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Continuação da divulgação dos postais da colecção “A Harmonia das Diferenças” – fotografias do princípio aos meados do século XX (1902 -1950) – publicados pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015. (1)

Hoje, duas fotografias referentes ao ano de 1926, especificamente relacionadas à Exposição Industrial e Feira de Macau, projectada pelo Governador de Macau Dr. Rodrigo Rodrigues (1923-1924) já em 1923, mas que por vicissitudes várias só permitiram a sua concretização em 1926.. Esteva aberta de 7 de Novembro a 12 de Dezembro de 1926, quando o Director da Construção do Porto, Hugo de Lacerda, estava em funções como Governador Interino. (2)

Entidades no acto inaugural da Feira Industrial de Macau de 1926. “No estrado central tomaram assento o Governador da Colónia, tendo à sua direita o Governador do Bispado, Reverendo A. J. Gomes, o Presidente do Leal Senado Damião Rodrigues e à esquerda, o Presidente da Comissão da Exposição, o Engenheiro Carlos Alves, o Professor Chan, representante da Associação Comercial Chinesa e o Sr, Frederick Gellion, manejante da Macau Electric.”(3)
Verso do postal
Pavilhões das escolas de Macau na Feira Industrial de Macau, de 1926
Verso do postal

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/03/12/postais-coleccao-macau-a-harmonia-das-diferencas-i/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/03/16/postais-coleccao-macau-a-harmonia-das-diferencas-ii/

(2) Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/exposicao-industrial-e-feira-de-macau/

Outras referências: MORAIS, José Simões – A Exposição Industrial de Macau de 1926. HojeMacau de 4-11-2016 https://hojemacau.com.mo/2016/11/04/a-exposicao-industrial-de-macau-de-1926/ BOTAS, João – A Primeira Feira Industrial de Macau (1926). JTM de 20-11-2014 https://hojemacau.com.mo/2016/11/04/a-exposicao-industrial-de-macau-de-1926/

(3) https://hojemacau.com.mo/2016/11/11/discurso-de-abertura-da-exposicao-industrial-de-macau/

Extraído de «BGC» XXVI – 296, 1950

Teve lugar no dia 1 de Abril de 1956, o 15.º encontro de «Interport» de futebol entre as selecções de honra de Macau e Hong Kong, que terminou pela vitória da equipa visitante por 5 a 3.
O encontro foi em Macau, no Campo Desportivo «28 de Maio», com a presença do Governador da Província, Almirante Joaquim Marques Esparteiro e Esposa, Dra. Laurinda Marques Esparteiro.
MBI III-65 15ABR1956 INTERPORT FUTEBOL (I)Antes do encontro, os jogadores de ambas as selecções e a equipa de arbitragem foram apresentados ao Governador, tendo a banda do Corpo de Polícia de Segurança Pública executado os primeiro acordes de A Portuguesa e God Save the Queen. (na foto, a selecção de Hong Kong)
O resultado de 5 a 3 não foi desonroso para Macau, nem tão-pouco desprestigiou aqueles que envergaram a camisola desta cidade, porquanto souberam lutar com denodo, energia e desportivismo.
A Associação de Futebol de Hong Kong apresentou, nesse ano, para enfrentar a selecção de Macau, uma equipa fortíssima, que podia ser considerada a melhor da vizinha colónia desses últimos anos – formada com «ases» chineses. A selecção visitante deu o máximo do seu esforço para conseguir a vitória e, consequentemente, entrar na posse definitiva da Taça «Gellion» (1)
As equipas apresentaram a seguinte constituição:
MBI III-65 15ABR1956 INTERPORT FUTEBOL (II)Macau: Francisco da Nova (Benfica); Chi Fu (Polícia) e Vítor Rodrigues (Atlético); Francisco da Cunha (Negro-Rubro), Luís da Cunha – cap. – (Polícia) e Alfredo Cotrim (Negro-Rubro); Vong Heng (Polícia), João da Rocha (Negro-Rubro), Rogério de Assis (Negro-Rubro), Luís Madeira (Polícia) e Mário Alberto (Polícia).
Hong Kong: Wai Fat Kim; Szeto Yiu e Lau Yee; Tang Sam -cap. -, Ko Po Keong e Chau Man Chi; Szeto Man, Ho Cheung Yau, Chi Wing Keong, Yu Cheok Yn e Mok Chan Va.
Nesse mesmo dia, da parte da manhã, no mesmo Campo Desportivo, realizou-se o 1.º encontro de «Interport» escolar de futebol, entre as selecções dos estudantes das duas cidades, organizado pela Comissão Administrativa da Associação de Futebol de Macau (2) com a colaboração da sua congénere de Hong Kong.

