Archives for posts with tag: Fortaleza de D. Maria II

Esta fortaleza foi construída nos princípios de 1851.(1) O encarregado da sua construção foi o major de engenheiros António de Azevedo e Cunha. Tem uma só peça de artilheria de rodisio de calibre 18. Um cabo e três soldados do batalhão de Macau constituem a sua guarnição, sendo o cabo o comandante da fortaleza” (2)

Este forte está localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar (no passado) a baía/praia de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau

Forte de D. Maria II (aguarela sobre papel; Marciano Baptista c. 1875-80; Martyn Gregory Gallery

No quadro – O forte localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar (no passado) a baía/praia de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau. No canto inferior esquerdo, a primitiva estrada de Solidão (posterior Estrada de Cacilhas)

(1) Concluído o fortim novo, a 10 de Fevereiro de 1852, sobranceiro à Praia de Cacilhas, tomou este o nome de D. Maria II, segundo a «Ordem à Força Armada n.º 9» que, por este motivo, ordenou o desmantelamento do Forte de Mong Há, por se encontrar em ruínas e desnecessário, em virtude da construção do novo fortim. O forte de Mong Há foi reconstruído e reactivado mais tarde. (3)

Extraído do «BGPMTS», VII- 8 de 21 de Fevereiro de 1852

(2) «Almanach Luso Chinez de Macau para o anno de 1866», p. 43

(*) Capitão José Joaquim da Silveira Xavier pertence ao exército de Portugal, onde deve regressar, finda que seja a sua comissão de seis meses. (2)

(+) Este oficial, (major Vicente Nicolau de Mesquita), em 25 de Agosto de 1849, atacou com trinta e seis soldados o forte de Passaleão além das portas do Cerco, que estava guarnecido com alguns milhares de chinas; e, tendo a felicidade de o tomar, foi por tão distinto feito premiado por sua magestade com o posto imediato ao de 2.º tenente que então tinha, e mereceu que os seus patrícios em Hong Kong lhe oferecessem uma espada com uma legenda alusiva ao feito. Esta espada foi feita na cidade do Porto, e entregue ao sr. Mesquita em o 1.º de Setembro de 1850. (2)

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 133.

Anteriores referências a este forte em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fortaleza-de-d-maria-ii/

Extraído de «BGPMTS», I- 44 de 18 de Agosto de 1855.

19-02-1852 – Concluído o fortim novo, sobranceiro à Praia de Cacilhas, tomou este o nome de D. Maria II, (1) segundo a «Ordem à Força Armada n.º 9» que por este motivo, ordenou o desmantelamento do Forte de Mong-Há, por se encontrar em ruínas e desnecessário, em virtude da construção do novo fortim.” (2)
No entanto, o Forte de Mong Há foi reconstruído e reactivado mais tarde. (3)

Ta-Ssi Yang-Kuo Fortim de D. Maria II (1899)FORTALEZA DE D. MARIA 2.ª E LAZARETO
Photograv. de P. Marinho, segundo uma photographia do sr. Carlos Cabral (1899)
(Ta-Ssi Yang-Kuo, Vol. I/II)

De acordo com a ordem n.º 19 do quartel General Militar, de 17 de Fevereiro de 1852, este forte foi ocupado militarmente, nessa data com a intenção de substituir o forte de Mong-Ha, apesar da localização deste último ser de longe superior. Foi edificado sob a direcção do oficial engenheiro Major António de Azevedo e Cunha. (1)
Em 1872, na Fortaleza de D. Maria 2.ª, «fizeram-se nesta fortaleza todos os concertos e reparos de que precizamos; nas muralhas, no terrapleno; no quartel do destacamento; no paiol; e na ponte levadiça junto da entrada, fazendo-se de novo para esta, um molinete» (4)

FORTIM DE D. MARIA II 2015Portal da entrada do Forte de D.Maria II /馬交石炮台 como está actualmente, vendo-se o local onde estava a ponte levadiça. Observar o parapeito saliente, onde se encontram ameias que serviam para o defesa do portal de entrada.
(Foto de https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_de_Macau)

O forte de D. Maria II, bem como o de Mong Há e o  da Taipa são as últimas fortalezas  construídas pelos portugueses em Macau (todas já do século XIX) e têm uma função  diferente das primitivas Já não serviam para se defenderem dos ataques dos estrangeiros e piratas mas para defenderem de eventuais ataques vindas do continente chinês, após o trágico assassinato de Ferreira de Amaral
A casamata deste forte foi destruída por uma bomba durante o bombardeamento americano a Macau em 16 de Janeiro de 1943. (5)

MACAU PASSADO E PRESENTE 1907-1999 Colina , Forte de D. Maria IIFORTE DE D. MARIA II no topo,  o LAZARETO mais abaixo e a antiga Estrada de D. Maria II.
Foto de Man Fook (1907) (6)

