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Continuação da publicação das fotografias deste pequeno álbum (1)

“SOUVENIR DE MACAU” 

Souvenir de Macau 1910 Estrada do Hospital MilitarESTRADA DO HOSPITAL MILITAR

 “Military Hospital
From forts it is an easy transition to the Military Hospital of San Janario, which, erected in 1873, is built on a most commanding and healthy site fronting the sea. It is on the slope of the hill, just below the old fort of San Joao and just above the San Francisco Barracks, being one of the first objects that the visitor to Macao sees from the deck of the steamer. It is named after the Viscount S. Januario, a former Governor of the Colony, during whose term of office it was built, the former military hospital being in the old Convent of San Augustino. The site was that of an old gunpowder manufactory. The model for the construction of the building was the Hospital of San Raphael in Belgium.
It cost $38, 500, and covers 75 metres by 34. The building consists of a main body facing the sea with several wings running back from it. In the front are the Entrance Hall, the porter’s Lodge, the Quarters for the Chief Hospital Attendant and his Assistant, and the stairs to the Secretary’s Office in the upper story. In the Northeast part there are apartments for the Physician, the Chaplain, a room containing surgical instruments, the Dispensary, and the ChapeL while in the South-west portion of the building there are Quarters for the Officers, Bath-rooms, and the Linen Stores. The upper storey contains the Committee Room, Secretary’s Office, and the Director’s Office. The wings contain Surgical and other wards for Sergeants and Reserved Ward, Accountant’s Quarters, and a Hall for Surgical Operations, Cells, and Quarters for Military Servants.
The Mortuary, Room for Post Mortem Examinations and Room for the Collection of Soiled Linen are in a separate building some four or five metres distant from the main building and still further distant in the same direction is the Guard House. There is a garden to the South-west for the use of convalescents and there is also a tower for an Observatory. (2)

Souvenir de Macau 1910 Hospital MilitarO HOSPITAL MILITAR

 Tivemos ocasião de observar o inteligente aproveitamento das ruínas da muralha, para consolidar os vastos taludes que limitam a esplanada e as suas estradas que circundam o outeiro. Estes taludes também estão recobertos por uma vegetação própria para dar coesão às terras, e cortados por sulcos convenientemente dispostos para o escoamento das águas, de modo que a perfeição da obra não tem nada a temer da impetuosidade das chuvas. Do alto da esplanada descobre-se uma das vistas mais extensas e formosas de que é possível gozar em Macau” (3)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) BALL, J. Dyer – Macao: the Holy City,  the Gem of the Orient Earth, 1905
(3) Parte do artigo de Henrique Carvalho na Gazetta de Macau e Timor in TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol II, 1997.

O capitão J. Lima Carmona, num artigo de Ta-Ssi-Yang-Kuo, diz-nos que «no princípio do século XVII, depois do ataque dos holandeses em 1622, foi construída a muralha numa linha contínua, que corta a península de meio a meio na direcção NO. a SE., (ainda se via em 1899), onde havia as portas do Campo e de Santo António, por onde se entrava na cidade. Encravados nesta muralha havia os fortes de S. João e de S. Jerónimo, hoje em ruínas. A muralha, de 16 pés de altura, permitia que os defensores nela se colocassem em toda a extensão, servindo-lhes de parapeito a parte superior que se reduz a um muro de 3 pés de altura por 1 de espessura

Mapa Macau 1665Planta de Macau incluída no Atlas manuscrito de Johannes Vingboons (c. 1665). (1)

O padre jesuíta José Montanha, na sua obra «Aparatos para a História do Bispado de Macau», depois de nos falar da imponência dessa obra de fortificação, S. Paulo do Monte, faz uma referência à muralha, o que passamos a transcrever:
«.   .   . E pegado a ella (2) está hua porta que vai para o Campo de Moha, (3) e desta porta vai correndo o muro das casas dos moradores athe S. António, aonde está outra porta para o ditto Campo, e na mesma forma vay correndo o muro para o Campo da Patane, aonde está hu postigo, e vindo de volta para a praya pequena, fica outro postigo que se fechou por não ser necessário, e do terceiro baluarte desta Fortaleza (4) corre outro pano de muro para a parte de leste pegado ao Baluarte, aonde está o sino, aonde tem hum postigo para o Campo, e andando para o pano do muro a tiro de mosquete está a porta que vai para o Campo de S. Lázaro, e desta porta andando pelo muro a tiro de mosquete está um Baluarte (5) cô duas peças de ferro de 10 libras e na mesma conformidade a tiro de mosquete no mais alto d´esta muralha, e defronte da fortaleza da Guia está outro Baluarte cô huma pessa de ferro assistida para a porta da Fortaleza da Guia e dahi volta o muro para o sul em direitura ao convento de S. Francisco, e antes de chegar a elle tem hua porta que cahe para o mar, a qual se fecha todas noites». (6)
Este último baluarte é o de S. Jerónimo, demolido para se construir o Hospital Militar de Sam Januário.

Muralha Cidade Cemitério 2015Parte da muralha da cidade, ainda visível (foto de 2015) à entrada do Cemitério Protestante (antigo cemitério protestante) no Largo Camões.

(1) O título do Atlas é: “Platte Gronde van Stadt Macao, waer ia aen geweesen wordt de voornamste Plaetsen der Stadt” (Grande Plano da Cidade de Macau, onde se indicam os principais sítios da cidade).
http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-218-53.ht
(2) Estava a referir-se ao Colégio dos Padres da Companhia, conhecida como a Horta de S. Paulo/Horta da Companhia.
(3) Campo de Mong Há.
(4) Fortaleza do Monte.
(5) Este baluarte era o de S. João de que não existem quaisquer vestígios. Após um surto de peste bubónica, que teve origem nas habitações existentes próximo do baluarte, no ano de 1895, foram queimadas as barracas com todos os haveres, e seguidamente construídas e alinhadas as ruas. Foi então, desmantelado esse Baluarte de S. João que ficava no cruzamento da Rua de S. João com a da Colina, estendendo-se em sua frente, a conhecida «Horta da Mitra».
(6) Ta-Ssi-Yang-Kuo, Vols I-II, 1899-1900, pp. 417-418