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Em 11 de Julho de 1754, o novo Bispo D. Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis (1720-1799; bispo de Macau de 1752 a 1772) embarcou com o seu vigário-geral (Dr. Custódio Fernando Gil) na nau N. Sr.ª do Bom Despacho, aportando a Macau nos primeiros dias de Agosto de 1754; hospedou-se no Seminário de S. José, regido pelos jesuítas; a 11 desse mês, Domingo, fez a sua entrada solene na Catedral, tendo como convidados para este acto todos os Superiores Religiosos da Cidade. Foi então viver no Paço Episcopal. (1) (2) (3)

D. Bartolomeu foi elevado ao episcopado aos 32 anos de idade sendo nomeado para Sé de Macau em 29 de Novembro de 1752, confirmado em 22 de Janeiro de 1753 e sagrado em 25 de Junho de 1753, na igreja de S. Roque, em Lisboa; a sagração foi feita pelo Arcebispo de Lacedemónia, sendo assistido pelo bispo resignatário de Macau, D. Frei Hilário de Santa Rosa, e pelo bispo de Cristina (2)

Retirou-se da Diocese de Macau, nos princípios de 1765, e não mais voltou pois foi transferido em 1772 para Mariana, Brasil. Deixou como Governador do Bispado o Padre Francisco Vaz, chantre da Sé que administrou a diocese até chegada do novo bispo, nomeado em 13 de Junho ou Julho de 1772, D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães.

(1) Informações de TEIXEIRA, Pe. Manuel – Macau e a Sua Diocese II, 1940, pp. 235-250

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/12/07/noticia-de-7-de-dezembro-de-1752-novo-bispo-de-macau-d-bartolomeu-manuel-mendes-dos-reis/

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 277

Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-bartolomeu-m-mendes-dos-reis/

Extraído de «Gazeta de Lisboa», n.º 44, quinta feira, 7 de Dezembro de 1752, p 601.

(2) D. Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis (1720–1799), doutorado em Teologia pela Universidade de Coimbra em 29 de Novembro de 1752, foi nomeado Bispo de Macau, em Dezembro de 1752 (confirmado em 29 de Janeiro de 1753), tendo chegado a Macau e tomado posse em 1754. Durante o seu episcopado, por causa da perseguição promovida pelo Marquês de Pombal e supressão da Companhia de Jesus, em Portugal, os jesuítas foram expulsos de Macau e sequestrados os bens, ficando a Diocese de Macau gravemente prejudicada. O bispo, desgostoso com a expulsão dos jesuítas, partiu para Portugal em 1765. (1)

Em 14 de Junho de 1772, foi transferido para a Diocese de Mariana, no Brasil, mas conservou-se em Lisboa; e, como fosse obrigado, depois de 6 anos, a ir administrara sua nova diocese, resignou em 1779, vindo a falecer em Lisboa em 7 de Março de 1799, com 79 anos de idade sendo sepultado na igreja do Convento de Jesus. (2)

Sobre o seu mandato episcopal, o Padre Teixeira refere: “Que ajuizar dêste prelado? Faltam-nos dados concretos em que possamos basear-nos para emitir um juízo seguro. À parte a luta contra a escravatura, que no-lo torna simpático, só conhecemos dêle a altivez das suas respostas e os seus modos rudes e bruscos que, numa época d transição para o Liberalismo, excitavam a animosidade e provocavam o descontentamento das autoridades civis. Quanto ao seu rebanho, também parecia viver afastado dêle, de maneira que o seu governo episcopal, numa época em que o laicismo assestava as suas baterias contra a religião, a autoridade e a tradição, foi bastante falho e pouco menos que infrutífero” (2)

(1) De 1765 até 23 de Agosto de 1774, ano de chegada do novo bispo, o governador do bispado foi o Padre Francisco Vaz, chantre da Sé; o novo bispo foi D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães,  bispo de Macau de 1772 a 1789. Foi eleito em 1 de Janeiro de 1772 e confirmado em 8 de Março de 1773. Chegou a Macau a 24 de Agosto de 1774.

