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Neste dia de 1 de Julho de 1758, tomou posse da capitania Geral e Governo de Macau o Moço e Escudeiro Fidalgo Dom Diogo Pereira, natural de Baçaim, (1) filho de D. António Pereira, Moço Fidalgo e neto de D. João Pereira. (2)
Dom Diogo Pereira governou Macau até 4 de Julho de 1761, data da posse do novo governador, António de Mendonça Corte-Real, natural de Goa. (3).
Foi durante o governo de D. Diogo Pereira que em 3 de Setembro de 1759, em Portugal, o Marquês de Pombal acabou com a Companhia de Jesus e seus missionários. No primeiro aniversário do atentado contra D. José I, uma lei declarou-os rebeldes, traidores, adversários e agressores da pessoa do Soberano e seus Estados como tais, desnaturalizados, banidos e exterminados, resolvendo-se a sua expulsão do território nacional e dos domínios e proibindo-se toda a comunicação com eles por palavras ou escrito sem imediata e especial régia. No entanto, o cumprimento da ordem de prisão dos jesuítas em Macau só se efectuou em 05-07-1762 com a prisão dos primeiros 24 missionários S.J que se encontravam em Macau. (4)
NOTA: Foi nesse ano de 1758 que ficou concluída a Igreja do Seminário de S. José Na fachada da Igreja do Seminário de S. José há uma lápide que diz: « A primeira pedra deste templo dedicado a S. José  foi lançada no Ano da Redenção de 1746 pelos Padres da Companhia de Jesus, que o acabaram de construir no ano de 1758.» Foi decorado no ano de 1803; mas deteriorado pela intempérie, durante 200 anos, o bispo de Macau, D. João de Deus Ramalho, S. J. tratou de o restituir ao antigo protótipo no ano de 1953. (4)

A fortaleza de Baçaim foi fundada por Nuno Da Cunha, Governor da Índia Portuguesa, em 1524

Mapa de 1538

(1) Baçaim ou Bassein, (actualmente Vasai-Virar) na antiga Índia Portuguesa, importante cidade/porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 quilómetros ao norte de Bombaim, (hoje Mumbai)no estado de Maharashtra, no noroeste da Índia.
Pertenceu a Portugal entre 1534 e 1739, com excepção da ilha de Bombaim, a zona central da actual cidade, cedida por estes aos britânicos em 1665.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%A7aim
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(3) “28-06-1758 – O Governador Francisco António Pereira Coutinho avisa o Senado de que o novo Governador D. Diogo Pereira se achava em Macau e tomaria posse a 1 de Julho. Coutinho, Moço e Escudeiro Fidalgo, natural de Taná, era filho de João Pereira Coutinho, neto de Manuel Pereira Coutinho., Cavaleiro Fidalgo, e bisneto de António Pereira Coutinho. Francisco António Pereira Coutinho foi governador de 14 de Julho de 1755 a 1758 (4)
(4) SILVA, Beatriz B. – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.

“Por Provisão de El-Rei D. João VI de 19 de Dezembro de 1821, se faz saber ao Governador do Estado da Índia que as Cortes Gerais e Extraordinárias da nação ordenam que os Governadores das Províncias Ultramarinos se não chamem mais Capitães-gerais mas usem somente o título de Governadores.”
Macau conheceu sucessiva, alternada ou concomitantemente os seguintes agentes de Governo: Chefe Ocasional, (1) Capitão de Terra, (2) Capitão-mor da Viagem ao Japão, (3) Capitão da cidade, (4) Capitão de Guerra, (5) Capitão-mor da cidade, (6), Conselho do Governo ou Junta governativa, (7) Governador e Capitão-Geral, (7) (8), Capitão-Geral (9) e Governador-Geral (10) 

MACAO – António Mariz Carneiro
1639

Alguns exemplos dos titulares do governo de Macau:
(1) 1557-1558 – Governo ocasional de Leonel de Sousa.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leonel-de-sousa/
(2) Nos primeiros tempos de Macau havia um Senado, cujos membros eram eleitos a intervalos regulares. Um capitão-mor, nomeado pelo vice-rei da Índia, que seguia anualmente para o Japão, aguardava em Macau a monção favorável para a viagem e, durante este tempo era-lhe confiada a presidência do Senado.
1558-1587 – Governo de Diogo Pereira – capitão de terra nomeado pela população, governado com 2 homens-bons, sem prejuízo para o capitão da viagem ao Japão que sobrepõe enquanto permanecia em Macau, e sempre na dependência do Vice-Rei da Índia.
(3) 1558-1559 – Rui Barreto – Capitão-Mor da Viagem ao Japão.
(4) 1600 – D. Paulo de Portugal – Capitão da Cidade.
(5) 1616 – Francisco Lopes Carrasco foi nomeado governador permanente de Macau, mas não chegou a tomar posse efectiva do cargo. Deveria encarregar-se das fortalezas. Viria no entanto mais tarde, como Capitão de Guerra, independente do Capitão-Mor da Viagem ao Japão.
Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/
(6) 1616-1617 – Lopo Sarmento de Carvalho – Capitão-Mor da Cidade. Cargo que repetiu em 1621-1622. 1632 e 1634.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lopo-sarmento-de-carvalho/
(7) 1622 – 1623 – Um conselho de Governo de quatro membros, presidido por frei António do Rosário, tomou conta do governo, até à chegada, nesse ano, do primeiro governador e capitão-geral, D. Francisco Mascarenhas.
(8) 7 de Julho de 1623 – Posse de D. Francisco Mascarenhas (cercou de muralha a cidade). Governou então, a chamada Primeira Capitania Geral de Macau,  até 18 de Julho de 1626.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-mascarenhas/
(9) 1628 – D. Jerónimo da Silveira – Capitão-Geral
(10) Nessa data de 18 de Dezembro de 1821 estava no governo de Macau, José Osório de Castro de Albuquerque que foi substituído em 23 de Setembro de 1823, por uma comissão absolutista chefiada pelo Major Paulino da Silva Barbosa. O primeiro governador com regalias legais de Governador, depois do liberalismo (1822), foi Bernardo José de Sousa Soares Andrea.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bernardo-jose-de-s-s-de-andrea/
Informações retiradas de:
SILVA, Beatriz Basto da – Elementos de História de Macau, Volume 1, 1986 e Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1998;
Anuário de Macau de 1980.

