Archives for posts with tag: Casa Memorial Sun Yat-sen

Mais dois “slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR” comprados na década de 70 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA.
(1)

Casa Memorial do Dr. Sun Yat-sen – 澳門國父紀念館 (2)

O Dr. Sun Yat-sen não terá vivido nesta casa, (3) mas sim os seus familiares. Conhecida como a “Mansão do Sun”, foi construída em 1912 numa imitação-mistura de traços arquitectónicos do estilo mourisco como residência para sua primeira esposa, (de 1885 a 1915) Lu Muzhen -盧慕貞 (1867-1952) que aí viveu desde 1913 com suas duas filhas, Sun Yan (孙延), Sun Wan (孙) e seu filho Sun Ke. Morou em Macau por 40 anos, falecendo aos 85 anos (1952).
A casa foi reconstruída em 1931 por ter sido muito danificada pela explosão do paiol da Flora. (3)
A casa, hoje museu, é um edifício alto de três andares com varandas ornamentadas e pátios espaçosos, localizado na Rua Silva Mendes, n.º1. Existe uma estátua de bronze do Dr. Sun Yat-sen na área exterior Casa Memorial.
O Mercado Municipal Almirante Lacerda, mais conhecido por Mercado Vermelho, (4) que ficou pronto em junho de 1936 (5) situa-se do lado oriental da Avenida Almirante Lacerda. É uma estrutura de três pisos em forma de paralelepípedo. Tem um espaçoso piso térreo e o 1.º piso possuem bancas fixas, vendendo os mais diversos produtos frescos ao passo que o 2-º piso é constituído por uma torre central. Quando se construiu o Mercado, a área a noroeste da Avenida era uma vasta zona de hortas e as zonas adjacentes (Av. Ouvidor Arriaga, Av. de Horta e Costa) eram pouco povoadas, com algumas residências de famílias abastadas ou de altos funcionários coloniais.
Na segunda metade de 1934, a arquitectura foi concebida por Júlio Alberto Basto, o cálculo da estrutura da obra encarregava-se o 3.º conde, Bernardino de Sena Fernandes, e o desenho foi feito por Wong Lam e Tse Shing. A obra da construção do mercado iniciou-se no princípio de 1935 e concluída em Junho de 1936.
(1) https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&q=nenotavaiconta+slides+coloridos+de+Macau
(2) 澳門國父紀念館 – mandarim pīnyīn: Àomén Guófù Jìniànguǎn; cantonense jyutping: ou3 mun4 gwok3 fu6 gei2 nim6 gun2.
Este “slide” é da década de 60 (século XX), antes de 1966, já que a Casa Memorial apresenta-se toda engalanada para as comemorações do dia 10 de Outubro, dis nacional da República da China -中華民國 (Zhōnghuá Mínguó). Esta data deixou de ser comemorada em Macau, após os acontecimentos de 1-2-3 de 1966.
(3) Em 13 de Fevereiro de 1912, Sun Yat-Sen renunciou ao cargo de Presidente provisório da República da China, tendo voltado a Macau em Maio de 1912 (após 17 anos desde que ele visitou o território pela primeira vez) e Junho de 1913. Em Maio de 1912, O Dr. Yat-Sem, acompanhado por sua filha mais velha, Sun Wan, ficou duas noites num pavilhão no Jardim de Lou Lim Ieoc que era o presidente do Hospital Kiang Wu, onde o Dr Sun trabalhara como médico.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/casa-memorial-sun-yat-sen/
(4) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/mercado-vermelho/
http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=120
(5) Em Agosto de 1933, a Comissão de Terras concordou com o pedido de concessão de terras apresentado pelo Leal Senado da Câmara relativo ao uso gratuito de um terreno de 1,450 (mil e quatrocentos e cinquenta) metros quadrados, sito na Avenida Almirante Lacerda para construir um mercado.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 4, 1997.