(2) TEIXEIRA, P.e Manuel – Macau e a Sua Diocese II, 1940, pp. 235-250 

Anteriores referências a este bispo neste blogue em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-bartolomeu-m-mendes-dos-reis/

D Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis, bispo de Macau (1752-1772) (1) que sucedeu a D. Frei Hilário de Sta. Rosa, (2) dirigiu uma representação ao rei acerca das raparigas chinesas e timorenses. (3) O rei respondeu assim a 30 de Março de 1758.
«Juiz, Vereadores da Camara de Macáo. Eu El Rey vos envio muito saudar. O bispo dessa Diocesse me reprezentou o injusto cativeiro que padecião os chinas, e Timores; a o opozição, com que vos intentasteis sustentar a introdução das mulheres das mesmas Naçoens nessa cidade contra a prohibição de huma sua Pastoral: e as escandalosas vexaçõens, que algumas pessoas fazião às escravas impedindo-lhes o uzo livre dos Sacramentos da Igreja, permittindo-lhes somente em certos dias a seu arbitrio. E dezejando Eu evitar as perniciozas consequencias, que poderão rezultar desses procedimentos: sou servido ordenarvos que, sendo-vos requerido pelo Bispo dessa Cidade o meu Real auxilio, para castigar aos que obstinadamente impedirem às escravas a observancia dos preceitos Divinos, e Ecclesiasticos e o frequente uzo dos sacramentos da Igreja, lhe deis todo o auxilio, que as circunstancias dos cazos requerem. Quanto porem á escravidão, e introdução das Chinas, e Timores sou outro sim servido, que emquanto Eu não der a competente rezolução, se conservem no mesmo estado, em que se achavão antes da publicação da Pastoral do mesmo Bispo. Tende-o assim entendido, e cumpri-o exactamente. Escrito em Belem aos 30 de Março de 1758 – Rey.»
(1) D. Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis foi nomeado em 1752, Bispo de Macau, tendo chegado a esta terra e tomada posse em 1754. Durante o seu episcopado, por causa da perseguição promovida pelo Marquês de Pombal, os jesuítas forma expulsos de Macau e sequestrados os seus bens, ficando a Diocese de Macau gravemente prejudicada. O Bispo, desgostoso com a expulsão dos jesuítas partiu para Portugal em 1765. Foi transferido para a Diocese de Mariana, no Brasil, em 1772 mas resignou em 1779 e faleceu em Lisboa no ano de 1799.
(2) D. Frei Hilário de Sta. Rosa, bispo de Macau (1739-1752), também já havia enviado uma representação dirigida ao rei em 1747. Nessa representação o Bispo lamentava:
«Timores furtados enganados, comprados e trocados por fazendas, fazendo-os escravos e a seus descendentes por autoridade propria toda a vida, vendendo-os em praça publica contra leis e decretos sendo pessoas livres por natureza … (…). Quase da mesma sorte tem procedimento (sic) a gente de Macau com as chinas suas naturais, comprando-as em pequenas por limitado preço (dizem que para as fazer christãs), e depois de baptizadas e adultas as cativam e reputam suas escravas por 40 anos sem lei que permita, comprando-as, vendendo-as e dando-lhes ( ainda com ferros como as escravas), bárbaros castigos, precisando-as a fugir para o gentilismo ficando herejes.»
Frei Hilário de Santa Rosa foi nomeado Bispo de Macau em 1739, e chegou ao território  em 1742, tomando posse da Diocese. Durante o seu episcopado, mandou reparar a Sé Catedral e foi muito crítico do costume local da compra das crianças. Regressou a Portugal em 1750 tendo resignado ao bispado em 1752. Faleceu em 1764. Consta-se que não lhe encontraram nenhum tostão na sua posse, pois dava tudo aos pobres.
(3) Além das raparigas chinesas (as denominadas mui tsai) havia também as timorenses e indianas que eram compradas nas suas terra e trazidas para Macau e aqui empregues à prostituição.
Mui Tsai 妹仔mandarim pinyin: mèi zǎi ; cantonense jyutping: mui6 zai2 – tradução literal: irmã (mais nova) pequena.
Utilizava-se o termo para designar as crianças, vendidas pelas famílias chinesas pobres às famílias chinesas mais ricas para serem criadas (escravas) como domésticas. Muitas acabavam por serem vendidas para os bordéis.
TEIXEIRA, Pe. Manuel- Os Macaenses.

