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Foi recebido em Macau com grande solenidade o Rei de Camboja, Somdach Préa Noradon, de 40 anos de idade, o qual, antes de reembarcar, condecorou Lourenço Marques então Presidente da Camara (1) com a comenda da Real Ordem de Camboja. O rei de Camboja visitou os lugares históricos e os principais edifícios públicos da cidade, reembarcando no dia seguinte, na corveta francesa Bourayne, em que viera.(2)

Extraído de «BPMT», XVIII, n.º 31 de 27 de Julho de 1872, p. 137

Continua …

Extraído de «BPMT», XVIII, n.º 31 de 27 de Julho de 1872, p. 138

(1) Lourenço Caetano Marques (1811-1902) exerceu o cargo de Procurador do Leal Senado de 1851 a 1856 e de 1859 a 1861; em 1865, foi eleito vice-presidente do Leal Senado e em 1871 Presidente do mesmo. (2)

Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/comendador-lourenco-marques/

(2) Informações recolhidas de TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 193.

Extraído de «Gazeta de Macau e Timor», II-15, de 30 de Dezembro de 1873, p.3

“Largaram de Macau, no dia 10 de Outubro de 1850, diversas lorchas de guerra sob o comando do guarda-marinha João de Carvalho Ribeiro, para socorrer um navio chinês que se encontrava abandonado na enseada de Tai ho depois de ter sido atacado e saqueado por piratas chineses.

É de presumir que, tendo encontrado o navio, as nossas lorchas o tenham guarnecido e tentado pôr em estado de navegar. No dia 13 apareceu um junco de piratas provavelmente o que o tinha atacado, com o qual as lorchas se bateram durante várias horas, acabando por o obrigar a render-se. Levado para Macau, esse junco foi integrado na marinha privativa da colónia. Não diz o cronista o que aconteceu ao navio inglês. Poder-se-á supor que tenha sido entregue aos Ingleses que se achavam instalados em Hong Kong desde 1841.” (1)

MAPA DE HONG KONG com a ILHA DE LANTAU, assinalado no mapa a vermelho a ilha de Tai O (大澳) na baía de Tai Ho Wan (大蠔灣) (2)

Em 1855, Os ingleses e americanos (primeira colaboração anglo-americana) travaram uma das últimas batalhas conhecida como “ Battle of Ty-ho Bay” contra uma armada de piratas chineses (36 juncos armados) (2)

Um modelo dum junco pirata armado com oito canhões  (2)

NOTA: Recorda-se que a Estação Naval de Macau, em 10-09-1850, se compunha da fragata D. Maria II, da corveta Iris e da corveta D. João, tendo os três navios 559 praças de guarnição (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 122)

Outro facto de consequências trágicas ocorrido neste Mês de Outubro de 1850 (dia 29,) foi a horrível explosão que destruiu a fragata D. Maria II, ancorada na Taipa, perecendo 188 dos 224 tripulantes, incluindo o Comandante J. de Assis e Silva. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fragata-d-maria-ii/

(1) MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII, p. 103 Tem um mapa do local, p. 102

(2)  https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Ty-ho_Bay https://en.wikipedia.org/wiki/Tai_O

Às 8 horas da noite de 12 de Julho de 1893, na rua nova d´El-Rei, (1) foi apunhalado o chinêsLi Hin Teng, cunhado do capitalista Chan Fong (2) que foi outrora cônsul da China em Honolulu.

Extraído de «Echo Macaense», semanário luso-chinez, Ano I- n.º 1 de 18 de Julho de 1893, p 2

NOTA: a notícia nomeia dois médicos (facultativos) 1- Dr. Luís Lourenço Franco, macaense, nascido a 25-8-1849, formado em medicina em Goa em 1875; nomeado facultativo auxiliar do quadro da Saúde a 20-5-1878, para servir em Timor; nomeado em 4-9-1978 para o quadro de saúde de Macau e Timor. Prestou serviço no batalhão de infantaria do ultramar, no Lazareto da Ilha Verde e na Estação Naval; reformado com a guarnição de capitão a 15-01-1895. 2 – Dr. Pinheiro de Almeida (não encontrei biografia disponível).