MBI III-65 15ABR1956 INTERPORT FUTEBOL (III)As selecções de estudantes de Hong Kong e Macau

A selecção escolar de Macau, constituída por estudantes com menos de 18 anos de idade, derrotou a de Hong Kong por 2 a 1, após um encontro movimentado, cheio de fases de bom jogo e de entusiasmo.
Ambas as selecções, antes do encontro, foram apresentadas ao Dr. Adelino Barbosa da Conceição (Inspector da Instrução Pública), em representação do Comissário Provincial da Mocidade Portuguesa (em 1956, era o Inspector Administrativo José Peile da Costa Pereira).

MBI III-65 15ABR1956 INTERPORT FUTEBOL (IV)O Governador entregando, no final, taças aos vencedores

À esq. do Governador está o Dr. Adelino Barbosa da Conceição e José dos Santos Ferreira (vogal – secretário da Comissão Administrativa da Associação de Futebol de Macau) (2)
De noite, a Associação de Futebol de Macau obsequiou as selecções visitantes e seus dirigentes com jantar de confraternização, a que assistiram também representantes de imprensa e dirigentes de clubes locais. (3)
(1) A Taça «Gellion», oferta de  Frederik Johnson Gellion (gerente de “The Macao Electric Lighting Co. Ltd.” desde 1916) ficava na posse definitiva da equipa que ganhasse dois anos consecutivos ou à terceira vitória. A selecção de Hong Kong ganhou em 1955, pelo resultado de 7 a 3.
(2) Na época de 1955/56, foi a Associação de Futebol de Macau dirigida por uma Comissão Administrativa, nomeada pela Portaria n.º 5740, de 5 de Novembro de 1955, publicada no Boletim Oficial n.º 45, do mesmo ano e assim constituída:
Presidente – Mário Vieira da Costa
Vogal – secretário – José dos Santos Ferreira
Vogal – tesoureiro – Joaquim Morais Alves
(3) Informações retiradas de «Macau B. I., 1956»

Na sequência da publicação da fotografia do 1.º reservatório de águas de Macau (1) encontrei outras duas fotos, também do ano de 1927, referentes a outros reservatórios que existiram em Macau.
O coronel engenheiro Adriano Augusto Trigo, em 1919, quando foi nomeado Director dos Serviços de Obras Públicas, comprometeu-se resolver o problema da falta crónica do abastecimento de água potável, aproveitando  somente os recursos hidrográficos de Macau. Traçou um plano  que abarcava duas áreas. Uma referente a águas fluviais, com os projectos (todos concluídos em 1925) de construção de um reservatório na Colina de Guia  e outro na Flora, para aproveitamento das águas da Colina da Guia (2) e implementação de sete fontenários na cidade, para a sua distribuição.  Para as águas subterrâneas recomendou pesquisas no vale de Mong Há. (3)
Em 2 de Abril de 1923, foi aberto um concurso para «Distribuição de água potável explorada na Colina da Guia » com arrematação em hasta pública nesta data. (4)
ANUÁRIO de 1927 - Reservatório da FloraMas o primeiro reservatório (1) foi logo abandonado devido ao seu pequeno tamanho e capacidade armazenamento de água  para um regular abastecimento ao público.
ANUÁRIO de 1927 - Reservatório da Colina da GuiaAssim foi logo construído um segundo reservatório na Colina da Guia mais acima, a meio da encosta onde hoje (desde 1997)  é um “anfiteatro”/campos de jogos de actividades de lazer, entre a “Estrada das 33 curvas” projectada em 1924 pelo mesmo engenheiro António Augusto Trigo, em baixo e o circuito de manutenção, em cima.

