Archives for posts with tag: Fortaleza do Bom Parto

Aquele que, deixando Hong Kong viesse a Macau pela primeira vez, gozava as delícias de uma curta viagem de quatro horas, rodeado do maior conforto e desfrutando uma paisagem admirável por entre ilhas e ilhotas cobertas de vegetação e semeadas a capricho, como se tal disposição obedecesse à finalidade de proporcionar o imprevisto.
Para trás ficava a imponente colónia inglesa, cheia de grandeza e majestade, lançada pela íngreme vertente, que parecia dirigir-se ao Céu… (…).
E quanto mais o pequeno e confortável navio se aproximasse de Macau, tanto mais mudava a feição de tudo, desde a brisa, que se tornava suave e branda, à cor das águas, que reflectiam na superfície o amarelado dos fundos que as correntes cobriam de lodo.

A Baía e a Praia Grande (final da década de 40, século XX)

Passadas as Nove Ilhas, semelhantes a nove irmãs imorredouras, que a lenda não deixa esquecer, avistava-se à distância a “Porta do Cerco”, a praia da “Areia Preta”, a “Chácara do Leitão”, mostrando-se no cimo da “Montanha da Guia” o célebre farol, o mais antigo da Costa da China.
Na outra elevação próxima, distinguia-se o “Hospital Conde de São Januário” , que dominava o grande casarão que outrora fora Convento de S. Francisco e que servia de Quartel de Infantaria.
É, então, à recortada costa de pequenas enseadas, seguia-se a “Baía da Praia Grande”, em curva caprichosamente feita, deixando antever as delícias de uma pequena cidade de paz e sossego…(…)
O casario caiado a cores garridas, as Igrejas, as Capelas, os Fortes, Fortins e Bastiões, as casas solarengas e a quietude dolente e embaladora, não deixavam dúvidas de que a China deveria estar longe desta terra, que tudo indicava ser portuguesa.
Ao dobrar a “Fortaleza do Bom Parto”, talhada no regaço do imponente “Hotel Bela Vista”, surgia o sinuoso caminho, que levava ao ”Tanque do Mainato”, com a colina despida de casario, à excepção da velha e abandonada vivenda de “Santa Sancha”.
Em cima, a velha Ermida da Penha, cheia de unção religiosa e graça na sua simplicidade.
Na última curva da ordenada beira-mar, via-se a “Fortaleza da Barra” e, mais adiante, em plano superior, a “Capitania dos Portos”, em estilo mourisco…
continua.
REGO, Francisco de Carvalho e – Macau … há quarenta anos in «Macau». Imprensa Nacional, 1950, 112 p.
Deste autor, anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-de-carvalho-e-rego/ 

EDITAL DE 1 DE JANEIRO DE 1809
O Vice-rei de Cantão, Kiu-iung-kuang, publicou um edital dizendo que, por os ingleses terem efectuado um desembarque, em Macau, em Setembro de 1808, sob o pretexto de defenderem esta cidade contra os franceses, tropa essa que se retirou antes do fim de Dezembro, “jamais se lhes devia permitir comerciar n´este império. Comtudo, lembrando-nos que o seu rei offerecera tributo ao nosso imperador, relevamos a offensa que nos fizeram pela entrada em Macau.
Agora, depois de enviarem os soldados às suas terras, pedem os sobrecargas, arrependidos, perdão com muita humildade, afim de se lhes permitir comerciar n´este imperio. Conhecendo a misericordia do nosso imperador, cedemos às repetidas supplicas dos sobrecargas, deixando que desembarquem as suas mercadorias e possam vende-l´as n´esta cidade. Devem receber esta graça como um beneficio extraordinário. Vê-se que as leis chinesas teem enfraquecido com o tempo, mas no futuro haverá mais rigor. De aqui em diante, se algum europêo se atrever a quebrar as leis do imperio, será expulso para sempre.” (1)
NOTA: Governava Macau, Lucas José Alvarenga que chegou a Macau em 25 de Setembro de 1808, vindo de Bombaim no «Comboio Inglês». Estava marcada a tomada de posse a 26-12-1808 após a saída dos ingleses (2), mas só a tomou «por moléstia que lhe sobreveio inesperadamente» na tarde do dia 1 de Janeiro de 1809. Governou até 19 de Julho de 1810, data em que lhe sucederia Bernardo Aleixo de Lemos e Faria.
Seria nomeado em 1814 para um segundo mandato mas não chegou a tomar posse.
Há uma notícia de 4 de Outubro de 1814 em que o Mandarim de Heong-San, Ma, escreveu ao Procurador do Senado, exigindo uma resposta a um ofício anterior, acerca de Lucas José de Alvarenga, que regressara, com segunda nomeação, no ano de 1814, mas sem efectuar posse. Dizia o referido ofício: «Já sobre o mesmo objecto enviei chapa a Vmce. sr. procurador e por ela lhe adverti indagasse se o dito novo governador Lucas se comportava bem ou não. A que fim veio ele outra vez para Macau? Quais são os seus intentos? Recomendei também a Vmce. avisasse ao Governador actual que advertisse ao novo Governador Lucas para que sem demora voltasse à sua terra e ao mesmo tempo lhe exigi me informasse do comportamento desse sujeito e me anunciasse o dia da sua partida … »
(1) GOMES, Luía G. – Efemérides da História de Macau.
(2) Com o pretexto de defender a cidade de Macau dos ataques franceses, o Almirante inglês William Drury (3) desembarcou em Macau, em Setembro de 1808, com tropas e bagagens, apesar da oposição do Governador de Macau. Ocupou as Fortalezas da Guia e do Bonparto, tendo depois trocado esta por S. Francisco. O Governador, Bernardo Aleixo de Lemos e Faria tentou por vias diplomáticas demover os ingleses desse acto e foram as autoridades chineses – Mandarins de Casa Branca e de Heong San que receando que os ingleses “conquistassem” Macau por este meio, pressionaram a saída dos ingleses em Dezembro. Segundo fontes, os chineses terão concentrado uma força de cerca 80 000 homens do exército diante das portas da cidade.