(1) A Rua Nova de El-Rei, a artéria principal do antigo Bazar, após a implantação da República em Portugal, em 1910, foi dado o nome de “Rua 5 de Outubro”,. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rua-5-de-outubro-nova-de-el-rei/

(2) Creio que o falecido era irmão de Lee Hong (李杏), 1.ª mulher (na China) de  Chen Fâng (陳芳) negociante, grande filantropo que ergueu empresas/negócios (venda de ópio, transportes, plantações de açúcar e café, etc.) em Honolulu (Hawai), Macau e Hong Kong: Emigrou de Guangdong para Hawai em 1849, adoptando o nome de Chun Afong, em 1850. Casou também em Hawai com Julia Fayerweather Afong. Deixou, ao todo, 20 descendentes. https://en.wikipedia.org/wiki/Chun_Afong

Relato sumário das acções realizadas pela Canhoneira “Tejo” desde a saída de Macau no dia 21 de Maio até voltar a 27 de Maio de 1876, período em que esteve, no dia 24 de Maio, em Hong Kong, nos festejos do aniversário natalício da Majestade Britânica (1)

Extraído de «BPMT», XXII – 23 de 3 de Junho de 1876

O primeiro tenente Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (2) foi nomeado comandante da Canhoneira “Tejo” (3) em despacho de El-Rei de 4 de Março de 1876, em substituição do primeiro tenente da armada Fernando Augusto da Costa Cabral (4)

Extraído de «BPMT», XXII – 24 de 10 de Junho de 1876,

(1) Rainha Vitória (24 de Maio de 1819 – 22 de Janeiro de 1901) do Reino Unido de 1837 até à sua morte

(2) Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (1844 -1923) (reformado com o posto de Almirante), filho do Governador João Maria Ferreira do Amaral, Tinha 5 anos quando o pai foi assassinado, assentou praça na marinha aos 12 anos de idade; em 1855 era aspirante; e em 1861 completou o curso sendo promovido a guarda marinha em Agosto de 1866 e a primeiro-tenente em 1874. Nesse meio tempo, comandou os seguintes navios: «Penha Firme», o couraçado «Vasco da Gama, em que foi à inauguração do canal de Kiel na Alemanha; imediato da corveta «Mindelo», da fragata «D. Fernando» e comandante da corveta «Duque da Palmela». Como comandante do vapor «Tete» participou na expedição à África Oriental, tomando parte em três combates. Governou S. Tomé e Moçâmedes em 1878 e 1879. Em 1882 nomeado governador de Angola e em 1886 governador da Índia. Ministro da Marinha em 1892 e ministro interino dos Negócios estrangeiros em 1898.

Foi comandante da Estação Naval de Macau de 1876 a 1878. Em 1878 levou a Bangkok na canhoneira «Tejo», o Governador de Macau Carlos Eugénio Correia da Silva, que lá foi em missão diplomática. Esta missão regressou a Macau a 20 de Março de 1878. Ferreira do Amaral que não se dava bem com o governador Correia da Silva, (episódio que relatarei em próxima postagem) recusou receber o mandarim da Província de Cantão que vinha a Macau, em Julho de 1878, pois não podia suportar a afronta à memória do pai. Na véspera entregou o Comando da canhoneira ao oficial imediato e foi para o Hong Kong. O governador vingou-se, pedindo a sua exoneração a El Rei, e Ferreira do Amaral foi exonerado do comando com regresso imediato ao reino. (TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau, 1988, pp. 117-118.)

(3) Ver anteriores referências à Canhoneira «Tejo» em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/canhoneira-tejo/

Na Revista “O Occidente”, XIII- n.º 418 de 1 de Agosto de 1890, na página 171 aparece um apontamento quanto à duração da estadia em Macau da canhoneira, na nota de rodapé do artigo “Apontamentos sobre a Marinha de Guerra dos Diversos Países – Marinha de Guerra Portuguesa”::

(4) Fernando Augusto de Costa Cabral (1839-1901), filho de António Bernardo da Costa Cabral, 1.º conde de Tomar e 1.º marquês de Tomar, instaurou o “Cabralismo” em Portugal) )   irmão de António Bernardo da Costa Cabral, 2.º conde de Tomar, foi oficial na marinha, contra-almirante, condecorado com a medalha da Crimeia e cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, e foi ajudante de campo do rei D. Carlos. O pai adoeceu gravemente em Nápoles, , em princípios de Setembro de 1885, sendo trzido para Portugal a bordo da corveta Estefânia, então sob o comando do seu filho Fernando Augusto da Costa Cabral. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Bernardo_da_Costa_Cabrall

