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Em favor do Natal da Família do Bombeiro realizou-se, no dia 27 de Dezembro de 1951, um encontro de futebol entre uma selecção chinesa de Macau e o grupo Negro-Rubro, constituído por bombeiros, seus parentes e afins, do qual resultou um empate de 2 a 2. (1)

O Presidente do Leal Senado, António de Magalhães Coutinho, cumprimentando os jogadores

As duas equipas com os seus dirigentes

(1) Extraído de «Mosaico», Vol. III, n.ºs 17 e 18 de Janeiro e Fevereiro de 1952.

A data consagrada à memória do grande bombeiro português Guilherme Gomes Fernandes (1) – 20 de Agosto – foi, como nos anos anteriores, aproveitada pelos briosos bombeiros municipais de Macau para assinalar o «Dia do Bombeiro». Constantes dum programa cuidadosamente elaborado, os festejos deste ano tiveram brilhantismo especial, dada a presença honrosa de mais de 30 bombeiros de Hong Kong que se deslocaram a Macau, propositadamente, para assistirem às comemorações. Agrupados em duas deputações, os bombeiros visitantes pertenciam à «Hong Kong Fire Brigade» e ao «Auxiliary Fire Service», os primeiros sob o comando de Lee Pin Cheng e os últimos comandados por Henry Cheng, totalizando as duas deputações 34 homens.

Durante a romagem ao monumento-ossário dos bombeiros

De manhã foi hasteada, no mastro do quartel dos bombeiros municipais, a bandeira da corporação. Pelas 8.30 horas, o Revdo. Cónego Fernando Maciel celebrou, na capela do Cemitério de S. Miguel, uma missa em sufrágio das almas dos bombeiros falecidos, após o qual, houve uma romagem ao monumento-ossário dos bombeiros, onde várias individualidades depuseram coroas de flores naturais e onde foi observado um minuto de silêncio. Pelas 13 horas, no quartel, perante a formatura dos bombeiros, o comandante do Corpo, Sr. Manuel Dimas Pina, leu um trecho sobre a vida e personalidade de Guilherme Gomes Fernandes, cujo valor foi enaltecido com justiça.

O Bispo de Macau, benzeno, no Largo do Senado, a nova autobomba

Pelas 17 horas, no Largo do Senado e imediações, juntou-se uma enorme multidão que ali assistiu à bênção duma nova autobomba «Dennis», adquirida pelo Município de Macau para o serviço dos bombeiros. A bênção da nova viatura foi dada pelo Ver. Bispo de Macau, D. Policarpo da Costa Vaz, tendo a Da. Laurinda Marques Esparteiro servido de madrinha que pronunciou na ocasião as seguintes palavras: «Que a Divina Proveniência acompanhe sempre esta autobomba e todos os que a manejarem na sua nobre e humanitária missão». Em seguida, as viaturas do Corpo de Bombeiros Municipais desfilaram ao longo da Avenida Almeida Ribeiro, vindo prestar continência ao Governador e principais autoridades da Província, próximo do edifício do Leal Senado, em cuja varanda se encontravam.

Milhares de pessoas assistiram, no Largo do Senado, à demonstração do potencial de água

No Largo do Senado e circundando o monumento de Mesquita, houve, seguidamente, uma demonstração do potencial de água, com 12 agulhetas habilmente manejadas pelos bombeiros, demonstração que entusiasmou grandemente a enorme assistência.

