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10-01-1667 – Chegaram, pela tarde, acompanhadas pelos mandarins de Hèong-Sán e da Casa Branca, três das dez ou quinze autoridades superiores da fiscalização do litoral, que vieram de Cantão, para se certificarem do cumprimento da ordem imperial, que mandava retirar as populações do litoral para o interior, estando Macau abrangida nessa ordem. Estas autoridades partiram logo, no dia seguinte. Durante a sua breve estadia visitaram a Fortaleza do Monte, que salvou com 5 peças, o mesmo fazendo a Fortaleza da Nossa Senhora da Guia, quando elas se foram pelo Campo, para a Porta do Cerco. (1)  

15-02-1667 – O mandarim de Heong San intimou a cidade de Macau a cumprir a ordem de Pequim (2)de transferir a cidade para o interior, prometendo, no entanto, tratar de conseguir a sua reabertura comercial, no caso de lhe serem dados 250 000 taéis. Dias antes, chegaram 12 barcos para porem o cerco à cidade da banda de Oitem (Lapa) e da Taipa, impedindo a saída das lorchas para a pesca e para buscar lenha, fechando-se também a Porta do Cerco, por onde já era impedida a vinda do arroz há 20 dias. Feita a promessa, reabriu-se a Porta do Cerco três dias depois, retirando-se também a flotilha. (1)

31-03-1667 – Chegaram cartas de Cantão dando a notícia de que o Vice-Rei dessa cidade tinha ordenado o envio de barcas a Macau a fim de transportar os habitantes com todos os seus bens para o interior, em conformidade com a ordem imperial da transferência das populações do litoral para as terras de dentro, devido aos ataques do pirata Coxinga., adversário dos Manchus. (1) (3). A embaixada de Saldanha conseguiria demover o Imperador. (4)

7-04-1667 – O Mandarim de Casa Branca oficiou aos moradores de Macau, ordenando que preparassem as suas bagagens a fim de serem transportados para Cantão, onde fora já escolhido o sítio com casas para sua residência, devendo entretanto ser feita a concentração na vila de Hèong-Sán, onde algumas barcas estavam esperando para transportar para Cantão, em consequência da ordem imperial que mandava transferir todas as populações do litoral para o interior, devido aos ataques do pirata Coxinga. (1)

18-04-1667- O mandarim de Hèong Sán comunicou que viria a Macau, estando a Porta do Cerco estava fechada há 39 dias mas, no dia seguinte, informou que não poderia vir e convidou o Senado a avistar-se com ele na Casa Branca. O Senado, receando alguma armadilha, mandou-lhe dizer que não era costume sair do lugar em que sempre têm sido tratados os negócios desta cidade e que, querendo, viesse ele, portanto a Macau. (1)

Todos os anos os chineses exerceram pressão sobre Macau, invocando serem ordens do Imperador. Mas não eram. O Suntó ou Vice Rei de Cantão provou as suas culpas acabando por se enforcar (4)

(1) GOMES. Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(2) Devido aos ataques constantes do pirata Coxinga, sediado na Formosa, o Imperador chinês decidiu pôr em prática um decreto obrigando ao recuo de quatro léguas para o interior nas cinco províncias d Sul da China ((A.N.M. – DITEMA, Volume IV, 2011 p.1323

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/zheng-chenggong-%E9%84%AD%E6%88%90%E5%8A%9F-coxinga/

(4)) Manuel Pereira Saldanha, que foi enviado como Embaixador de Portugal à corte de K´ang Hsi (Kangxi), não conseguiu resolver as pendências que levava (aspirava libertar Macau e restituir-lhe a continuidade como intermediária entre o comércio interno e externo nos mares da China) e faleceu na cidade de Uai-On-Fu (Huaiyin) no dia 21 de Outubro de 1670, no regresso da sua embaixada a Pequim. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 181-182, 187)

11-08- 1714- (1) Tomou posse do governo de Macau D. Francisco Alarcão Sotto-Maior, natural de Óbidos, que foi também Governador de Moçambique e Rios de Sena e Capitão –Mor da Armada do Canará e Costa do Sul  (2)