O Fortim está classificada como património arquitectónico, paisagístico e cultural desde 1984 e mantido sempre este estatuto nas sucessivas revogações, a última em 2013 (Lei n.º 11/2013 da RAEM de 22 de Agosto – Lei de Salvaguarda do Património Cultural).
Hoje recuperado, no entanto, não é visitável o seu interior; o parque que o rodeia é um lugar aprazível com uma boa vista para o reservatório  e o Porto Exterior.
馬交石炮台- mandarim pinyn: mǎ jiāo dàn bāo tái; cantonense jyutping: maa5 gaau1 daam3 baau1 toi4.
(1) “Este forte está localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar a baía de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau. Objectivo: apesar da sua posição estratégica ser inferior, foi construído para substituir o forte de Mong-Ha. Mais tarde  a sua missão principal foi a de reforçar e fornecer fogo de cobertura ao forte de Mong-Ha e, assim, funcionava como posição auxiliar. Tinha também a função de cobrir a Baía de Cacilhas afim de proteger as suas margens. Por isso, a sua única arma era rotativa num arco de 360.º. Apesar de tudo, este forte nunca deve ter sido muito eficiente.”
GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau , Concepção e História, 198?
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(3) “Os trabalhos de fortificações na colina de Mong-Ha foram iniciados pelo Governador Ferreira do Amaral em 1849 como uma medida preventiva de defesa contra uma temida invasão chinesa, mas não foram concluídas devido ao seu assassinato.”  Foram retomados em 1850, mas em 1852 estavam praticamente reduzidas a ruínas. Em 1864  foi reconstruído o forte  por ordem do Governador Coelho do Amaral e ficou concluído em 1866.”(1)
Carlos José Caldeira a propósito da visita do Governador Francisco António Gonçalves Cardoso (chegou a Macau 26-01-1851 e tomada de posse a 3-02-1851) às fortalezas de Macau: « Em todas as fortalezas poucas peças estavam em estado de fazer fogo e não continuado; no já quasi desmoronado forte de Mohá (feito haveria pouco mais de um anno) n´um dos canhões principais, dirigido sobre a Porta do Cerco, no ouvido faziam as lagartixas seu sossegado ninho; as poucas munições estavam fechadas num caixão do qual se perdera a chave havia tempos, etc, etc, etc… Sirva isto só de dar idêa de todas outras misérias. E, no entanto que faziam os governadores de fortalezas, e o major de engenheiros, todos com denominações alti-sonantes, e bons soldos gratificações?. Tratavam das suas hortas, ou passavam vida airada e folgasã…
O major  de engenheiros, mandado de Portugal pelo Egipto com avultada despesa, recebia mensalmente em Macau 116 patacas»
CALDEIRA, Carlos José – Apontamentos d´uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa , 1852.
(4) Relatório o Director das Obras Públicas, Ten-Cor. Francisco Jerónimo Luna, relativo a 1871-1872 in TEIXEIRA, Pe. Manuel – Os Militares em Macau, 1975.
(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/01/16/noticia-de-16-de-janeiro-de-1945-bombarde-amentos-em-macau/
(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/05/01/noticia-de-1-de-maio-de-1911-epidemia-de-peste-bubonica/
Referências anteriores a este fortim:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fortaleza-de-d-maria-ii/

Mapa que muitos ainda se recordarão, pendurado  no “quadro preto” ou na parede da Escola Primária (na sala da 4.ª classe).

Mapa de Portugal Insular e Imperio Colonial Português - 1934MAPA DE PORTUGAL INSULAR E IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS

Este mapa é de 1934; edição da LIVRARIA ESCOLAR “PROGREDIOR”  (Rua Passos Manuel – Porto); coordenado por Manuel Pinto de Sousa.

Mapa de Macau 1934Assinalados na cidade de Macau:  os Fortes de D. Maria II, da Guia, de S. Francisco, de S. Tiago da Barra; as  Portas do Cerco, a Ilha Verde já com istmo de ligação à cidade, a Baía da Praia, e Macau Siac.
Na Taipa: o Forte da Taipa, a Ponta Cabrita e  a Ponta Maria.
Em Coloane: o Forte Coloane, a Ponta de Cahó (Ka Hó) , a Baía de Hac-Sá, as povoações de Cahó (Ka Hó),  de Lai Chi Van, de Coloane, de Hac Sá e de Tai Van;
e as pequenas ilhas : da Pedra, de Kai Kiong e a Pedra da Areca.

Epidemia de peste bubónica – “A Junta de Saúde, em vista do aumento de casos de peste em Hong Kong, propõe-se que pelo Hospital Chinês (Hospital Kiang Wu) seja feita uma barraca-lazareto (1)  na Lapa e que os comandantes dos navios chegados declarem a existência de doentes a bordo. Resolve-se que a barraca só será construída quando não baste o edifício já existente. Perguntando o Governo se não era preferível a visita de saúde aos navios, a Junta pronuncia-se pela pouca conveniência desta medida.” (2)

Recorda-se que nas primeiras décadas do século XX, houve várias grandes epidemias no sul da China desde os grandes portos do mar abertos à navegação até os mais recônditos portos fluviais do rio Si-Kiang, (3) mantendo-se endémica durante 20 anos, entretida e agravada por frequentes importações do morbo. Esses picos quase sempre nos meses de Abril: em 1901, em 1909 (grande epidemia de peste bubónica) e  em 1913 (epidemia de cólera e peste). Pelas condições explicadas pelo capitão médico Peregrino da Costa e/ou por milagre (?) tiveram consequências mínimas em Macau (4)

(1) Lazareto – estabelecimento existente junto aos portos, onde se recolhiam os viajantes suspeitos de doenças contagiosas ou provenientes de países com epidemias para aí despistar a doença (quarentena). Em Macau designava-se também lazareto, o hospital onde se recolhiam os leprosos (existiram lazaretos na Colina de D. Maria II, na Ilha de D. João e em Coloane (Ka Hó), este o último a fechar.