No campo desportivo da Praia Grande (antigo campo dos operários; hoje ocupado pelo Hotel Grand Lisboa), realizou-se um encontro de bolinha entre o Grupo Desportivo «Negro- Rubro» e a equipa da «Hong Kong Fire Brigade», o qual terminou pela vitória do primeiro, que ganhou por 6-2. À noite, no quartel da corporação, foi servido um jantar a que assistiram os bombeiros de Hong Kong e de Macau, representantes da Imprensa e outros convidados. A festa terminou com uma animado sarau musical, levado a efeito pelo grupo «Negro-Rubro».” (2)

(1) Guilherme Gomes Fernandes (1850- 1902). Fundador, em Portugal, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (1874-75) e do Corpo de Salvação Pública, foi nomeado Comandante do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspector de Incêndios do Porto em 1885. De seguida, transferiu-se para a Companhia de Incêndios (designada Corpo de Salvação Pública a partir de 1889 e Batalhão de Sapadores Bombeiros de 1946 em diante), assumindo o cargo de comandante. Biografia mais completa em: https://ahbvvc.com/pt/guilherme-gomes-fernandes

(2) Retirado de «MBI», III-50 de 31 de Agosto de 1955, pp. 5-6 https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/09/30/leitura-corpo-de-bombeiros-municipais-de-macau-em-1955/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/08/18/noticia-de-18-de-agosto-de-1953-dia-do-bombeiro/

Ceia de Natal dos polícias de MacauO Governador de Macau, Albano de Oliveira procedendo à distribuição do bodo às famílias dos bombeiros falecidos
Festas desportivas nas escolas realizadas no dia de Natal
Distribuição de merenda e prendas às crianças no Jardim de Camões
Extraído de «BGC», XXVI-296, Fevereiro de 1950.

Continuação da reportagem de Edgar Allen Forbes para o “The Nactional Geographic Magazine”de Washington em 1933, depois traduzida por Fernanda de Bastos Casimiro para o Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1)

Foto «MACAU – ESTAÇÃO DO CORPO DE BOMBEIROS »
Publicado no mesmo Boletim (1)

(1) In «Boletim da S. L. A. do Rio de Janeiro» n.º 5, 1933.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/06/04/leitura-macau-terra-da-doce-saudade-i/

No dia 28 de Maio de 1950, em comemoração do dia 28 de Maio, houve uma parada das forças militarizadas no Largo Senado . Anuário de Macau de 1950 p. 236/237
A Tribuna de honra estava instaladas à frente da Estátua do Coronel mesquita, virada para o edifício do Leal Senado e as forças em parada desfilaram ao longo da Avenida Almeida Ribeiro. O Governador era Albano Rodrigues de Oliveira (1)

Desfile dos militares
Desfile dos Bombeiros

(1) Ver anteriores referências a este governador em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albano-rodrigues-de-oliveira/

Ceia de Natal dos polícias de Macau
O Governador de Macau procedendo à distribuição do bodo (distribuição de alimentos, dinheiro e vestuário aos pobres, em dias festivos) às famílias dos bombeiros falecidos.
Festas desportivas nas escolas, realizadas no dia de Natal
Distribuição de merenda e prendas às crianças no Jardim de Camões
Aspecto da festa militar desportiva no dia de Natal

Extraído de «BGC» XXVI-296, 1950.

Na madrugada de 18 para 19 de Julho de 1989 passou o tufão «Gordon», um dos muitos tufões que habitualmente assolam a zona da Ásia/Pacífico, e nesse ano o que vinha com maior violência (ventos a mais de 180 Km/h)

Rajadas de vento superiores a 100 Km/h, foram sentidas em Macau.

Felizmente o Tufão viria a alterar a sua trajectória indo parar à República Popular da China, a 180 Km sudoeste de Macau. Mesmo assim para muitos dos residentes das ilhas da Taipa e Coloane foi o pior tufão a atingir as ilhas em muitas décadas anteriores.
O rescaldo da passagem saldou-se em algumas inundações, o derrube de alguns tapumes e árvores e a destruição parcial das protecções laterais e do sistema de iluminação  do istmo que ligava as ilhas da Taipa e Coloane. (1)

À passagem do «Gordon»  as zonas mais baixas da cidade ficaram inundadas

Antes de chegar a Macau, o  tufão « Gordon provocou grandes destruições na ilha de Luzon (Filipinas ) matando pelo menos cinco pessoas, com ventos de mais de 180 quilómetros hora.
As rajadas de vento chegou a 100 Km/h, acompanhadas de fortes bátegas de chuva, tenho sido içado o número 8 a partir de 18 horas (dia 18) e o n .º 9 , sete horas mais tarde.