Em princípios de 1854, andava na costa da China nas imediações da cidade de Neng-Pó (Ningbo-寧波) (1) onde tinha a sua base, um pirata chamado Apak, que gozava de impunidade absoluta pois os mandarins nada podiam (ou não queriam pois toleravam a situação mediante a irresistível peita) fazer perante uma esquadra constituída por um junco Haipó (barco caranguejo) de grandes dimensões, armado com 32 peças (2) e por outras seis velozes taumões (T´au mang – cabeça violenta – barco com 3 mastros para transporte de carga) mais pequenos e tripulados por aguerridos piratas. A esquadra surpreendia desprevenidamente no alto mar e longe da terra os juncos mercantes cumulados de valiosas fazendas ou aqueles como as lorchas mercantes portuguesas de Macau que transportavam carregamentos mais preciosos.
Para evitar os constantes ataques e pilhagens com prejuízos à navegação e ao comércio de Macau, o Governador de Macau, Isidoro Francisco Guimarães mandou a corveta D. João I, (3) partir de Macau, em 14 de Maio de 1854, com destino ao porto de Neng Pó, fazendo escala por Hong Kong e Amoy. Entrou em Hong Kong no dia seguinte e largou a 17 para Amoy.
Fundeou diante da cidade de Neng Pó a 22 de Junho. Dois dias depois da chegada, o comandante e os restantes oficiais envergando uniforme de gala apresentaram cumprimentos ao Tau-tai (mandarim de Neng Pó), visita que foi retribuída, no dia 28 sendo, nessa ocasião, a autoridade chinesa saudada, tanto à entrada como a saída da corveta, com uma salva de três tiros, de conformidade com a pragmática do país.
E quatro dias mais tarde, tiveram início as negociações com as autoridades locais (acompanhava a delegação macaense, o sinólogo macaense João Rodrigues Gonçalves) pois a missão do comandante Craveiro Lopes era exigir das autoridades competentes uma satisfação oficial e se possível uma adequada indemnização pecuniária pelos danos causados ao comércio português, negociações essas que falharam quanto à indemnização pedida.
A 6 de Julho, a corveta fundeou na boca de um afluente do rio Iông (4), entre Neng Pó e Com-Po, onde estavam os barcos dos piratas, alinhados junto à terra. Juntou-se à corveta, dezanove lorchas de Macau que já se encontravam em Neng Po.
Ao amanhecer do dia 10 um taumão tentou evadir-se saindo do rio sendo impedido. Pelas 9.00 hora tendo recebido um oficio do vice-cônsul inglês, que foi informado pelo da decisão portuguesa de responder a qualquer represália,  o comandante da corveta capitão-de-fragata Carlos Craveiro Lopes (5) reuniu o conselho de oficiais, ficando resolvido fazer-se fogo contra os barcos piratas, no caso deles continuarem a não obedecer às suas intimações. Pelas 11 horas silvou uma bala por entre os mastros da corveta, tendo Craveiro Lopes içado a bandeira nacional no tope do mastro da gata da corveta – sinal combinado com as 19 lorchas para romper o fogo – e consequentemente lançaram ferro e fogo sobre os taumões estabelecendo o pânico entre os piratas que abandonaram precipitamente os seus barcos, deixando além dos estragos, os mortos e feridos. As equipagens da corveta e das lorchas devidamente armadas, não perderam tempo em se meterem nos seus escaleres, para se lançarem à abordagem dos taumões que se encontravam sem viva alma mas atestados de riquíssimo despojos – uma enorme quantidade e variedade de armas brancas e de fogo, caixas de bolas de ópio, riquíssimas cabaias de delicadíssimo brocado, muito delas bordadas a primor, figuras de marfim, barro e madeira, charões, vasos, porcelana, (“sendo tudo escaqueirado”, segundo Padre Teixeira). A artilharia foi recolhida a bordo da corveta, excepto aquela que era demasiado grande e pesada, que foi lançado ao mar.
