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“Promovidos pela Delegação de Macau da Cruz Vermelha Portuguesa, de colaboração com a Associação de Futebol em Miniatura de Macau, realizaram-se, nos dias 21 e 22 de Agosto, no Campo Desportivo da Praia Grande (depois denominado Campo dos Operários), dois encontros de futebol em miniatura com o fim de angariar fundos para as obras de beneficência da referida Delegação. Deslocou-se a Macau, nessa altura, a equipa do Departamento de Comércio e Indústria de Hong Kong, ou à chinesa «Kong Seng», que aqui defrontou, no primeiro dia, contra o Grupo Desportivo «Negro-Rubro» e, no segundo, contra o «Leng I» Futebol Clube. Frente ao forte agrupamento do «Negro Rubro» a equipa do Departamento de Comércio e Indústria saiu derrotada por 6 a 2, patenteando o grupo local a sua indiscutível superioridade numa exibição que a todos agradou.

Os componentes dos grupos «Negro-Rubro» e «Kong Seng» com os seus dirigentes e o presidente da Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa.

Constituída por jovens e franzinos jogadores, a equipa do «Negro Rubro» é ainda assim das melhores que Macau pode apresentar, sendo de salientar o seu grande espírito de luta e a excelente técnica do seu jogo combinado. O grupo visitante, sem dúvida, um dos melhores da vizinha colónia britânica, apesar dos seus esforços, pouco conseguiu frente a um adversário bem mais forte e enérgico. As bolas do grupo local foram marcados por Augusto Rocha (3), Rogério Assis (2),  e João Rocha (1). Chau Kit e Iong Lam forma os marcadores dos goals de Hong Kong.

No dia seguinte, 22 de Agosto, a equipa do Departamento de Comércio  e Indústria empatou com a equipa «Leng I» por 2 a 2, após uma exibição que, apesar de não ter sido melhor nem tão boa como a primeira, não deixou de agradar. Sio Mou Sam e Lok Man Vai marcaram as bolas do grupo local, tendo as de Hong Kong sido obtidas por intermédio de Iong Lam e Lei Kuong Hong. Extraído de «MBI» II-26 de 31 de Agosto de 1954. P. 13

NOTA: No ano de 1954 os Corpos Gerentes da Delegação de Macau da Cruz Vermelha Portuguesa, eram: Presidente: Dr. Alberto Pacheco Jorge; Vice-presidente: Dr Adolfo Adroaldo Jorge; Secretário: Joaquim Morais Alves; Tesoureiro: Francisco Xavier da Cruz Hagatong; Vogais: Dr. Fernando H. L. Maciel, Tenente Manuel Nunes Vieira, Lee Pou Lin, e Hermann Machado Monteiro.I

Do Grupo Desportivo «Negro-Rubro»: Presidente: Carlos Augusto Correia Pais de Assunção; Vice-presidente: Jorge Alberto Alves Estorninho; Secretário: Romeu Xavier; Tesoureiro: Luís Atanázio da Rocha; Vogais: Napoleão da Guia de Assis e Augusto Gonçalves e Director Desportivo: Manuel Dimas Pina.

Nos dias 2, 3 e 4 de 1954 no Campo da Caixa Escolar houve arraial à portuguesa promovido pela Delegação de Macau da Cruz Vermelha Portuguesa cuja receita se destinou a obras de beneficência. No recinto foram colocadas barracas típicas alusivas às várias províncias portuguesas.

MACAU Bol.INf. Ano II n.º29 1954 Arraial à portuguesaHouve, tombolas, rifas, danças regionais e descantes. Os indígenas deliciaram a assistência com as suas danças características.
Foto e reportagem de “MACAU Bol. Inf., 1954″.

Calendário de 1988 (14, 5 cm x 10 cm, dobrável) do ano de 1988, da Cruz Vermelha Portuguesa – Macau, (em português e chinês) com o mote:

“A CRUZ VERMELHA PRECISA DA SUA AJUDA”

Cruz Vermelha Portuguesa 1988

No verso, somente em chinês:

Cruz Vermelha Portuguesa 1988 verso

TOPONÍMIA Miradouro Henry Dunant

No 75.º aniversário da Cruz Vermelha de Macau, no dia 12 de Julho de 1997, a Dra. Maria Leonor Rocha Vieira inaugurou na Avenida da República, no miradouro da Praia Grande chamado tradicionalmente de Meia Laranja (hoje, miradouro de Henry Dunant), um busto de Henry Dunant, (1) fundador daquele movimento (2)

Henri Dunant

 

O pequeno monumento tem na frente uma inscrição em português e chinês

 

 

HENRY DUNANT
Fundador da
Cruz Vermelha
1828 – 1910

Do lado direito, em português, e do lado esquerdo, em chinês, tem a seguinte inscrição:

Humanidade
Imparcialidade
Neutralidade
Independência
Voluntariado
Unidade
Universalidade

Recorda-se que a sede da Cruz Vermelha em Macau está na Avenida da República n.º 58-60 (antiga Clínica «Lara Reis») desde 1988. Sobre esta “vivenda” ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cruz-vermelha/

Henri Dunant FOTO(1) Jean Henry Dunant, filantropo suíço, fundador do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho da Sociedade da Cruz Vermelha. Prémio Nobel da Paz em 1901. Em Macau, a delegação da Cruz Vermelha Portuguesa foi formalmente constituída em 12 de Julho de 1922 (embora iniciada em 1920). Actualmente (desde 1999) designa-se Cruz Vermelha da RAEM sendo uma delegação da Sociedade da Criz Vermelha da China.
http://www.forumsnlp.org/index.php?option=com_content&view=article&id=108&Itemid=100
(2) ARAÚJO, Amadeu Gomes de – Diálogos em Bronze, Memórias de Macau. Livros do Oriente, 2001, 168 p., ISBN 972-9418-88-8

Hoje, dia 14 de janeiro de 1950, faleceu no Hospital Conde S. Januário, com a idade de 57 anos, Fernando Lara Reis.

Hernâni Anjos escreveu no jornal “Notícias de Macau”, do dia 17 de Janeiro de 1950”:

Professor austero e adorado; o turista tenaz e minucioso; o militar que combateue consagrou a memória dos que a seu lado tmbaram no campo da luta; o amigo sincero e firme, o companheiro amável e bem humorado, o cavaqueador que, por si só, eras pessoa para sustentar, durante, horas a animação da conversa em qualquer meio social… (…)
… Fernando de Lara Reis despediu-se esta madrugada de todos os seus inúmeros alunos, que tando o respeitavam e adoraram; de todos os imensos pontos do Mundo até onde conseguiu levar a par das múltiplas malas de viagem, a inesgotável mala da sua curiosidade… (…)
Pôs-se ontem verdadeiramente o Sol no “Sol Poente                       

Fernando Lara ReisFernando de Lara Reis (Leiria, 28-12-1892), frequentou o Colégio Militar (então chamada Escola de Guerra) e participou como tenente aviador militar na I Guerra Mundial aonde veio a sofrer um desastre que o obrigou a reformar-se com a patente de capitão.
Chegou a Macau em 1919, para ensinar no Liceu Central de Macau (nesse ano ainda instalado no Hotel da Boa Vista e depois, já no Tap Seac, em 1937, Liceu Nacional Infante D. Henrique). Professor de desenho, ciências naturais e de ginástica.
A ele ficaram a dever várias acções de âmbito escolar, tais como a fundação da “Associação Escolar do Liceu” (Estatutos publicados em 1935) que foi a sucessora da “Academia” fundada em 1920 (1) pelo reitor, Dr. Carlos Borges Delgado.
Dotado de um grande espírito de iniciativa, para diversão dos alunos, adquiriu mesas de “ping-pong”, uma mesa para xadrez e uma para damas, promoveu a construção de um campo de basquebol, um de voleibol e um de bagminton., fazim-se exposições de trabalho escolar (2) festas de convívio, passeios à China (Choi Hang) (3) (utilizando transportes de Companhia de Autocarro “Kee-Kuan”), campeonatos desportivos inter-escolares. Promotor da Feira Escolar para a construção do Campo Desportivo Escolar depois denominado Campo da Caixa Escolar para uso exclusivo dos estudantes. (4)
Partiu para Portugal em 1940 e daí para o Liceu Afonso de Albuquerque, em Goa onde permaneceu 5 anos. Após a II Guerra Mundial regressou a Macau.
Sócio-fundador do “Rotay Club de Macau”, legou à Santa Casa da Misericórdia de Macau, a sua residência “SOL POENTE” na Avenida da República. Mais tarde, por iniciativa dos rotários, foi aí instalada a Clínica «Lara Reis», o primeiro centro de luta anticancerosa (5).

Clínica Lara ReisClínica «Lara Reis» em 1988 (5)

Fundou em Macau a secção local da “Liga dos Combatentes da Grande Guerra”, tendo como sede, a torre ainda hoje existente no plano superior do Jardim de S. Francisco. (6) e a construção de um ossário–monumento dos Combatentes da Grande Guerra no Cemitério de S. Miguel.(7)

