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Carta do Príncipe Regente datada de 13 de Maio de 1810 – do Rio de Janeiro – concedendo o título de Leal ao Senado. (In Alvarás, Justiça em Macau – A. H. M. – Res). D. João VI concedeu este título ao Senado de Macau, em recompensa os esforços envidados para repelir os piratas de Cam-Pau-Sai, que ameaçavam a Colónia, e pelos importantes socorros pecuniários prestados em muitas ocasiões ao Estado da India. (1)

– Data do Alvará (13 de Maio de 1810) que cria o Batalhão Príncipe Regente, para defesa da Cidade e de Macau (passou a funcionar como polícia da cidade), com cerca de 400 praças vindas de Goa. O Vice-rei da Índia comunicou que, o Príncipe Regente tinha autorizado a criação de um batalhão para a defesa da cidade, denominado por Batalhão Príncipe Regente. O Batalhão era constituído por quatro companhias e um efectivo da ordem dos 400 homens, que o Senado fez alojar inicialmente duas companhias no antigo quartel (Casa da Alfândega) e outras duas, na fortaleza do Monte na impossibilidade de as alojar no colégio de S. Paulo.

Em 13 de Junho de 1810, foi entregue a bandeira ao comandante Major D. Francisco de Castro na igreja de Sto. António onde recebeu a bênção por Fr Agostinho, da Ordem Dominicana. (2)

 (1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p. 92 + SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 21.

(2) O Rei em 28 de Outubro de 1816 aprovou a deliberação do Senado de acomodar duas companhias no antigo quartel e outras duas na Fortaleza do Monte, em virtude das dificuldades postas pelo Bispo em aquartelar a tropa no Colégio.

CAÇÃO, Armando – Unidades Militares de Macau, pp. 18 e 45.

Extraído do «Anuário de Macau», 1922, p. 36)
Retrato de D. João VI, Rei de Portugal. Retrato por Albertus Jacob Frans Gregorius

D. João VI (nome completo: João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança) (Lisboa, 13 de maio de 1767 — Lisboa, 10 de março de 1826), cognominado O Clemente, foi rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1816 a 1822 (quando da independência do Brasil – que redundou na extinção do Reino Unido até então existente). De 1822 em diante foi rei de Portugal e Algarves até à sua morte, em 1826. Pelo Tratado do Rio de Janeiro de 1825, que reconhecia a independência do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, também foi o imperador titular do Brasil, embora tenha sido o seu filho D. Pedro o imperador do Brasil de facto

Não esperara vir a ser rei, só tendo ascendido à posição de herdeiro da Coroa pela morte do seu irmão mais velho, D. José. Assumiu a regência quando a sua mãe, a rainha D. Maia I de Portugal, foi declarada mentalmente incapaz.  Regente de 15-07-1799 a 20-03-1816; Rei de 20-03-1816 a 10-03-1826. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal

Lucas José de Alvarenga, (nascido em Minas Gerais, tira em Coimbra o Curso de Direito e exerce com Procurador da Coroa), em 27-08-1807, viaja para a Índia e é nomeado como Governador de Macau. Fica em Goa algum tempo à espera de monção.

“15-09-1808 – Chegou o novo Governador Lucas José Alvarenga vindo desde Bombaim no «Comboio Inglês»; posse marcada para 26-XII-1808. (1) Um governo turbulento: os ingleses e a sua tropa saem de Macau mas os ataques da pirataria continuam; assiste ao conflito entre o Senado e o Ouvidor Arriaga; os mandarins mandam tropas para Macau, tendo as mesmas acampado perto do Forte de S. Francisco. Alvarenga investigou sobre as finanças a cargo do Senado, de que era presidente. Vigiou de perto a tradução das chapas sínicas acabadas de verter em Português pelo Procurador, enfim, Alvarenga chegou a acusar o Ouvidor e o Senado de se passarem para o lado dos mandarins em vez de protegerem a soberania portuguesa. Em contrapartida, as elites locais acusavam-no de anglófilo!. Ainda no seu tempo, assiste-se à luta contra Cam Pao Sai, que acabou por se render, depois de negociações conduzidas por Arriaga. O mandato de Alvarenga acaba em 19 de Julho de 1810, data em que lhe sucederia Bernardo Aleixo de Lemos e Faria. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p.15)

(1) “01-01-1809-O Governador Lucas José Alvarenga só neste dia tomou posse, “por moléstia que lhe sobreveio inesperamente” na tarde de 26 de Dezembro anterior.” (SILVA, Beatriz Basto da –  Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p.16)

DIÁLOGO ENTRE JOSÉ FAGOTE E PANCHA GUDUM, AMBOS VELHOS

FAGOTE
Bons dias senhora Pancha!
Minha musa encantadora!
Quer bocê casar comigo?
Diga já, já, sem demora!