Seis dos juncos dos piratas encontravam-se em mau estado pelo que Craveiro Lopes resolveu mandá-los afundar no próprio local depois de terem sido inutilizadas as peças A este combate puseram os marinheiros portugueses o nome de «combate das cabaias»
As negociações com as autoridades chinesas continuaram até finais de Julho, acabando aquela por satisfazer toas as exigências incluindo o pagamento de uma indeminização de 3 000 pesos. No dia 11 de Agosto foram afixados editais por parte do Governo da China e do Cônsul Português em Neng Po, Francisco Marques, com as declarações que a questão com os portugueses se achava terminada e que entre as duas Nações continuavam a existir as antigas relações de comércio e amizade.
Todos os membros da guarnição na corveta tiveram direito ao seguinte averbamento nas suas notas de assentamento «Ataque e aprisionamento pela corveta D. João I das forças navais do pirata Apak, no rio Yung-Kiong, em 10 de Julho de 1854»
(1) Neng Pó ou Ning Pó actual Ningbo (寧波) (Meng-Tchau como era conhecida na dinastia Meng) e o Porto de Neng Po, (Port of Ningbo-Zhoushan 宁波舟山港) ficam na Província de Zhejiang (Chekiam / Tchit-Kóng), no norte da China. Para o norte, a baía de Hangzhou separa Ningbo de Xangai; a leste fica Zhoushan no Mar da China Oriental; no oeste e no sul, Ningbo faz fronteira com Shaoxing e Taizhou, respectivamente.
A cidade de Ningpo foi identificada, erradamente, como a famosa Liampó citada por Fernão Mendes Pinto e João de Barros No entanto, hoje, segundo investigadores, identifica Liampó com a actual Zhenhai (鎮海 – Tchân-Hói), na embocadura do rio Iông (Yung) – um distrito municipal em Ningpo.
Ver:
https://en.wikipedia.org/wiki/Ningbo
https://en.wikipedia.org/wiki/Zhenhai_District
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/11/04/noticia-de-4-de-novembro-de-1843-conferencia-luso-chinesa-em-cantao/
(2) Algumas das peças faziam parte do armamento da malograda fragata D. Maria II, que no dia 19 de Outubro de 1850, teve uma explosão na Ilha da Taipa.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fragata-d-maria-ii/
(3) A corveta D. João I largou de Lisboa a 6 de Outubro de 1853 sob o comando do capitão-de-fragata Carlos Craveiro Lopes para a segunda comissão na estação naval de Macau, fazendo escala pelo Cabo de Boa Esperança e Timor. Veio como imediato do navio o 1.º tenente Joaquim de Fraga Pery de Linde e faziam quartos os tenentes Zeferino Teixeira, João António da Silva Costa, José Maria da Fonseca e João Eduardo Scarnichia. O médico era Faustino José Cabral.
Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/04/20/leitura-a-corveta-d-joao-i-e-o-ultramar-portugues/
4) Rio Yong – 甬江, um dos principais rios da China localizado em Ningbo. Formado pela convergência de dois rios rio Fenghua e rio Yao.
(5) Carlos Craveiro Lopes (1807 – 1865) militar português.. Ver biografia em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Craveiro_Lopes
Informações recolhidas de
GOMES, Luís Gonzaga – Páginas da História de Macau, 2010.
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII (1808-1975), 1997, pp 109-110.
TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau, 1988, p.91.

