Artigo publicado na «Gazeta das Colónias» (1), a propósito dos “MONUMENTOS COLONIAIS”, nomeia os monumentos a Ferreira do Amaral e Nicolau Mesquita.
“Desde 1917 que o Governo de Macau está autorizado a dispender uma determinada verba, a que naturalmente for julgada suficiente, com a construção dum monumento à memória dos dois heroicos defensores de Macau, o malogrado governador Ferreira do Amaral e o bravo Nicolau de Mesquita.
Várias vezes a imprensa local tem tratado o assunto, insistindo pela realização dessa justa homenagem.
Passados 7 anos ainda nada há feito. O nosso brilhante colega «O Combate» voltando mais uma vês a lembrar essa sagrada dívida de gratidão, regista o seguinte contraste:
«Na colonia inglesa de Hong Kong, foi em 1919 aberta uma subscrição para um monumento a Sir Henry May, que naquele ano «deixára o Governo da Colonia; pois em abril ou princípio de Maio de 1923, isto é, quatro anos depois, fez-se a inauguração do monumento»
Não estranhe colega; talvez que Sir Henry May tivesse morrido ainda não tivesse feito o monumento.
A gratidão humana, raras vezes é despida duma esperança em futuros benefíios.
Ferreira do Amaral e Nicolau de Mesquita foram dois Portugueses, mas … morreram.”
(1) «Gazeta das Colónias» I n.º 12 de 30 Outubro de 1924, p. 20
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetadasColonias/N12/N12_master/N12.pdf
Sobre estas duas estátuas, ver anteriores referências:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-ferreira-do-amaral/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-coronel-mesquita/
Publicado na «Gazeta das Colónias» (1), a propósito dos monumentos a Ferreira do Amaral e Nicolau Mesquita.
“Desde 1917 que o Governo de Macau está autorizado a dispender uma determinada verba, a que naturalmente for julgada suficiente, com a construção dum monumento à memória dos dois heroicos defensores de Macau, o malogrado governador Ferreira do Amaral e o bravo Nicolau de Mesquita.
Várias vezes a imprensa local tem tratado o assunto, insistindo pela realização dessa justa homenagem.
Passados 7 anos ainda nada há feito. O nosso brilhante colega «O Combate» voltando mais uma vês a lembrar essa sagrada dívida de gratidão, regista o seguinte contraste:
«Na colonia ingleza de Hong Kong, foi em 1949 aberta uma subscrição para um monumento a Sir Henry May, que naquele ano deixará o Governo da Colonia; pois em abril ou principio de Maio de 1923, isto é, quatro anos depois, fez-se a inauguração do monumento»
Não estranhe colega; talvez que Sir Henry May tivesse morrido ainda não tivesse feito o monumento.
A gratidão humana, rara vezes é despida duma esperança em futuros benefícios.
Ferreira do Amaral e Nicolau de Mesquita foram dois Portugueses, mas … morreram.“
(1) «Gazeta das Colónias» I n.º 12 de 30 Outubro de 1924.
Disponível em:
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetadasColonias/N12/N12_master/N12.pdf
O “semanário de propaganda e defeza das colonias“, a «Gazeta das Colonias», n.º 9 de 9 de Outubro de 1924 apresentava no frontispício como “Monumentos Coloniais”,
MACAU – A PORTA DO CERCO
“No limite norte da península de Macau e ligando-se à ilha de Heon-chan, existe uma istmo obra de quinhentos e quarenta metros de comprido, no fim do qual se levantava destes uma muralha chamada de Limite ou do Cêrco, onde se abriu a chamada Porta do Cêrco.
Esta muralha, construída por ordem do imperador, em 1573, constituía o limite imposto aos portugueses que em 1557 tinham ido estabelecer-se em Macau.
Guardada por soldados chineses, a Porta do Cêrco apenas se abria para dar entrada aos agentes do mandarim que iam a Macau, sendo absolutamente vedado aos portugueses, o ultrapassa-la. Com o decorrer dos tempos porem, forma caindo tais rigores e por ultimo já aporta deixava de se fechar, tendo muitos vendedores chineses passado a viver em Macau…(…)
… Em 1870, sendo o Governador o Contra Almirante Sergio de Sousa, foi levantado ao local onde se achava a antiga Porta do Cêrco, o portico que está representado na capa deste numero.