In September 1808 a British fleet commanded by Admiral William Drury had landed troops at Macao to prevent a French occupation of the Portugueses Colony. After three months of diplomatically awkward occupation, the troops were witddrawn because the Chinese emperror, who maintained that he could defend Macao should the French try to seize it, was threatening to prohibit British trade at Canton.” (PARKINSON, Cyril Northcote – War in the Eastern Seas 1793-1815.)

Sobre este episódio da História de Macau, recomendo a leitura de WAKEMAN JR, Frederic – Drury´Occupation of Macau and China´s Response to Early Modern Imperialism. Publicado no East Asian History, n.º 28 (Dezembro de 2004) pp. 27 – 34. Pode-se ler em:
http://www.eastasianhistory.org/sites/default/files/article-content/28/EAH28_02.pdf

William Drury(3) William O´Brien Drury, (1754- 1811) da marinha inglesa, que interveio nos conflitos militares da Revolução Francesa (1792-1802) e nas guerras peninsulares (1803-1815), foi promovido a contra-Almirante em 1804 e em 1808, nomeado comandante – chefe faz forças navais britânicas (“East Indies Station”). Faleceu a 6 de Março de 1811 em Madras (Índia).

Postal da colecção “MACAU ANTIGO/ 澳門昔日/OLD MACAU” (1), emitido pelo Instituto Cultural de Macau na década de 90 (século XX), a preto e branco (fotografias antigas de Macau – finais do século IX e princípios do século XX). (2).

Hoje publico o dedicado à “Colina da Penha / 西 / Penha Hill” (3)
MACAU ANTIGO - Colina da PenhaDum artigo escrito em 1955:
Fresca e airosa, ergue-se, no alto da Colina da Penha, a Ermida de Nossa Senhora da Penha (4)
            É um dos pontos que nos saltam à vista, enquanto nos deslocamos, em passeio ameno, pelas Avenidas que correm ao longo da parte sul da colina.
            De linhas modernas arquitectónicas, erguendo-se altaneiro o minarete da torre, marca bem a sua presença no cenário desta parte da península…(…)
            Ao lado da Ermida, está a residência episcopal do Bispo da Diocese e, logo na encosta, virada para a cidade, a imagem da Senhora de Lurdes, na sua pitoresca gruta”

Recorda-se que a Ermida da Penha foi erguida como promessa dos negociantes que iam no patacho «S. Bartolomeu», capitaneado por Jorge da Silva a caminho do Japão  e que foi atacada, a 28 de Julho de 1620, por holandeses.  Cumpriram a promessa, entregando a sua oferta ao prior do Convento dos Agostinhos, Simão de St. António e ao Procurador do mesmo Convento, Fr. Aurélio Coreto. A primeira missa na ermida edificada pelos frades de St. Agostinho (além das esmolas dos navegantes, os moradores da cidade também contribuíram) foi celebrada pelo prior do Convento de St. Agostinho, Fr. Estevão de Vera Cruz, no dia 29 de Abril de 1622 (5)