«As 5.35 horas da manhã de 13 de Agosto de 1931, (1) explodiu o Paiol da Flora, (2) devido aos grandes calores estivais. A explosão causou a morte das seguintes pessoas: 1.º sargento António Sousa Vidal, Henrique Ciríaco da Silva, funcionários das obras públicas, João Córdova, Natércia Duarte, criança de 11 anos, um filhinho do chefe da Polícia Carlos A. da Silva, um soldado africano e 15 pessoas chineses, sendo os feridos cerca de 50.(3)
O Palacete da Flora ficou reduzido a um montão de escombros; as casas fronteiriças, escalavradas; muitas casas arruinadas e muitíssimas com as janelas, portas e vidros partidos.
Nas três casas Canossianas houve muitos vidros partidos e algumas portas quebradas, mas não houve ferimentos, pois, sendo Verão, tanto as educandas como as órfãs chinesas estavam fora a passar as férias.
Uma bomba incendiária fez uma visita à Casa Canossiana de Mong Há: entrou por uma janela, forçando-a, pois, estava fechada, girou em volta da luz eléctrica, e saiu por outra janela do dormitório ds educandas, sem causar dano algum, além dum grande susto a uma rapariga, que naquela noite havia dormido ali. Atribui-se à protecção de Maria, de quem a pequena era muito devota, o não ter sido vítima do acidente. (4)
Outros estragos materiais mais significativos referenciados, para além das casas próximas do jardim que ficaram danificadas: a casa que Sun Fo tinha construído para a sua mãe, a casa memorial “Sun Yat Sen” na Av. Sidónio Pais: o coreto do jardim de Lou Lim Ioc que se encontrava em lugar diferente do actual, tinha a porta virada Av. Conselheiro Ferreira de Almeida.

A propósito dessa explosão, conta o Padre Teixeira (4) o seguinte episódio:
Nessa manhã, alguém telefonou da Taipa para Macau.
– Ouviu-se aqui um grande «estâmpido». Que aconteceu?
– O paiol da Flora foi pelos ares.
– Houve vítimas?
–  22 mortos e 50 feridos.
– Safa. Que «estâmpido» tremendo!
O caso do «estâmpido» passou de boca em boca e, durante vários dias, era «estâmpido» sem parar.
Nós tínhamos leitura no Seminário, durante as refeições. Sucedeu que o leitor foi o José Dias Bretão. Apareceu essa palavra no livro e ele, com ouvir tantas vezes pronunciar «estâmpido»., já estava um pouco confuso e leu assim mesmo.
Gargalhada geral!
O prefeito mandou que repetisse. E ele «estâmpido».
Por fim, mandou-o sair da estante, ameaçando-o com um castigo, pois julgava que estava a brincar. Só lhe levantou o castigo ao verificar que o rapaz tinha lido a sério.
Resultado: ficou sempre com a alcunha de «estâmpido».
(1) O Conselho do Governo destinou uma verba de 300 mil patacas destinado a ocorrer ao pagamento das despesas resultantes da destruição do Paiol Militar da Flora e à construção de um novo paiol nas Ilhas.
Boletim Oficial da Colónia de Macau de 14 de Agosto de 1931 – Suplemento ao n.º 32
Nomeação de uma comissão para propor as medidas a adoptar para se socorrer as vítimas da explosão do Paiol da Flora.
Boletim Oficial da Colónia de Macau de 14 de Agosto de 1931 – Suplemento ao n.º 32.
 (2) “Década de 20 – Posteriormente, no início de 20, procedeu-se à construção de um complexo sistema de túneis de características militares, que atravessam o subsolo da Colina da Guia, tendo sido instalado, na propriedade, um paiol que em 13 de Agosto de 1931, explodiu provocando a destruição do palacete da Flora “(ESTÁCIO, A. J. E e SARAIVA, A. M. P. – Jardins e Parques de Macau, p.30”
Em 28 de Junho de 1919, o governador aprovou o projecto da Repartição dos Serviços de Obras Públicas para a construção do novo paiol militar junto da Colina da Guia.

O Paiol da Flora estava situado num terreno por detrás do “Ténis da Flora” sensivelmente por detrás do actual Jardim Infantil D. José da Costa Nunes).

