Archives for posts with tag: Gruta de N. Sra de Lourdes

Na esplanada da Gruta de N. Sra. De Lurdes, na Penha, existia, mesmo ao centro, uma lápide de mármore, (1) contendo duas placas de cobre; na placa superior, as armas de D. João Paulino com o seu nome e as palavras: Adveniat Regnum tuum; na inferior, esta inscrição: (2)

Na parte inferior: O CABIDO DA SÉ CATEDRAL DE MACAU OFERECE E DEDICA ESTE MONUMENTO

Na parte superior: TRANSLADADO EM 6-2-1923 PARA A VILA DAS LAGES DO PICO – AÇORES

D. João Paulino de Azevedo e Castro nasceu a 4 de Fevereiro de 1852 na Vila das Lages do Pico, Açores, sendo filho de Amaro Adriano de Azevedo e Castro e de Maria Albina Carlota de Bettencourt. Terminados os estudos em Coimbra, licenciou-se em teologia na Universidade em Julho de 1879, sendo ordenado sacerdote em Angra a 31 de Agosto desse ano. Leccionou no Seminário de Angra, de que foi nomeado reitor em 1888; confirmado bispo de Macau por Leão XIII a 9 de Junho de 1902, foi sagrado a 27 de Dezembro; partiu de Lisboa a 23 de Março de 1903, chegando a Macau a 4 de Junho (trouxe consigo o seminarista teólogo José da Costa Nunes, que ficou a estudar no Seminário). Por provisão de 17 do mês seguinte fundou o «Boletim do Governo Eclesiástico da Diocese de Macau»

A 17 de Novembro de 1903, recebeu as Franciscanas Missionárias de Maria, a quem confiou o Colégio de S. Rosa de Lima; a 13 de Fevereiro de 1906, recebeu os Salesianos, a quem confiou o Orfanato da Imaculada Conceição. Em 1907-1908, conseguiu que as Missões Estrangeiras de Paris cedessem à Diocese de Macau a Missão de Shiu-Hingem troca da Missão de Hainão. Em 1917, publicou o livro intitulado «Os Bens das Missões Portuguesas na China», colectânea de artigos aparecidos no «Boletim Eclesiástico da Diocese». Faleceu na residência da Penha, em Macau a 17 de Fevereiro de 1918.(3)

(1) Esta lápide desapareceu do sítio durante a guerra sino-japonesa.

(2) Tradução: «Cristo, Alfa e Ómega. Aqui jaz D. João Paulino de Azevedo e Castro, bispo de Macau, homem dotado de profunda piedade para com Deus, insigne pela integridade de costumes, merecedor do amor e louvor da Pátria, o qual faleceu em Macau a 17 de Fevereiro de 1918. A paz seja contigo, bem como a alegria dos Santos (os gozos celestes)»

(3) Retirado de TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, pp.82-83

Programa do lançamento da primeira pedra de 4 de Dezembro de 1904, (dimensões: 45,5 cm x 14 cm), dobrável em cinco páginas (cada página de 9 cm x 14 cm), impresso em ambos os lados (tipo álbum de postais) sendo o “exterior”, constituído por 5 “postais”:
1 – colocação do endereço do convidado.
2 – Programa do Lançamento da primeira Pedra (Ordem das Ceremonias, dentro das ruinas da antiga Egreja) para a reconstrução da Egreja de S: PAULO em Macau por Sua Ex.ª Rev.ma o Sr. D. João Paulino d´Azevedo e Castro, (1) Bispo da antiga e histórica Diocese de Macau. Bacharel formado em Theologia pela Universidade de Coimbra. Do Conselho de sua Mejestade Fidelissima o Rei de Portugal. Etc,     etc,     etc.
Domingo, 4 de dezembro de 1904, às 3 horas da tarde.
Ordem das Ceremonias (dentro das ruinas da antiga Egreja)
I – O Bispo revestido de Pluvial e Mitra benze o sal e a agua.
II – Quando o Bispo põe a Mitra o côro canta a Antiphona – Signum salutis e o Psalmo 83 Judica Me, durante o qual o Bispo benze o lugar em volta da Cruz.
3 – continuação da Ordem das Ceremonias:
III – O Bispo benze a PEDRA, e com a colher faz o signal da cruz em cada umas das faces d´ella.
IV – Estende-se um tapete, o Bispo ajoelha e recita a Ladainha de todos os Santos.
V – O Bispo levanta-se e canta uma Oração; toma a colher de prata e o cimento, e entoa a Antiphona Mane Surgens Jacob, que o côro repete, cantando em seguida o Psalmo 50, Nisi Dominus
VI – O Bispo toca a Pedra, coloca-a na terra e asperge-a com agua benta, dizendo o Asperges me e o Psalmo 50, Miserere.
VII – O Bispo asparge agua benta sobre os alicerces e entoa a Antiphona O quam metuendus est locus iste; o côro continua, canta o psalmo 86 Fundamenta e repete a Antiphona. Entretanto o Bispo vae aspergindo uma terça parte dos alicerces.
VIII – O Bispo canta Oremus e uma Oração, depois entoa o Pax eterna; o côro prossegue e o Bispo asperge a segunda terça parte dos alicerces e canta uma Oração.
IX – O Bispo entoa a antífona Bene fundata est e o côro continua e canta o Psalmo 121 – Lactatus sum, no fim do qual repete a Antiphona. Entretanto o Bispo asperge a ultima parte dos alicerces, voltando ao lugar onde está a primeira Pedra. Depois d´isto o Bispo diz uma Oração
X – O Bispo entoa o hymno Veni Creator Spiritus e o côro prossegue. O Bispo ajoelha-se e levanta-se depois do primeiro versículo.
XI – Terminado o Psalmo o Bispo diz duas Orações.
XII – o Rev. Dr. P. António José Gomes pregará um sermão adequado ao acto ao qual seguirá a bênção do Bispo.
4 – O convite em inglês:
Laying of the Foundation Stone for The Reconstruction of St. PAUL´S Church – Macao, by His Lordsship Don João Paulino d´Azevedo e Castro, D. D. (Coimbra University). Bishop of the historical and ancient Diocese of Macao, and Member of the Council of His Most Faithful Majesty, The King of Portugal.
Sunday, 4th December, 1904, at 3 p.m.
5 – em branco
(1) D. João Paulino Azevedo e Castro (1852-1918) foi nomeado Bispo de Macau em 1902. Fundou o «Boletim do Governo Eclesiástico da Diocese de Macau». Convidou as Franciscanas Missionárias de Maria para dirigirem o Colégio de Santa Rosa e os Salesianos a quem confiou o Orfanato da Imaculada Conceição. Faleceu na residência da Penha, sendo sepultado na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Os seus restos mortais foram posteriormente transladados para a terra natal, Pico, Açores.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-paulino-azevedo-e-castro/
(2) Ver próxima postagem referente ao “Sermão Pregado dentro das ruínas da egreja da Immaculada Conceição”.