Nesse portico, além das datas do barbaro assassinato e da vitoria obtida pelos portugueses, lê-se a inscrição:
«A Patria honrai que a Patria vos comtempla»
Como referi em anterior “post”, (1) o “semanário de propaganda e defeza das colonias” «Gazeta das Colonias», nos anos de 1924 e 1925, apresentou vários artigos sobre a educação e o ensino em Macau.
Este artigo “MACAU – INTERESSES DA COLÓNIA. O problema da instrução ” apareceu no n.º 15 de 15 de Dezembro de 1924. Foi escrito por Raul Boaventura Real, engenheiro, 1.º Tenente maquinista naval (em Macau 2.º tenente) que foi o 2.º Director das Oficinas Navais de Macau (1918-1919), director da Escola «República» e autor de vários livros sobre marinhagem (2)
“… No decurso dos últimos catorze anos, período a que me estou reportando , foi Álvaro de Melo Machado, um dos mais distintos oficiais da nossa marinha, infelizmente hoje afastado dos serviços dessa corporação e do convívio dos seus camaradas que muito o estimavam e apreciavam, o primeiro governador que aos assuntos da instrução dedicou assinalado interesse.
Por sua iniciativa foi criada a primeira escola «República», comemorando o advento do actual regime, escola essa que ele manteve pelo seu bolso particular e pelo de alguns amigos dedicados. Enormes foram as dificuldades a vencer para se conseguir manter essa escola, sobretudo depois de Álvaro Machado ter deixado a Colónia em 1912.
A falta de recursos poderá ser avaliada – sabendo-se que, ao tomar o signatário desta carta a direcção da Escola, em Outubro de 1913, recebeu do seu antecessor um saldo de quatro escudos e sessenta e dois centavos em cofre, e uma quotisação mensal de trinta escudos e vinte e cinco centavos…
… Não pode o governador que a Álvaro Machado se seguiu e que foi o ilustre oficial de artilharia Anibal Sanches de Miranda, deixar uma obra notável em Matéria de instrução...(…)
Convivas ao almoço em honra do Comandante Mendes Norton (X), no dia 08-07-1928, em Lisboa. Assinalado com o n.º 13 , o primeiro-tenente e engenheiro de máquinas Raul Boaventura Real
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1207963
… Em 1914 tomou o Governo da colónia José Carlos da Maia, esse grande e desventurado amigo, cuja perda ainda hoje sentimos com irreprimível revolta e cuja obra em Macau hade ser sempre recordada com saudade… (…)
E de facto nesse sentido foram as suas primeiras diligencias; tendo tomado posse do Governo em 10 de Junho de 1914, logo em 6 de Julho, pela Portaria Provincial numero 160, nomeava uma comissão a quem entregava a elaboração das bases em que deveria assentar a reforma da instrução.
Sob a presidência do actual deputado por Macau, sr. Manuel Ferreira da Rocha, ao tempo Secretário Geral do Governo da Provincia e consequentemente Inspector da Instrução Publica, constituiram a comissão com vogais os srs:
Francisco Xavier Anacleto da Silva, nessa data vice-Presidente do Leal Senado e, em 1924, senador por Macau;
Francisco Gonçalves Velhinho Correia, deputado da Nação e então professor do liceu;
Dr. Carlos de Melo Leitão, Presidente do Leal Senado;
Mateus António de Lima, engenheiro e Reitor do liceu;
Artur da Silva Bastos, Director das Escolas Luso-Chinesas;
Patrício da Luz , Director da Escola Comercial dos Macaenses;
Francisco Xavier Gomes, Director das Escolas Primarias
Como secretário da comissão: Raul Boaventura Real.
