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F6F HellcatsDois Grumman F6F – 3 Hellcats em Maio de 1943
https://en.wikipedia.org/wiki/Grumman_F6F_Hellcat#/media/File:Hellcats_F6F-3,_May_1943.jpg

Uma esquadrilha de F6F, caças «Hellcats», da «Taskforce 38» da força aérea americana, (1) sob o comando do almirante William Halsey,  atacou pouco antes das 9.30 horas de 16 de Janeiro de 1945, alguns pontos da cidade, como a estação telegráfica de Dona Maria, que ficou danificada,  a Avenida Marginal e o Porto Exterior, sendo o principal alvo do ataque, a destruição dos depósitos de combustível existente no Centro de Avião Naval de Macau (CANM), situado no  Porto Exterior da península, que se incendiou, ficando o hangar completamente arruinado. Conhecedora das intenções das autoridades de venderem parte do combustível aos japoneses, (2) a marinha de guerra americana  efectuou as duas operações para destruir o alvo. A operação de manhã demoliu o alvo e os aviões regressariam pela tarde, (3)  lançando mais bombas, na área do hangar. O bombardeamento saldou-se em cinco mortos (4) e na destruição do antigo Museu Marítimo de Macau, (5)  que estava abrigado no hangar de aviação. (6) (7)

F6F Hellcats no porta-aviões YorktownF6F Hellcats do porta-aviões Yorktown
http://science.howstuffworks.com/grumman-f6f-hellcat.htm

(1) Tratava-se do Grupo 5 da «Task Force 38» conhecido por «T. F. 38.5», integrado no chamado «Carrier Task Force 38» , sob o comando do Almirante William Halsey e que tinha como núcleo oito grandes porta-aviões: Yorktoun, Hancock,Ticonderoga, Essex, Wasp, Hornet, Entrepise e Lexington; e seis porta-aviões mais ligeiros como apoio: San Jacinto, Monterey, Cowpens, Langley, Cabot e Independence.

Porta-aviões EnterprisePorta-aviões Enterprise
Capacidade para 90 aviões e uma tripulação de 2217 homens.
http://ww2db.com/ship_spec.php?ship_id=296

O «T. F. 38.5» pertencia ao grande porta -aviões Entreprise, porta-aviões de apoio Independence e de seis contratorpedeiros: McCord, Trathen, Franks, Hazelwood, Haggard e Buchanan. Tinha como missão atacar os navios e aeródromos japoneses na proximidade do Estuário do Rio das Pérolas.
TEIXEIRA, P. Manuel – Bombardeamento de Macau,  16 de Janeiro de 1945.  NAM VAN, 1985.
 

Porta-aviões IndependencePorta-aviões Independence
Capacidade para 30 aviões e uma tripulação de 1569 homens
http://ww2db.com/ship_spec.php?ship_id=220

