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A Congregação Salesiana de Macau para comemorar a beatificação do Padre Miguel Rua (1) – primeiro sucessor de D. Bosco – (2) celebrou na Sé Catedral, no dia 30 de Novembro de 1972 uma Missa de Acção de Graças.
A concelebração foi presidida pelo Bispo D. Paulo Tavares, ladeado pelo Chantre Ngan e o Provincial da Inspectoria Chinesa. Tomaram parte 22 sacerdotes.
A cerimónia teve início com uma procissão desde a porta da entrada até ao altar da concelebração. À frente, duas longas filas do Pequeno Clero dos Três Colégios salesianos, Imaculada Conceição, Yuet Wah e D. Bosco, seguidos dos sacerdotes concelebrantes.
A cerimónia apesar de comprida, como não podia deixar de ser, visto que era para as comunidades de língua portuguesa e chinesa, e apesar de, quase ao princípio, a energia eléctrica ter deixado a ponto de nos deixar quase às escuras impedindo assim que os altifalantes pudessem levar à assistência o que se dizia no altar, apesar de tudo, dizíamos, não houve em toda aquela grande assembleia o mínimo sinal de cansaço ou aborrecimento.
Deram brilho à cerimónia os pequenos cantores do Colégio D. Bosco.(3)

Os «Pequenos Cantores do Colégio D. Bosco», actuando na missa de acção de graças

Estiveram presentes a Sra. D. Julieta Nobre de Carvalho, e muitas outras autoridades e numerosos amigos: representantes dos Colégios Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora, cooperadores, antigos alunos (chineses e portugueses) e representantes de todas as comunidades religiosas de Macau.

Extraído do «M.B.I.T.», Vol VIII, 9-10 de 1972.

(1) S. João Bosco morreu no ano de 1888, deixando já em pleno funcionamento meia centena de escolas para rapazes pobres e abandonados. O seu sucessor, o Pade Miguel Rua, dois anos depois escreveu ao Bispo de Macau, D. Joaquim António Medeiros, agradecendo a confiança que mostrara para com a humilde Congregação Salesiana e o grande desejo de ver essa obra na cidade do Santo Nome de Deus de Macau, para o bem da juventude mais necessitada.
A primeira obra salesiana em Macau foi o «Orfanato da Imaculada Conceição» depois conhecido por «Instituto Salesiano», onde funcionava uma pequena escola de Artes e Ofícios, embrião do que seria mais tarde o Colégio D. Bosco.
Miguel Rua, S.D.B. (em italiano: Michele Rua) (1837 – 1910) após a sua profissão de fé em 1885, foi pelos 36 anos seguintes o colaborador de D. Bosco no desenvolvimento da congregação e um companheiro constante de D. Bosco em suas viagens. Tornou-se vigário da Sociedade de S. Francisco de Sales (fundada por D. Bosco) em 1865. A pedido de D.  Bosco, em 1884, o papa Leão XIII designou-o como seu sucessor e o confirmou como Reitor-Mor da Congregação Salesiana em 1888, após a morte do fundador. Foi beatificado em 29 de Outubro de 1975 pelo papa Paulo VI.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Rua
(2) Quatro anos antes da sua morte, S. João Bosco, fundador da Congregação dos Padres Salesianos, escrevia ao seu primeiro sucessor, P. Miguel Rua:
«Em tempo oportuno as nossas missões estabelecer-se-ão na China e mais precisamente em Pequim, mas não te esqueças que vamos para ali para o meio de povos desconhecidos e que ignoram o verdadeiro Deus; ver-se-ão maravilhas até agora inacreditáveis que Deus Todo Poderoso tornará patentes ao mundo …»
Mas as grande obras necessitam sempre de grande alicerces e foi só ao cabo de 16 longos anos de espera , que os filhos de D. Bosco chegaram às portas da China. Era o dia 13 de Fevereiro de 1906. Eram seis os primeiros pioneiros, chefiado pelo Padre Luís Versiglia (mais tarde bispo de Shuichow na China; viria a morrer mártir) e o Padre Caravário.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/

A sagração episcopal de D. Arquimínio da Costa realizou-se a 25 de Março de 1976.
A nomeação do novo bispo de Macau, na pessoa do Padre Arquimínio Rodrigues da Costa (1) pelo Papa Pauli VI, veio preencher a vaga deixada pelo falecimento de D. Paulo José Tavares. A notícia do acontecimento, foi transmitida em 21 de Janeiro de 1976, pela Rádio Vaticano e foi recebida pela população católica de Macau com manifesto regozijo, dada a simpatia que o nomeado desfrutava em Macau.

