Archives for posts with tag: Canhoneira Rio Lima

Artigo publicado pelo ICM “Macau visto pelo Conde de Arnoso”, com os comentários do Padre Manuel Teixeira (1) (

“O Conde de Arnoso (2) chegou a Macau a 23 de Junho de 1887, juntamente com Tomás de Sousa Rosa que ia a Pequim assinar o primeiro Tratado Luso-Chinês. Conta ele no seu livro Jornadas pelo Mundo (p. 113): “Embarcados na canhoneira Rio Lima, levantámos ferro do porto de Hong-Kong, pelas oito horas da manhã do dia 23 de Junho, em direcção a Macau. Navegando contra vento e corrente, cinco horas levámos a percorrer as quarenta milhas que separam as duas cidades. Pela uma hora da tarde entrávamos na rada em frente da Praia Grande. Com respeito e orgulho olhámos para essas águas, que foram sepultura dum antepassado nosso, Jorge Pinheiro de Lacerda que, pelejando ali, pelos tempos da restauração da casa de Bragança, contra os holandeses, e cedendo o esforço à multidão dos contrários, como refere o cronista, se matou deitando fogo ao paiol do navio depois de lhe arrancar os sinais do triunfo já arvorados nos mastros. Volvidos mais de dois séculos, é-nos grato a nós, que vimos de igual sangue e usamos do mesmo apelido, aportar às mesmas águas num navio da marinha portuguesa com oficiais que, em circunstâncias semelhantes, não hesitariam um só momento entre o render-se e morrer”

Alguém conhece este Jorge Pinheiro de Lacerda? A nós parece-nos que é pura fantasia do seu suposto descendente, Conde de Arnoso. Depois de 1627, nunca mais os holandeses se atreveram a atacar Macau. Na Restauração não houve combate algum com os holandeses. O nome de Lacerda não figura entre aqueles que assinaram o termo da Restauração. Não consta que nenhum capitão de navio em Macau tivesse deitado fogo ao paiol da pólvora.

Onde é que ele teria lido esse nome e esse episódio?” (1)

(1) http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30007/1514 (2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/conde-de-arnoso/

Extraído de «O Independente», XI-1, 17 de Janeiro de 1889, pp. 2/3

Extraído de «O Independente», XI-1, 17 de Janeiro de 1889, pp. 2/3

Artigo intitulado “QUESTÃO DE MACAU”, publicado na “Revista Portugueza Colonial e Marítima”, de 1908, (pp. 114-117) assinado por E. de V. (possivelmente: Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcellos, director da revista) (1)
(1) Livraria Ferin, Lisboa (ed.); Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcellos (dir.), Vol. XVIII – 135, 1908, 45 pags. (pp. 114 – 117)

O Directório de língua inglesa (1) de 1888 apresentava a lista dos navios portugueses que constituíam a esquadra naval portuguesa na China.
A corveta «Bartolomeu Dias» (2) foi uma corveta mista – com propulsão à vela e a vapor – ao serviço da Marinha Portuguesa, entre 1858 e 1905.
A corveta foi construída, em madeira, no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, em 1858, sendo a primeira corveta da Marinha Portuguesa com propulsão a vapor.
Na sua viagem inaugural, foi responsável por trazer para Portugal D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, noiva do Rei D. Pedro V de Portugal. O navio foi comandado desde a sua entrada ao serviço, pelo infante D. Luís, irmão do Rei e oficial da Marinha.
A corveta Bartolomeu Dias foi incendiada em Angola, em 1905, por já não se achar em condições de utilização.
Lançamento:2 de janeiro de 1858
Período de serviço: 1858 – 1905 (desmantelado)
Deslocamento :2377 t
Propulsão: três mastros de velas redondas
Máquina a vapor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Dias_(corveta)

Chegada a Lisboa da Rainha Dona Estefânia a bordo da corveta “Bartolomeu Dias”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Dias_(corveta)#/media/File:CorvetaBartolomeuDias1859.jpg


As canhoneiras Rio Lima (1875-1910), Rio Vouga (1882-1909), Rio Sado, (1875-1921) e Rio Tâmega (1875-1921) (3) fazem parte da chamada classe «Rio Lima». A canhoneira Rio Vouga foi construída no Arsenal de Marinha em Lisboa, e as restantes em Inglaterra. (4)

A canhoneira Rio Vouga (1882-1909)

Características técnicas:
Deslocamento: 645 toneladas
Dimensões: 45,4 m comp; 8,6 m boca; 3 m calado
Armamento: 2 peças de 9 libras; 2 peças de 4 libras; 1 peça de 3 libras
Propulsão: 2 mastros de velas; 1 maq. de 500 h.p.; 1 maq. 750 h.p.; 1 veio = 10 nós
Guarnição: 100 marinheiros
http://osrikinhus.blogspot.pt/2009/10/canhoneira-rio-vouga-1882-1909.html
A canhoneira Tejo (1869 – 1900) foi construída nos estaleiros do Arsenal da Marinha em Lisboa.
Wenceslau de Morais esteve em serviço nas canhoneiras Tejo (1889 até 1891) e Rio Lima (de 8-07-1888 a 31-09-1889)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/canhoneira-tejo/