Os bombeiros estiveram de prevenção enquanto o tufão se aproximava

80 habitantes de aldeamentos das ilhas, tiveram que ser evacuados e albergados provisoriamente na Escola Luso-Chinesa e Escola Primária Oficial, onde lhe foram servidas refeições. Os funcionários públicos estiveram dispensados do serviço entre as 16 horas de 18 até às 15 horas do dia seguinte. Todas  a área do Porto Interior e a zona baixa da Taipa ficaram inundadas pela chuva torrencial que não deixou de cair durante toda a madrugada, submergindo muitos veículos estacionados nas imediações. Às 12.00 horas, o sinal número 3 substituiu o sinal número 8, levando a reabertura ao trânsito da ponte Macau-Taipa e ao restabelecimento das ligações com Hong Kong. (2)
(1) Artigo e fotos da Revista «Macau» n.º 17 de 1989: “Tufão «Gordon» ameaçou Macau
(2) Informações retiradas do jornal «Tribuna de Macau» dos dias 18 e 19 de Julho de 1989

Além dos tufões, eram os incêndios os que maiores danos materiais e humanos causavam em Macau. Assim há várias notícias nas primeiras décadas do século XIX, sobre medidas e recomendações para se evitarem os incêndios.
No dia 7 de Novembro de 1829, o mandarim tchó-t´óng, por apelido Im, com o fim de evitar incêndios, ordenou a todas as lojas que tivessem baldes com água, à porta e que fossem destruídas quaisquer barracas de palha, além de se andar de noite com lanternas, em vez de archotes. (1)
Outra notícia datada também de Novembro mas na década de 30 (século XIX) com a mesma preocupação de se evitarem incêndios:
No dia 17 de Novembro de 1834, o Procurador da Cidade, António Pereira exigiu em ofício ao mandarim Tchó- T´óng que fosse proibida a construção de barracas e casas de madeira na Praia Pequena a fim de evitar o perigo de incêndios. Em 5 de Novembro desse ano, um violento incêndio destruiu 500 moradias. (1)

chinnery-igreja-de-s-paulo-antes-do-incendio-1834Igreja de S. Paulo, antes do incêndio
George Chinnery, 1834