De 1714 e até 4 de Agosto de 1718, (3) embora com poucos anos na Índia, mas muito recomendado pelas suas qualidades, governa Macau D. Francisco de Alarcão Sotto Mayor. Este Governador cumpriu cargo homólogo em Moçambique, (4) e as relações entre os dois pontos a administração portuguesa devem ser estudadas com o auxílio de DITEMA, Vol III, pp 1022-1023. (5) No seu tempo no Oriente, equaciona-se a viagem Macau-Brasil que, não tendo resultado abre caminho para um futuro próximo. Também no seu governo se fizeram magníficas celebrações dos 60 anos de K´ang-Hsi; terão sido tão brilhantes que o Imperador se mostrou favorável aos moradores de Macau. (2)

(1) Erradamente Luís G. Gomes indica 13-07-1714 como data da posse: “ Tomou posse do governo de Macau Dom Francisco Alarcão Sotto-Maior, que foi também Governador de Moçambique e Rios de Sena e Capitão-Mór da Armada do Canará e Costa do Sul” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954. Anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-alarcao-sotto-maior/

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, p. 223.

(3) Nomeado em Goa, Governador de Macau, António de Albuquerque Coelho, e não conseguindo encontrar transporte, atravessou o Indostão, a custo de muitas fadigas e perigos e chegou neste dia 5 de Agosto de 1717 a Madrasta, com destino a Macau.

(4) D. Francisco de Sottomaior, filho do fidalgo Goês Lourenço de Sottomayor e de Inês de Vilhena, foi Governador de Moçambique entre 1716 e 1719.

(5) “Existem, de qualquer forma alguns testemunhos documentais esclarecendo o cruzamento de militares, administradores e funcionários coloniais, frequentemente convocando as suas carreiras africanas ou macaenses para nesses territórios ascenderem nas hierarquias da representação da soberania portuguesa. É o que ocorre, entre vários outros casos, em 1714, como governador de Macau, D. Francisco Alarcão Sottomaior que se desloca para o enclave português do Sul da China depois de cumprir carreira homóloga no território que, nessa época, se designava por Moçambique e Rios de Sena”. (I.C.S. – Relações de Macau com Moçambique in DITEMA, Vol III, p. 1022)

Morre em Macau pouco depois de receber o barrete cardinalício, o Legado Pontifício D. Carlos Tomás Maillard de Tournon.(1)

Charles.Thomas Maillard de Tournon (1668-1710), cardeal e legado papal, oriundo de uma família nobre da Sabóia, em Itália, nasceu em 21 de Dezembro de 1668 e morreu em “prisão domiciliária” em Macau, a de Junho de 1710.

Nomeado legado a latere para a Índia e China em 7 de Dezembro de 1701 pelo Papa Clemente XI, tendo sido consagrado bispo com o título de Patriarca de Antioquia, na Basílica de S. Pedro no Vaticano. Os objectvos fundamentais da legatura eram os de estabelecer concórdia entre os missionários\ europeus em trabalho nas regiões asiáticas, encontrar meios de socorrer às necessidades missionárias dessas extensas regiões, informar a Santa Sé acerca da condição e funcionamento das missões e , finalmente, impor a decisão da Santa Sé contra os chamados ritos chineses entre os naturais da China.

Tournon demonstrou muito pouca prudência e comportamento intransigente  nas suas decisões quer na Índia quer na China. Chegou a Macau a 2 de Abril de 1703 (incompatilizou-se em conflito aberto com o bispo de Macau, D. João de Casal) e chegou a Pequim a 4 de Dezembro de 1705. Recebido pelo Imperador Kangxi, foi expulso da China, bem como todos os missionários que manifestassem os ritos chineses. (1) (2)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 218.

(2) TRS – DITEMA, Dicionário Temático de Macau, Volume IV, 2011, Universidade de Macau, pp. 1448-1450