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“Resenha Histórica do Hóquei Clube de Macau”, escrita por José dos Santos Ferreira (Adé) e publicada em 1972, na revista «MACAU, Boletim de Informação e Turismo » (1) 

 “Naquela tarde de Outono de 1926, um jovem oficial do Exército, meses antes chegado à Província, reunia à sua volta no campo desportivo da Caixa Escolar cerca de uma dúzia de atletas, uns ainda rapazes e outros homens já feitos, a quem falou animadamente do hóquei em campo, em todos incutindo o gosto e o interesse pela modalidade. Desportista em toda a acepção do termo e entusiasta de hóquei como nunca houve outro igual, Filipe Augusto O´Costa – assim se chama o jovem tenente de Infantaria – acabava, naquela tarde, de lançar a semente que viria a produzir tantos e tão benéficos frutos em proveito do desporto português nestas paragens do Oriente, Filipe O´Costa tinha feito escola de hóquei na Alemanha e Inglaterra. Ali aprendera a jogar a li colhera sãos ensinamentos sobre o desportivismo, o espírito de «fair play» e a essência do amadorismo no desporto, única forma em que o hóquei em campo é aceitável.

O primeiro grupo de hóquei de Macau formou-se umas semanas após aquela reunião, dele fazendo parte estudantes, militares e cadetes ingleses. Filipe O`Costa era médio-centro, o capitão, o chefe, mestre, treinador e a alma do grupo. Mercê de muita tenacidade e valiosos ensinamentos, sem mais tardar, viu os seus discípulos e companheiros da equipa predicados que bem valiam ser aproveitados, a par dum entusiasmo e dedicação a toda a prova. Aos primeiros elementos, outros se juntaram e no ano seguinte já mais de duas dezenas d adeptos sabiam manejar o «stick», revelando, porém, sem grande surpresa para o mestre, decidida inclinação para a modalidade.

Naquele tempo, em Hong Kong, dada a existência de muitos esportistas britânicos e ainda por influência da Índia, já o nível do hóquei se situava em escala bastante elevada. Vários eram os agrupamentos e centenas os jogadores de diferentes nacionalidades que praticavam com regularidade este desporto. Era, pois, imperioso promover contactos. Não hesitou o tenente Filipe O´Costa em proporcionar aos seus discípulos o gosto de participar em pugnas, convidando para Macau quantas equipas quisessem aqui vir a disputar encontros amigáveis com o primeiro e o único grupo de hóquei de Macau.

Os primeiros resultados foram inteiramente desfavoráveis; derrotas após derrotas, algumas delas copiosas, assinalaram as duas épocas iniciais do hóquei de Macau. Tais resultados, se foram desastrosos, não chegaram, com certeza, a ser desmoralizadores. Bem antes pelo contrário, constituíram, de certo modo para estímulo e levaram os nossos hoquistas a encher-se de brio, convencendo-se de que era preciso trabalhar mais e aprender melhor. Assim, de facto, aconteceu, e os resultados positivos do seu trabalho aturado, persistência e redobrada dedicação não se fizeram esperara partir d terceira época, já muitos encontros terminavam a favor de Macau. Não mais de havia registado outra derrota pesada. A turma macaense havia crescido e já se sabia impor aos grupos de Hong Kong, muito jogados e experientes. O nome do Hóquei Clube de Macau estava feito.

Durante cerca de uma década, vitórias após vitórias marcaram o período áureo do clube macaense, já então cognominado o «invencível» pela massa desportiva e Imprensa de Macau e Hong Kong. Os adversários já não eram apenas os modestos clubes de hóquei de Hong Kong, com também agrupamentos mistos e seleções da colónia britânica, grupos e selecções de Singapura, universitários do Japão e ainda uma selecção de Cantão, formada, na sua maioria, por elementos da comunidade alemã estabelecida em Shameen.

Identificação dos jogadores (data ?; local ?)
1.ª plano (sentados): Henrique Nolasco da Silva; Fernando Marques; Lourenço Ritchie; Alexandre Airosa(?) ; Albertino Almeida
2.º plano (de joelhos): Herculano da Rocha (Josico); ???; Humberto Rodrigues.
3.º plano (de pé): João do Santos Ferreira; José dos Santos Ferreira; César Capitulé (guarda redes) ; Armando Basto.

“O encontro do 16.º «Interport» de hóquei em campo, disputado em Hong Kong, no dia 18 de Fevereiro de 1956, pelas equipas representativas de Macau e Hong Kong, terminou com o resultado de 3 a 2 a favor da equipa macaense.
Souberam os hoquistas de Macau, uma vez mais , honrar a classe do hóquei macaense em terra estranha, comprovando , deste modo, a superioridade que têm vindo a exercer, desde há uns anos, sobre os seus leais adversários da vizinha colónia britânica.
Uma grande assistência teve ocasião de apreciar a excelente exibição das duas equipas em campo, principalmente parte do jogo, em que a selecção de Macau, no dizer da Imprensa, «trabalhou como uma máquina afinada, untada com óleo».
Fernando Marques, interior- direito de Macau e autor das três bolas que deram a vitória ao seu grupo, foi justamente apontado como o melhor elemento em campo.
Após este encontro, Macau passou a contar nos anis dos «Interports» com Hong Kong, 7 vitórias a seu favor, com 5 empates e 4 derrotas.
Na presente época desportiva de 1955/1956, a equipa de honra do Hóquei Clube de Macau efectuou já 14 jogos, dos quais ganhou 13 e consentiu um empate, este último registado no jogo realizado contra a forte selecção indiana da Malaia”
Artigo não assinado em «MBI», III-62 de 29 de Fevereiro de 1956.

