Archives for posts with tag: Fernando Sales Lopes
Hoje e amanhã, em Macau, realizam-se as cerimónias religiosas do Nosso Senhor dos Passos.E a propósito desta devoção, na continuação da postagem de dez postais impressos na Tipografia Seng Si Lda (5.000 exemplares) e emitidos pela Direcção dos Serviços de Turismo, em Fevereiro de 2006, publicitando “Eventos de Macau” (1). publico o postal referente à procissão. Postal, sem outras indicações (autores? datas?)

A Procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos tem lugar anualmente no primeiro sábado e domingo da Quaresma e é parte da “Novena católica e da Festa em Honra do Senhor Bom Jesus dos Passos”.
A procissão conta com a participação do Bispo da Diocese de Macau, dos membros do clero e de um grande número de fiéis locais e estrangeiros, e é acompanhada pela Banda de Música das Forças de Segurança tocando a marcha fúnebre. Segue o caminho da “via dolorosa”, que representa o percurso de Jesus Cristo do Pretório ao Calvário referido na Bíblia. Actualmente, a procissão decorre ao longo de dois dias. Tem início na Igreja de Santo Agostinho e dirige-se à Igreja da Sé, fazendo o percurso inverso no segundo dia. Em designadas estações da “via sacra”, no percurso de regresso, uma mulher interpreta o papel de Verónica entoando um cântico triste enquanto um padre e os numerosos fiéis respondem com preces e cânticos, criando uma atmosfera de pesar. A procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos tem uma longa história em Macau. Remonta a 1708, sendo um evento religioso característico e representativo da cidade.
http://www.culturalheritage.mo/pt/detail/2464/1
“Foram os Agostinhos espanhóis, vindos das Filipinas, que em 1586 terão introduzido, em Macau, o culto da Paixão de Cristo, nomeadamente a procissão dos Passos. A procissão do Senhor do Passos em Macau transcende o seu significado religioso. Em 1717, com a saída dos Agostinhos para Goa, a procissão deixou de se realizar. Nos anos seguintes verificou-se carestia e falta de alimentos em Macau. A população chinesa atribuiu a situação ao facto de não se realizar a procissão, tendo requerido ao Procurador do Senado “que fizesse andar pelas ruas aquele homem de pau às costas”, assim lhe chamavam. E, mais prontificaram-se a arcar com todas as despesas. Estávamos em 1721, e o Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos continua a sair anualmente, pela fé de uns e a crendice de outros. No século XIX, na sequência da extinção das Ordens Religiosas, a igreja de Santo Agostinho é entregue à Confraria de Nosso Senhor do Bom Jesus dos Passos, que tinha sido fundada pelos Agostinhos portugueses quando chegaram a Macau. A Confraria toma posse da Igreja e das casas anexa em 1887.Confraria que é, ainda hoje, responsável pela realização desta procissão. (LOPES, Fernando Sales in
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2013/02/15/a-grande-procissao-dos-macaenses/
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/01/29/postais-da-direccao-dos-servicos-de-turismo-eventos-de-macau-2006-i/
Anteriores referências neste blogue desta Festividade Religiosa, Património Cultural Intangível do território:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/08/06/leitura-restituicao-do-convento-de-santo-agostinho-e-o-2-o-cazo-milagroso-ii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/03/10/noticia-de-10-de-marco-de-2019-o-senhor-dos-passos-em-1955/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/25/noticia-de-25-de-marco-de-1708-tradicoes-que-se-continuam-ii-a-procissao-dos-senhor-dos-passos-ou-senhor-da-cruz-as-costas/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/04/noticias-de-4-e-5-de-marco-de-2017-tradicoes-que-se-continuam-a-procissao-do-senhor-dos-passos-i-fotos-de-1974/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/21/a-tradicional-procissao-do-senhor-dos-passos-1973/

A Pedra de T’ai-Ut

Lái-Pou-I

amansou as águas
rasgando as redes
da desgraça

T’ai-ut
a vermelho

A causa primordial

Para onde estará virada
a Espada
enterrada sob o penhasco?