Relembra-se ainda um outro grande incêndio que aconteceu no ano seguinte, 1835, do dia 26 para 27 de Janeiro, com a destruição da igreja e colégio construídos pelos jesuítas da Companhia de Jesus, na segunda metade do século XVI (1594-1602) restando depois somente as ruínas: a imponente fachada e a escada de granito. (1)
Os primeiros «Serviços de Incêndios», sob a administração da Fazenda Pública datam de 1883. Antes dessa data os serviços de incêndios de Macau foram, em tempos remotos prestados pelos seus próprios habitantes e com material adquirido por particulares (2)
Assim logo que fosse dado o rebate saíam todos os “bombeiros” improvisados dos seus alojamentos que estavam organizados em grupos e o grupo que chegasse primeiro, através do dédalo das ruelas da velha cidade (o risco maior era sempre no Bazar), recebia como recompensa dos seus esforços um magnífico leitão assado e dois almudes da melhor aguardente chinesa, custeados entre os moradores da rua vitimada pelo sinistro.
“Ora o grupo mais afamado era o da fábrica de tabacos “Tchu-Tc´hèong-Kei” que mantinha um grupo privativo com o seu respectivo equipamento, o mais completo possível, pois necessitava de se prevenir contra qualquer incêndio dentro da fábrica cujo negócio era enorme.
Além do grupo de bombeiros, a fábrica obrigava todos os empregados a exercitar-se, constantemente, em destreza e acrobacia, de forma a que todos pudessem acudir pronta e eficientemente em qualquer caso de fatalidade. Estimulados com um bom salário, era nesse grupo que estavam reunidos os melhores bombeiros da cidade.
Assim que fosse dado o sinal de alarme, quer de noite ou de dia, esses valorosos mocetões saltavam imediatamente das suas camas e, num abrir e fechar de olhos, fazendo repercutir com estrépito nas pedras das vielas os seus sapatorros, chegavam ao local de desastre, no meio dum ensurdecedor estrupido de rodados e de brutais imprecações, pondo toda a rua alvoraçada numa convulsão de actividade e, em alguns minutos, dominavam com uma presteza sem igual qualquer abrasamento por mais violento que fosse.
Por este motivo, quando acontecia uma calamidade desta natureza, os ânimos pusilânimes dos moradores da rua onde se manifestava o sinistro só se asserenavam com a chegada do grupo da fábrica “Tchu-Tch´èong-Kêi”. Então, alijados do receio de o fogo se alastrar, devastando as suas casas, exclamavam jubulosos: – Já não há receio! Já chegou o grupo de “Tchu-Tch´èong-Kêi”.!
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) Ler anterior postagem sobre os primitivos bombeiros de Macau de Luís Gonzaga Gomes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/11/01/noticia-de-1-de-novembro-de-1923-corpo-de-salvacao-publica/
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Os Primitivos Bombeiros de Macau in Curiosidades de Macau Antiga. Instituto Cultural de Macau, 1996, 2.ª edição, 184 p. ISBN -972-35-0220-8.
Outras referências anteriores sobre este assunto:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/09/30/leitura-corpo-de-bombeiros-municipais-de-macau-em-1955/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/incendios/”>https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/incendios/ 

Em 23 de Outubro de 1587 foi fundado o Convento de S. Domingos, dedicado a Nossa Senhora do Rosário, pelos dominicanos António de Arcediano, Ildefonso Delgado e Bartolomeu Lopes. Os três dominicanos que vieram do México, e que partiram de Espanha em Setembro de 1585, chegaram no dia 1 de Setembro de 1587, no navio S. Martinho, com o capitão português Lopes de Palácio. (1)
Já anteriormente, em 3 de Abril de 1587, tinham embarcados do porto de Acapulco, no México, 40 dominicanos chefiados por João Volante, para Macau (1). Era a época da dominação dos Filipes.

chinnery-igreja-convento-e-praca-de-s-domingos-c-1835-1838Igreja, Convento e Praça de S. Domingos
George Chinnery
Tinta sobre papel (sem data)
1835-1838

Os dominicanos e agostinianos espanhóis (1) (2) tiveram de entregar os seus mosteiros aos missionários portugueses das mesmas ordens, por decisão do Vice-Rei da Índia, em Março de 1588. (1) Foi tal a influência dos dominicanos que, em 1604, foi nomeado bispo da China, com sede em Macau, D. Fr. João da Trindade. Este bispo foi chamado a Portugal em 1614, tendo deixado como governador do bispado, o Vigário do Convento de S. Domingos, Fr. António do Rosário, que governou muitos anos e foi nomeado bispo de Malaca em 1637.
Foi neste período que a Ordem Dominicana floresceu mais, e foi então organizada a festa de Nossa Senhora do Rosário, e por subscrição, aberta entre os devotos, fundou-se a confraria do Rosário que celebrava com solenidade a festa de Nossa Senhora do Rosário (desconheço se esta solenidade ainda é comemorada na Igreja de S. Domingos). (3)
Com a ordem de extinção e encerramento de todos os conventos, posta em execução em Macau, em Setembro de 1835, foram leiloados quase todos os bens da ordem Dominicana, salvando-se o convento e a igreja de S. Domingos por a autoridade eclesiástica ter solicitado a transferência da Sé Catedral provisoriamente para a Igreja de S. Domingos por o edifício da Sé ter ficado arruinado com um tufão (05-08-1835) (4) Assim em 29 de Fevereiro de 1844, foi autorizado, por Ordenança Régia, a reabertura da Igreja de S. Domingos ao culto público. (4)

postal-jv016-igreja-de-s-domingosPOSTAL JV 016 – Igreja de S. Domingos – 1983
Edição de J. Victor do Rosário Jr.