Realizou-se nos dias 6 e 7 de Outubro um intercâmbio desportivo entre os portugueses de Hong Kong e Macau, tendo sido disputados com grande animação e concorrência, os diversos desafios de hóquei em campo, ténis e bridge.
Macau saiu vencedora em ténis e hóquei em campo mas perdeu no bridge.
O Encarregado do Governo e esposa assistiram interessados ao desafio de hóquei em campo entre os grupos de Hong Kong e Macau, no campo do Tap Seac.
O grupo de honra do Hockey Club de Macau que derrotou o grupo visitante por 2 a 0
De pé (da esqª para dtº) Herculano da Rocha, , Augusto Jorge, César Capitulé, José Vítor do Rosário, Armando Basto, Humberto Rodrigues
1.ª fila: Luís da Cunha, Frederico Nolasco da Silva, Lourenço Ritchie, Fernando Marques Marques, Albertino Almeida
Os grupos de 2.ªs categorias do Clube de Recreio e Hockey Club de Macau
O vice-cônsul de Hong Kong, sr. Fernando Ribeiro, entregando a Taça Brazão ao Sr. António de Melo, capitão do Ténis Civil de Macau que derrotou o Club de Recreio de Hong Kong por 8 a 1.
Os numerosos convivas que participaram no jantar de confraternização
O representante do grupo de Hong Kong, Sr Jackie Noronha, agradecendo a hospitalidade de Macau.
Extraído de «Mosaico» III-15/16,1951

Hóckey (Oquei) Club de Macau – Direcção (Anuário de Macau 1951/52)
Presidente : António Emílio Rodrigues da Silva
Secretário: Engenheiro Humberto Rodrigues
Tesoureiro : Herculano Silvânio da Rocha
Vogais: Frederico Nolasco da Silva e Pedro Hyndman Lobo

Ténis Civil – Direcção (Anuário de Macau 1951/52)
Presidente – Dr Cassiano C. de Castro Fonseca
Secretário: Eduardo Batalha da Silva
Tesoureiro Armando Rodrigues da Silva.

Existiu uma Associação de Bridge de Macau, que teve como presidente foi Frederico Nolasco da Silva, mas não consegui determinar com exactidão a data da sua existência.

No dia 14 de Janeiro de 1952, realizou-se um encontro de hóquei em campo, no campo desportivo do Tap Seac, caracterizadas por jogadas estonteantemente rápidas entre o Macau Hockey Club e o Army de Hong Kong que foi derrotado por 2 a 1.

mosaico-iii-17-18-1952-equipa-do-hockey-clube-de-macauA equipa do Hockey Clube de Macau

Da esquerda para a direita:
1.ª fila: José Vitor do Rosário, César Capitulé (guarda-redes) e Armando Basto
2.ª fila: Herculano da Rocha (capitão), Alexandre Airosa e Humberto Rodrigues
3.ª fila: Henrique Nolasco da Silva, Fernando Marques, Lourenço Ritchie, Augusto Jorge e Albertino Almeida.

mosaico-iii-17-18-1952-equipa-do-army-de-hong-kongA equipa do Exército (“Army”) de Hong Kong

FOTOS  em «MOSAICO, 1952»

No Campo da Caixa Escolar, a equipa de honra do Hóquei Clube de Macau registou neste dia, 13 de Março de 1955, uma merecida vitória, derrotando, por 4 a 1, uma forte equipa da primeira divisão de Hong Kong.
Denominada »Nav Bharat», a equipa visitante não é mais que um misto de jogadores indianos e paquistaneses, com o concurso, ainda, de um português e um britânico.
O onze do Hóquei Clube, se bem que não fez uma exibição em cheio, teve ocasião de patentear a sua superioridade, merecendo, inteiramente, a vitória.
O jogo teve um começo desastrado para a equipa de Macau, se bem que não fez exibição em cheio, teve ocasião de patentear a sua superioridade, merecendo inteiramente , a vitória…(…)
Os primeiros minutos da partida pertenceram aos visitantes, que carregaram, obstinadamente, o nosso semi-círculo, o que provocou entre os nossos, jogadas descondizentes e algumas faltas imperdoáveis.
Alguns «cantos curtos» foram, então, marcados contra Macau e, em menos de cinco minutos, Hong Kong marcava, a seu favor o primeiro tento da tarde. Rematada por Bhagat Singh, a bola, resultante de «canto curto», entrou sem defesa possível para Santos.
Os jogadores de Macau procuraram reagir e só depois de batalhar durante uns vinte minutos é que conseguiram assentar jogo. A partir desse momento, a partida passou a ter outra fisionomia. Em conclusão de um ataque bem concluído pela nossa linha avançada, Ritchie alcançou o tento de empate à custa dum remate potente. Chega o intervalo, sem alteração no marcador.
A equipa local, melhorando bastante o seu jogo, conseguiu, na 2.ª parte, exercer completo domínio sobre o «onze» adversário, que, fortemente oprimido e acusando falta de fôlego, acabou por ceder, permitindo a marcação dos tentos que deram a Macau a justa vitória.
Mais três bolas foram marcadas neste 2º período, a primeira por Augusto, a 2.ª por Ritchie e a última por Marques.
As equipas alinharam:
Rosário e A. Basto; J. Bosco, H. Rodrigues e R. Rosário; F. Nolasco, F. Marques, L. Ritchie , A. Jorge e A. Almeida.
Nav Bharat: F. Soares; Harnam e McCormack; Sarwan, B. Singh e Gurbux; Gurcharan, Manjit, Mohinder, U. S. Dillon e Uttam.
Reportagem de “Macau, Bol. Inf.“, 1955.

