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Por lei desta data, 17 de Abril de 1884, foi efectivamente concedida pelo Governo de Sua Majestade, à Irmandade do Senhor de Bom Jesus dos Passos (1) a posse do Templo de Santo Agostinho, (2) obrigando-se aquela a prover a reedificação e conservação do edifício e sustentação do culto (3) (4)
Na verdade, foi a acção de Lourenço Caetano Cortela Marques (1811-1902) que foi durante muitos anos Presidente da Confraria e que ao ver desabar essa igreja em 27 de Setembro de 1872, (5) apressou-se a requerer a posse dessa Igreja para a Confraria
Assim o Governador Visconde Sam Januário em 28 de Janeiro de 1873 por portaria n.º 16, concedeu a posse, “requerida pela Confraria do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, da igreja de Sto Agostinho, obrigando-se a mesma Confraria a reedificar a referida igreja, e a prover de futuro a sua conservação e asseio”.

Boletim da Província de Macau e Timor, XIX, n.º 5 de 1/2/1873.

(1) A Confraria de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos terá sido constituída, logo após a chegada a Macau dos agostinhos espanhóis, vindos das Filipinas em 1586 (2) pois nesse ano já se praticava o culto da Paixão de Cristo e se efectuava a procissão dos Passos. A Igreja de Nossa Sra. Da Graça, vulgarmente conhecida por Igreja de Sto Agostinho, está a cargo da Confraria do Senhor Bom Jesus dos Passos. Esta igreja foi sempre e continua a ser o centro do culto de Nosso Senhor dos Passos, cuja imagem é ali venerada (4)
(2) Fundado em Macau o convento de S. Agostinho, em fins de 1586 ou princípios de 1587, pelo agostinho espanhol Fr. Francisco Manrique, foi entregue aos agostinhos portugueses em 22 de Agosto de 1589. Encadeados nas múltiplas hipóteses da sua transferência, total ou parcial, para o sítio onde hoje existe, há manuscritos que nos afirmam ter-se mudado o local do convento para a Colina do Mato Mofino, em 1591, sítio actual da sua existência. Embora nos refiramos ao convento de S. Agostinho, o que realmente existe hoje é apenas a igreja e seus anexos, pois o que era o convento já não faz parte deste conjunto; é presentemente a «Vila Flor», residência dos religiosos da Companhia de Jesus” (“A Colina de Santo Agostinho e o seu Convento, artigo não assinado. in MACAU, Boletim Informativo III- 59,  15 de Janeiro de 1956, pp. 4-6)
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 193-195.

Boletim da Província de Macau e Timor XXX – n.º 25 de 21 de Junho de 1884

(5) O grande incêndio que em 1872 destruiu a capela‐mor, a sacristia e várias outras dependências. Não houve perdas de vida. No ano seguinte, a Confraria do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos requereu para si a igreja, com o compromisso de reedificar as partes derrubadas. Em 1887 já as obras estavam concluídas; no entanto, em 1889 a mesa da confraria resolveu reconstruir integralmente a igreja. O engenheiro Mateus Lima foi então requisitado para fazer a necessária vistoria e elaborar o caderno de encargos, vindo a empreitada a ser arrematada pelo mestre‐de‐obras chinês ou macaense Afoo. Foram também realizadas melhorias na sacristia, na torre e na casa da confraria. O templo voltou a ter culto a 9 de janeiro de 1900.
TEIXEIRA, Padre M. – Macau e a sua Diocese Volume I -Macau e as suas Ilhas. 1940, p. 180.
Ver anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/27/noticias-queda-do-tecto-da-igreja-de-santo-agostinho/

Exemplo de uma dádiva à Confraria

Boletim do Governo de Macau, n.º 8 de 24 de Fevereiro de 1868 p. 46.

Referências anteriores à Igreja de Santo Agostinho e à Procissão do Senhor:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-agostinho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/procissoes/<

Tendo sido transferido para o Convento de Sta. Clara a escola de meninas que funcionava no convento de Sto. Agostinho, desde 10-08-1846 (1), em 6 de Julho de 1857, foi este transformado em Hospital Militar até 1874, (2) ano em que foi construído o Hospital Conde de S. Januário (inaugurado a 6 de Janeiro de 1874). Depois “velho e desactivado“, o convento é convertido em Liceu Nacional de Macau (inaugurado em 18-09-1894) (3) e depois comprado por Artur Basto que o transformou em sua residência. Com a morte foi adquirido pela Companhia de Jesus e, sob o nome de Residência de Nossa Senhora de Fátima dos jesuítas ou “Vila Flor” (serve de casa de repouso aos jesuítas), junto à Igreja de Sto. Agostinho. (GOMES, Luís Gonzaga- Efemérides da História de Macau, 1954).