Um dos primeiros actos públicos realizados na Igreja de S. Domingos como Sé Catedral, foi a consagração do Bispo D. Jerónimo José da Mata no ano de 1845. (5) Embora eleito em 19 de Junho de 1844, não foi consagrado nesse ano pois o Bispo das Filipinas, que veio a Macau para o sagrar, D. Thomas Badia, (6) faleceu no dia 1 de Setembro de 1844, enquanto se banhava na praia que ficava no sítio agora conhecido por Largo do Tarrafeiro, sendo sepultado naquela Igreja e hoje é dele a única lápide tumular que se encontra na capela-mor.
A Sé Catedral ficou reconstruída em 14 de Fevereiro 1850 pelo que a Igreja de S. Domingos deixou de funcionar como centro de culto.

chinnery-igreja-convento-e-praca-de-s-domingos-c-18361839Praça de S. Domingos (ao fundo a Igreja e o Convento de S. Domingos)
George Chinnery
Lápis e tinta sobre papel (sem data)
1836-1839

O convento que se encontrava junto á Igreja foi demolido e ocupava uma área enorme, incluindo as actuais Rua de S. Domingos, Rua da Palha, Travessa dos Algibebes e Rua dos Mercadores.
Depois da partida dos frades, em 1835, os seus alojamentos estiveram vazios e abandonados por bastante tempo e eventualmente serviram de quartel do famoso Batalhão Nacional de Macau, sendo as cavalariças do Batalhão instaladas em local espaçoso, situado atrás da Igreja.
Esteve instalada nestes edifícios do velho convento a Direcção das Obras Públicas, o Corpo de Bombeiros e a Estação Central dos Telefones, cabendo todos ao mesmo tempo no enorme edifício.
Do Convento existe ainda ao claustro com parte das escadas que dá para a sacristia, e os restos das dependências que ficam por cima dela, em que estavam instaladas as confrarias e congregações e vários objectos conservados como relíquias e que desde 1997 constitui o Tesouro de Arte Sacra (7)
É na Igreja de S. Domingos  que desde 1928 se vem sendo festejado o dia 13 de Maio (Nossa Senhora de Fátima) com grande solenidade e pompa.
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) 1586 – Fundação do Convento de Sto Agostinho, por Fr. Francisco Manrique (1)
(3) Artigo não assinado em MACAU B.I.1956.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
Ver referência anterior em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/08/05/noticia-de-5-de-agosto-de-1835-tufao-e-os-estragos-na-se-catedral/
(5) Ver anteriores referências neste blogue a D. Jerónimo José da Mata.
(6) Embora citado como Bispo das Filipinas, D. Thomas (Tomás) Badia (巴敵亞), era bispo filipino, Coadjutor do Vicariato Apostólico de Fo-Kien/ Fujian / 福建)de 19 de Janeiro de 1842 a 1 de Setembro de 1844 e Bispo titular de Isauropolis (cidade no sul da Turquia – antiga cidade romana e bizantina).
http://www.catholic-hierarchy.org/country/bph.html#b
(7) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/07/01/proposta-de-criacao-de-um-museu-de-arte-religiosa-em-1976/
Ver anteriores referências relacionados coma Igreja e Convento de S. Domingos em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-domingos/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/convento-de-s-domingos/