O novo prelado dá entrada na Sé Catedral

A Sé Catedral vestiu as suas melhores galas pera receber o seu novo Antístite, e os Revs. Prelados que vieram presidir à cerimónia litúrgica da sagração. Dísticos em português e chinês engalanavam o frontispício do templo e saudavam o novo prelado com o dizer evangélico: «BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR».

Arquimínio da Costa dirige, pela primeira vez, como Bispo de Diocese, a palavra aos fiéis

A assistência à cerimónia da sagração episcopal, vendo-se no primeiro plano o Governador, coronel Garcia Leandro e Sua esposa.

Nas primeiras bancadas destacava-se a presença do Governador, Coronel Garcia Leandro e esposa, Madre Maria Clemência da Costa (irmã de D. Arquimínio), os Secretários-adjuntos, o Meritíssimo Juiz da Comarca, o Cônsul-Geral da França e muitos Chefes de Serviços e suas esposas. Em lugar especial da capela-mor, via-se o Bispo Anglicano de Hong Kong, Dr. John Gilbert Baker, o Rev. Frank Lin, pastor anglicano da Igreja de S. Marcos, em Macau e esposa.

Outro aspecto da assistência, estando na primeira bancada, destacadas autoridades oficiais.

D. Arquimínio da Costa entrou na Catedral na companhia do Bispo Sagrante, D. João Baptista Wu, de Hong Kong e dos Bispos consagrantes, D Carlos Lemaire, Bispo titular de Otrus, e D. Júlio X. Labayen, Bispo da Prelatura de Infanta, Filipinas.

O Governador de Macau apresenta os seus cumprimentos de felicitações a D. Arquimínio Rodrigues da Costa

(1) D. Arquimínio Rodrigues da Costa (1924 – 2016)  高秉常, natural da Ilha do Pico (Açores), veio para Macau na companhia de Monsenhor José Machado Lourenço, com mais três companheiros, em 1938, dando ingresso no Seminário de S. José a 8 de Dezembro desse ano. Foi sempre um aluno modelar, tanto no comportamento como nos estudos, pelo que foi durante anos subprefeito da disciplina dos seminaristas (1949-1953). Terminado o Curso Teológico, foi ordenado sacerdote por D. João de Deus Ramalho, S. J., no dia 6 de Outubro de 1949, celebrando a sua missa nova três dias depois. Foi professor de várias disciplinas, entre as quais Filosofia tanto para alunos internos como externos. Ficou reitor interino do Seminário de Fevereiro a Maio de 1955, na ausência do então reitor Cónego Juvenal Alberto Garcia (gozo de licença graciosa). Em 1957 seguiu para Roma a fim de cursar Direito Canónico na Universidade Gregoriana onde se licenciou em 1959. Regressou a Macau no dia 15 de Outubro de 1960, sendo novamente nomeado prefeito da disciplina e professor do Seminário. Em 1 de Agosto de 1961, foi nomeado reitor interino e, em 30 de Novembro, reitor efectivo daquele estabelecimento. Nomeado governador do Bispado nas ausências, em Roma, de D. Paulo José Tavares, em 1963 e 1965, durante o Concílio Vaticano II. Com a transferência do curso filosófico para o Seminário do espírito Santo de Aberdeen, Hong Kong, foi nomeado professor daquele estabelecimento de ensino, a partir do ano lectivo de 1968-69, onde lecionou Filosofia e Latim e foi prefeito de estudos do Curso Filosófico.
A 14 de Junho de 1973, foi eleito pelo Cabido vigário capitular da Diocese, cargo que exerceu até ser eleito Bispo de Macau. Bispo de Macau entre 1976 e 1988. Foi o último bispo de etnia portuguesa da Diocese de Macau. Eleito Bispo emérito de Macau, em 06-10-1988, regressou à sua terra natal nos Açores.
D. Arquimínio da Costa foi o terceiro Bispo de Macau, natural da Ilha do Pico, os outros dois foram D. João Paulino de Azevedo e Castro e o Cardeal D. José da Costa Nunes. É o quinto bispo natural dos Açores, sendo os outros, o Bispo D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, da Ilha de S. Jorge, e o falecido Bispo D. Paulo José Tavares, da Ilha de S. Miguel.
Extraído de «MBIT» N.º 1-2, 1976.