Deste livro, (1) transcrevo os dados históricos da corveta «D. João I» relacionados com as comissões em Macau; alguns dados não são condicentes com o publicado nas minhas postagens anteriores (2), dados esses que na altura recolhi do Arquivo Histórico da Marinha (3)
Pelo seu armamento em Goa, assumiu o comando o capitão de mar e guerra José António Marcelino Pereira e entrou pela primeira vez no porto de Lisboa, ido de Goa em 1831. O Governo francês, nas lutas entre liberais e miguelistas, tomou conta de vários navios de guerra portuguesa, entre eles, a corveta «D. João I» que enviou para Brest em 11 de Julho de 1831.
Após negociações ao fim de três anos, foi resgatada em 1834, tendo uma guarnição portuguesa chefiada pelo capitão-tenente João Maria Ferreira do Amaral partido e trazido de Brest com partida a 25 de Julho e chegada ao Tejo a 30 de Julho de 1834.

http://portalbarcosdobrasil.com.br/bitstream/handle/01/643/003101.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Na sua oitava comissão (a primeira em direcção a Macau), saiu a 23 de Outubro de 1849, sob o comando do capitão-tenente Isidoro Francisco Guimarães, para a estação naval da América do Sul e dali para a de Macau em viagem sem escalas. Chegou ao seu destino, depois de 105 dias de viagem, isto é, a 25 de Abril de 1851. O comandante Guimarães deixou o comando ao oficial imediato, capitão-tenente Domingos Roberto de Aguiar, em 19 de Novembro por ter sido nomeado Governador de Macau.
A corveta partiu de regresso a Portugal a 27 de Dezembro e chegou a Lisboa em 18 de Agosto de 1852.
Na sua décima comissão, a missão de corveta era exigir das autoridades chinesas uma satisfação oficial e pecuniária pelas depredações e injúrias feitas ao comércio marítimo português pelo famoso pirata Apack que na altura havia atacado e roubado diferentes lorchas macaístas. Largou a 6 e Outubro de 1853 sob o comando do capitão-de-fragata Carlos Craveiro Lopes para a Estação Naval de Macau com escala pelo Cabo de Boa Esperança e Timor.  
Era imediato do navio o 1.º tenente Joaquim de Fraga Pery de Linde e faziam quartos os tenentes Zeferino Teixeira, Silva Costa Fonseca e João Eduardo Scarnichia.
O médico era Faustino José Cabral. Seguiam embarcados 10 guarda marinhas (entre estes Carlos Eugénio Correia da Silva (mais tarde conde de Paço d´Arcos)
Em 1 de Fevereiro de 1854 navegava no arquipélago de Sonda com mar de vaga larga, vento oesnoroeste fresco e céu limpo. Sucederam-se calmas, ventos variáveis e trovoadas que cansaram extraordinariamente a guarnição, pelas repetidas manobras que teve de fazer.
Seguia como intérprete o hábil e honesto João Rodrigues, de Macau. Uma parte da esquadra do pirata encontrava-se entre Ning-Pó e Compó, na força de 6 táo-maus ou juncos e 1 haipó, de 32 peças de artilharia. Parte desta artilharia havia sido da fragata D. Maria II, destruída em Macau pela explosão do seu paiol da pólvora.
Em Macau, cedeu à canhoneira «Camões», 12 carabinas pelo que ficou reduzida a 54 visto terem-se inutilizado as restantes.
Em 14 de Maio de 1854 largou a corveta de Macau com destino a Ning-Pó- Fu, fazendo escala por Hong Kong e Amoy. Entrou em Hong Kong no dia seguinte e largou a 17 para Amoy.
Fundeou diante da cidade de Ning-Pó-Fu a 22 de Junho. (4)
A corveta, em 1856 largou para Portugal e a 18 de Janeiro do ano seguinte entrava o Tejo. Em 1 de Agosto de 1859 tendo terminado as reparações, armou, assumindo o comando o capitão de fragata Feliciano António Marques Pereira.
A Décima primeira Comissão, novamente rumo a Macau (missão: viagem diplomática ao Japão) saiu em 28 de Agosto de 1859, sob o comando do capitão de fragata Feliciano António Marques Pereira, fazendo escala por Luanda, para onde levava passageiros e dinheiro, e por Dili. Apanhou uma tempestade próximo do cabo de Boa Esperança, passou por Batávia (autoridade holandesa) onde esteve 13 dias no porto e de onde saiu em 17 de Janeiro de 1860 em direcção a Dili que alcançou a 24 do mesmo mês – passado 6 dias largou para Macau onde só conseguiu ancorar em 15 de Março, devido a ventos banançosos e contrários.
Em Macau recebeu ordem do Governador para partir para Xangai fazendo escala por Hong Kong. Largou a 27 de Maio, tocou em Hong Kong na madrugada do dia seguinte, e saiu para o norte a 5 de Junho.
No dia 23 fundeou em frente de Wussung, um dos afluentes do Yang-Tsé, e a 29 foi embarcar na corveta o Governador de Macau, capitão-de-mar-e-guerra Isidoro Francisco Guimarães que seguia para o Japão na qualidade de ministro plenipotenciário a negociar um tratado de paz e comércio com os japoneses. A corveta em 5 de Agosto largou para Yokohama a fim de se abastecer e no dia 1 de Setembro subiu o rio Wussung e foi largar âncora em Xangai com a missão de proteger o consulado português (luta na China com os ingleses e franceses) e os mais súbditos portugueses pela maior parte macaístas, que ali se achavam empregados ou estabelecidos.
Em 10 de Outubro por ordem do Governador de Macau, largou para o porto de Amoy a exigir uma indeminização ao governador chino pelos roubos praticados pelos chineses num vapor mercante português. Entrou em Amoy a 14 de Outubro. Por ordem do mesmo governador a corveta largou a 29 para Macau onde entrava a 2 de Novembro para nova missão, em 1861 – segunda viagem diplomática.
A Décima Quinta Comissão foi novamente rumo a Macau, em 1869
A última viagem (décima nona comissão) foi cruzeiro na costa Angolana tendo largado a 22 de Novembro de 1873 e recolheu a Luanda a 10 de Dezembro.
(1) ESPARTEIRO, António Marques (capitão-tenente) – A corveta «D. João I» e o Ultramar Português. Subsídios para a História da Marinha de Guerra XII. Separata n.º 288 do Boletim da Agência das Colónias. 1949.
Este livro está disponível para leitura em:
http://portalbarcosdobrasil.com.br/bitstream/handle/01/643/003101.pdf?equence=1&isAllowed=y
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/corveta-d-joao-i/
(3) https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=2421)
(4) Sobre este combate publicarei numa próxima postagem.