“… No seu trabalho reconheceu a comissão que o liceu, então com cinco classes, tinha uma frequência diminuta, havendo apenas dois ou três macaenses que as tivessem aproveitado para seguirem cursos superiores: havia, é certo, que ter em consideração a frequencia por parte dos filhos dos funcionarios que da metropole iam desempenhar as suas comissões em Macau…
… Assim resolveu a comissão propor que o ensino liceal fôsse reduzido às três primeiras classes e que o ensino comercial fôsse instituído com o desenvolvimento conveniente para pôr os macaenses em condições de concorrerem com os chineses e outros estrangeiros…
… na hipótese de qualquer macaense desejar seguir qualquer curso superior, admitir em principio o subsídio para quem o merecesse, propôr a utilização da magnífica Universidade de Hong Kong, a quatro horas de Macau, onde qualquer se poderia especializar na engenharia, na advocacia, na medicina, nas artes, etc…
… Enviadas para a Metrópole as bases e o relatório elaborados pela comissão, nenhuma resolução, nos consta, foi tomada sobre eles, sendo de prever que se encontrem sepultados no arquivo do Ministério…
...Voltando nós a Macau, em 1918, fomos encontrar o liceu com sete classes, em vez das Três que tinham sido propostas; os professores já não são interinos, eram efectivos; quanto à frequência são elucidativos os elementos que possuímos e pelos quais vemos que em 1919 teve o liceu nas sete classe, 37 alunos matriculados, sendo apenas 25 macaenses e os restantes filhos de metropolitanos… (…)
Interessante esta fotografia inserida no artigo: Escola Municipal na Ilha da Taipa
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/08/24/macau-na-imprensa-portuguesa-de-1925-fomento-colonial-e-a-questao-do-ensino-em-macau/
(2) Encontro no Arquivo Histórico de Macau, uma entrada intitulada:
“Diferença de £12.00 proveniente de passagens debitado ao 2.º tenente maqinista, Raul Boaventura Real, no seu regresso à Metrópole (1917/01/30 – 1917/08/27)” sobre um pedido do 2.º tenente maquinista, Raul Boaventura Real, para não ser obrigado a repor a quantia de doze libras, referente à diferença de passagens entre os preços da viagem Hong Kong-Lourenço Marques e Hong Kong-Cabo da Boa Esperança.
http://www.archives.gov.mo/webas/ArchiveDetail2013.aspx?id=25553
O “semanário de propaganda e defeza das colonias” a «Gazeta das Colonias», N.º 19, 12 de Fevereiro de 1925 apresentava no frontispício como “FOMENTO COLONIAL“, uma fotografia de Macau.
MACAU – Vista parcial das oficinas do arsenal (lado sul)
As oficinas do arsenal ou da Capitania dos Portos de Macau existiam pelo menos desde 1902 e com a designação de «Officinas Navaes» desde 1907.
Nesse número apresentava um artigo do Comandante Henrique Valdêz, (1) que no Senado representou Macau, com o título ” O Problema da Instrução: Liceu Central ou Nacional“. Em números anteriores e um posterior, a mesma revista apresentou opiniões de individualidades sobre a questão, então muito premente, da necessidade dum Liceu Central ou Nacional, em Macau.
“O Liceu foi Nacional de 1894 a 1898 com o curso completo; continuou com a designação de Nacional, mas sem a 6.ª e a 7.ª classes, de 1898 a 1918; foi Central, readquirindo essas classes, de 1918 a 1933; foi Nacional de 1933 a 1936, em que foi classificado com Provincial; voltou a ser Nacional em 1937.” (2)
” … Macau não pode deixar de ter um Liceu e um Liceu completo sob o ponto de vista pedagógico, abundante em material didáctico, bem provido de professores competentes e capaz de ministrar aos alunos toda a instrução secundaria que é lei do país A sua reduzida frequência resulta apenas de não se ter feiro em volta dele a necessária propaganda e ainda de não se ter dado ao curso um aspecto pratico e útil que atraísse ou obrigasse á matricula os filhos da Colónia”
(1) Henrique Maria Travassos Valdez (1884-1953), bisneto do conde de Bonfim, oficial de marinha, foi eleito Senador pelo Círculo de Macau a 25-07-1919, pelo Partido Reconstituinte (Partido Republicano da Reconstituição Nacional). Fundou em Macau, em 1919, com os seus correlegionários, o Centro Republicano Eleitoral. Saiu de Macau em 1925. Foi destituído da Marinha, no tempo do Estado Novo. Readmitido ao serviço da armada, como 1.° tenente reformado, depois do 25 de Abril, à sua filha Maria Luísa Lapa Travassos Valdez foi concedida uma pensão (Decreto do Governo 27/85 : concede pensões a 19 cidadãos portugueses que se distinguiram por méritos excepcionais na defesa da liberdade e da democracia)
Foto do então 1.º tenente da Marinha, h«Henrique Valdez em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-sarau-dos-marinheiros-do-patria/
(2) TEIXEIRA, Monsenhor Manuel – Liceu de Macau, 1986
O “semanário de propaganda e defeza das colonias” a «Gazeta das Colonias», n.º 2 de 10 de Julho de 1924 apresentava no frontispício como “Monumento Colonial”, as Ruínas de S. Paulo ”
MACAU – Fachada do antigo convento de S. Paulo”
No seu interior, pp. 15-17, um artigo sobre o «raid» Lisboa – Macau (que no seu nº 1 de 19 de Junho de 1924 já noticiara) (1) e o que sobre ele disse o almirante Gago Coutinho.