A ermida encontrava-se dentro de um forte que estava ligada com a Fortaleza do Bom Parto através de uma muralha. Estava guarnecido com 6 pequenas peças de 6 a 8 libras de bala.
…e deste Baluarte do Bom Parto corre o pano de muro para Oeste, e para alto e meio da Ilha está a Hermida de N. Sra. de Penha e desta hermida descobre o mar da parte de Oeste, e tem uma peça de bronze de seis libras invocada de N. Sra. de Penha, e correndo a ilha da parte de sudeste a largo de tiro de peça está a Fortaleza da Barra” ( José Montanha, padre jesuíta, do século XVII)

NOTA: A Ermida da Penha foi (re) inaugurada em 13-10-1935, pelo Bispo D. José da Costa Nunes, depois de completamente reedificada (GOMES, L. G. – Efemérides da História de Macau)

(1) Adquirido  na Plaza Cultural Macau Lda (Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 32 G). A colecção tem 20 postais.
澳門昔日 (mandarim pinyin: ào mén xi rì; cantonense jyutping: ou3 mun4 sik1 jat6 ) – Macau de outrora
(2) Anteriores postais desta colecção em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/06/postais-de-macau-antigo-i-avenida-almeida-ribeiro/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/11/postais-de-macau-antigo-ii/
(3) 西望洋山 (mandarim pinyin: xi wàng yáng  shan; cantonense jyutping: sai1  mong6 joeng4 saan1) – colina que olha mar oeste.
(4) Mais concretamente Ermida ou Capela de Nossa Senhora da Penha de França.
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 198 p., ISBN 972-8091-08-7
Outro postal desta Colina, foi publicado em:
” POSTAL ANTIGO – MACAU DO SÉCULO XIX (III) – Colina da Penha”
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/10/postal-antigo-macau-do-seculo-xix-iii-colina-da-penha/

Macao the Holy City ILivro (1) de  J, Dyer Ball (2), de 1905

Acerca da muralha da cidade, (3) relata o autor:
“In the olden days when Macao was growing into a place of greater importance it was felt necessary to protect it from the assaults of covetous enemies and it was determined that a wall should be erected for that purpose.
One writer informs us that the open consent of the Chinese officials was first sought by a deputation from Macao but failing this, largesses prevented the corrupt mandarins from awkward objections or a hostile attitudeto the undertaking : so that in A. D. 1622 a wall was run from the Monte (the height in the centre of the penuisula) in a north easterly direction to the sea near St. Francis and, it is stated, the work might have been completed in A. D. 1626. This wall may still be seen. It starts from the Place of Luiz Camoens. At this point the author remembers a small arched gate, the San Antonio gate, (Sam Pa Mun) which was closed at night. This has now been pulled down and the road widened. From this place the wall runs along and then up the hill to the Monte Fort from whence it runs down the hill on the opposite side where at the foot there used to be another gate, that of San Francisco, now also abolished. The wall from here runs up the opposite hill towards the sea, to the ruined fort of San Joao, whence it proceeds towards San Francisco fort, which lies at one end of the Praya Grande, then running along the side of the Estrada da San Francisco down the hill facing the fort, mentioned above, where it ends. Thus the city was entirely closed on the land side. Some Dutch prisoners taken in 1622 were employed in the building of this wall.
Another short city wall is to be seen to the south of the city. It runs from the church on Penha Hill to the road above the disused Bom Parto Fort or just about opposite the old Boa Vista Hotel.”

(1) BALL, James Dyer – Macao: The Holy City; The Gem of Orient Earth. Printed by The China Baptist Publication Society, Canton, 1905, 83 p.
O livro está digitalizado pelo “Internet Archive”, em 2007 e poderá consultá-lo em
            http://archive.org/details/macaoholycitygem00ballrich
(2) J. Dyer Ball (1847-1919) foi um sinologista nascido em Cantão; trabalhou como funcionário público em Hong Kong durante 35 anos (“Security officer” e ” Chief interpreter”) . Faleceu em Inglaterra, no ano de 1919
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Dyer_Ball

Macao the Holy City IIÉ autor de vários livros: “Things Chinese”; “The Cantonese Made Easy Series”; “How to Write Chinese”; “Hakka Made Easy”; “Cantonese Made Easy”; “How to Speak Cantonese”; “Readings in Cantonese Colloquial”; “The Cantonese Made Easy Vocabulary”; “An English-Cantonese Pocket Vocabulary”; “Easy Sentences in Hakka, with a Vocabulary”; “How to Write the Radicals” (in the press)”; “The San Wui Dialect”; “The Tung Kwun Dialect”; “The Hong Shan or Macao Dialect”; “The Shun Tak Dialect”; “The English-Chinese Cookery Book”; “Things Chinese”.