Morre em Roma a 29 de Novembro de 1976, depois de receber a visita e bênção de Paulo VI. D. José da Costa Nunes. (1) As Exéquias foram na Basílica de S. Pedro e o seu túmulo está na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma. (2)
Recordo-o, neste dia, apresentando um postal de 1964.

Creio tratar-se de uma foto da missa campal repleta de fiéis celebrada pelo Cardeal D. José da Costa Nunes e co-celebrada pelo Bispo de Macau, D. Paulo José Tavares (bispo de Macau: 1961-1973) em frente às Ruínas de São Paulo, no ano de 1964.
Em 10 de Novembro de 1964, o Cardeal D. José da Costa Nunes foi nomeado pelo Papa Paulo VI, legado papal para as comemorações do IV Centenário das Missões da Companhia de Jesus em Macau e IV centenário da chegada dos primeiros missionários católicos a Macau. (3)
Nesse mesmo mês e durante a sua estadia, no dia 23 de Novembro de 1964, o Leal Senado, em sessão ordinária desta data, proclamou o Cardeal D. José da Costa Nunes (Bispo de Macau de 1920 a 1940) como Cidadão Benemérito de Macau.
(1) Antes de completar o curso teológico, acompanhou para Macau, como secretário particular de Bispo D. João Paulino, tendo chegado a Macau em 1903 e ficou a estudar no Seminário de S. José. Foi ordenado sacerdote e, em 1920, foi nomeado Bispo de Macau, Restaurou o Colégio de Sta. Rosa de Lima, confiando em 1932 a direcção do estabelecimento às Franciscanas Missionárias de Maria; inaugurou a nova igreja de Santa Clara; fundou as escolas chinesas “Pui Cheng”, “Mong Tak”, “Kung Chon” e o Colégio de S José; melhorou a Escola Portuguesa, ambas anexas à Casa de Beneficência; inaugurou em 13 de Outubro de 1935 a nova Igreja de Nossa Senhora da Penha; restaurou o Paço Episcopal; confiou o Seminário de S. José aos jesuítas; foi professor do Liceu de Macau.
(SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998).
NOTA 1: Há muita informação sobre a vida e a obra do Cardeal D. José da Costa Nunes acessível através da net:
Sugiro entre outros:
http://www.eccn.edu.pt/index.phpoption=com_content&view=article&id=3&Itemid=268
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_da_Costa_Nunes
COSTA, Susana Goulart – D. José da Costa Nunes (1880-1976); Um Cardeal no Oriente
http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/4523/1/LS_S2_19-20_SusanaGCosta.pdf
Nos «Arquivos da RTP: Chegada do Cardeal José da Costa Nunes, Vice-camarlengo da Santa Sé. a Lisboa, em 1964.»
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/chegada-do-cardeal-jose-da-costa-nunes/#sthash.TfvpHSEE.dpbs
(2) No dia 27 de Junho de 1997, os seus restos mortais foram solenemente trasladados para a Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Candeias, freguesia da Candelária, concelho da Madalena.
(3) A Companhia de Jesus desempenhou papel preponderante na fundação e de Macau. Embora as notícias dos primeiros Jesuítas em Macau datam de 1555, (chegada do padre Belchior Nunes Barreto, o Irmão Fernão Mendes Pinto e o padre Gaspar Vilela (conforme carta escrita pelo padre Belchior Nunes Barreto) os Jesuítas só se estabeleceram definitivamente em Macau em 1563, com a vinda dos padres Francisco Peres e Manuel Teixeira e do Irmão André Pinto:
O padre Francisco Peres, em 1565, fundou em Macau, junto à ermida de Santo António, a primeira residência da Companhia de Jesus.
SEABRA, Leonor Dias de – Macau e os jesuítas (séculos XVI e XVII) . História Unisinos 15(3):417-424, Setembro/Dezembro 2011.
Acessível em
http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/viewFile/htu.2011.153.09/609
NOTA 2: Circula na net outro postal (mesma imagem) deste evento com a seguinte legenda:

Sam Ba Sing Tzik St. Paul’s Cathedral Macau 1964

 A nova «Escola do Santíssimo Rosário / :聖玫瑰學校»  situado na Rua de S. Paulo (1), foi inaugurado no dia 14 de Janeiro de 1973.
O moderno edifício escolar destinado ao ensino infantil e primário, substitui um casarão velho e em ruínas que já não oferecia nenhumas condições de funcionamento. Este edifício tem 18 salas, amplas, bem arejadas e iluminadas. No dia 2 de Janeiro de 1973 começaram a funcionar as aulas já no novo edifício.
Nesse ano lectivo estava matriculados 400 alunos, de ambos os sexos. O seu director era o Padre Elias Marçal Periquito, S.J., há longos anos em Macau.(2)
Presidiu à inauguração o Bispo de Macau, D. Paulo José Tavares, tendo assistido representantes de ordens religiosas, masculinas e femininas que exerciam o apostado em Macau.

Paulo José Tavares, Bispo de Macau, procede à bênção das instalações da nova escola.
Na foto (esq para dir): ????, Pe. Joaquim Guerra, Bispo Paulo Tavares, Pe. Elias Periquito , Pe João Guterres, ????

A Diocese de Macau que exercia (e ainda exerce) um papel muito importante no ensino em Macau particularmente no sector da população chinesa tinha no ano de 1973 cerca de 22 250 alunos sendo 10 925 rapazes e 11 325 raparigas, distribuídos por 37 edifícios escolares, neles funcionando 87 escolas, assim discriminadas: 29 escolas infantis; 35 escola primárias; 17 escolas secundárias-liceais; 1 escola normal; 1 escola de enfermagem (Escola de Enfermagem das Franciscanas Missionárias de Maria desde 1958); 2 escolas profissionais; 1 academia de música e 2 seminário menor. Pertenciam ao quadro de professores 808 elementos leigos.

Um grupo de pequenos que se exibiu no dia da inauguração
Recreio no largo terraço da escola

(1) No princípio de 1954, o Padre Joaquim Guerra, S.J. que foi expulso da China em 1952, fundou o Centro de Nossa Senhora do Rosário. Destinava-se a dispensário e catecumenato. Presidiu à inauguração o Bispo D. João de Deus Ramalho. Era um rés-do-chão dum prédio na Rua de Estalagens n.º 5. Devido a dificuldades económicas, em Setembro deste ano, o dispensário deixou de existir, passando a funcionar ali uma pequena escola para os pobres do bairro. Mas no segundo semestre, os alunos eram já uns cem pelo que em 7 de Outubro de 1954 transferiu-se para o n.º 37 da mesma rua, um prédio de três andares. No ano escolar de 1955/56 contava com 200 alunos e 4 professores. Em Março de 1958, a Escola do Rosário estabeleceu-se definitivamente na Rua de S. Paulo, ocupando três casas contíguas, de igual construção, os n.ºs 39, 41 e 43.

http://www.oclarim.com.mo/en/2016/06/17/escola-do-santissimo-rosario-to-close-in-2017/

Após o ensino de 62 anos, o estabelecimento escolar fechou as portas a 1 de Setembro de 2017, após a conclusão do ano lectivo de 2016/2017. Aquando do fecho possuía educação secundária, primária e um jardim de infância, com 25 professores e um total de 80 alunos (nas décadas de 70 e 80 devido à «onda migratória» chegaram a ter cerca de mil alunos) e a razão  apontada pela Diocese foi a diminuição progressiva do número de alunos. Também terá contribuído para o fecho o alegado uso abusivo, não autorizado pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) do método pedagógico “Montesson” (Taiwan) (3)
(3) «Jornal Tribuna de Macau» 10 de Junho de 2016 – Escola do Santíssimo Rosário tem os dias contados
http://jtm.com.mo/local/escola-santissimo-rosario-tem-os-dias-contados/
(2) O Padre Elias Marçal Periquito, S.J., ficou encarregado da Escola desde Março de 1959, porque o anterior, o Padre António Tam ficou encarregado da Escola Estrela do Mar.
Informações e fotos (preto e branco) extraídos de:
TEIXEIRA , Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982.
«Macau, B. I. T.» VIII-11/12, 1973.