Nesse dia, 16 de Janeiro de 1945, os alvos dos bombardeiros da Task Force 38 na China foram os campos militares dos japoneses em Amoy, Swatow, Hong Kong (e oficialmente, uma esquadrilha atacou Macau por engano) e na Baía de Samah, em Hainão.
(2) Pedro de José Lobo, chefe dos Serviços de Economia vendeu aos japoneses que careciam de gasolina (desde 9 de Janeiro desse ano, após a invasão do Luzon do norte -nas Filipinas, pelo General Douglas MacArthur, a esquadra americana destruía em terra e no mar todas as fontes de abastecimento dos japoneses) o depósito de gasolina da Pan-American que mantinha carreiras para Macau, armazenada no Hangar. A transacção estava marcada para esse dia, 16 de Janeiro de 1945.
(3) “Cerca das duas e meia da tarde, cinco ou seis aviões voltaram e começaram a metralhar o aeródromo, a pista dos hidroaviões e da área vizinha. Estes aviões não lançaram bombas; usaram apenas metralhadoras para alvejar os automóveis, (8) os transportes do governo e os carros de bombeiros parcados na Avenida da Amizade. Os aviões afastaram-se e cerca de um quarto de hora depois, usando a imponente estátua do governador Amaral como ponto de referência, dois aviões fizeram um último voo baixo metralhando a área perto do aeródromo destruído enquanto outros aviões voavam mais alto a cobri-los para os proteger“- depoimento de Armando da Silva, citado pelo Padre Teixeira (1)
(4) O relatório oficial do Governo que foi enviado para a Comissão Americana após a guerra para efeito de compensação de todos os prejuízos, consta como resultado dos bombardeamentos, a morte de 5 pessoas e vários feridos para além da destruição da gasolina, a destruição do hangar (que foi depois reconstruída), a destruição do Museu Marítimo e de Pescarias e os vidros em vários edifícios. No entanto, os vários relatórios dos observadores militares e civis não foram conclusivas quanto à morte ou número de mortos, segundo informação oral do quarteleiro da bataria da Guia e observador militar da área do Porto Exterior durante a guerra, soldado 4371 Pereira.
(5) A criação em Macau de um museu dedicado ao estudo e divulgação das actividade relacionadas com o mar remonta ao ano de 1919 por iniciativa do então adjunto do capitão dos Portos de Macau, Primeiro-tenente Artur Leonel Barbosa Carmona. O Museu Marítimo e Pescarias ficou instalado na Capitania dos Portos até ser mudado, em 1934, para o Hangar da Aviação Naval. Entre o espólio que se perdeu com os bombardeamentos, encontravam-se cinco modelos, extraordinariamente precisos, de barcos de Macau que foram premiados com «Grand Prix» na Exposição Universal de Paris (7)
(6) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(7) SILVA, Beatriz B. – Cronologia da História de Macau,  4.º Vol, 1997.
(8) Segundo Padre Teixeira (1) os americanos que tinham em Macau a sua espionagem bem montada, nessa manhã, quando Pedro José Lobo se dirigia para o Hangar do Porto Exterior, surgiu uma onda de bombardeiros que despejaram bombas incendiárias sobre o hangar e perseguiram com metralhadoras o automóvel doe Pedro Lobo; este se salvou, saltando do carro e escondendo-se no lodo da estrada” Episódio verídico, confirmado pelo relatório do quarteleiro da bataria da Guia e observador militar da área do Porto Exterior durante a guerra, soldado 4371 Pereira.

Mais um anúncio, este de 1938, da Tipografia Mercantil N. T. Fernandes e Filhos.
Sobre a importância e a “história” desta casa industrial (“uma das mais antigas casas industriais portuguesas do Extremo Oriente” ) consultar anterior “post”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/04/anuncios-tipografia-mercantil-de-n-t-fernandes-e-filhos/ 

A Tipografia foi fundada em 1855 por Nicolau Tolentino Fernandes (1823-1893) e sucedeu-lhe no cargo, seu filho Jorge Carlos Fernandes.

Tipografia N. T. Fernandes 1938

Salienta-se aqui o diploma “Menção Honrosa” atribuído na Exposição Universal de Paris de 1900 (1), a “aprovação dos trabalhos de arte gráfica” (e único estabelecimento português ) na “International Specimen Exchange” nos Estados Unidos da América em 1887, a Medalha de Ouro na Exposição Industrial de Macau de 1926 e o Diploma de Honra na Exposição Colonial Internacional de Paris em 1931.
Na área da encadernação ( “onde fazem elegantes brochuras, estilo moderno, e encadernações as mais artísticas e luxuosas“), a Tipografia foi premiada com a Medalha de Ouro na Exposição Colonial Internacional de Paris em 1931.

(1) Foi nessa Exposição que Macau obteve o «Grand Prix» pelos 5 modelos, extraordinariamente precisos de barcos. Estes modelos integraram futuramente o Museu Marítimo e de Pesca (1934) instalado no Hangar do Porto Exterior e destruídas (com o restante espólio) pelo bombardeamento da aviação americana na Guerra do Pacífico, em 1945.