O Directório de língua inglesa (1) de 1888 apresentava a lista dos navios portugueses que constituíam a esquadra naval portuguesa na China.
A corveta «Bartolomeu Dias» (2) foi uma corveta mista – com propulsão à vela e a vapor – ao serviço da Marinha Portuguesa, entre 1858 e 1905.
A corveta foi construída, em madeira, no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, em 1858, sendo a primeira corveta da Marinha Portuguesa com propulsão a vapor.
Na sua viagem inaugural, foi responsável por trazer para Portugal D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, noiva do Rei D. Pedro V de Portugal. O navio foi comandado desde a sua entrada ao serviço, pelo infante D. Luís, irmão do Rei e oficial da Marinha.
A corveta Bartolomeu Dias foi incendiada em Angola, em 1905, por já não se achar em condições de utilização.
Lançamento:2 de janeiro de 1858
Período de serviço: 1858 – 1905 (desmantelado)
Deslocamento :2377 t
Propulsão: três mastros de velas redondas
Máquina a vapor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Dias_(corveta)

Chegada a Lisboa da Rainha Dona Estefânia a bordo da corveta “Bartolomeu Dias”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Dias_(corveta)#/media/File:CorvetaBartolomeuDias1859.jpg


As canhoneiras Rio Lima (1875-1910), Rio Vouga (1882-1909), Rio Sado, (1875-1921) e Rio Tâmega (1875-1921) (3) fazem parte da chamada classe «Rio Lima». A canhoneira Rio Vouga foi construída no Arsenal de Marinha em Lisboa, e as restantes em Inglaterra. (4)

A canhoneira Rio Vouga (1882-1909)

Características técnicas:
Deslocamento: 645 toneladas
Dimensões: 45,4 m comp; 8,6 m boca; 3 m calado
Armamento: 2 peças de 9 libras; 2 peças de 4 libras; 1 peça de 3 libras
Propulsão: 2 mastros de velas; 1 maq. de 500 h.p.; 1 maq. 750 h.p.; 1 veio = 10 nós
Guarnição: 100 marinheiros
http://osrikinhus.blogspot.pt/2009/10/canhoneira-rio-vouga-1882-1909.html
A canhoneira Tejo (1869 – 1900) foi construída nos estaleiros do Arsenal da Marinha em Lisboa.
Wenceslau de Morais esteve em serviço nas canhoneiras Tejo (1889 até 1891) e Rio Lima (de 8-07-1888 a 31-09-1889)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/canhoneira-tejo/

Canhoneiras “Guadiana” (1879-1892); Tejo (1869-1900) e “Faro” (1878-1912)
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/07/marinha-de-guerra-no-sec-xix-1.html