A Igreja de Nossa Senhora de Fátima no bairro Tamagnini Barbosa (Rua de Lei Pou Ch’ôn, n.º 23) foi construída em 1929. Depois de se criada a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em 1965, a Igreja foi reconstruída em 1967, aumentando a capacidade para 800 fiéis.
Por detrás dos portões de ferro forjado, num arco  tipo pórtico, está uma escadaria larga  que conduz à igreja espaçosa e de estilo moderno. Possui uma grande torre quadrada de 2 sinos. As paredes laterais são decorados por painéis de vitral. No altar-mor, de cor vermelha, encontra-se uma grande cruz de madeira.
É a igreja matriz da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, uma das 6 paróquias da Diocese de Macau e serve a comunidade católica do Bairro Tamagnini Barbosa e todo o Norte da Cidade, a zona mais populosa de Macau, caracterizada também pela sua multiculturalidade, com incidência para os chineses, vietnamitas e falantes de língua inglesa. O pároco actual é José Ángel Hernández. (Informações colhida do jornal “O Clarim” de 23 de Junho de 2017)
(1) «BGU» XLIV 521/522, Nov/Dez, 1968.
花地瑪聖母堂mandarim pīnyīn: huā dì mǎ shèng mǔ táng; cantonense jyutping: faa1 dei6 maa5 sing3 mou5 tong4

Esta notícia do «Boletim Geral do Ultramar» terá sido a fonte original (1) para uma posterior reportagem inserida no «Diário da Manhã, “40 anos na vida de uma nação”, 1966 que foi publicada neste blogue em 24 de Agosto de 2017. (2)
(1) Extraído de «BGU»  XXXVII, 436-438.
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/08/24/noticia-de-24-de-agosto-de-1961-d-paulo-tavares-bispo-de-macau/
Anteriores referências a este bispo em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/08/24/noticia-de-24-de-agosto-de-1961-d-paulo-tavares-bispo-de-macau/

Artigo do jornal “Diário da Manhã”, 1966 –  “40 anos na vida de uma nação”
Paulo José Tavares – 维理mandarim pinyin: Dai Weili; (1920-1973) ordenado padre a 24 de Abril de 1943, com uma longa carreira diplomática na Secretaria de Estado da Santa Sé de 1947 a 1961, foi nomeado Bispo de Macau, a 24 de Agosto de 1961, pelo Papa João XXIII, tendo chegado a Hong Kong no paquete italiano «Asia» e tomado posse no dia 27 Novembro de 1961 (e não, em 1964 como é noticiado no jornal). Tomou parte em todas as sessões do Concílio Vaticano II, de 1962 – 1965. Durante o seu governo, registou-se um desenvolvimento espectacular na área da assistência social aos necessitados e da educação da juventude dirigida pela Diocese de Macau. Durante o seu bispado (até 1973), houve a remodelação das paróquias da cidade de Macau com nova divisão territorial, a construção da igreja paroquial de Nossa Senhora de Fátima e a da missão de Nossa Senhora das Dores em Ká Hó e a ampliação de 20 estabelecimentos assistenciais e educacionais. Criou o Conselho as Escolas Católicas em 6 de Março na sequência dos distúrbios de «1,2,3) para defender a liberdade do ensino nas escolas católicas, mas não conseguiu manter o Seminário de S. José que fechou no Verão de 1967. Nomeou o primeiro padre chinês para Vigário Geral, António André Ngan Im Ieoc. Faleceu em Lisboa a 12 de Junho de 1973. Os seus restos mortais foram sepultados na terra natal, Açores.