Na sequência do terramoto de 1 de Novembro de 1755, o Marquês de Pombal (1) escreveu uma carta ao Bispo de Macau (2) datada de 22 de Março de 1757. (3)
“Sua Magestade reconhecendo que por especial patrocínio da Senhora sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, foram os seus reinos preservados da maior e última ruína, e conservada ilesa ainda do mais leve prejuizo a Sua Real pessoa e família, no horroroso terramoto de 1 de Novembro de 1755, se considerou obrigado a render-lhe as devidas graças com uma demonstração pública e perpétua que servisse de renovar a memória do benefício recebido e de implorar o patrocínio da mesma Senhora para o futuro; e, comunicando com o Ex.mo e Rev.mo Cardeal Patriarca e com o Senado da Câmara de Lisboa esta sua tão pia e religiosa intenção, sua Eminência, conformando-se co ela, ordenou que na sua Patriarcal e nas igrejas dêste Patriarcado se fizesse todos os anos, no domingo de Novembro em que se celebra a festa do patrocínio de Nossa Senhora, com jejum no sábado antecedente, uma solene procissão em acção de graças à mesma Senhora, Raínha dos Anjos, como protectora nossa, assim no passado como para o futuro contra os terramotos, e o Senado da Câmara de Lisboa se obrigou por voto a observar o dito jejum e acompanhar a sobredita procissão, com a mesma formalidade com que costuma acompanhar as procissões votivas; e , desejando sua Majestade que, assim como foi geral o beneficio, seja também o agradecimento, me manda significar a V. Ex.ª que será muito do seu real agrado mande fazer todos os anos  semelhante procissão, no mesmo domingo de Novembro, e jejuar no sábado antecedente, em acção de graças à SS.ma Virgem e S.ra do Patrocínio pelos motivos referidos.
                                                         Belem, 22 de Março de 1757
                                                   Sebastião José de Carvalho e Melo
Marquês de Pombal(1) Sebastião José de Carvalho e Melo(1699 – 1782), 1.º conde de Oeiras e 1.º marquês de Pombal, diplomata e estadista, célebre ministro do rei D. José I  e sempre lembrado pelas reformas administrativas, económicas e sociais e pelas medidas após o terramoto bem como da reedificação arquitectónica de Lisboa.
D. Bartolomeu M. Mendes dos Reis(2) Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis (1752-1772), doutorado em Teologia pela Universidade de Coimbra em 29 de Novembro de 1752, foi nomeado Bispo de Macau, (confirmado em 29 de Janeiro de 1753) tendo chegado a Macau e tomado posse em 1754. Durante o seu episcopado, por causa da perseguição promovida pelo Marquês de Pombal e supressão da Companhia de Jesus, em Portugal, os jesuítas forma expulsos de Macau e sequestrados os bens, ficando a Diocese de Macau gravemente prejudicada. O bispo, desgostoso com a expulsão dos jesuítas, partiu para Portugal em 1765. Foi transferido para a Diocese de Mariana, no Brasil, em 1772, mas resignou em 1779 e faleceu em Lisboa no ano de 1799. De 1965 até 1774, ano de chegada do novo bispo, o governador do bispado foi Francisco Vaz.
TEIXEIRA, P.e M. – Bispos e Governadores do Bispado de Macau, II Volume. Macau Imprensa Nacional, 1940, 538  p.
(3) COLOMBAN, Eudore de – Resumo da História de Macau, 1927, pp. 84-85