Reservatório da Colina da Guia 2015ASPECTO ACTUAL DO TOPO DO ANTIGO RESERVATÓRIO (ABRIL DE 2015)

Um novo reservatório surgiria após a constituição, no dia 13 de Julho de 1935, por escritura pública, da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau, Limitada (SAAM), uma empresa inglesa, também conhecida por “The Macao Water Supply Company, Limited.” Assinou contrato do exclusivo do abastecimento de água à cidade, com o Leal Senado, dois dias depois, por um prazo de 60 anos. De acordo com o contrato, o gerente geral da sociedade era Frederick Johnson Gellion, também gerente da “The Macao Electric Lighting Company, Limited.” (MELCO)
A sociedade com um novo plano para o abastecimento de água potável a Macau captando a água no estuário junto à Ilha Verde. decidiu construir o novo reservatório principal num terreno baldio conquistado ao mar, situado no Porto Exterior.  A construção de uma estação de tratamento na Ilha Verde, de uma estação elevatória e do referido reservatório no Porto Exterior, ficaram concluídos em 1936. (5)

O Reservatório do Porto Exterior 2015O RESERVATÓRIO DO PORTO EXTERIOR (ABRIL DE 2015)

“… Logo de começo ainda antes de elaborar o anteprojecto de Obras do Porto Exterior, foi, planeado por esta Direcção uma captação vulgar de aguas pluviais, na Colina Este da Guia, que na parte considerada podia produzir cêrca de 20.000 m3 por ano para o porto e bem assim o aproveitamento da Fonte da Solidão que tem sido praticamente desaproveitada, ficando a agua com bastante carga para ser distribuída em elevação e podendo a obra ser feita a expensas do Conselho de Administração das Obras dos Portos; mas com a resolução atraz dita, cabia esse trabalho á Direcção de Obras Publicas e esta intendeu por melhor estender ali o sistema que estava empregando na face Oeste da Guia, isto é de provocar maior infiltração por meio de canais horizontais permeáveis, e quanto ás aguas da Fonte de Solidão decidiu canalisal-as para a cidade pelo tunel que foi aberto; tendo então sido prometido que o volume de 20.000 m3 seria fornecido pelo grande manancial que fôra descoberto em camada profunda do subsólo na baixa de Monghá; mas vê-se agora que as esperanças neste manancial não eram tão bem fundadas pelo menos quanto ao processo de captação propriamente dito e o abastecimento de agua ao terreno do porto ficou assim de alguma forma prejudicado.”
LACERDA, Hugo Carvalho de – Obras dos Portos de Macau, Memórias e Principais Documentos desde 1924, 1925.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/12/02/postal-de-1927-o-primeiro-reservatorio-de-macau-e-o-paiol-da-solidao/
(2) “03-06-1922Importante acta de uma sessão do Conselho Técnico das Obras Públicas, a 5.ª, de 11 de Maio p.p. é publicada no B.O. n.º 22 desta data. Intervêm duas figuras que deixaram obra em Macau. O director das Obras Públicas (Eng Adriano  Trigo) e o Chefe dos Serviços de Saúde, Dr. Morais Palha. Intervêm também o Director das Obras dos Portos (Eng. Hugo de Lacerda Castelo Branco), o vogal deste Conselho Técnico (Eng. Duarte Abecassis) ao serviço da Direcção das Obras dos Portos. Fala-se de sondagens geológicas, de obras na Praza Luís de Camões, da descoberta de abundantes águas no sopé da Guia, etc ” (4)
(3) A ribeira de Patane (em chinês a zona é conhecida por “Soi Hang Mei” – 水坑尾) era um braço de rio que se bifurcava e chegava perto da Aldeia de Mong Há. A água era, naturalmente salobra, mas ali ia desaguar uma verdadeira ribeira de boa água, com nascente no Monte da Guia, ribeira que, depois, ficou reduzida ao antigo charco que veio a dar a Fonte da Inveja, próximo do Jardim da Flora (AMARO, Ana Maria – Das Cabanas de Palha às Torres de Betão, 1998, p.72)
水坑尾mandarim pinyin: shuǐ kēng wěi; cantonense jyutping:  seoi2 haang1 mei5
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(5) CRUZ, Patrícia – A longa luta de Macau pela água potável , em:
http://www.revistamacau.com/2015/06/29/a-longa-luta-de-macau-pela-agua-potavel/