PANCHA
Cusa? Sium na sium sua terra
Sã assim pidi cazá?
Ung-a ome assim vêlo
Inda num sabe falá.

FAGOTE
Oh2 Minha querida flôr,
Não se zangue por tão pouco!
Dê-me essa mão de esposa,
Quando não eu mouro louco!

PANCHA
Tirá mão daqui galego!
Vai casá cô moça, moça!
Nom basta vêlo franzido
E sem sápeca na borça.

FAGOTE
Eu já sei que não és moça,
És uma velha coruja!
Com os cabelos já brancos,
E com a bôca toda suja!

PANCHA
Sai! Lagarto sem vergonha!
Já depressa vai s´imbora!
Si non quero eu logo
Fazê corê com vaçora!.

FAGOTE
Boça mercê não me insulte!
Tome cuidado comigo!
Nunca vi uma pantera
Com tanta sanha consigo!

PANCHA
Azinha trezé vaçóra!
Dáli, pinchá na rua
Para este porco sem vergonha,
Déçá ele mulá com chúa!

FAGOTE
Oh! Não, não, eu já me vou!
Nada faço com esta gente.
Que um raio abraza esta casa
Junto com esta serpente!.

José Baptista de Miranda e Lima (1)

(1) José Baptista de Miranda e Lima (Macau, na rua hoje chamada Central, 10-11-1782- Macau na mesma casa, 22-01.1848; sepultado no Cemitério de S. Paulo), benemérito da instrução e hábil educador, se não foi o primeiro, tornou-se seguramente o mais importante poeta macaense (compunha em português e em patuá num estilo marcado pela literatura neoclássica). Professor régio desde 1804, até a sua morte da cadeira de Gramática Latina e de Português no Real Colégio de S. José, de Macau. José Baptista de Miranda e Lima era grande adepto de Miguel de Arriaga Brum da Silveira (a quem dedicou em 1810 uma poesia cantando as virtudes deste ao vencer o pirata Cam Pau Sai), e em 1822, dirigiu em nome dos constitucionais de Macau uma representação ao Rei e à Cortes, declarou-se a favor do novo rei D. Miguel, em 1829 e por isso foi suspenso do seu lugar de professor. Foi reintegrado, anos mais tarde.
Filho de José dos Santos Baptista e Lima, (natural de Lila de Alpedriz-Leiria, veio para Macau onde casou em 23 de Janeiro de 1782, grande educador e professor régio das línguas portuguesa e latina em 1775 – primeira cadeira de Instrucção publica criada em Macau depois da reforma de Estudos pelo Ministério Pombalino.
Família de beneméritos da instrução já que a sua irmã Maria Izabel Baptista de Miranda e Lima (1785-????) foi Mestra de Escola Publica de Caridade desta cidade-para os Bairros da Sé e Santo António.(2)
(1) Poéma retirado de REIS, João C. – Trovas Macaenses. Mar-Oceano Editora, Macau, 1992, 485 p.
(2) «MBI» I.6 de 31 de Outubro de 1950.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-baptista-de-miranda-e-lima/

No dia 13 de Maio de 1810, o Príncipe Regente D. João (futuro rei D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1816 a 1822) envia do Rio de Janeiro onde estava a corte portuguesa desde 1807, uma carta concedendo o título de «Leal» ao Senado de Macau (1)
D. João concedeu este título ao Senado de Macau, em recompensa dos esforços envidados para repelir os piratas de Cam-Pau-Sai (2) que ameaçavam a Colónia, e por em outras ocasiões ter prestado uteis e importantes socorros pecuniários à Capital dos Estados da Índia, em circunstâncias apertadas, e árduas.
Neste mesmo dia (13-05-1810) foi publicado o Alvará que criou o Batalhão Príncipe Regente, (3) para a defesa de Macau. Passou a funcionar como polícia da cidade e era constituído por quatro companhias e um efectivo da ordem dos 400 homens, praças vindas de Goa inicialmente alojados na Casa da Alfândega (2 companhias) e na Fortaleza do Monte (2 companhias).
Também neste dia (13-05-1810), Miguel de Arriaga Brum da Silveira (4) que chegou a Macau em 29-06-1802, foi reconduzido no cargo de Ouvidor.
O Batalhão Regenerador (nome adoptado após o saneamento do Batalhão do Príncipe Regente) apoiou o Conselheiro Arriaga, em 1822, quando este liderou uma revolução absolutista em Macau, que fracassou tenho sido preso Miguel de Arriaga na noite de 15 de Setembro de 1822.
Informações de SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leal-senado/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cam-pau-sai/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/batalhao-do-principe-regente/
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/miguel-de-arriaga-brum-da-silveira/