O vapor Dilly (1893-1905) foi adquirido em 1891 para operar em Timor. Foi abatido ao efectivo em 1905.
Por Portaria de 17 de Dezembro de 1892 foi determinado que deveria ser considerado relativamente ao Governo de Macau e ao Comando da respectiva Divisão Naval nas mesmas circunstâncias de qualquer dos vapores da flotilha do Zambeze. Em 1899 foi entregue ao Governo do distrito autónomo de Timor.
Por Despacho Ministerial de 17 de Outubro de 1905 foi mandado abater à lista dos navios de guerra.
https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=5257
NOTA: Esquadra de Guerra Portuguesa em 1880:
Corveta-Couraçada: “Vasco da Gama”;
Corvetas: “Bartolomeu Dias”, “Estefânia”, “Duque da Terceira”, “Sá da Bandeira”, “Rainha de Portugal” e “Mindelo”;
Canhoneiras: “Tâmega”, “Sado”, “Rio Lima”, “Tejo”, “Douro”, “Quanza”, “Bengo”, “Mandovi”, “Rio Ave”, “Guadiana”, “Tavira”, “Faro” e “Lagos”;
Transportes à Vela: “África” e “Índia”;
Transportes a Vapor: “Guiné” e “Fulminante”;
Navios-Escola: Fragata “D. Fernando II e Glória”, Corveta “Duque de Palmela” e Corveta “Sagres”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_navios_de_guerra_portugueses
(1) Retirado de “The Directory & Chronicle for China, Japan, Corea, Indo-China, Straits”, 1888.
https://books.google.pt/books?id=zYpEAQAAMAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false
(2) Corveta – Antigo navio de guerra com três mastros; moderno navio de guerra dotado de armas antiaéreas e anti-submarinas.
Por Corveta começaram a ser designados no século XVIII os navios de guerra semelhantes às fragatas, mas de menor dimensão. Tal como as fragatas, as corvetas tinham três mastros de velame, mas, ao contrário daquelas, não dispunham de uma bateria inteira coberta de canhões.
http://salvador-nautico.blogspot.pt/2010/04/corveta_14.html
(3) O A canhoneira “Tamega” está referenciada no Directório de Macau de 1885, com a seguintde guarnição:
(4) Uma canhoneira é uma embarcação armada com um ou mais canhões. O termo é bastante genérico e foi aplicado a vários tipos de embarcações de guerra. No entanto, a partir de meados do século XIX, foi usado, sobretudo para designar as embarcações de pequeno e médio porte, usadas pelas grandes potências no policiamento naval das suas colónias.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Canhoneira

“No dia 14 de Fevereiro de 1851, saiu para Goa a corveta Iris, (1) para ir fazer concerto geral do lume de água para cima, e conduziu algumas praças inválidas. O segundo-tenente Celestino (2) que pertencera à guarnição da fragata D. Maria II (3) foi nesta corveta. Este indivíduo é notável na marinha portuguesa, e talvez em toda a nação, pela sua extraordinária obesidade, e pelo muito que bebe; no tempo em que esteve mais gordo pesou 14 arrobas e 7 arráteis.(4) 
Não é excessivo em comer, mas bebe extraordinariamente. Está nos seus 38 anos e já se diz um bebedor decadente, uma barcaça arruinada. No seu tempo dourado, como ele diz, enxugava 18 garrafas de vinho de meia canada (5) a uma comida, mas hoje declara que qualquer meio almude (5) lhe faz dar a borda. Nunca porém tomou bebedeira completa, ou encalhou o espírito, na frase dele. Viu-se-lhe numa ocasião beber 4 copos a fio, cheios com a genebra (6) contida em duas botijas de Holanda. (7) 
É um homem muito engraçado, e apesar da sua gordura é ligeiro, e trepa pelas enxárcias. (8) 
Falando desta circunstâncias, por serem raras, estamos certos que não ofendemos o tenente Celestino, porque conhecemos o seu carácter folgazão, sendo ele o próprio que a todos as declara, e sobre elas graceja.” (9)
(1) Corveta “Íris” construída em Lisboa, concluída em 1845, de 35 m de comprimento e com 24 peças. Em Fevereiro de 1850, largou do Rio de Janeiro para a Estação Naval de Macau. Em Fevereiro de 1851, largou de Macau para a Estação de Goa para receber fabricos. Foi desmanchada em 1853 por inútil.
corveta-irishttps://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=2817
Revista Universal Lisbonense redigido por António Feliciano de Castilho Tomo III ANNO DE 1843 -1844.
https://books.google.pt/books?id=9Q4XAAAAYAAJ&pg=PR5&lpg=PR5&dq=Corveta+
(2) O Segundo Tenente, João Maria Celestino (e não “Celestiniano” como refere Padre Teixeira em «Os Militares em Macau», 1975) da guarnição da Fragata D. Maria II foi o oficial (e único) mais graduado que escapou à explosão pois estava destacado na Vila da Taipa, não se encontrando na fragata na altura da explosão.
A tragédia – Explosão da Fragata D. Maria II – ocorreu na Taipa a 29 de Outubro de 1850. A guarnição de 224 praças apenas dela restou 36 tendo perecido 188.
João Maria Celestino vem referenciado no «Livro Mestre do Corpo da Armada Real – Volume IV» como Primeiro-tenente. (https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=9039)
segundo-tenente-joao-maria-celestinoRepartição da Marinha e do Ultramar,. Disposições Governativas. Secção de Marinha N.º 144- Quartel General da Marinha 30 de Junho de 1846.
https://books.google.pt/books?id=aQQ5AQAAIAAJ&pg=RA1-PA28&lpg=RA1-
taipa-sepulturas-vitimas-d-maria-iiFONTE: Sepultura das vítimas da exposição da fragata D. Maria II na bahia de D. João
Autor: não identificado; Data: ?
IICT/Cartografia; Centro de Documentação e Informação; Centro de História do Instituto de Investigação Cientifica Tropical, Lisboa Portugal
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD5094
(3) Sobre este assunto:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fragata-d-maria-ii/
(4) Arroba – Unidade de medida equivalente a 14,69 kg.
Arratel – antigo pêso de 16 onças que equivale aos 459 gramas.
(5) Canada – Antiga medida de líquidos que era a 12ª parte do almude.
Almude antiga medida de capacidade correspondente às 12 canadas, cerca de 32 litros.
(6) Genebra – Licor espirituoso feito de aguardente e bagas de zimbro.
(7) Botija ou garrafa de grés destinado a bebidas alcoólicas, principalmente genebra.
(8) Enxárcias – conjunto de todos os cabos de um navio que seguram os mastros e mastaréus.
https://www.priberam.pt/dlpo/genebra 
(9) CALDEIRA, Carlos José – Macau em 1850. Crónica de Viagem. Quetzal Editores, 1997.