Foi dada em 3 de Fevereiro de 1920, autorização a «The Macao Aerial Transport Co Ltd» para ser construído um hangar provisório para hidroaviões, em terreno vago pertencente ao estado, situado a oeste do depósito da «Standard Oil Co.», à beira mar na Barra. (1) Nesse ao, a 16 de Fevereiro, chegava o primeiro hidroavião. A «Macau Aerial Transport Company» chegou a ter em Macau 12 hidroplanos com 16 aviadores americanos. O primeiro «hidro» foi baptizado em 6 de Março de 1920, com o nome de «Almirante Paço d´Arcos».
Um dos seus fundadores foi Charles E. W. Ricou.(2)
A sede encontrava-se na Avenida Almeida Ribeiro, n.º 43. e destinava-se a transporte de passageiros e bagagens, e serviço postal (3) entre Macau, Hong Kong (Repulse Bay) e Cantão utilizando hidroaviões.
A empresa faliu, em 1928, talvez devido aos múltiplos interesses de Ricou na cidade e desconfiança da sua condição de francês, as autoridades britânicas e chinesas criaram uma série de dificuldades burocráticas não permitindo a descida dos aviões nos seus respectivos territórios. (4) (5)
(1) “08-03-1921 – Diversas cartas de Charles Ricou ao Comissário da Polícia sobre gratificação aos guardas que fazem vigilância às barracas e aviões instalados na Barra.” (6)
Leonel Barros numa crónica no JTM refere: «Segundo a planta do “Plano Geral das Obras do porto Artificial” contendo divisórias de talhões para aforamento datado de Março de 1921, sabe-se que o local escolhido para parque desses hidroaviões cobria uma extensão que ia desde a Praça Lobo d´Ávila até ao fim da Avenida da República, próximo da Meia Laranja, mas escasseiam os dados sobre a época» (BARROS, Leonel – Fez 79 nos que chegou a Macau o primeiro hidravião. 2008.
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=273102002
(2) Charles Edmond William de Ricou, francês nascido em Hong Kong, foi de 26-5-1921 a 30-12-1921 “Managing Director da «Macao Electric Lighting Company Limited»”. (6)
Mais informações este cidadão francês em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/charles-ricou/
(3)  05-04-1920 – Projecto do contrato a celebrar com a firma “The Macao Aerial Transport Co. Ltd.”, para o estabelecimento do serviço da Posta Aérea entre Macau, Hong Kong e Cantão.
http://www.archives.gov.mo/webas/ArchiveDetail2013.aspx?id=26951
(4) “20-10-1921 – Informações prestadas ao Cônsul de França em Hong Kong, sobre a notificação que o Governo de Macau, por intermédio do Comissariado da Polícia fez a Charles Ricou de que o expulsaria desta Província, caso ele, por si ou como representante de qualquer empresa, estabelecesse serviços de aviação na Lapa, por conta do Governo de Cantão”. (6)
(5) “02-03-1928 – Pedido de Frederik Johnson Gellion, director da «Macao Aerial Transport Co. Ltd.» para vender o material de aviação que essa Companhia possui no seu depósito sito na Barra.” (6)
(6) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, 4.º Volume