Os serviços de incêndios de Macau foram, em tempos remotos prestados pelos seus próprios habitantes e com material adquirido por particulares.
Até ao ano de 1882, (1) não havia estações de bombeiros, mas apenas postos para a armazenagem do material sendo todo o pessoal constituído por empregados das lojas comerciais, fabricas e outros moradores.
Datam de 1883 os primeiros «Serviços de Incêndios», sob a administração da Fazenda Pública. (2)  Mais tarde, esses serviços passaram à administração da Direcção das Obras Públicas, cujo director desempenhava as funções de Inspector de Incêndios. (3)
Esses serviços, até 1914, (4) eram rudimentares e insuficientes para a cidade, cujo desenvolvimento populacional aumentava em ritmo acelerado.
No ano de 1914, (5) o sr. Henrique Nolasco da Silva pôs à disposição dos Serviços de Incêndios  a sua viatura automóvel, um das poucas existentes em Macau, que ao alarme de fogo, ou de outro sinistro, acorria sem perda de tempo, ao Quartel de S. Francisco, a fim de transportar o Inspector de Incêndios e os bombeiros auxiliares (militares).
Em face deste evidente atraso, o então major de Infantaria, João Carlos Craveiro Lopes, (6) já pela generosidade que era seu timbre, já pelo que em Portugal fizera (2.º comandante dos Bombeiros Municipais de Lisboa) e pelo que vira no estrangeiro, resolveu dotar esta Cidade de Nome de Deus com um serviço de incêndios, a que tinha indiscutível direito, pelo que seu crescente desenvolvimento comercial e industrial, pela expansão das suas artérias e pela sua categoria de grande centro do Sul da China.
E assim se criou, em 30 de Outubro do ano de 1915, a «Inspecção de Incêndios», tendo por seu 1.º Inspector Comandante o detentor da medalha «Torre e Espada», ganha honrosamente ao célebre incêndio da «Madalena», o major João Carlos Craveiro Lopes. (7)
A técnica a empregar na extinção de fogos, posta em vigor em 1915, foi ensinada por este Grande Bombeiro, saudoso pai do actual Presidente da República Portuguesa.
Igualmente a Corporação lhe deve o ter sido apetrechado com material e ferramentas apropriados para os serviços de prevenção e ataque, além das melhores bombas a vapor, conduzidas por tracção animal.
Foi em 1917 adaptada a 1.ª viatura automóvel em «Pronto-Socorro», cedida pelos «Serviços dos Correios de Macau» à «Inspecção de Incêndios».
Em 1919, passou a «Inspecção de Incêndios» a designar-se «Corpo de Bombeiros» a cargo da Câmara, para efeitos de administração. (8)
Em 1922, a Corporação começou a ser equipada com apropriadas viaturas motorizadas das mais completas, da Casa Merryweather. (9)
Em 1923, a Corporação passou a denominar-se «Corpo de Salvação Pública, voltando à administração directa do Governo da Província subordinado à Secretaria Geral do Governo. (10)
Em 1936, coube à Repartição Técnica de Obras Públicas a administração do mesmo. (11)
Nos termos do § 1.º do art. 12.º do Decreto n.º 31:714 do Ministério das Colónias, conjugado com o art. 47.º do D. L. n.º 908, do Governo da Província de Macau, o Corpo de Salvação Pública com o seu pessoal e material transitou para o Leal Senado, a partir de 1 de Janeiro de 1946. (12)
A Corporação, passou então a denominar-se «Corpo de Bombeiros Municipais», de acordo com a Organização dos Serviços do Leal Senado da Câmara de Macau.

obras-e-melhoramentos-1947-1950-pronto-socorro-cbmO novo pronto-socorro do Corpo de Bombeiros Municipais. em 1955