Desde 1805 que o pirata Cam Pau Sai (1) que se tornou posteriormente conselheiro de Estado em Beijing (2) andava assolando as costas do mar da China (e atacando os navios que saíam de ou viajavam para Macau) (3) com uma armada de cerca setecentos navios , entre juncos, lorchas e ouras embarcações mais pequenas. O governador Lucas José de Alvarenga (4) resolveu acabar com esta situação que desfraldava os negócios da cidade e incumbiu o desembargador Miguel José de Arriaga Brum da Silveira (5) para organizar uma esquadra naval.O desembargador conseguiu assim juntar o brigue  «Princesa Carlota», (6) de 16 peças e 100 homens de guarnição, o brigue«Belisário», (7) de 18 peças e 120 homens de guarnição e a lorcha «Leão» (8)  (piloto: José Gonçalves Carocha) de 5 peças e 30 homens de guarnição sob o comando do capitão de artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo  Sousa. (6) O comandante de uma fragata inglesa que se encontrava no porto, a pedido do Governador, prometeu juntar-se à frota, mas não saiu do porto de Macau.
A 15 de Fevereiro de 1809 deu-se o primeiro encontro (1.ª batalha naval das várias que os portugueses tiveram com este pirata na Boca de Tigre culminado com o último em 21 de Janeiro de 1810) (2). A frota naval portuguesa encontraram nas proximidades cerca de duzentos navios do pirata. Os portugueses dispararam continuamente os seus canhões e as suas espingardas sobre os juncos que tentavam aproximar-se, não conseguindo os piratas abordar os navios portugueses. Rezam as crónicas que o combate durou desde manhã até ao pôr-do-sol , acabando os piratas por bater em retirada com muitos portos e feridos. A lorcha Leão por ser a menor embarcação foi a mais fustigada pelos piratas por isso Gonçalves Carocha distinguiu-se pela sua coragem neste combate.
Ao saber desta vitória, a corte imperial propôs uma acção conjunta para acabar com os piratas. Foi por isso assinado em 23 de Novembro de 1809 uma convenção (por mim já referida na postagem de 21-05-2015) (2)
(1) O mesmo pirata é referenciado com outros nomes como Kam Pao Sai, Cang-Pau-Sai, Chang-Pau Sai, Cam-Pao-Tsai, Cam-Po-Sai, Apo-Sai, Apochai, Cam-Pau- Sai, Cam-Apó-Chá ou Quan Apon Chay.
(2) Ver anterior referência a este pirata e outras batalhas em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/21/noticia-de-21-de-janeiro-de-1810-o-celebre-pirata-cam-pau-sai/
(3) O Governador Lucas José de Alvarenga num relatório de 3 de Março de 1809, enviado para Portugal, informava que a população chinesa era cerca de 30 000 e os portugueses: 1641 masculinos e 2579 femininos. Entre os portugueses contavam-se os macaenses e os escravos cristãos. Informava ainda que havia 300 lojas chinesas, 20 “casas estrangeiras”, 15 igrejas ou capelas, e 257 militares.
(4) Ver anteriores referências a este governador Lucas José Alvarenga (1768- 1831) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lucas-jose-alvarenga/
(5) Ver anteriores referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/miguel-de-arriaga-brum-da-silveira/
(6) Brigue «Princesa Carlota» – Navio português de linha, construído em Macau na China pelo senado em 1805, pronto para o serviço no mesmo ano como Brigue de 120t com um decke de artilharia com 12 peças de artilharia e com 90 a 125 homens a bordo, com o nome de ‘Princesa Carlota’, empregue no serviço na Costa da China, em 1809 e 1810 combateu piratas chineses, incluído em forças navais de Macau; fora de serviço em 1810 (?). O Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa, foi comandante da Brigue “Princesa Carlota” de 15-02-1809 a 15-09-1809. Em 1807, o armamento era de 10 peças de artilharia e 10 peças de 12 libras.
http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2011/09/navios-da-real-da-marinha-de-guerra.html
(7)
Brigue «Belizário»  –  Navio português de linha, construído em Macau na China pelo senado em 1801, lançado ao mar em 1801 e pronto para o serviço no mesmo ano, em 1809 aparelhou e armou de novo em Macau com um decke de artilharia com 20 a 24 peças de artilharia e com 90 a 130 homens a bordo, com o nome de ‘Belizário’, entrou nos combates contra piratas chineses em Macau em 1809 e 1810; fora de serviço em 1810 (?). Armamento em
1809: 20 peças de artilharia, 20 peças de 12 libras.
brigue-belisario-1809-1810http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2011/09/navios-da-real-da-marinha-de-guerra.html (7)