Foi publicado no B. O. n.º 46, de 18 de Novembro de 1933, a Escritura de Contrato de concessão do exclusivo de fornecimento de energia eléctrica à Cidade de Macau pela Melco – «The Macao Electric Lighting Company Limited». (1)   

Recordo que em 1907, a «Société Électrique d´Extreme Orient» transferiu o seu contrato de concessão de iluminação eléctrica da cidade de Macau para Charles E. W. Ricou que passou a ser o Gerente da «The Macao Electric Ligting Company Limited» (MELCO) de 1907 a 1915. Depois, foi substituído de 1915 a 1918, por Frederik Johnson Gellion que a partir de 1918, é nomeado gerente da MELCO. (1) (2) 

Apresento três anúncios, dois de 1940, em português e inglês) e outro de 1938 (em chinês) desta Companhia de electricidade.

Anúncio MELCO 1940 portuguêsANÚNCIO DE 1940, em português

 Anúncio MELCO, 1950 InglêsANÚNCIO DE 1940, em inglês

Anúncio MELCO, 1938 Chinês ANÚNCIO DE 1938, em chinês

 NOTA: existia no Leal Senado da Câmara, em 1927, um “serviço” de Fiscalização da iluminação eléctrica composta por um Adjunto servindo de fiscal (nesse ano era Ricardo António Egídio de Sousa) e um servente.

(1) SILVA, Beatriz Basto – Cronologia da História de Macau,  4.º Vol.
(2) Outras referências à electricidade em Macau e à MELCO:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/09/macau-a-noite-1950/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/melco/

Em anterior “post” de 07/11/2013, referi a esta Exposição  (1), que foi inaugurada a 7 de Novembro de 1926, num terreno entre as Avenidas Coronel Mesquita, Horta e Costa e Ferreira d´Almeida.
Volto a esta notícia com mais elementos.

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 MAPAMapa da localização da Exposição Industrial e Feira de Macau

 De 7 de Novembro a 12 de Dezembro de 1926, Macau assiste à “Exposição Industrial e Feira de Macau”, ideia do Dr. Rodrigo Rodrigues, (2) já de 1923, mas que por vicissitudes várias só permitiram a sua concretização nessa data.
Estava nessa altura como Governador interino o Almirante Hugo de Lacerda. (3) Em 26 de Junho de 1926 foi nomeada a comissão especificamente encarregada da organização da Exposição industrial (4).

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 C.O.Foto dos Membros da Comissão Organizadora.
No medalhão desta foto, o Almirante Hugo de Lacerda (Ver actualização no final)

Para a atribuição dos prémios (5) e diplomas constitui-se um júri que integrou: almirante Hugo de Lacerda (Governador interino), o eng. João Carlos Alves (Presidente da Comissão da Exposição e Director das Obras dos Portos), Manuel Monteiro Lopes (gerente do B. N.U.), o capitão de fragata Gregório Fernandes, o Pe. Manuel Pita, o dr. Manuel da Silva Mendes e o Dr. Telo de Azevedo Gomes.
A comissão organizadora iniciou os trabalhos com uma intensa actividade de propaganda de Macau e da Feira, tendo sido distribuídos 10 000 prospectos fora de Macau e 15 000 em Macau.
Em Setembro desse mesmo ano, um forte tufão destruiu parte das construções até aí realizadas.
Os artigos que foram apresentados nesta Exposição Industrial, eram da maior diversidade conforme os expositores constante do quadro seguinte.

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 TABELA COMERCIANTES

Além da feira, muitas outras actividades foram realizadas nesse período: jogos desportivos, gincanas de automóveis, batuques e danças guerreiras das tropas africanas e de Timor, serenata pelos estudantes do Liceu, etc.