(3) O número de mortos e feridos variam conforme as fontes:
“Em 13 de Agosto de 1931, explodiu o paiol militar situado na Fonte de Inveja, causando 41 mortos, nos quais 7 foram crianças, e danificando um grande número de casas nos locais próximos. A explosão causou uma perda económica no valor de 400,000.00 dólares de Hong Kong para os proprietários e habitantes dos locais adjacentes”
http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=106
11-08-1931 – Uma explosão no Paiol Novo da Flora provocou 24 mortos e 50 feridos e destruiu completamente o palacete da Flora. Várias casas ficaram em ruínas ou danificadas num raio de 3500 metros.”  (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997)
Boletim Oficial da Colónia de Macau, n.º 33 de 15 de Agosto de 1931
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, pp. 221-222

O jardim do Palacete da Flora. Construção antiga melhorada em 1914-1915
1915, Fotógrafo: M. Russel, Copyright: Arquivo Histórico Ultramarino,
https://actd.iict.pt/view/actd:AHUD7626

NOTA: Recorda-se que o Palacete da Flora foi a perda material mais significativa da explosão do Paiol. Foram trinta toneladas de pólvora que destruíram tudo, num raio de 300 metros incluindo o palacete que era a residência de verão dos Governadores; na altura, estava lá instalado o Museu Luís de Camões e servia também como pavilhão de exposições de arte.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/06/leitura-uma-exposicao-de-arte-no-palacete-da-flora-1929/
Anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/paiol-da-flora/
Pode-se ver fotografias dos estragos causados pela explosão em:
http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=106
Outras leituras e video disponíveis:
https://cronicasmacaenses.com/2012/11/08/macau-1931-explodiu-o-paiol-da-flora/
https://www.youtube.com/watch?v=ytRaoL50QEU
http://macauantigo.blogspot.com/2012/07/explosao-do-paiol-da-flora-agosto-1931.html
O «Diário de Notícias” (Portugal) datado de 12 de Setembro de 1931 falava-se da segunda edição da Volta a Portugal em bicicleta, com vitória de José Maria Nicolau na etapa Beja-Évora e conquista da camisola amarela, a campanha contra o analfabetismo, considerado “um grande problema nacional”, e também de “A Catástrofe de Macau”, sobre a terrível explosão do paiol da Flora, acompanhado da seguinte foto:
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/12-set-2018/interior/contra-o-analfabetismo-9832957.html

Encontrei entre os meus livros um Lai Si – envelope vermelho (1) do Banco da China e no seu interior, uma nota nova (a tradição manda que no Ano Novo Chinês,as notas intoduzidas nestes envelopes sejam novas)  de “10 Patacas”, emissão do Banco Nacional Ultramarino de 1991 com a seguinte numeração: A Q 815568. Certamente, oferta de um familiar mais velho e nos princípios da década de 90 (século XX)

Banco da China, Sucursal Macau
中國銀行     澳門分行 (2)

Dimensões: 12,2 cm x 8.5 cm

FRENTE: 10 PATACAS – 拾圓 (3) – Casa Memorial Dr. Sun Yat-Sen
À esquerda a marca de água com um “junco chinês” À direita, a Casa Memorial do Dr. Sun Yat-Sen (4)
Em cima, à esquerda: “Decreto –Lei n.º 40/91/M  – Boletim Oficial de Macau n.º 27 de 08/07/1991”
Em baixo, ao centro, as assinaturas: “Presidente do Conselho de Administração” e do “Director Geral do Departamento de Macau”, e junto à moldura geral, o logótipo do Banco Nacional Ultramarino
Dimensões 138 x 69 mm
Cores: castanho, verde, azul amarelo. laranja e roxo.
VERSO:
Como ilustração principal, uma vista de Macau da década de 80, incluindo a ponte Macau-Taipa (5) e parte da Baía da Praia Grande e abertura à direita para a marca de água
Cores: castanho, verde, azul, amarelo
Quantidade emitida autorizada até à quantidade de 30 milhões de unidades.
Entrada em circulação: 1992
(1)https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/envelopes-vermelhos-%E5%88%A9%E6%98%AF-%E5%88%A9%E5%B8%82-%E5%88%A9%E4%BA%8B/
(2) 中國銀行 澳門分行 – mandarim pīnyīn: zhōng guó yín háng ào mén fēn háng ; cantonense jyutping: zung1 gwok3 ngan2 haang4 ou3 mun4 fan1 haang4
(3) 拾圓– mandarim pīnyīn: shí yuán; cantonense jyutping: sap6 jyun4
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/casa-memorial-sun-yat-sen/
(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ponte-do-governador-nobre-de-carvalho/