“Terminada a viagem dos heroicos aviadores Brito Pais e Sarmento de Beires , mal apagadas ainda as ultimas manifestações do entusiasmo, em que o País inteiro vibrou, procurámos colher sobre o valôr do brilhante raid as impressões de alguem que pudesse dar-nos uma opinião segura , imparcialmente formada nos moldes da técnica, liberta de quaisquer tendencias que pudessem desvirtua-la”
Foi junto do ilustre aviador, sr. Almirante Gago Coutinho …(…)
« Sairam daqui três dias depois de mim. Chegaram três dias depois de mim – e, no mesmo tempo, andaram o dobro do que eu andei…»
«Politicamenteo raid tem valôr, por elevar os Portugueses no conceito dos povos do Oriente, forçando a China a dar-nos importancia e a considerar-nos capazes de fazer o mesmo que fazem os outros europeus.
Comercialmente não se me afigura que seja grande a importancia do raid, visto no estado dos transportes para a China, tanto de passageiros como de mercadorias, por meio de vapores do que por avião.
Não há tam pouco correspondencia postal entre Lisboa e Macau que possa pagar o transporte aéreo. Isto memso se aplica às carreiras aéreas entre Lisboa e o Rio »
“A Gazeta das Colonias presta hoje as suas sinceras homenagens aos intrepidos aviadores, majores Brito Pais e Sarmento de Beires e ao seu habil e dedicado mecânico, alferes Manuel Gouveia os quais pelo brilho e pela bravura com que empreenderam e rialisaram a travessia Lisboa-Macau foram lá longe, no Extremo Oriente, aviventar o prestigio do nome de Portugal e mostrar ao mundo que na velha Raça Portuguesa ainda perduram as virtudes que a tornaram grande“
Alferes Manuel Gouveia
O habil mecanico, cuja dedicação muito contribuiu para o bom exito do raid.
E terminando, Gago Coutinho disse:
« Julgo que não devemos desanimar e que convém continuar os raids aéreos, que mais nos dizem respeito, como são o triângulo Lisboa-Madeira-Açores, a travessia de África, Moçambique-Angola e vice-versa e a viagem Lisboa-Cabo Verde-Guiné -Lisboa.»
Major Cifka Duarte
Ex-Director da Aeronautica Militar, o grande propagandista do «raid», que auxiliou com uma tenacidade admirável
O “semanário de propaganda e defeza das colonias” a «Gazeta das Colónias», n.º 1 (ESPECIMEN) de 19 de Junho de 1924 apresentava na pág. 10 um artigo de João da Silva Correa, intitulado “OS LUSIADAS e a politica colonial portuguesa” com uma foto da “Gruta de Camões em Macau“.
Nesse mesmo número, apresentava na pág. 5, uma notícia sobre «O “RAID” LISBOA – MACAU»
“Quando este número da «Gazeta das Colónias» sair ao público, deve estar a terminar essa gloriosa viagem, com que os heroicos aviadores Brito Pais e Sarmento Beires, auxiliada pelo dedicado e infatigável mecanico Manuel Gouveia, vem aumentar o brilho do Nome Português e abrir mais uma página da historia, ainda curta mas já cheia de sacrifícios e de glória, que é a da nossa Aviação ....”
NOTA: os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais no seu acidentado voo Lisboa – Macau, caíram, no dia 20 de Junho de 1924 em Sâm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram depois trazidos pela canhoneira «Pátria» (1), chegando a Macau no dia 25.
Ver anteriores referências a este voo e aos seus aviadores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/26/noticia-de-25-de-junho-de-1924-viagem-aerea-portugal-macau/