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 RODA ELECTRICAFotografia do lago natural (iluminado de noite)
onde se “vê” a «roda eléctrica – Ferry-Weel»

Com uma estimativa da despesa entre 30 000 e 50 000 patacas, a Comissão organizadora teve a contribuição de 15 000 patacas (o Governo contribuiu directamente com 3 000 e o restante 12 000 saiu da verba das Obras dos Portos- verba de Propaganda que estava a seu cargo).
A receita total atingiu a importância de 26 612, 66 patacas e a despesa feita foi de 25 865,96 patacas, havendo um saldo positivo de 746,70 patacas que a Comissão da Exposição resolveu destinar ao “Museu Etnográfico Luís de Camões” (criada logo depois de exposição para albergar muito do material desta organização.(6)

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 PAVILHAO IPavilhão de Portugal-Oriente Ltda.

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 PAVILHAO IIPavilhão da China «Merchants Tobacco Co. Ltd.»

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 PAVILHAO IIIPavilhão da «The Goat & Copasses»

MACAU n.º 5-1987 Expo Feira Ind 1926 PAVILHAO IVPavilhão da Livraria Portugália

(1) Ver “Notícia de 7 de Novembro de 1926 – Exposição Industrial e Feira de Macau em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/exposicao-industrial-e-feira-de-macau/ 
(2) Rodrigo José Rodrigues, capitão-médico, governador de Macau de 5 de Janeiro de 1923 a 16 de Julho de 1924.
(3) Em 22-07-1926, foi exonerado o Governador Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães e nomeado, em seu lugar, Artur Tamagnini de Sousa Barbosa. Nessa data, nomeação, a título interino, do Almirante Hugo de Lacerda Castelo Branco, para o cargo, até chegar o proprietário. (GOMES, L.G. – Efemérides da História de Macau). A exoneração do governador terá sido em consequência da mudança política em Portugal com a Revolução Militar de 28-05-1926 e posterior ditadura do Marechal Gomes da Costa.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.
(5) “«Choi Heng», a principal firma de Macau a trabalhar em cobre obteve o diploma de ouro na Exposição Industrial e Feira de Macau. Os seus artigos vão principalmente para a América.” (4)
(6) O Museu Comercial e Etnográfico «Luís de Camões» foi criado em 1926 (Portaria n.º 221 de 5 de Novembro de 1926), pelo Governador interino, Almirante Hugo de Lacerda. Ver referência a este Museu em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/12/12/noticia-de-12-de-dezembro-de-1936-museu-luis-de-camoes/

Informações e fotografias recolhidas de ALVES, João Carlos; PIRES, João Barbosa – Macau e a sua Primeira Exposição Industrial e Feira. Com uma breve notícia do Porto. Macau, 1927. Tip. Mercantil da N. T. Fernandes e Filhos, 39 pp., 23 cm.

ACTUALIZAÇÃO em 24-12-2015: a COMISSÃO Promotora da Exposição Industrial e Feira de Macau era constituída por:
Presidente Honorário – Exa. o Governador, Almirante Hugo Carvalho de Lacerda Castel Branco
Presidente –
Engenheiro João Carlos Alves – Director das Obras dos Portos (Interino)
Vogais –
Manuel Monteiro Lopes – Gerente da Agência do Banco Nacional Ultramarino
Comendador Lou-Lim-Ioc
João Gregório Fernandes – Capitão de Fragata (reformado)
Major Victor de Lacerda – Chefe da 2.ª Secção das Obras dos Portos
José Maria Lopes – Capitão-Tenente
Henrique Nolasco da Silva – Advogado
Frederic G. Gellion – Gerente de “Macao Electric Lighting Co. Ltd.”
Fong-Choc-Lam – Capitalista
José Vicente Jorge – Chefe da Repartição do Expediente Sínico (aposentado)
António Maria da  Silva – Sub-Chefe da Repartição do Expediente Sínico (interino)
Artur António Tristão Borges – Escrivão da Capitania dos Portos
P.e Manuel José Pitta – Missionário do Padroado do Oriente
Hu-Cheong – Capitalista
Cap. Afonso da Veiga Cardoso – Administrador do Concelho
Ten. Gaudêncio da Conceição – Comandante do Corpo de Salvação Pública
Secretário –
João Barbosa Pires – Chefe de Propaganda das Obras dos Portos