Lazareto de D. Maria II 1907

A colina de D. Maria II com o seu forte e o lazareto
(Arquivo Científico Tropical: http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6899)
Foto atribuída a Man-Fook e possivelmente de 1907

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) Si Kiang / Xi Jiang / Hsi Chiang 西江 (mandarim pinyin: xi jiang; cantonense jyutping: sai1 gong 1 – rio do Oeste. Este rio (juntamente com o Bei Jiang 北江 (mandarim pinyin: bèi jiang; cantonense jyutping: baak1 gong1) – rio do Norte e Dong Jiang 東江 (mandarim pinyin: dong jiang; cantonense jyutping: dung1 gong1) – rio do Oriente formam o Zhu Jiang, 珠江 (mandarim pinyin: zhū jiāng; cantonense jyutping: zyu1 gong1 – rio Pérola, banhando toda a região denominada do Delta do Rio das Pérolas. Terceiro rio chinês em comprimento, embora não tão largo como o rio Amarelo – Huang He 黄河 (mandarim pinyin: huang he; cantonense jyutping: wong4 ho4) e o rio Yangtze- Chang jiang 长江 (mandarim pinyin: cháng jiang; cantonense jyutping: zoeng2 gong1), é contudo o segundo em caudal.
(4) Em relação à peste “Constata-se que, ao passo que em Hong Kong, a duração do período epidémico atinge em quási tôdas as recrudescência 6 a 7 meses, com casos esporádicos durante todo o ano, em Macau êste período atinge raras vezes 4 meses, decorrendo o seu período inter-epidémico na mais completa acalmia, o que faz crer na existência de condições naturais, climáticas ou outras e que se mostram eminentemente desfavoráveis à persistência do morbo ou à sua difusão. Constata-se também, que ao passo que em Hong Kong, apesar de persistentes e enérgicas medidas empregadas em debelar a peste, só ainda há bem pouco tempo, em 1923, se vê livre da endemia, Macau comparticipando em um agrande parte das mesmas condições nosológicas e mantendo com essa colónia uma comunicação por assim dizer permanente, não regista, desde 1915 um só caso de peste, causando êste facto a admiração das próprias autoridades sanitárias da colónia vizinha
COSTA, Peregrino da  –Epidemiologia de Macau in Anuário de Macau, 1927.

Hoje dia 13 de Fevereiro, celebra-se o DIA MUNDIAL DA RÁDIO. (1)

Embora somente em 1933, fosse criada a primeira estação de rádio em Macau, com emissões diárias, localizada no Edifício dos Correios (2), há anteriores notícias de transmissões via rádio.

Em 20 de Julho de 1924, foi inaugurada no posto da Fortaleza de D. Maria II, a Estação Central de Broadcasting de Macau, pertencente à «Rádio Comunication Co. do Oriente», comunicando o Governador Rodrigo Rodrigues com os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais (3) que se encontravam, no Clube de Recreio de Kowloon a escutá-lo. (4)
Após os discursos, cantou o tenor Enéas Aquino. Em 11 de Fevereiro de 1926, as antenas e todos os aparelhos deste posto emissor foram adquiridos pelo governo  (5)

(1) A data foi escolhida por ser neste dia que em 1946, a Rádio das Nações Unidas emitiu pela primeira vez um programa simultâneo para seis países. A data foi declarada em 2011 pela UNESCO.
(2) Para a história da rádio em Macau, ver.
http://macao.communications.museum/por/exhibition/secondfloor/moreinfo/2_9_3_RadioMacau.html  (3) Os pilotos aviadores, Brito Pais e Sarmento de Beires que tinham chegado a Macau a 25 de Junho de 1924, a bordo da canhoneira «Pátria»  após o acidentado voo, o 1.º «raid» aéreo Lisboa Macau, partiram de Macau no dia 5 de Julho de 1924 para visitar as comunidades de Hong Kong, Cantão e Xangai, regressando depois a Portugal  via América (visitas às comunidades do Japão, Estados Unidos e Brasil).
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(4) O hélice do avião acidentado que caiu no dia 20 de Junho de 1924 em Sam-Tchan, a 45 milhas de Mcau, encontra (va)-se como relíquia no Clube Lusitano de Hong Kong.
Sobre o 1.º Raid aéreo ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/26/noticia-de-25-de-junho-de-1924-viagem-aerea-portugal-macau/
(5) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau,  1954, 267 p.