Mais dois “slides” digitalizados da colecção  “MACAU COLOR SLIDES  – KODAK EASTMAN COLOR)”comprado na década de 60 (século XX), se não me engano , na Foto PRINCESA (1)

Miradouro de Nossa Senhora da Penha

 O Miradouro está situado no término da Estrada de D. João Paulino, à entrada da Ermida da Penha e da Residência Episcopal, quase no vértice da Colina da Penha, voltado ao Sul. (2)

Ermida de Nossa Senhora da Penha de França

“Campeia no topo da colina a Ermida de N. Sra. da Penha de França e, mais em baixo, a Gruta de N. Sra. de Lourdes. A Gruta foi construída em 1908, por iniciativa de D. João Paulino de Azevedo e Castro, bispo de Macau (1903-1918), que ali foi sepultado.
Segundo se lê numa lápide, na parede da direita da Igreja da Penha, esta Igreja foi construída em 1934-1935 em substituição da primitiva capela edificada em 1622 e reedificada em 1837. Parece que foi a ermida construída em 1622, que deu o nome de Penha à colina, que antes se chamava de Nilau.” (4)
Existia antigamente uma fortificação no alto da Penha
Na relação do italiano Marco d´Avalo em 1638, escreveu acerca deste forte: «Chama-se o segundo dos fortes Nostra Seignora de la Penna de Francia, porque tem dentro uma ermida com este nome. Está guarnecido com «6 pequenas peças, de 6 a 8 libras de balla» (4)
«Desta Hermida descobre o mar da parte de Oeste, e tem hua peça de bronze de seis libras invocada N. Snr.ª de Penha, e correndo a ilha da parte de sudoeste a largo de tiro de peça está a Fortaleza da Barra» (5)
1) Ver anteriores slides desta colecção em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) Ver anteriores fotografias deste miradouro:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/11/23/postais-do-miradouro-da-penha-1940-e-1950/
(3)  Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ermida-da-penha/
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.
(5) Ta-Ssi-Yang-Kuo, Série I – Vols. I e II, pp. 418,421

Roteiro do Ultramar Tempo Á -MáO templo da Deusa A-má

 “Parece ter sido construído nos princípios da dinastia Ming; a actual estrutura data do reinado de WanLi (萬曆 -1573-1621). Em 1828, os negociantes de Fuquiem (Fujian ou Hokkien 福建) e Taicho ofereceram mais de dez mil taéis de prata para a restauração do pagode da Barra. Este é o primeiro e principal pórtico que leva ao átrio e dali ao tempo dedicado a Neang-Má.” (1)
À entrada, dois leões de pedra, de fera expressão, terríficos e misteriosos, em esgares de ironia e crueldade como costumam ser estes leões mitológicos dos chineses, guardam, quais sentinelas, as portas do pagode (Jaime de Inso, em 1929)

 Roteiro do Ultramar Porta do CercoPorta do Cerco

 António Feliciano Marques Pereira, (2) informava que a primitiva Porta teria sido construída em 1573: «Macau fugiam a seus donos e iam praticar roubos nas povoações da ilha de Hian Chan (Heung-Shan, hoje Chong-Shan). Este facto deu motivo, em 1573,à construção da muralha e barreira do istmo, a que os nossos ficavam chamando «Porta do Cerco» e os chinas «Kuan-Chap» (關閘mandarim pinyin: guan zhá; cantonense jyutping: gwaan1 zaap6).
O actual arco da Porta do Cerco foi levantado para honrar a memória de Governador Ferreira do Amaral, a 31 de Outubro de 1871, durante o governo de António Sérgio de Sousa (1868-1872).

 Roteiro do Ultramar PenhaResidência episcopal da Penha em Macau

A residência episcopal e a Ermida de N. Sra. Da Penha de França, ficam no topo da colina da Penha. Mais abaixo, a Gruta de N. Sra. de Lourdes. A gruta foi construída em 1908, por iniciativa do D. João Paulino de Azevedo e Castro, bispo de Macau (1903-1918), que ali foi sepultado.
Segundo se lê numa lápide, na parede da direita da Igreja da Penha, esta Igreja foi «Construída em 1934-1935 em substituição da primitiva capela edificada em 1622 e reedificada  em 1837».” (1)

Fotogravuras do livro de
GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p.
(1) TEIXEIRA,  P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I. ICM, 1997, 667 p.
(2) PEREIRA,  A. Marques – As Alfândegas Chinesas de Macau. Macau, 1870, 166 p.