Data atribuída à chegada de Peter Mundy a Macau, o dia 5 de Julho de 1637 (1) (2) (3). No entanto, a frota onde vinha Peter Mundy) do capitão John Weddell e Nathaniel Mountney, comandantes da esquadra de quatro navios e duas pinaças enviada a Cantão em 1637 pela Courteen Association (com licença régia concedida em 1635 pelo rei inglês Carlos I) (4), chegou à Ilha da Montanha no dia 27 de Junho de 1637 e já no dia 28 de Junho, o próprio Peter Mundy com John Mountney e Thomas Robinson foram enviados à terra numa lancha com as cartas do rei e do Almirante dirigidas ao capitão General de Macau, Domingos da Câmara de Noronha para obter autorização para ancorar na Ilha da Taipa.


A tripulação dos navios estrangeiros estavam proibidos de ir à terra nem eram permitidas visitas a bordo – interditos todos os contactos dos estrangeiros com os locais – com excepção dos convites oficiais por parte as entidades de Macau (e nessa qualidade Peter Mundy pode visitar e descrever no seu diário (5) as impressões de Macau, bem como desenhos) ou a visita à frota inglesa do Procurador de Macau (no dia 28 de Junho de 1637) e do mandarim chinês no dia 1 de Julho.
Peter Mundy terá visitado ao Igreja e Convento de S. Paulo no dia 07-07-1637 (6)
Mais um pequeno extracto do diário (7) correspondente ao dia 8 de Outubro aquando da visita à cidade a convite do governador e do Conselho da Cidade a 4 individualidades, o comandante Weddell, o pastor, Cristopher Parr (comissário do Dragon) e Peter Mundy tendo este descrito o jantar “numa bela casa ricamente mobilada com baixela de prata, biombos, cadeiras, alcovas, tapeçarias …(…)
“O nosso jantar foi servido em baixela, sendo a meu ver muito bom e saboroso; mas a maneira de servir era muito diferente da nossa, pois a cada pessoa era servida uma porção igual de cada espécie de carne, trazida em duas salvas de prata, sendo repetidas algumas vezes, pois antes de acabar um prato, já estava outro pronto para ser servido. O mesmo sucedia com as bebidas: cada um tinha uma taça de prata numa bandeja; apenas esvaziada, era de novo cheia com excelente e bom vizinho português pelos serventes que ali estavam prontos para esse fim. Havia também variada e boa música de canto, harpa e guitarra… (…)
… Neste lugar há muitos homens ricos, trajando à maneira de Portugal. As suas mulheres, como as de Goa, vestem-se com saraças e condês, (8) este sobre a cabeça e as outras do meio do corpo até aos pés, e andam calçadas de chinelas chatas, É este o trajo ordinário das mulheres de Macau. Só as de melhor categoria são transportadas em cadeiras à mão, como as cadeirinhas em Londres, todas totalmente cobertas algumas das quais são muito caras e ricas, trazidas do Japão. Mas quando saem sem elas, a patroa dificilmente se distingue da criada ou escrava pela aparência exterior, todas inteiramente cobertas, mas as suas saraças ou (?chailes) são de melhor qualidade. “(3)
No Volume III, Part. II do mesmo livro, logo no início, o autor descreve a partida de Macau: Dezembro de 1637/ Janeiro de 1638
(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 1, 1997.
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Macau através dos séculos, 1977).
(4) Terá sido a primeira embaixada britânica de comércio à China. Em 13 de Julho de 1635, após autorização aos ingleses de comerciar nos portos portugueses, dava entrada em Macau, o primeiro barco inglês. (2)
(5) Peter Mundy (1600-1667?) natural da Cornualha, mercador, viajante, é considerado um dos mais famosos viajantes ingleses pelas suas muitas viagens pela Europa e Àsia.
Sir Richard Carnac Temple (1850-1931) e Miss Lavinia Mary Anstey editaram (adaptação e comentários) com o patrocínio da Hakduyt Society, em 1907, os diários de Peter Mundy com o título “The Travels of Peter Mundy in Europe and Asia (1608-1667)” em 5 volumes.
As referências a Macau encontram-se principalmente no Vol. III, Part. 1:
Imagens extraídas de:
https://archive.org/stream/travelsofpetermu31mund#page/n7/mode/2up
(6) A data provável da conclusão da fachada de pedra da Igreja da Madre de Deus (SD. Paulo é de 1637.
(7) Ver anteriores referências a Peter Mundy em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/peter-mundy/
(8) O Condê era uma espécie de véu que cobria a cabeça e o tronco e a saraça um vestido de linho fino, que se segurava ao condê e ia da cintura aos pés. Quando o condê caía, apareciam as imodestas O bispo D. Alexandre Pedrosa Guimarães condenou este trajo em 1779, pois dizia ele, quando o condê «cai, se descompõem indecorosamente nos lugares mais modestos» (3)
No Volume III, Part. II do mesmo livro, logo no início, o autor descreve a partida de Macau: Dezembro de 1637/ Janeiro de 1638.

Imagens extraídas de:
https://archive.org/stream/travelsofpetermu32mund#page/n7/mode/2up