Archives for posts with tag: Confraria Bom Jesus dos Passos

Duas notícias extraídas do «Boletim do Governo de Macau, (1) de 1865, relativas ao baile de carnaval realizada no dia 27 de Fevereiro, no teatro D. Pedro V e à procissão do Senhor Jesus dos Passos realizada no dia 5 de Março, da igreja da Sé Catedral para a de Santo Agostinho.

(1) Extraído de  «BGM», XI-10 de 6 de Março de 1865,p. 38
Hoje e amanhã, em Macau, realizam-se as cerimónias religiosas do Nosso Senhor dos Passos.E a propósito desta devoção, na continuação da postagem de dez postais impressos na Tipografia Seng Si Lda (5.000 exemplares) e emitidos pela Direcção dos Serviços de Turismo, em Fevereiro de 2006, publicitando “Eventos de Macau” (1). publico o postal referente à procissão. Postal, sem outras indicações (autores? datas?)

A Procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos tem lugar anualmente no primeiro sábado e domingo da Quaresma e é parte da “Novena católica e da Festa em Honra do Senhor Bom Jesus dos Passos”.
A procissão conta com a participação do Bispo da Diocese de Macau, dos membros do clero e de um grande número de fiéis locais e estrangeiros, e é acompanhada pela Banda de Música das Forças de Segurança tocando a marcha fúnebre. Segue o caminho da “via dolorosa”, que representa o percurso de Jesus Cristo do Pretório ao Calvário referido na Bíblia. Actualmente, a procissão decorre ao longo de dois dias. Tem início na Igreja de Santo Agostinho e dirige-se à Igreja da Sé, fazendo o percurso inverso no segundo dia. Em designadas estações da “via sacra”, no percurso de regresso, uma mulher interpreta o papel de Verónica entoando um cântico triste enquanto um padre e os numerosos fiéis respondem com preces e cânticos, criando uma atmosfera de pesar. A procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos tem uma longa história em Macau. Remonta a 1708, sendo um evento religioso característico e representativo da cidade.
http://www.culturalheritage.mo/pt/detail/2464/1
“Foram os Agostinhos espanhóis, vindos das Filipinas, que em 1586 terão introduzido, em Macau, o culto da Paixão de Cristo, nomeadamente a procissão dos Passos. A procissão do Senhor do Passos em Macau transcende o seu significado religioso. Em 1717, com a saída dos Agostinhos para Goa, a procissão deixou de se realizar. Nos anos seguintes verificou-se carestia e falta de alimentos em Macau. A população chinesa atribuiu a situação ao facto de não se realizar a procissão, tendo requerido ao Procurador do Senado “que fizesse andar pelas ruas aquele homem de pau às costas”, assim lhe chamavam. E, mais prontificaram-se a arcar com todas as despesas. Estávamos em 1721, e o Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos continua a sair anualmente, pela fé de uns e a crendice de outros. No século XIX, na sequência da extinção das Ordens Religiosas, a igreja de Santo Agostinho é entregue à Confraria de Nosso Senhor do Bom Jesus dos Passos, que tinha sido fundada pelos Agostinhos portugueses quando chegaram a Macau. A Confraria toma posse da Igreja e das casas anexa em 1887.Confraria que é, ainda hoje, responsável pela realização desta procissão. (LOPES, Fernando Sales in
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2013/02/15/a-grande-procissao-dos-macaenses/
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/01/29/postais-da-direccao-dos-servicos-de-turismo-eventos-de-macau-2006-i/
Anteriores referências neste blogue desta Festividade Religiosa, Património Cultural Intangível do território:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/08/06/leitura-restituicao-do-convento-de-santo-agostinho-e-o-2-o-cazo-milagroso-ii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/03/10/noticia-de-10-de-marco-de-2019-o-senhor-dos-passos-em-1955/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/25/noticia-de-25-de-marco-de-1708-tradicoes-que-se-continuam-ii-a-procissao-dos-senhor-dos-passos-ou-senhor-da-cruz-as-costas/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/04/noticias-de-4-e-5-de-marco-de-2017-tradicoes-que-se-continuam-a-procissao-do-senhor-dos-passos-i-fotos-de-1974/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/21/a-tradicional-procissao-do-senhor-dos-passos-1973/