Chinnery Escadas de Sto Agostinho 1829Escadas que conduziam ao antigo Convento de Santo Agostinho
George Chinnery – 1829 (4)

(1) “O convento de Santo Agostinho foi fundado em fins de 1586 ou princípios de 1587, pelo agostinho espanhol Fr. Francisco Manrique, (os padres espanhóis pertenciam à Província Filipina) e foi entregue aos agostinhos portugueses em 22 de Agosto de 1589. (5) Encadeados nas múltiplas hipóteses da sua transferência, total ou parcial, para o sítio onde hoje existe, há manuscritos que nos afirmam ter-se mudado o local do convento para a Colina do Mato Mofino (onde hoje se encontra a residência de Nossa Senhora de Fátima dos jesuítas) em 1591. Outros dizem que só foram mudadas algumas portas e não todo o corpo do convento, por não se encontrar notícia nem vestígios do que se pretende dar por mais antigo.
Esta transferência, e até à fundação dos agostinhos em Macau, atribui-a Casimiro Cristóvão de Nazaré em «Mitras Lusitanas no Oriente», ao agostinho português Fr. Miguel dos Santos.
Em 1711, o Convento de s. Agostinho foi retirado aos seus frades por ordem do Vice – Rei D. Rodrigo da Costa, sob a acusação de serem afectos ao Cardeal de Tournon. Mas foi-lhes restituído em 1721.
Em 1834, com a expulsão e extinção de todas as ordens religiosas no Império Português, esta igreja foi confiscada pelo Governo de Macau e serviu-se de quartel militar (Batalhão de Primeira LInha), escola de meninas desde 10-08-1846   e hospital. No final do séc. XIX,, em 1873, o Governador de Macau devolveu a administração desta igreja à Confraria de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos.
O engenheiro Jerónimo Luna no relatório «Hospital Militar – no extinto convento de Santo Agostinho» refere as obras realizadas neste edifício:
«Neste hospital se fizeram primeiramente diferentes obras, de consertos, reparos e pinturas, e, ultimamente, fizeram-se as obras necessárias para o isolamento completo dos doentes, em relação à parte do edifício arruinado, pelo desmoronamento de parte da igreja. …» (6)
«…Este edifício, por ser velho e ter geralmente má construção, precisa constantemente de reparos.»” (7)
(2) A instalação do Hospital Militar que foi autorizada por portaria de 21 de Novembro de 1855, implicou alterações/adulterações da estrutura do edifício. O Hospital Militar ocupou as alas que conformavam o claustro e dispunha de sessenta e oito camas. Mesmo após 1874 após a transferência dos doentes para o Hospital Sam Januário, a tropa continuou no convento até 1893 (aquando da instalação do Liceu de Macau).( GOMES, L.G.- Efemérides da História de Macau, 1954).
3) “28-09-1894 – Foi inaugurado o Liceu Nacional de Macau, instalado no velho e desactivado Convento de Santo Agostinho (que acabou de ruir, sem causar danos pessoais) com uma simples visita do Governador Horta e Costa. Não se realizou nenhuma solenidade por a família real se encontrar de luto. .(GOMES, L.G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

SMIRNOFF Igreja Sto Agostinho 1944Fachada principal da Igreja de Santo Agostinho
George Smirnoff, 1944
O Convento ficava à direita (na foto) da Igreja

(4) Este desenho de Chinnery vem mencionado com este título nos catálogos das exposições, ambas em 1995 “Macau Uma Viagem Sentimental” e “Imagens de Macau Oitocentista“. Mas tem uma referência ao “Convento de S. Francisco”, embora interrogado, no catálogo da exposição em 1985 “George Chinnery – Macau“.
(5) “22-08-1589 – Tomarão posse os Religiosos de Stº Agostinho desta Cidade do Convento de N. S. da Graça que hoje possuem o qual foi fundado pelos Religiosos desta Ordem vindos de Filipinas …” (BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1964).
(6) “Isto escrevia-se depois do grande incêndio de 1872, que destruiu a capela‐mor, a sacristia e várias outras dependências e que nos faz crer que essa parte do convento, já não alinhava com o bloco da igreja, pois era considerada dependência militar, e , posteriormente, passou a pertencer a particulares.” (7)
(7) ” A Colina de Santo Agostinho e o seu Convento”, sem indicação de autor in . MACAU, Boletim Informativo, 1956.
Anteriores referências ao Convento de Santo Agostinho:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/convento-de-s-agostinho/
Ver ainda «NOTÍCIAS – QUEDA DO TECTO DA IGREJA DE SANTO AGOSTINHO» em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/27/noticias-queda-do-tecto-da-igreja-de-santo-agostinho/