(1) “05-10-1920 – O Liceu Central começa a publicar mensalmente o jornal A Academia, que segue até o número 9 de Julho de 1921, sob a responsabilidade de Pedro Correia da Silva.”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(2) “19-04-1928 – O Liceu Central de Macau preparou e vai enviar trabalhos de Desenho ao Congresso Pedagógico do Professorado do Ensino Secundário em Viseu. O Prof de Desenho é Lara Reis. O Liceu mostra, além de um forte vínculo luso-oriental, enormedinamismo a nível local já que acaba de receber a visita do Reitor da Universidade de Hong Kong, Prof. Horneli, que se interessou muito pela História de Portugal, pela produção artística dos alunos, exposta, e pelo apetrechamento do Liceu, nomeadamente a colecção de História Natural” (1)
(3) “03-01-1927 – Visita dos estudantes do Liceu de Macau aos estudantes da Universidade Leng-Nám de Cantão.”
GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4)  Depois denominado Campo Desportivo Coronel Mesquita (Tap Seac)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/caixa-escolar/
(5) A Clínica «Lara Reis», foi inaugurada a 15 de Abril de 1951, após uma subscrição entre os rotários. Foi o primeiro e único centro de luta anti-cancerosa no Sul da China e também o único nas províncias ultramarinas, nessa época. O edifício foi adquirido (e mantém-se) para sede da Cruz Vermelha, em 1988. A foto de 1988 foi retirada da revista “Macau”, n.º 13, 1988.
(6) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/20/servico-postal-militar-em-macau/
(7) Inaugurado a 9 de Abril de 1938  e onde se encontram os seus restos mortais, após transladação em 1954.

Informação e foto retirados de BARROS, Leonel – Homens Ilustres e Benfeitores de Macau. Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), 2007, 196 p., ISBN 978-99937-778-8-5.

No dia 8 de Janeiro de 1954, a Escola Comercial «Pedro N olasco», mantida pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (A.P.I.M.), comemorou o 76.ª aniversário da sua fundação (1), com uma festa escolar que constou de um pequeno acto de variedades, de distribuição de prendas aos alunos e de chá, aos alunos e numerosos convidados.

Escola Comercial 1927A Escola Comercial em 1927

 Os convidados (entre estes, o Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro e família) foram recebidos à porta da Escola, pelo Inspector da Instrução Pública, Sr. Intendente José Peile da Costa Pereira, pelo Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, Sr. Henrique Nolasco da Silva, pela Directora da Escola, Sr.ª D.ª Beatriz Nolasco da Silva , pelo Corpo Docente e pelos outros membros da Comissão Directora da A. P. I. M.

Escola Comercial 1954 IÀ entrada da Escola uma aluna entrega à Exma. Senhora D. Laurinda, um lindo ramo de flores naturais

Numa das salas de aula, onde foi improvisado um pequeno palco, deu-se início ao pequeno espectáculo de variedades. Em nome dos seus colegas, o aluno Fernando Cabral proferiu «Duas Palavras».

Escola Comercial 1954 IIEm seguida, as alunas Maria Luísa Vaz e Rita Borges e os alunos Francisco Valadas e Augusto Moreira representaram com muita graça a peça em um acto «Pátria»

Os alunos José dos Santos e Luís Néry interpretaram «Um Suicídio», tendo os alunos António Rodrigues e Nuno dos Santos desempenhando o diálogo «Uma carta de recomendação». O grupo «Escopeno» tocou dois números de música e acompanhou Carlos Nantes  em «Terra Amada» e Frank Barnes em «Lady of Spain»

Foram distribuídas valiosas prendas adquiridas com a contribuição da Comissão Central da Assistência Pública, o Rotary Clube de Macau, a Delegação de Macau da Cruz Vermelha Portuguesa e a esposa do governador, Dra. Laurinda Marques Esparteiro.

Escola Comercial 1954 III Todos os alunos receberam valiosas prendas, sobretudo peças de vestuário e de calçado.

 A seguir à distribuição de prendas, foi servido um delicado chá a todos os presentes.
Usou da palavra, nesta altura, o Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses que proferiu o discurso de agradecimento.

Escola Comercial 1954 IV

Saliento deste discurso o seguinte:
“ ... Não devo, porém, deixar de me referir ao meu irmão, Dr. Luís Nolasco, que sucedeu na Presidência desta Associação ao meu pai de saudosa memória, a exerceu durante muitos anos estas funções com a máxima dedicação e competência, enfrentando por vezes situações críticas e difíceis que ele conseguiu resolver a bem dos interesses da Associação e da Escola.
Portanto, seguindo no trilho traçado pelo meu pai de saudosa memória e pelo meu irmão Luís, que por motivo de saúde não pôde continuar à testa da Associação, e pelo meu antecessor, meu amigo, Sr. Francisco Hagatong, eu procurarei servi-la com o maior interesse e grande  dedicação...

Texto e as quatro últimas fotos retirados de «Macau, Boletim Informativo», 1954

(1)    1878 – Criada a Escola Comercial, tentando-se conciliá-la com o Seminário a quemm a A.P.I.M. acordou conceder desde 1872 um apoio monetário. (SILVA, Beatriz Basto – Cronologia da História de Macau, 3.º Volume)