REGO, A. DA SILVA – MACAU e a semana do ultramar português de 1951. Sociedade de Geografia de Lisboa, 1951, 63, + [4] p., il.; 20,5 cm x 14,5 cm
Este opúsculo, conforme refere o autor no Prefácio, resultou da conferência que este proferiu na semana do ultramar português, em 1951, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
“As páginas que se oferecem hoje ao público, escritas a pedido da Sociedade de Geografia de Lisboa, não são, nem querem ser, uma monografia sobre Macau. Se há colónias sobre as quais é difícil escrever qualquer monografia, Macau é certamente uma delas. O fim deste opúsculo é outro: facultar, durante a Semana do Ultramar Português deste ano de 1951, algumas ideias gerais sobre que se possam glosar palestras acerca daquele nosso vestuto e glorioso estabelecimento…” 
O livro está dividido em 4 Capítulos:
CAPÍTULO I: GEOGRAFIA FÍSICA
1) Situação
2) A terra
3) O clima
CAPÍTULO II: GEOGRAFIA HUMANA
1) População marítima
2) População terrestre
3) População chinesa e população portuguesa
CAPÍTULO III: GEOGRAFIA ECONÓMICA
1) Indústrias
2) Comércio
3) Comunicações
4) O porto de Macau
CAPÍTULO IV: A ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA EM MACAU
1) Situação particular de Macau
2) A assistência em Macau
CAPÍTULO V: UM POUCO DE HISTÓRIA
1) De 1557 a 1583
2) De 1583 a 1834
3) Desde 1834 até nossos dias
Estão incluídas 2 fotografias e 2 mapas:
entre pp 18-19: foto da Avenida Almeida Ribeiro e mapa de Macau no Delta de Cantão
entre pp. 50-51: foto com vista aérea do centro da Cidade e mapa de Macau e as ilhas vizinhas.
Pequeno enxerto do Capítulo V – Fundação de Macau (49-50 pp.)
Quem seria o primeiro chefe de Macau, o primeiro capitão, o primeiro governador? A resposta não deixa de ter o seu interesse: o mesmo Diogo Pereira, que antes fora embaixador nomeado para ir até Pequim, o mesmo grande amigo de Xavier. Haverá aqui, neste facto, qualquer coisa superior a simples coincidência? O Governo de Macau passou a ser exercido por este capitão da terra, ajudado por dois outros comerciantes. O capitão do mar, ou da frota comercial que frequentava os mares da China e do Japão, também era consultado e, por vezes, assumia igualmente o mando”
Recordar que Diogo Pereira foi um mercador português e amigo de São Francisco Xavier, graças a quem os restos mortais do santo se encontram sepultados em Goa.
“Xavier encontra a morte em 1552 na Ilha de Sanchoão. Foi primeiramente aí sepultado, mas em Fevereiro de 1553, os seus restos mortais, encontrados incorruptos, foram transportados da ilha e temporariamente sepultados na Igreja de São Paulo em Malaca. Depois de 15 de Abril de 1553, Diogo Pereira vem de Goa, remove o corpo de Xavier e leva-o para sua casa. É a 11 de Dezembro desse ano que o corpo de Xavier é levado para Goa. É assim graças a Diogo Pereira que o corpo de São Francisco Xavier se encontra em Goa e, eventualmente, é graças também a ele que não se perderam, já que não seriam certamente cuidados na China como o foram em território português e posteriormente indiano.” (1).
Na wikipédia, no tema “Governadores de Macau” (2), refere que Diogo Pereira foi o 7.º Capitão-mor de Macau, com a data 1563.
NOTA: Para saber mais da vida e obra de António da Silva Rego (1905 – 1986), sacerdote, licenciado em Ciências Históricas, que viveu em Macau, ver Perspectivas históricas da obra de António da Slva Rego de Judite A. Gonçalves de Freitas in (3)
((1) http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_Pereira
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Governor_of_Macau
(3) https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/592/1/79-88FCHS2006-9.pdf