Notícia no «Diario Illustrado» (Lisboa) do dia 22 de Janeiro de 1909, (1) a recordar o afundamento do brigue «Mondego» (2) no dia 22 de Janeiro de 1859, próximo do arquipélago das Maurícias, numa viagem de Macau para Lisboa.
diario-illustrado-22jan1909-brigue-mondego-idiario-illustrado-22jan1909-brigue-mondego-iiO brigue, de 20 peças, foi construído no Arsenal da Marinha pelo construtor Joaquim Jesuíno da Costa e lançado à água em 28 de Outubro de 1844. A quilha foi posta em 4 de Abril do mesmo ano. Também aparece como navio de 14 peças. A lotação era de 130 homens.
Esteve em Macau em Maio de 1852, onde deu fundo na Taipa. Em Julho de 1852 largou para Timor, conduzindo o novo Governador Capitão D. Manuel de Saldanha da Gama. O brigue largou de novo a 25 de Novembro de 1853 para nova missão em Macau e chegou a este território a 29 de Maio de 1954, após seis meses e cinco dias de viagem. (3) E a partir de 1855, passou a servir na Estação Naval de Macau. Em Outubro de 1856, largou para Hong-Kong com o Governador de Macau, Isidoro Francisco Guimarães. (4) Em Julho do ano seguinte, saiu em cruzeiro para a costa da China e, em Maio, visitou vários portos da China. Em Janeiro de 1859, largou para Sião e conduziu o mesmo Governador de Macau para assinar o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Portugal e o reino de Sião.
Em Dezembro do mesmo ano, partiu de Macau com destino a Lisboa. Reparou em Singapura, tendo o construtor naval assegurado que o navio podia empreender sem receio a sua viagem para a Europa. Partiu em 20 de Dezembro desse ano. Durante a travessia o navio sofreu graves avarias conservando-se à tona com grandes dificuldades. Tendo avistado a galera americana “Uriel”, de Boston, pediu socorro. Da galera prontificaram-se a recolher o pessoal, com extrema dificuldade, em consequência do grande mar. Durante a faina de salvamento, o Mondego afundou-se com os seus 40 tripulantes. O total de sobreviventes foi de 66 e o de falecidos 44. Os náufragos do Mondego chegaram a Lisboa em 26 de Abril de 1860. (3)
https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=925
(1) diario-illustrado-22jan1909-cabecalho-do-jornal
(2) Sobre o brigue «Mondego» ver anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/1859/
(3) A descrição mais pormenorizada do naufrágio encontra-se descrita na biografia de José Feliciano de Castilho (Cavaleiro da antiga Ordem da Torre e Espada, segundo-tenente da armada, engenheiro hidrógrafo) um dos que sobreviveu a este acidente, em:
 http://www.arqnet.pt/dicionario/castilhojosef2.html
(4) Sobre este Governador,  ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/isidoro-francisco-guimaraes/