(3) A primeira cerca muralhada, consentida pelos mandarins em Macau, foi mandada levantar em 1568 pelo Capitão-Mor Tristão Vaz da Veiga, em taipa (chunambo). (4) . Mas foi o Capitão-Geral e primeiro Governador da Cidade de Macau, D. Francisco Mascarenhas que assumiu funções a 17 de Julho de 1623 quem mandou cercar a cidade com uma muralha e aperfeiçoou o sistema de fortificação, em geral.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 198 p (ISBN 972-8091-08-7)
(4) “Chunambo” – mistura de barro, terra, areia, palha de arroz, pedras e conchas de ostras moídas, compactado em camadas sucessivas.

Muralha da Cidade junto templo Na TchaParte da antiga muralha junto ao Templo de Na Tcha (ao lado das Ruínas de S. Paulo)

Publiquei em post anterior, parte de muralhas existentes na Rua Nova à Guia em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/colegio-de-santa-rosa-de-lima/

“Corria, suavemente, o Outono, em Macau, no ano de 1872, Outubro……(…)…
Vivia-se assim, despreocupadamente, pensando cada um em divertir-se da melhor forma que pudesse, sem precisar de pensar no dia de amanhã, pois o próspero negócio da emigração (1) dava para que toda a gente andasse ocupada e passasse os dias sem problemas económicos que a atribulassem.
Surtos no porto, viam-se três barcos de guerra nacionais, a corveta a vapor «Duque de Palmela»(2), a escuna de guerra «Príncipe Carlos » (3) e o vapor de guerra «Camões», além dos navios mercantes como a galera «Viajante» do comando de Francisco Jerónimo de Mendonça; a barca « Cecília» comandada por H. Mesquita e o brigue «Concórdia». Naves doutras nações demandavam também o nosso porto, como o vapor italiano «Glensannox», o vapor espanhol «Buenaventura», que sairia no dia 30, com destino a Havana, levando a bordo 84 colonos chineses, a galera da mesma nacionalidade «Alaveza», as barcas francesas «Blanche Marie» e «Veloce», os brigues «Maggie» e «Water Lily» e a galera «Star of China», que navegavam sob bandeira inglesa, a barca da confederação germânica «Vidal» e os vapores de guerra chineses «An-Lan», «Chien-Jui» e «Ngan-Tien»….
As disponibilidades que abarrotavam os cofres do tesouro público foram, no entanto, bem aproveitadas, pelo inteligente governador, Visconde de S. Januário, de nome, Januário Correia de Almeida (4), bacharel formado em Matemática, que chegara a Macau, com o posto de capitão do Estado-maior, tendo exercido, anteriormente, o cargo de governador geral da Índia. Assim grandes melhoramentos se efectuaram, no seu áureo governo, como:

  • a construção da estrada da Barra, até aos depósitos de lixo que existiam por aquelas bandas, saneando um local que constituía um foco de infecção, obra dispendiosa, pois muita rocha nos sopés das colinas de Penha e de Barra teve de ser arrebentada para se poder abrir esta via pública; (5)
  • a estrada de D. Maria II;
  • os trabalhos de pesquisa de água com a abertura duma mina na parte posterior do jardim da Flora;
  • a bateria rasante na ponta da praia em S. Francisco; (5)
  • uma nova casa para a guarda principal na Praia Grande (as outras foram construídas no campal das Portas do Cerco, no campo de Santo António, no largo de Matapau e na Flora, respectivamente, as duas primeiras em 1863, e as duas restantes em 1866 e 1869;(5)
  • uma carreira de tiro no campo da VItória;
  • ao alargamento do aterro marginal do porto interior; (5)
  • à canalização geral das ruas, próximas do bazar e teatro chinês; (5)
  • à construção de um quartel, destinado a uma bateria de artilharia, na fortaleza do Monte;
  • ao aterro marginal e construção da muralha da Praia Grande para o lado sul, (5) e
  • de muitos outros melhoramentos, mas nenhum sobrelevou ao da construção do hospital, que veio a ter o seu nome….