e a composição do COMISSARIADO da Exposição Industrial e Feira de Macau, era:
Presidente – Rev. P.e Manuel José Pitta
Vogais –
Henrique Nolasco da Silva – Advogado e proprietário
Artur A. Tristão Borges – Escrivão da Capitania dos Portos
Major Victor de Lacerda – Chefe da 2.ª Secção das Obras dos Portos
Afonso de Veiga Cardoso – Administrador do Concelho e Comissário de Polícia
Gaudêncio da Conceição – Comandante do Corpo de Salvação Pública da Polícia  de Segurança
Secretário – João Barbosa Pires – Chefe da Propaganda das Obras dos Portos

Dois anúncios publicados no Jornal de Macau (41,5 cm x 29,5 cm) (1), no dia 18 de Julho de 1929, referentes a “MELCO”

O primeiro anúncio ocupando uma área de 18,5 cm x 24,5 cm, faz reclame à “GELEIRA FRIGIDAIRE”

Anúncio MELCO, 1929 GeleiraA “FRIGIDAIRE” FAZ O GELO

Que importa que haja dificuldades em conseguir gelo?
Adquira V. Exa. Uma Geleira “Frigidaire” e terá o gelo preciso para si e para a sua família.

Gelo feito em casa
O melhor processo de refrigeração

À venda na “MELCO” mediante as seguintes condições: 1 a.) O preço é o mesmo dos Agentes de Hong Kong acrescido apenas de $ 10.00 de transporte e frete de Hong Kong à casa do comprador. – 2 a.) Aceitam-se pagamentos em 24 prestações mensais (2 anos). 3 a. Dá-se o desconto de 5% em pagamentos integrais na ocasião da entrega do aparelho.

30 a 144 cubos de gelo por dia

Segundo as dimensões do aparelho que V. Exa. Deseje adquirir.
Cada aparelho vai provido de um “REGULADOR DE REFRIGERAÇÃO” cujo preço esta incluído no da Geleira.
Para uma família de 6 ou 7 pessoas.
CONSUMO: Aproximadamente $ 5.00 a $ 7.00 por mês

MELCO AO VOSSO SERVIÇO

 Anúncio MELCO AO VOSSO SERVIÇO 1929

O segundo anúncio (18 cm x 23 cm) faz reclame à empresa

Serviço Electrico
Que melhor valor se
pode dar a uma pataca?

Nesse ano, já havia 5.000 consumidores ligados às linhas da MELCO.

O Gerente que assina: Frederik Johnson Gellion, gerente de “The Macao Electric Lighting Co.” desde 1916 até à década de 50 (?). Foi um dos membros fundadores do “Rotary Club de Macau”, em 1947.
http://macau.rotary3450.org/about-rotary-club-macau/charter-members-macau-rotary~
Outra referência a Frederik Gellion em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/23/leitura-batalha-das-flores-em-macau-1918/
(1) sobre o mesmo Jornal de Macau ver
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/16/anuncios-de-1929/

Também os nossos compatriotas residentes em Macau quizeram testemunhar o seu acedrado patriotismo e patentear o preito que dedicam aos soldados portuguezes que, em luta com os inimigos da civilização honram as gloriosas tradições herdadas.(1)

Batalha das Flores 1918 I“Carro do Governador da província de Macau, capitão-tenente sr. Vieira de Matos, com a sua esposa a sr.ª D. Raquel Swart Vieira de Matos, promotora da festa e sua filha

            Por inicitaiva da sr.ª D. Raquel de Matos, esposa do distinto capitão-tenente sr. Vieira de Matos (2),  governador interino d´aquela florescente colonia, realisaram-se ali varias festas a favor dos nossos mobilisados e da indingencia local, entre elas uma batalha de flores (3), em que tomaram parte 60 carros, ornamentados com fino gosto, e a que ocorreu quanto ha de mais distinto na nossa província ultramarina do Extremo-Oriente.