(8) Lorcha  «Leão» – navio português, construído em Macau, armado com 5 peças de artilharia e com 20t e foi lançado ao mar em 1807, montava 1 rodízio e 4 pedreiros, fez várias comissões de fiscalização na costa desde 1807, nesse ano combateu com outros navios, piratas chineses, fora de serviço em (?). Armamento em 1807 – 5 peças de artilharia, 1 rodízio e 4 pedreneiras.
http://marinhadeguerraport
uguesa.blogspot.pt/2011/01/navios-da-real-marinha-de-guerra_20.html
Informações retiradas de:
ANDRADE, José Ignacio de – Memórias dos feitos macaenses contra os piratas da China.
https://books.google.pt/books?id=oUsNAAAAYAAJ&pg=PA12&lpg=PA12&dq=Mem%C3%B3rias+dos+feitos+macaenses&source=
ESPARTEIRO, António Marques – Catálogo dos Navios Brigantinos (1640-1910) in
http://3decks.pbworks.com/f/Catalogo+dos+navios+brigantinos+(1640-1910)+-+Esparteiro.pdf
GOMES, Luís Gonzaga  – A destruição da esquadra de Kam Pau Sai in Páginas da História de Macau,  2010
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII, 1997.

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 CAPASilhouettes portugaises d’Asie
Conférence donnée
à l’Institut de Macao
dans sa séance du 19 Février 1921
Typographie des P. P. Salésiens
MACAO
1921

Um “livro”, com 35 páginas, escrito em francês, intitulado Silhouettes portugaises d´Asia” (1) reprodução duma conferência proferida no Instituto de Macau, no dia 19 de Fevereiro de 1921, por Eudore de Colomban. (2)

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Assinatura do autorFoi impresso na Tipografia dos Salesianos, em 1921.
O autor nessa conferência traçava a biografia de três personalidades:

  • Benoît de Goes (1562-1607) pp. 5-12 (3)
  • Alexis de Menezes (1559 – 1617) pp.13- 19 (4) e
  • Michel d´Arriaga (1776 – 1824) pp. 20 – 30 (5)

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 MACAOO livro contém fotografias das personalidades referidas mas de muita má qualidade na impressão. A melhor foto do livro é esta, uma panorâmica da Baía de Praia Grande, vista da Colina da Penha.