Canhoneiras “Guadiana” (1879-1892); Tejo (1869-1900) e “Faro” (1878-1912)
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/07/marinha-de-guerra-no-sec-xix-1.html

O vapor Dilly (1893-1905) foi adquirido em 1891 para operar em Timor. Foi abatido ao efectivo em 1905.
Por Portaria de 17 de Dezembro de 1892 foi determinado que deveria ser considerado relativamente ao Governo de Macau e ao Comando da respectiva Divisão Naval nas mesmas circunstâncias de qualquer dos vapores da flotilha do Zambeze. Em 1899 foi entregue ao Governo do distrito autónomo de Timor.
Por Despacho Ministerial de 17 de Outubro de 1905 foi mandado abater à lista dos navios de guerra.
https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=5257
NOTA: Esquadra de Guerra Portuguesa em 1880:
Corveta-Couraçada: “Vasco da Gama”;
Corvetas: “Bartolomeu Dias”, “Estefânia”, “Duque da Terceira”, “Sá da Bandeira”, “Rainha de Portugal” e “Mindelo”;
Canhoneiras: “Tâmega”, “Sado”, “Rio Lima”, “Tejo”, “Douro”, “Quanza”, “Bengo”, “Mandovi”, “Rio Ave”, “Guadiana”, “Tavira”, “Faro” e “Lagos”;
Transportes à Vela: “África” e “Índia”;
Transportes a Vapor: “Guiné” e “Fulminante”;
Navios-Escola: Fragata “D. Fernando II e Glória”, Corveta “Duque de Palmela” e Corveta “Sagres”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_navios_de_guerra_portugueses
(1) Retirado de “The Directory & Chronicle for China, Japan, Corea, Indo-China, Straits”, 1888.
https://books.google.pt/books?id=zYpEAQAAMAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false
(2) Corveta – Antigo navio de guerra com três mastros; moderno navio de guerra dotado de armas antiaéreas e anti-submarinas.
Por Corveta começaram a ser designados no século XVIII os navios de guerra semelhantes às fragatas, mas de menor dimensão. Tal como as fragatas, as corvetas tinham três mastros de velame, mas, ao contrário daquelas, não dispunham de uma bateria inteira coberta de canhões.
http://salvador-nautico.blogspot.pt/2010/04/corveta_14.html
(3) O A canhoneira “Tamega” está referenciada no Directório de Macau de 1885, com a seguintde guarnição:
(4) Uma canhoneira é uma embarcação armada com um ou mais canhões. O termo é bastante genérico e foi aplicado a vários tipos de embarcações de guerra. No entanto, a partir de meados do século XIX, foi usado, sobretudo para designar as embarcações de pequeno e médio porte, usadas pelas grandes potências no policiamento naval das suas colónias.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Canhoneira

Extraído doe «As Colónias Portuguesas», Supplemento n.º 15 de 21 de Setembro de 1890.

Wenceslau de Moraes no JapãoO escritor Wenceslau de Moraes, nascido a 30-05-1854 e falecido em 1 de Julho de 1929, em Tokushima, Japão, (1) esteve ligado a Macau cerca de 10 anos tendo chegado a 7 de Julho de 1888 a bordo do transporte “Índia”. No dia 8 de Julho, Moraes passou do “Índia” para a canhoneira “Rio Lima.” Em 1889 viu pela primeira vez o Japão. Em 31 de Setembro de 1889 passou da canhoneira “Rio Lima” para a canhoneira “Tejo”, tendo posteriormente assumido o comando em 31 de Setembro de 1889.
Wenceslau de Moraes assumiu o comando interino da estação naval de Macau em 20 de Janeiro de 1891 (exercendo o comando somente até Março) tendo regressado na canhoneira Tejo (sob o seu comando) a Lisboa. Voltou a Macau nesse mesmo ano e viveu em Macau até ser exonerado de imediato da capitania de Macau em 8 de Junho de 1898, para ser nomeado encarregado da gerência interina do Consulado Português de Hiogo e Osaka e posteriormente em Kobe e Osaka (de 1899 até 1913). (2)
O seu interesse pela China e por Macau foi escasso ao contrário do Japão que o apaixonaria até á morte.
Em Macau conviveu com Camilo Pessanha por quem tinha «vivíssima estima» , que era correspondido. Camilo Pessanha escreveu e dedicou-lhe, o poema “Viola Chinesa” (3 ) escrito em Macau em Julho de 1898

Pessanha e Wenceslau em HK c.1895Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes, cerca de 1895, em Hong Kong
(Postal – Edição do Instituto Português do Oriente – Macau, 1990)

Foi professor de Matemática Elementar do Liceu Nacional de Macau (posse a 16 de Abril de 1894)
NOTA: anteriores referências a Wenceslau de Moraes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/wenceslau-de-moraes/
(1) GOMES, L. G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(2) DIAS, Jorge – A Presença de Macau na Vida e na Obra de Venceslau de Morais. MACAU- edição do Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau, n.º 1, Maio de 1987.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/07/01/noticia-de-01-de-julho-de-1929-poesia-viola-chinesa