diario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-capaO «Diário da Manhã» (1) apresentou um suplemento semanal em 1966, a propósito da comemoração do 40.º Aniversário da Revolução Nacional de 28 de Maio com o título de “40 Anos na Vida de uma Nação”. O primeiro suplemento abrangia as “províncias europeias, com os arquipélagos da Madeira e dos Açores”.
diario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-capa-iO 2.º suplemento publicado em 9 de Julho de 1966, era dedicado às províncias do Oriente “Províncias de Moçambique, Macau, Timor e as terras sequestradas do Estado Português da Índia”.
diario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-capa-iidiario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-capa-iiiO terceiro número era consagrado às “províncias da África Ocidental: Angola, Cabo Verde, Guiné e S. Tomé e Príncipe”.
Estava programado um quarto suplemento dedicado às comunidades portuguesas dispersas em território estrangeiro, mas creio que não chegou a ser publicado.
diario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-macauA secção dedicada a Macau está nas páginas 153 a 162 e tem vários artigos (nenhum deles assinado):
– “A Análise mais autorizada ao progresso verificado na nossa Província de Macau”
– “Aqui Portugal! Fala de Macau a Emissora de «Vila Verde» ” (2)
– “Quatro séculos da História de Macau”
– “Duas figuras de prestígio intelectual e económico da cidade do Santo Nome de Deus.
– “Colaboramos com quem estiver disposto a colaborar connosco”
– “Bispo D. Paulo Tavares.”
– “Leal Senado presente em todos os momentos críticos da história de Macau”
– “Porto de abrigo no «extremo» do Mundo, Macau acolhe 73 000 refugiados.”
diario-da-manha-suplemento-de-9jul1966-salazar“Só os grandes génios são capazes de, por si, mudar decisivamente o rumo da coisas e da própria história, mas esses aparecem, e nem sempre, uma vez em cada século como alguém dizia. Macau não precisa de génios, mas duma acção coordenada, persistente e contínua de todos, mãos dadas e sem veladas intenções nem inconfessáveis interesses, para garantir o bem da província e dos seus habitantes. … “(discurso do Governador de Macau, António Adriano Faria Lopes dos Santos, na abertura do Conselho Legislativo, 1966)
(1) O «Diário da Manhã» n.º 12.562 de 9/7/66, 176 p., dimensões: 41,5 cm x 28, 2 cm x 1 cm. Tinha como Director, Barradas de Oliveira e esse suplemento tinha como editor: António da Fonseca.
O “Diário da Manhã”, a 4 de Abril de 1931, sob direção de Domingos Garcia Pulido, integrante do círculo íntimo de Salazar ocupou a antiga redação d’ “O Mundo”, pioneiro jornal republicano (na Rua da Misericórdia, onde hoje está instalada a Associação 25 de Abril), assume o papel de órgão oficioso e de doutrinação da União Nacional. Com a consolidação do Estado Novo, o “Diário da Manhã” assume uma linha progressivamente mais sectária no culto à figura de Salazar, embora continue a apresentar-se como um órgão noticioso. Esta evidência certamente terá contribuído para que a sua expansão se deva quase exclusivamente à distribuição gratuita ou por assinatura dos diferentes serviços do Estado. A subida ao poder de Marcelo Caetano e uma certa abertura do regime esvaziam de sentido a existência do jornal. O seu último número sai no dia 30 de Janeiro de 1971, vindo a ser substituído pelo jornal “Época”.
 http://casacomum.org/cc/arquivos?set=e_8765 
(2) Publicado em anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/26/leitura-1966-emissora-de-vila-verde/

O primeiro acontecimento das celebrações de 28 de Maio, no ano de 1966, integrado nas “Comemorações do 40.º Aniversário da Revolução Nacional“, decretado nesse ano feriado nacional, foi a parada militar, efectuada nas imediações do Palácio do Governo, na Praia Grande.

Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 ISua Exa. o Governador, coronel Lopes dos Santos (1), em continência perante o desfilar das forças em parada, ladeado das principais autoridades da Província, na tribuna de honra (2)

 Pelas 10,00 horas precisas, iniciou-se o desfile. Nele tomaram parte 1 042 elementos provenientes da Polícia Militar, do Exército, da Polícia Marítima e Fiscal, da Polícia de Segurança Pública, do Corpo de Bombeiros Municipais e da Mocidade Portuguesa.
Comandou as forças em parada o Capitão Vilas Boas.

Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 IIUma formação militar em parada

Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 IIIUma força da Polícia Militar em parada (3)

No mar, mesmo em frente do Palácio, apresentava-se uma formação de 5 vedetas da Capitania dos Portos, com o seu pessoal em formatura.

Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 IVA Banda da Polícia deu ao acontecimento um ar festivo.

 Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 VFrontispício do Palácio do Governo, na Praia Grande, no dia da parada militar

Puseram remate ao desfile os vários castelos da Mocidade Portuguesa, levando à frente a Banda dos filiados pertencentes ao Colégio D. Bosco.