Para onde apontará
hoje
o seu gume?
         Fernando Sales Lopes. (1)

(1) LOPES, Fernando Sales – Pescador de Margem. Livros do Oriente, 1997
Sobre o geomante Lái Pôu I e a rocha Tái Ut / 太乙”, existente nos jardins do Templo da Barra/ Á Má, ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/08/11/leitura-a-rocha-tai-ut-do-templo-da-barra/

Quando o velho Leong
de minape debotado
passeia o seu passarinho
É como se na gaiola
transportasse
entre penas
o seu pequeno
e já cansado
coração!

E mais um dia de sol
entre árvores
e velhos amigos
lhe dá a esperança
de que voltará

Até amanhã
talvez
bom velho Leong

Fernando Sales Lopes (1)

Jardim de camões 195 (AGU)JARDIM DE CAMÕES – década de 50 (século XX) (AGU) 

MINAPE – Casaco chinês acolchoado a algodão ou seda, ainda hoje usado, sendo  muito confortável o seu uso, sobretudo nos dias frios (Glossário do livro p. 96)
(1) LOPES, Fernando Sales – Pescador de Margem. Livros do Oriente, 1997, 99 p. ISBN 972-9418-51-9. Ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/07/09/leitura-poesia-pescador-de-margem/

Livro de poesia de Fernando Sales Lopes (1), de 1997, com poemas do autor escritos entre 1986 e 1991, (2) Ilustrações de José Rodrigues.

Pescador de Margem CAPAPrefácio da Y. K. Centeno , de 1992:
Pescador de margem é um livro que se ocupa precisamente de marcar a diferença. E não apenas isso: integra-a, torna-a inseparável da memória da vida. A vida do autor tem decorrido nas margens de um oriente que se revelou ao mesmo tempo geográfico, histórico e mítico. Talvez a distância venha a ser, como se adivinha nos poemas, uma aprendizagem e um caminho, para não dizer mesmo um modelo de vida ...
São 51 poemas mais dois (um dedicado à Yvette Centeno e outro ao José Rodrigues) e nas últimas páginas (pp. 83-93), tradução para chinês de 7 poemas por Wang Wei. (2)
Este livro de poemas “Pescador de Margem” receberia o prémio Camilo Pessanha 1996/1997, do Instituto Português do Oriente (IPOR).

PESCADOR DE MARGEM
Ah quem me dera
estar aí
ter um rio
só para mim
lentamente
armar a rede
e içar a esperança
Firme
sem estar em terra
Estendido na água
sem andar à deriva
E viver!
De coisas voltadas
como tu

 Fernando Sales Lopes

POSTAL Lei Iok Tin 1958 Barraca de pescaBarraca de pesca, em frente da Praça de Lobo de Avila (1958)
POSTAL / FOTO: Lei Iok Tin
(Edição Fundação Macau/Centro Unesco de Macau)

PESCADOR DE MARGEM – Pescador solitário que constrói a sua cabana junto dos paredões, pescando com a típica rede de abater (aguchão). O aparelho é suspenso por quatro varas de bambú, sendo a rede manobrada, através duma roldana, de dentro da própria cabana. (Glossário do livro).
(1) Fernando Sales Lopes é licenciado em História, mestre em Relações Interculturais, e jornalista profissional. Nasceu no Barreiro e reside em Macau desde 1986.
Em Portugal desenvolveu a sua actividade profissional na imprensa escrita, rádio e televisão. Em Macau foi director de programas de rádio e televisão da Teledifusão de Macau (TDM), sub-director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), director-executivo da Revista Macau (I série), analista de imprensa e coordenador de diversas edições.
Autor, entre outros, do romance juvenil “Terra de Lebab” (2008), do poema “Flor de Lótus”, letra do hino de encerramento da Sessão Cultural da Transferência de Administração de Macau para a China Música de Rão Kyao(1999); do livro de poemas “Não-Ser” (1999); “Geo Metria & Exercícios em Busca da Perfeição” (2014)
(2) Nota do autor na p. 16: “circunstâncias várias só agora permitira, que ele viesse à luz do dia”
(3) LOPES, Fernando Sales – Pescador de Margem. Colecção Extratextos/Livros do Oriente, 1997, 99 p., ISBN 972-9418-51-9, 21 cm x 21 cm.