………………………………………………………………………………continua………

GOMES, Luís Gonzaga – Macau Factos e Lendas, páginas escolhidas. Edição da Quinzena de Macau, 1979, 152 p.

MACAU, 1870 – FOTO de JOHN THOMSON (8)

(1) Sobre o negócio e a emigração de Cules, aconselho a leitura do livro de
SILVA, Beatriz Basto da – Emigração de Cules Dossier Macau 1851-1894. Fundação Oriente, 1994, ISBN-972-9440-35-2.

O último Regulamento do Governo de Macau sobre Cules foi promulgado a 28 de Maio de 1872 (estabelecia a liberdade de emigrar e de ser repatriado no caso de mudar de intenções), embora posteriormente tivesse surgido acrescentos a este regulamento.
(2) “8 de Novembro de 1871 – Uma força composta de 60 praças de marinhagem da corveta «Duque de Palmela», com dois guarda-marinhas, 18 soldados da polícia do porto e de loucanes (marujos chineses) da guarnição dos escaleres, transportados, na lancha a vapor Sergio, em dois escaleres da polícia do porto levados a reboque e na lancha da corveta, desembarcaram em Uong-K´am (Ilha da Montanha), sob o comando do 2.º Tenente Vicente Silveira Maciel da lorcha Amazona, e conseguiram destruir um couto de piratas”
Em 2 de Setembro desse ano, a corveta «Duque de  Palmela» tinha sofrido grandes avarias, em consequência dos embates com os barcos chineses, por causa de um tufão.
 (3) “No dia 20 de Novembro de 1873, pelas 19.00 horas, o 1.º Tenente da Armada Vicente Silveira Maciel, comandante da escuna «Príncipe Carlos», acompanhado do guarda-marinha Caminha e do capitão de Infantaria Caetano Gomes da Silva, que jantara a bordo, quando seguiam numa baleeira para terra, veio um “fai-ai”, com uma equipagem de 60 a 70 homens, «abalroou premeditadamente contra a baleeira» ficando atravessada na proa do barco chinês, que mudou de rumo para a Lapa. Tendo conseguido trepar até ao “fai-ai”, os oficiais e dois ou três marinheiros que iam na baleeira travaram rijo combate com os chineses, caindo o Tenente Maciel ao mar; mas foi salvo por um marinheiro, agarrando-se ambos a um bambu. Salvaram-se também o guarda-marinha Caminha e um marinheiro. O capitão Silva e outros marinheiros foram considerados como desaparecidos” (7)
 (4) “23 de Março de 1872 – Januário Corrêa de Almeida, Visconde de S. Januário, capitão de cavalaria e bacharel de matemática, toma posse do cargo de Governador de Macau (para que tinha sido nomeado em 19 de Janeiro anterior)”. O Visconde fez entrega do governo ao seu sucessor em 7 de Dezembro de 1874, José Maria Lobo d´Ávila (tinha sido nomeado em 7 de Maio de 1874) (7)
(5) “17 de Janeiro de 1873 – O Governador ordenou a execução da primeira fase do alargamento do aterro marginal do Porto Interior e simultânea regularização do regime da corrente do rio, numa extenção de 160 metros desde a Fortaleza da Barra até à Doca de Uong-Tch´oi, a canalização geral das ruas próximas do novo bazar e teatro china, junto da doca, que acabava de ser aterrada, denominada de Manuel Pereira, construção de um edifício destinado a quartel de uma bateria de artilharia, na Fortaleza do Monte; e a continuação da muralha e aterro marginal no Chunambeiro, próximo da Fortaleza do Bom Parto até à chácara de Maximiano António dos Remédios (antigo Hotel Bela Vista)” (7)
(6) Há duas informações sobre S. Francisco:
“26 de Julho de 1872 – A portaria Provincial n.º 48 determina a construção de uma bateria «em forma de luneta» na ponta da praia de S. Francisco para as peças de grosso calibre”
e outra
“1 de Dezembro de 1872 – Lançamento da primeira pedra para a construção da Bateria Rasante 1.º Dezembro. A planta é do capitão de engenharia Dias de Carvalho e do Barão de Cercal, macaense e vice-presidente da Câmara
Para esta última bateria foi necessário fazer o corte do “Outeiro de S. Francisco
(7) SILVA, Beatriz Basto da –Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p., ISBN 972-8091-10-9
(8) http://images.wellcome.ac.uk/indexplus/image/L0055556.html