Comemoração 40 Aniversário Revolução 28MAIO1966 VIA Mocidade Portuguesa desfilando na parada

(1) António Adriano Faria Lopes dos Santos (28 de Dezembro de 1919 – 2 de Agosto de 2009) foi um militar português, antigo general do exército que serviu como Governador de Macau entre 17 de Abril de 1962 e 25 de Novembro de 1966. A 30 de Julho de 1957 foi feito Oficial da Ordem Militar de Avis, tendo sido elevado a Comendador da mesma Ordem a 11 de Março de 1960 e feito Grande-Oficial da Ordem do Império a 7 de Março de 1974.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Adriano_Faria_Lopes_dos_Santos)
(2) Na foto além do Governador Lopes dos Santos, à sua direita o Bispo de Diocesse, D. Paulo José Tavares,  e o Deputado por Macau à Assembleia Nacional, Dr. Alberto Pacheco Jorge. À esquerda do Governador, o Comandante Militar coronel Mota Cerveira, o Dr. Diamantino de Oliveira Ferreira (substituto do Meritíssimo Juíz) e o Padre Dr. Júlio Massa, Procurador à Câmara Corporativa.
(3) A formação da Polícia Militar causava sempre curiosidade e era sempre sensação em Macau, por apresentar nas paradas, a formação em V com uma marcha própria.
Com a criação da Polícia Militar em 1953, sendo a sua missão atribuída ao regimento, cumulativamente com as tradicionais da arma, iniciou-se por essa altura, com a constituição de uma companhia de Polícia Militar, um serviço que se estende até aos nossos dias, e que gradualmente foi vinculando o regimento à específica missão da Polícia Militar. Neste âmbito, durante as campanhas do Ultramar de 1961 a 1975, sessenta e sete Companhias de Polícia Militar a cinquenta e quatro Pelotões de Polícia Militar, num total de cerca de oito mil homens foram mobilizados para as diferentes Províncias Ultramarinas, muito contribuindo para os êxitos alcançados pelo Exército Português, prestando inegáveis e prestigiosos serviços que honraram as tradições do Regimento.” (texto retirado de História do Exército” in
http://www.exercito.pt/sites/recrutamento/Paginas/policia.aspx)

Informações recolhidas das “Comemorações do 40.º Aniversário da Revolução Nacional”, 1967.

Comemoração 40 Aniversário Revolução MP 1DEZ1966Missa campal celebrada por Sua Exa. Revma, o Sr. Bispo D. Paulo José Tavares

O 1.º de Dezembro foi celebrado em Macau com vários actos cívico-religiosos. Na noite véspera, na noite de 30, acendeu-se na Escola Comercial «Pedro Nolasco» a Chama da Mocidade, rica de simbolismo, tendo sido ateada pelo Sr. Énio da Conceição Ramalho, chefe dos Serviços de Educação, estando presentes a esta cerimónia, o Sr. Capitão Carlos Gaspena, Comissário da Mocidade Portuguesa Masculina, a Sr.ª Margarida Ribeiro, Comissária interina da Mocidade Portuguesa Feminina, o Sr. Comandante da Defesa Marítima Capitão-tenente Nunes da Silva, o Sr. Dr. Henrique de Sena Fernandes, director da Escola Comercial e outras individualidades. Quatro castelos da Mocidade Portuguesa fizeram a velada, executando entretanto vários cânticos e recitais, salientando-se a representação dos filiados do Centro do Colégio D. Bosco.

Comemoração 40 Aniversário Revolução MP II 1DEZ1966Sua Exa. o Governador da Província, brigadeiro José Manuel Nobre de Carvalho,
dirigindo-se aos filiados da Mocidade Portuguesa

As comemorações do dia 1 tiveram lugar no campo da Caixa Escolar…(…)…
No meio do campo da Caixa Escolar encontrava-se uma formação da Mocidade Portuguesa para prestar guarda de Honra ao Primeiro Magistrado da Província…(…)…

 
Comemoração 40 Aniversário Revolução MP III 1DEZ1966A Mocidade Portuguesa dos 4 Centros da Província, na apresentação de ginástica

Seguiu-se a execução de diversos números de ginástica, pelos alunos das várias escolas de Macau, sob a direcção do prof. José do Rosário, que agradaram de uma maneira geral à numerosa assistência, que sublinhou as execuções com salvas de palmas, sobretudo nos saltos ao plinto, onde os nossos rapazes mostraram uma notável habilidade, se bem que tivesse sido pouco o tempo de preparação para esta manifestação.
A finalizar esta comemorações, realizou-se um pequeno desafio de hóquei em campo entre uma turma do Hóquei Clube de Macau e uma selecção da Mocidade Portuguesa tendo esta saído vencedora pela margem mínima de 1-0.” (1)

(1) Comemorações do 40.º Aniversário da Revolução Nacional. Centro de Informação e Turismo, 1967, 292 p.