Por lei desta data, 17 de Abril de 1884, foi efectivamente concedida pelo Governo de Sua Majestade, à Irmandade do Senhor de Bom Jesus dos Passos (1) a posse do Templo de Santo Agostinho, (2) obrigando-se aquela a prover a reedificação e conservação do edifício e sustentação do culto (3) (4)
Na verdade, foi a acção de Lourenço Caetano Cortela Marques (1811-1902) que foi durante muitos anos Presidente da Confraria e que ao ver desabar essa igreja em 27 de Setembro de 1872, (5) apressou-se a requerer a posse dessa Igreja para a Confraria
Assim o Governador Visconde Sam Januário em 28 de Janeiro de 1873 por portaria n.º 16, concedeu a posse, “requerida pela Confraria do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, da igreja de Sto Agostinho, obrigando-se a mesma Confraria a reedificar a referida igreja, e a prover de futuro a sua conservação e asseio”.

Boletim da Província de Macau e Timor, XIX, n.º 5 de 1/2/1873.

(1) A Confraria de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos terá sido constituída, logo após a chegada a Macau dos agostinhos espanhóis, vindos das Filipinas em 1586 (2) pois nesse ano já se praticava o culto da Paixão de Cristo e se efectuava a procissão dos Passos. A Igreja de Nossa Sra. Da Graça, vulgarmente conhecida por Igreja de Sto Agostinho, está a cargo da Confraria do Senhor Bom Jesus dos Passos. Esta igreja foi sempre e continua a ser o centro do culto de Nosso Senhor dos Passos, cuja imagem é ali venerada (4)
(2) Fundado em Macau o convento de S. Agostinho, em fins de 1586 ou princípios de 1587, pelo agostinho espanhol Fr. Francisco Manrique, foi entregue aos agostinhos portugueses em 22 de Agosto de 1589. Encadeados nas múltiplas hipóteses da sua transferência, total ou parcial, para o sítio onde hoje existe, há manuscritos que nos afirmam ter-se mudado o local do convento para a Colina do Mato Mofino, em 1591, sítio actual da sua existência. Embora nos refiramos ao convento de S. Agostinho, o que realmente existe hoje é apenas a igreja e seus anexos, pois o que era o convento já não faz parte deste conjunto; é presentemente a «Vila Flor», residência dos religiosos da Companhia de Jesus” (“A Colina de Santo Agostinho e o seu Convento, artigo não assinado. in MACAU, Boletim Informativo III- 59,  15 de Janeiro de 1956, pp. 4-6)
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 193-195.

Boletim da Província de Macau e Timor XXX – n.º 25 de 21 de Junho de 1884

(5) O grande incêndio que em 1872 destruiu a capela‐mor, a sacristia e várias outras dependências. Não houve perdas de vida. No ano seguinte, a Confraria do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos requereu para si a igreja, com o compromisso de reedificar as partes derrubadas. Em 1887 já as obras estavam concluídas; no entanto, em 1889 a mesa da confraria resolveu reconstruir integralmente a igreja. O engenheiro Mateus Lima foi então requisitado para fazer a necessária vistoria e elaborar o caderno de encargos, vindo a empreitada a ser arrematada pelo mestre‐de‐obras chinês ou macaense Afoo. Foram também realizadas melhorias na sacristia, na torre e na casa da confraria. O templo voltou a ter culto a 9 de janeiro de 1900.
TEIXEIRA, Padre M. – Macau e a sua Diocese Volume I -Macau e as suas Ilhas. 1940, p. 180.
Ver anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/27/noticias-queda-do-tecto-da-igreja-de-santo-agostinho/

Exemplo de uma dádiva à Confraria

Boletim do Governo de Macau, n.º 8 de 24 de Fevereiro de 1868 p. 46.

Referências anteriores à Igreja de Santo Agostinho e à Procissão do Senhor:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-agostinho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/procissoes/<

Extraído do «Boletim da Província de Macau e Timor» Vol XIV – 4, 1868.

12-12-1917 – Processo n.º 180 – Série C – Ordem dada à Mesa da Confraria do Senhor Bom Jesus dos Passos para intentar a competente acção contra o herdeiro de D. Eufémia Francisca dos Reis, a fim de conseguir o reembolso da quantia de $ 200,00 que a referida Confraria emprestou em 1911, à mesma senhora, sobre a hipoteca do prédio n.º 1 da Rua Central, devendo a Mesa, no caso de este meio não ser suficiente para reaver aquela quantia e os devidos juros, intentar a acção competente contra os mesários, a cuja negligência se deve atribuir o facto dessa importância não ter sido cobrada, quando o referido prédio foi vendido em hasta pública judicial. (Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I – Janeiro/Junho de 1985).