Reportagem do “Macau Boletim Informativo”, desse ano.

Por duas bolas a uma, a equipa de hóquei em campo de Macau, derrotou, em Hong Kong, a selecção de Hong Kong, no encontro do 14.º «Interport», entre as duas cidades vizinhas e amigas.
O encontro realizou-se no campo de Sukunpoo, em Hong Kong, perante numerosa assistência, sendo de salientar a presença do Exmo. Cônsul de Portugal em Hong Kong, Sr. Dr. Guilherme de Castilho, que dispensou à embaixada desportiva de Macau um cordial acolhimento.

As equipas alinharam:
MACAU: – César Capitulé; José Vítor do Rosário e Armando Basto; Herculano da Rocha (cap), Alexandre Airosa e Amadeu Cordeiro; Luís da Cunha, Fernando Marques, Lourenço Ritchie, Augusto Jorge e Albertino Almeida.
HONGKONG: – S.N. Ponniah; Alfredo Néry (cap) e Bhagat Singh; R. A. Colaço; M. M. J. Petters e L. Forde; Anthony S. Da Cruz, A. A. Dos Remédios Jr, Armando Marques e P.Gardner. (1)

O jogo foi, na opinião da vizinha colónia britânica, um dos mais interessantes de quantos se realizaram em Hong Kong até hoje. A equipa de Macau imprimu uma toada rápida ao jogo desde o início,obrigando Hong Kong a acompanhá-la na mesma toada e dando assim, lugar a uma partida renhida e digna de ser observada com o maior entusiasmo e emoção.
A meio da primeira parte, Ritchie avançado-centro de Macau, aproveitando um excelente centro do extremo-direito Cunha, enfiou nas redes adversárias a primeira bola da tarde sem defesa possível para Ponniah, justamente considerado o melhor guardião de Hong Kong.
Hong Kong reagiu energicamente e foi Gerard quem, ainda na primeira parte, conseguiu o tento do empate.
Ambas as equipas desenvolveram, na segunda parte, jogo estupendo, procurando, cada um por sua vez, alcançar o tento que lhe desse a vitória.
Aos impetuosos ataques dos avançados de Hong Kong respondiam os jogadores da linha defensiva de Macau com calme, perícia e excelente colocação, aliviando o mais que puderam o seu campo e desfazendo as perigosas arremetidas.
Por sua vez os avançados de Macau mostravam-se mais agressivos e desenvolviam melhor combinação.
O seu segundo golo não tardou a aparecer, sendo, novamente, Ritchie o seu autor.
Os últimos dez minutos foram de luta ardorosa… (…)

Dez cantos curtos foram marcados contra Macau nesse período derradeiro do jogo. E o ambicionato empate  de Hong Kong não se viu, não se sabe bem se por milagre, se por eficácia dos esforços sobre-humanos despendidos pelos jogadores de Macau.

14.º Int Hóquei em campo 1954

Em pé, da esquerda para a direita: o Dr  João dos Santos Ferreira, Presidente da Direcção do Hóquei Clube de Macau,  José Vítor do Rosário, Armando Basto,  César Capitulé, Herculano da Rocha (cap),  Amadeu Cordeiro e o Sr Cônsul (?)
Em primeiro plano: Luís da Cunha, Fernando Marques, Lourenço Ritchie, Augusto Jorge e Albertino Almeida.

A Associação de Hóquei de Hong Kong homenageou os hoquistas de Macau com um jantar, no Sky Room, (2)a que assistiram, além dos hoquistas e árbitros que participaram nos encontros, o Cônsul de Portugal e sua Exma Esposa, os directores da referida Associação e do Hóquei Clube de Macau e alguns convidados.”

(1) Integrava na equipa de Hong Kong, alguns jogadores macaenses.
(2) Terá sido (?) no muito popular “Sky Room Night Club”, situado no “Luna Park” também conhecido como “Great World Amusement Park” que funcionou de 1949 a 1954 (?), em “King´s Road”, na Ilha de Hong Kong.