Batalha das Flores 1918 II“Menina Ondine Vieira de Matos, filha do governador da província de Macau

Batalha das Flores 1918 III“Batalha de flôres em Macau – Na Avenida Vasco da Gama onde se realisou a festa, alguns dos carros que n´ela tomaram parte. No primeiro plano o submarino «23», de Mr. Gellion, (4) tripulado por senhoras de sua família, vestidos de oficiaes de marinha, vendo-se entre elas Mrs. Gellion, trajando um vestido que simbolisava a Inglaterra”

            O produto d´estas festas, que, levadas a efeito com manifesto entusiasmo, decorreram com grande brilhantismo, atingiu uma soma  consideravel, para o que contribuiu devéras o muito prestígio de que gosa o sr. Vieira de Matos, cujas excelentes qualidades de caracter e esclarecida inteligencia, são justamente apreciadas por todos que anceiam o desenvolvimento d´aquela nossa possessão, no que ele acha devéras empenhado.

Batalha das Flores 1918 IVCarro do sr. Americo de Sousa, juiz de direito, e a sua família

          Sua esposa, que com grande devotamento se desobrigou da espinhosa missão, a que se propoz, de minorar a sorte dos nossos soldados e dos que o infortunio  avassala, tem recebido inumeros testemunhos de homenagem e de gratidão. E, nunca foram melhor e mais justificadamente merecidos.” (5)

 Batalha das Flores 1918 VCarro de Madame Ricou” (4)

Batalha das Flores 1918 VI Um aspecto da Avenida Vasco da Gama, onde se realisou a batalha de flôres, vendo-se ao primeiro plano a nau »S. Gabriel». Recorte da Revista (5)

(1) Outras manifestações a favor dos soldados portugueses  na I Guerra Mundial, já foram relatados em anteriores post´s:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/30/noticia-de-30-de-janeiro-de-1915-i-guerra-mundial/ 
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-sarau-dos-marinheiros-do-patria/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/04/noticia-de-uma-quermesse-a-favor-dos-soldados-da-guerra-em-1918/
(2) Fernando Augusto Vieira de Matos foi nomeado governador interino a 21-12-1917. O próximo Governador seria Artur Tamagnini de Sousa Barbosa que tomou posse a 12-10-1918 (6)
(3) “Em Celorico de Bastos efectuou com todos os requintes de galantaria uma «Batalha de Flores». O combate tornou-se por vezes renhidissimo sendo abundante o número dos deliciosos projécteis que as jovens senhoras, que tomaram parte na liça, recebiam sorridentes e alegres, retribuindo os seus adversários com flores que antes pendiam do seus colos e que d´eles levavam os seus deliciosos e estonteantes perfumes.” (“Ilustração Portugueza”, n.º 661, 1918)
(4) A «Société Électrique d´Extreme Orient» em 1907 transferiu o seu contrato de concessão de iluminação eléctrica da cidade de Macau para Charles E. W. Ricou que passou a ser o  Gerente da «The Macao Electric Ligting Company Limited» (MELCO) de 1907 a 1915.  Após esta data, este negociante aparece como Gerente da «Macao Ice Cold Storage» que existiu até 1922 (6).
Frederik Johnson Gellion era nesse ano (1917/1918) o gerente da The Macao Electric Ligting Company Limited» (MELCO).
(5) Artigo e fotos retirados da “Ilustração Portugueza” n.º 642, 1918
(6) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)