O edifício situado na Estrada Coelho do Amaral serve de «Quartel dos Bombeiros» e tinha 14 divisões: parque para viaturas, casernas, central telefónica, comando, secretaria, arquivo, porto médico, arrecadação, casa-escola, cantina, sala recreativa, sala de aulas, barbearia e campo desportivo.
Em 1951, foi instalado um «Posto de Incêndios» para a protecção do Bairro e moradores das Casas de Madeira da Ilha Verde.
Em 1955, a corporação era constituída por 75 elementos incluindo o Comandante, Manuel Dimas Pina e seu ajudante, Napoleão da Guia de Assis. Tinha ao seu serviço o seguinte efectivo de viaturas:
1) 2 Pronto-Socorros (Ford V-8)
2) 1 Pronto -Socorro (Ford)
3) 1 Auto-Bomba (Dennis)
4) 1 Ambulância (Ford V-8)
5) 1 Ambulância (Austin)
6) 1 Camioneta (Ford)
7) 1 Carro-de-Comando (Willy´s Overland)
8) 2 Moto-Bombas (Merryweather)
9) 1 Moto-Bomba (Pfalaz)

obras-e-melhoramentos-1947-1950-ambulancia-cbmA nova ambulância do Corpo de Bombeiros Municipais, em 1955

(1) “18-03-1867 – Foram aprovadas, provisoriamente, por portaria régia, algumas providências do governo de Macau sobre o serviço de incêndios.” (13)
(2) “25-09-1875 – Nomeado pela Portaria n.º 79 o Major de Engenharia do exercito de Portugal, Augusto César Supico, para o cargo de Inspector de Incêndios. Exonerado em 20-01-1879“. (14)
(3) “20-01-1879 – Exonerado o Major Eng.º Augusto Cesar Supico do cargo de Inspector dos incêndios e nomeado o Major Raymundo José de Quintanilha , Director das Obras Públicas , para exercer o mesmo cargo“. (14)
(4) “28-04-1912 – Nomeação de Simeal José Gregório Madeira, sota da Inspecção dos Incêndios de Macau”. (15)
(5) “1914 – Henrique Nolasco da Silva pôs à disposição dos Serviços de Incêndio o seu automóvel, um dos primeiros que existiram em Macau a fim de acorrer com mais presteza aos sinistros. O pessoal de incêndios, na maioria militares, estava aquartelado em S. Francisco”.(15)
(6) “09-10-1915 – Louvado o Major de Infantaria João Carlos Craveiro Lopes, comandante do Corpo da Polícia (mais tarde General e Governador do Estado da Índia e pai do Marechal Craveiro Lopes, Presidente da República) por se ter oferecido para ministrar instrução de bombeiros a um núcleo de praças do Corpo de Bombeiros Voluntários que satisfaça às exigências da cidade de Macau.(15)
(7) “1-11-1915 – Nomeado para interina e cumulativamente exercer o cargo de Inspector de Incêndios o Major de Infantaria João Carlos Craveiro Lopes (P.P. n.º 253). Exonerado a 13-03-1916″ (15)
(8) “26-04-1919 – A Inspecção de Incêndios de Macau é extinta e criado em sua substituição o «Corpo de Bombeiros». Nesta data pela Portaria n. 80, B. O. n.º 17 é aprovada a organização do Corpo de Bombeiros de Macau, extinguindo a Inspecção de Incêndios . A  2-09-1919, este passa para o Leal Senado”.(15)
(9) “1922 – O Corpo de Bombeiros de Macau recebe equipamento e viaturas modernos. (15)
(10) “01-09-1923 – O corpo de Bombeiros volta para o Governo da Província e passa a denominar-se Corpo de Salvação Pública. (15)
(11)  “7-03-1936  – O Corpo de Salvação Pública de Macau – os «Soldados da Paz», até aí vinculado à Secretaria Geral do Governo, passa a estar ligado às Obras Públicas (15).
(12)  “01-01-1945 – O Corpo de Salvação Pública transita para o Leal Senado, passando a Corpo de Bombeiros Municipais”. (15)
(13) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(14) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau , Vol. 3, 1995
(15) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau,  Vol. 4, 1997

Retirado do artigo “Corpo de Bombeiros Municipais de Macau“, publicado no «Anuário de Macau, 1953-55»,