresa Cinematográfica representada por Chan Ham Che e Júlio Eugénio da Silva, por um ano, pela quantia de $ 200,00 mensais. Era presidente do «Club de Macau»,  Fernando de Meneses. Este contrato foi desastroso, pois as bancadas ficaram danificadas e o Teatro sujo, vendo-se o clube obrigado a rescindir o contrato antes de findar o prazo (5). Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/15/anuncio-de-1922-animato-grafo-macau/
(2) Após a aprovação dos Estatutos da Sociedade Teatro D. Pedro V, em 1887, fundou-se o «Club União»  que arrendou à sociedade o edifício do Teatro para o fim de aí estabelecer o clube do mesmo nome, obrigando-se a dita sociedade a pagar a esta associação 15% dos rendimentos brutos do clube e do Teatro». Em 17 de Dezembro de 1896, o presidente dos proprietários, General Garcia, reuniu-se com Pedro Nolasco da Silva, presidente da Comissão directora do «Club União», e acordaram ambos no contrato de arrendamento do edifício do Teatro ao clube pelo tempo de 10 anos, a contar de 1-1-1897. Porém em 1903, o oficial de marinha, tenente Marta, membro do «Club União», trouxe a desunião e a morte ao seu clube, pois portou-se incorrectamente com a sra. Saturnina Canavarro num baile do clube e foi tal a celeuma que se levantou que o clube teve de fechar. Assim surgiu o «Club de Macau» cujo presidente Henrique Hyndman pediu o arrendamento, nas mesma condições (período de 10 anos) com pequenas modificações cujo contrato foi assinado a 23 de Junho de 1903. Contrato que foi renovado a 5 de Maio de 1913. Esse arrendamento foi prolongado por dez anos em 23-06-1903 e em 05-05-23 renovado nas mesmas condições que o contrato anterior (5)
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História  de Macau, 1954
(4) Não consegui qualquer referência dos artistas referidos, excepto uma pequena nota do barítono (segundo a crítica, excelente) russo Vladimir A. Elin (1888-1958), estudante de música em S. Petersburgo, que numa digressão ao Oriente, depois das Filipinas foi para Austrália em 1927 onde se radicou por vários anos. Depois seguiu para Inglaterra (1932) e por fim emigrou para os EUA (1938) onde além de actuar foi professor de voz.
Um anúncio publicado num jornal australiano “The Register Adelaide, July 24, 1928 ” dum programa radiofónico com este barítono.

MÚSICA- Anúncio Vladimir Elin barítonohttp://trove.nla.gov.au/newspaper/article/57054882

(5) TEIXEIRA, Pe. Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971
Anteriores referências:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/teatro-d-pedro-v/