No dia 1 de Agosto de 1893, o jornal “Echo Macaense”(Ching-Hai Tsung-Pao), sob a direcção de Francisco Hermenegildo Fernandes (da Tipografia Fernandes) dava a notícia ( primeiro periódico a abordar este assunto) da presença em Macau do Dr. Sun Yat Sen. Dr. Sun visitara Macau aos 12 anos (1878). Agora já homem feito, regressava vindo de Hong Kong onde completou o Curso de Medicina e aceitou o Baptismo cristão. Apesar das dificuldades, o ilustre médico procurou introduzir o seu raio de acção a medicina ocidental (1)
O Dr. Sun exerceu clínica em Macau, no Hospital Kiang Wu cerca de 2 anos.  Residia no prédio n.º 19 de Leal Senado (demolido) e tinha também consultório no n.º 48  da  Rua de Estalagens, praticando medicina europeia e onde havia uma Farmácia Chinesa fundada pelo próprio (há uma iniciativa por parte do Instituto Cultural da RAEM para a recuperação desse prédio) (2)

POSTAL - Casa Memorial Sun Yat Sen década de 60POSTAL da década de 60, em inglês.
Residence of Dr. Sun Yat Sen / 澳門國父紀念館 ” (3)
Photo:  Chi Woon Kong (Distributed by Leung Wai Yin)

SUN YAT SEn 1912 - Lou Lim IeocEsta foto já por mim publicado em (4), foi tirada na recepção dada pelo fundador da República Chinesa, Dr. Sun Yat Sen, em Maio de 1912, em Macau, no Pavilhão Iong Sam Tóng da residência de Lou Cheok Chin ou Lou Kao e seu filho Lou Lim Iok (hoje Jardim Lou Lim Ieoc), onde esteve hospedado duas noites.
Na primeira fila, sentados, à esquerda da foto, Camilo Pessanha e ao centro da foto, ao lado do Dr. Sun Yat Sen, a esposa do Governador, e o Governador Álvaro de Melo Machado. Do lado esquerdo do Dr. Sun, a sua filha mais velha, Sun Wan e Francisco Hermenegildo Fernandes.

POSTAL - Casa Memorial Sun Yat Sen 1986Postal em inglês (copyright  Dept. of Tourism – D. S. T.) de 1986
Sun Yat Sen Memorial House (founder of the People Republic of China)”

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995.
(2) Outros locais em Macau relacionados com o Dr. Sun:
AGOSTO de 1905 – O Dr. Sun Yat-sen funda no Japão a Tong Meng Hui – Associação dos Revolucionários Chineses (também chamada: Liga Unida Revolucionária) que se estenderá a Macau em 1909 com sede no n.º 41 da Rua da Praia Grande. Além da Sede a associação contará com uma biblioteca – Le qun na Rua do Volong e outra na Rua do Hospital (hoje, Rua Pedro Nolasco da Silva) em frente ao ainda existente Capitol (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4, 1997).
(3) Leio muitas vezes, artigos de jornalistas e mesmo de académicos apontando este edifício como “onde residiu o Dr. Sun Yat Sen“. LU Muzhen mulher de Sun Yat SenEsta é uma casa Memorial em sua homenagem (e não sua residência) mandada  fazer em 1912/1913, pela viúva Lu Muzhen e pelo filho,  Sun Fó /孫科, situado na Rua de Silva Mendes, na Flora. A chamada “mansão de Sun” foi reconstruída em 1933 e em 1958 tornou-se Casa Memorial e aberta ao público.
Lu Muzhen / 盧慕貞 (1867- 1952), primeira mulher de Sun Yat Sen que se divorciou em 1915 do marido, viveu em Macau nessa mansão de 1915 até o seu falecimento em 1952 (aos 85 anos de idade), com as duas filhas Sun Yan /  孫延, Sun Wan/ 孫琬.  (https://en.wikipedia.org/wiki/Lu_Muzhen) (4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/10/10/noticia-de-10-de-outubro-de-1911-leitura-macau-e-sun-iat-sen/
NOTA: anteriores referências a Dr. Sun Yat Sen em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/sun-yat-sen/
e aconselho leitura do artigo de Ricardo Pinto, no jornal “Ponto Final” de 13-01-2012, intitulado “SunYat-sen, herói e vilão”, disponível em:
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2012/01/13/sun-yat-sen-heroi-e-vilao/