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As Missões Ultramarinas”, livro da autoria do Padre Albano Mendes Pedro, consultor missionário da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, publicado pela Sociedade de Geografia de Lisboa, durante a Semana do Ultramar, em 1970.
O autor traça a acção missionária dos portugueses ao longo da história e descreve as dioceses existentes (em 1969) no então ultramar português.
Nas páginas 62-63, descreve a “Diocese de Macau”:
O primeiro chefe espiritual católico de Macau, D. Belchior Carneiro, chegou ali em 1568. Não era bispo da Diocese porque esta ainda não existia. Fundou a Santa Casa da Misericórdia e os Hospitais de S. Lázaro e de S. Rafael.
A Diocese de Macau, primeiro bispado do Extremo Oriente, foi fundada a 23 de Janeiro de 1576. Abrangia a princípio Macau, terras e ilhas adjacentes, China, Japão e Tonquim. No decurso dos tempos ficou reduzida à província portuguesa de Macau, parte do território da China, com comunidades de Singapura e Malaca.
Tem 250 000 habitantes em território português. Os católicos são 23 000.
Está dividida em dois vicariatos gerais, o de Macau e o de Shiu-Hing. Tem 9 paróquias fora da China. O pessoal missionário é composto por 147 sacerdotes, 9 irmãos e 199 religiosas.
A distribuição por organizações é a seguinte: Clero secular 57; Salesianos, 23 sacerdotes e 14 irmãos; Jesuítas, 13 sacerdotes e 2 irmãos; Franciscanos, 2 sacerdotes. Há vários outros missionários sem situação transitória.
As religiosas estão assim distribuídas: Canossianas, 41; Franciscanas Missionárias de Maria, 96; Preciosíssimo Sangue 10; Carmelitas,11; Filhas de Nossa Senhora dos Anjos, 10; Filhas de Maria Auxiliadora, 11; Dominicanas do SS.mo Rosário,11; Filhas de S. Paulo, 4; Perpétuo Socorro irmãzinhas de Jesus e Anunciadoras do Senhor, 3 e 2.
O ensino diocesano é ministrado em 1 Seminário, 17 Colégios de Ensino secundário, 1 Escola de Magistério, 2 escolas profissionais, 29 escolas primárias e 28 escolas infantis, com 20 456 alunos, ao todo.
A assistência sanitária e social é prestada em 7 orfanatos, 3 asilos, 8 creches, 2 hospitais, 1 leprosaria e 7 dispensários. Os tratamentos foram 234 613. – A imprensa católica tem O Clarim, o Boletim eclesiástico e as revistas Oásis, Rosette, etc.
Em Macau há protestantismo e comunismo.
PEDRO, Albano Mendes – As Missões Ultramarinas. Sociedade de Geografia de Lisboa, Semana do Ultramar,1970. Impresso na Escola Tipográfica das Missões Cucujães,  79 p.

TSYK I-32, 12 de Maio de 1864

Muralha e escadas do Bom Jesus
George Chinnery c. 1836

O Mato de Bom Jesus também chamado Monte de Bom Jesus é apenas um pequeno outeiro que pertencia a Inácia Vicência Marques da Paiva, natural de Macau, filha de Domingos Marques (natural da Beira) e de Maria Francisca dos Anjos Ribeiro Guimarães (natural de Macau).
O nome de Bom Jesus vinha-lhe da Capela do Bom Jesus, que ali existia, e à qual se refere J. M. Braga (1)  ao identificar os edifícios que aparecem numa chapa holandesa do século XVIII:
«À esquerda desta residência (das 16 colunas, hoje Instituto Salesiano) está uma colina que parece se a velha Horta do Bom Jesus. Sabe-se que havia, nessa colina, uma capela em honra do Bom Jesus Cristo, (construído por volta de 1744 por Francisco Xavier Doutel, (2) que depois governaria Timor de 1745 a 1749), o último passo da «Procissão dos Passos», em Macau, até à sua destruição. O desenho que se vê nesta gravura não é uma capelinha, mas um grande edifício (segundo Padre Teixeira, seria a mansão da família Marques ou da família Ribeiro Guimarães). Fica-se a cogitar o que poderia ter sido. O actual convento das Carmelitas ou o Carmelo (construído em 1951, e também já destruído) foi erigido nesta colina apenas há poucos anos» (BRAGA, J. M. – Algumas achegas para a iconografia de Macau. Arquivos de Macau, Março de 1965, p. 190)
Inácia Vicência faleceu viúva a 2 de Novembro de 1822, rica, tendo deixado à Santa Casa um legado de $ 10 000, que na época era uma fortuna.

MAPA DA PENÍNSULA DE MACAU DE 1889 (pormenor)  assinalando a Horta de Bom Jesus

O Monte de Bom Jesus foi depois comprado pelo comissário inglês das Alfândegas Chinesas, que vivia ali perto, numa grande casa na Rua da Boa Vista, que fica em frente do antigo Hotel Bela Vista (hoje, consulado de Portugal), do lado poente. O bispo de Macau, José da Costa Nunes (3) planeava construir ali um colégio pelo que incumbiu o reitor do Seminário de S. José, Padre Francisco Bonito Bragança de adquirir o terreno para a Diocese de Macau. A compra concretizou-se no dia 6 de Setembro de 1923 tendo a Diocese entregue ao Comissário das Alfândegas $ 5 000 00 de sinal. D. José da Costa Nunes não conseguiu concretizar a construção do colégio nem o plano de um hospital no Mato de Bom Jesus, pois partiu para Goa em Dezembro de 1941 sem o ter feito.
As Carmelitas vieram para Macau em 1941, ficando alojadas num terreno em Mong Há e em 1949, o bispo D. João de Deus Ramalho (4) ofereceu-lhes o mato de Bom Jesus para aí levantarem o seu Carmelo.
Hoje ainda está referenciada na Toponímia de Macau, a Calçada do Bom Jesus, que começa na Travessa do Bom jesus, entre a Calçada da Paz e a Travessa do Seminário e termina entre o prédio n.º 1 da Rua da Praia Grande e o prédio n.º 30 da Praça Lobo de Ávila. A Travessa do Bom Jesus começa na Rua da Penha e termina na Calçada do Bom Jesus entre a Travessa do Colégio e a Calçada da Paz. (5)
(1) Ver referências anteriores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jack-m-braga-jose-maria-braga/
(2) Ver referências anteriores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-xavier-doutel/
(3) Ver referências anteriores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-jose-da-costa-nunes/
(4)  Ver referências anteriores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-de-deus-ramalho-%E7%BD%97%E8%8B%A5%E6%9C%9B/
(5)TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997,pp 124-131.