Lorchas, juncos e outros barcos I

Ilustrado com estampas coloridas (1) e gravuras extra texto, desdobráveis. Apresenta-se  com glossário bilingue, português-chinês, dos termos náuticos, dos nomes das embarcações, do calendário da pesca e de outras actividades marítimas.
Muitos dos desenhos desta publicação foram copiados posteriormente no opúsculo editado pela Repartição Provincial dos Serviços de Marinha (Comando da Polícia Marítima e Fiscal), em 1968 intitulado “Tipos de barcos chineses, usados na pesca, tráfego, diversões etc, cujos desenhos foram copiados do relatório do Ex. mo Senhor Contra-Almirante Artur Leonel Barbosa Carmona“.  Este opúsculo tem 17 páginas, de 30 cm e foi compilado por Nunes da Silva (almirante). Poderá ver este opúsculo em:
http://cronicasmacaenses.files.wordpress.com/2011/08/barcos-chineses-calm-artur carmona.pdf

NOTA:  O 1º tenente Artur Leonel Barbosa Carmona, (1889-1965) teve uma  notável acção em Macau, onde serviu doze anos nos Serviços de Marinha (de 1920 a 1924, como adjunto da Capitania, de 1927 a 1931 no Comando da Polícia Marítima e Capitão do Porto e depois novamente em 1933 -1934. Regressou à Metrópole em 1934 como Capitão-tenente). Dirigiu o Observatório Meteorológico e como director, introduziu-lhe valiosos melhoramentos, o que permitiu uma intensiva cooperação com os de Manila e Xangai na previsão de tufões. Foi em 1930 a Timor, proceder à instalação de um posto rádio por si construído, que tornou possível efectuar comunicações daquela colónia com a metrópole, via Macau, as quais se faziam, antes por intermédio do Timor holandês. Regressado de Macau, comandou diversos navios, o último dos quais o “Afonso de Albuquerque”, em missões de soberania, durante a II Guerra Mundial. Dirigiu tambem as Obras Públicas de Macau (particularmente no sector da electricidade, em que era especializado).
É lembrado porque reuniu um valioso espólio para a criação (proposta sua ao Governador Artur Tamagnini Barbosa) do Museu Marítimo e de Pesca, primeiramente instalada numa dependência da Capitania dos Postos (1919)  e depois no Hangar do Porto Exterior (depósito de petróleo da Província).  Recorda-se que o Hangar foi bombardeado em 1945, e com o incêndio se perdeu todo o recheio (3).
Preparou a representação de Macau na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, em 1922 onde foram exibidos alguns dos curiosos modelos de lorchas, juncos e outras embarcações dos mares da China.

(1) CARMONA, Artur Leonel Barbosa – Lorchas, juncos e outros barcos usados no sul da China : a pesca em Macau e arredores. 2.ª edição, Obra Social dos serviços de Marinha, 1985, 77 p. : il. ; 27 x 21,5 cm. Tem esta edição, uma nota introdutória do Cap.-Frag. João Manuel Nobre de Carvalho

Lorchas, juncos e outros barcos IIA 1.ª edição é de 1954, Macau – Imprensa Nacional, 26 cm X 21 cm, com 73 p.

(2) As estampas foram feitas pelo Senhor Eurico Fonseca, desenhador da Escola Naval.
(3) Incluindo cinco modelos de barcos, notáveis pela sua precisão que fizeram parte do mostruário da Província de Macau na Exposição Universal de Paris de 1900, ao qual foi atribuído o «Grand Prix»
This beginning ironically symbolised an outflow of heritage, rather than the contrary. The episode was repeated when Lisbon requisitioned items linked to fishing and vessels from Macao and Timor to be put on show in Portugal’s pavilion at the 1900 Paris World Fair. The aim was to affirm a country’s place on the international scene and its presence on various continents. In any case, the articles only returned to Macao after the Maritime and Fishing Museum opened in 1919, with the addition of some items collected in the meantime by the assistant to Artur Leonel Barbosa Carmona, then director of Macao’s port authorities.”
MESQUITA, Pedro Dá – artigo publicado no “Macao Magazine“:
http://www.macaomagazine.net/index.php?option=com_content&view=article&id=83:macao-museums&catid=38:issue-3