(1) COLOMBAN, Eudore de – Silhouettes portugaises d´Asie. Typographia des P.P.Salesieux, Macao, 1921, 35 p. 21,5 cm x 14 cm.
(2) Eudore de Colomban (1873-1940), pseudónimo de Régis Gervaix, missionário das Missões Estrangeiras de Paris, foi ordenado em 24 de Setembro de 1898, tendo partido de imediato para Kuantong onde missionou vários anos. Veio para Macau em 1919 e em 1925 foi para Pequim como professor da literatura francesa. Faleceu em Paris em Novembro de 1940.
Ver referências anteriores em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/eudore-colomban/
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Bento de Góis(3) Bento de Góis. Nascido em Vila Franca do Campo (Açores) em 1562, padre jesuíta português (integrou a 3.ª expedição dos jesuítas enviados à corte do Grão Mongol Akbar em Lahore ao reino da Mongólia – 1595). Em 1602, partiu de Goa  com a missão de encontrar o lendário reino do Cataio na Ásia Central. Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia para China provando que o “Cathay” de Marco Polo era a China. Faleceu a 11 de Abril de 1607, em Suzhou junto da muralha da China onde chegara em 1606.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_de_G%C3%B3is
Aconselho leitura de “Bento de Góis – a paixão da Distância”de Lúcia Costa Melo Simas, de 2007 em:
http://www.ulisses.us/lucia-28-bento-goes.htm
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Aleixo de Meneses(4) Frei (Agostinho) Aleixo de Meneses (nascido Pedro de Meneses) foi Arcebispo de Goa (1595 -1612), governador da Índia (1607 – 1609), arcebispo de Braga (1612-1617) e governador de Portugal (161-1615 – dominação filipina). Faleceu em Madrid em 1617, sendo provisoriamente sepultado no Convento de São Felipe. Em 1621 foi trasladado para a capela-mor da igreja do Pópulo, em Braga.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleixo_de_Meneses
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Miguel de Arriaga(5) Miguel José de Arriaga Brum da Silveira, filho de José de Arriaga Brum da Silveira e de D. Francisca Josefa Borges da Câmara Corte Real, nasceu na vila da Horta (Açores) e faleceu em Macau com 47 anos de idade. Estudou Leis na Universidade de Coimbra, foi designado desembargador de Agravos da Casa da Suplicação do Brasil, tendo ido para Goa e depois nomeado ouvidor em Macau onde chegou a 29 de Junho de 1802.
Prestou salientes serviços a Macau (derrota dos piratas caudilhados por Cam Pau Sai; desempenhou o importante papel diplomático ao dissuadir os britânicos de ocupar Macau, evitando confrontos com a China; introdução da vacina em Macau e na China). Tal foi o mérito conquistado na China que quando morreu o imperador ordenou luto em sua honra.
TEIXEIRA, Padre Manuel – Vultos Marcantes em Macau, 1982.
Outras referências anteriores a Miguel  de Arriaga em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/miguel-de-arriaga-brum-da-silveira/

 

Quero referir-me à esquecida batalha naval de Lantau, (1) travada a poucas milhas de Macau, em 21 de Janeiro de 1810, contra o temido chefe Cam-Pao-Sai (2) que reunia nas suas lorchas uns 20.000 homens, da qual saímos vencedores, conquistando, assim, a liberdade para a navegação nos mares do Sul da China, vitória esta para o bom êxito da qual se cita que contribuiu o afundamento dum precioso pagode flutuante que sempre acompanhara Cam-Pao-Sai nas suas lutas e cujo desaparecimento foi tomado como mau agouro, abreviando a derrota dos piratas.” (3)

Em 21 de Janeiro de 1810, (data que os oráculos indicavam aos piratas como sendo inexcedivelmente auspiciosa, para enfrentar a frota macaense) o Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa, comandando seis navios sendo o maior de quatrocentas toneladas (26 peças com 160 homens) e o mais pequeno de 120 (16 peças e 100 homens), perfazendo ao todo uma força naval com 118 peças de artilharia e 730 homens e ajudado por alguns brigues ingleses, também eles interessados na operação, (4) desbaratou o poderio do célebre pirata Cam-Pau- Sai na «Boca do Tigre». Este, confiando no crédito e influência do Ouvidor Miguel Arriaga Brum da Silveira, (5) entregou-se com toda a sua esquadra, que consistia em mais de 300 juncos de guerra, com 1500 peças de artilharia, e mais de 20.000 homens aguerridos. (6)

Foi neste mesmo ano, que a 13 de Maio (1810), D. João VI concedeu o título de «Leal» ao Senado de Macau, em recompensa dos esforços envidados para repelir os piratas que ameaçavam o território.

Boca do Tigre(1) Mais conhecido pela Batalha Naval da «Boca do Tigre», local onde se deu a último combate naval (outros combates anteriores, no ano de 1809) entre navios portugueses e a armada de piratas chineses. Como se vê no mapa «Boca do Tigre» não fica perto da Ilha da Lantau (Hong Kong).
(2) O mesmo pirata é referenciado com outros nomes como Kam Pao Sai, Cang-Pau-Sai, Chang-Pau Sai, Cam-Pao-Tsai, Cam-Po-Sai, Apo-Sai, Apochai, Cam-Pau- Sai, Cam-Apó-Chá ou Quan Apon Chay.
Cam-Pau-Sai rende-se nesta batalha e negoceia a sua liberdade, abandonando a pirataria, conseguindo posteriormente ser nomeado conselheiro do Estado (segundo outras fontes: almirante-mor da armada chinesa) em Pequim, pelo Imperador da China.
(3) INSO, Jaime do – Quadros de Macau in Fausto Sampaio pintor do Ultramar Português. Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1942, 182 p.
(4) Os chineses comprometeram-se a também enviar uma esquadra, mas não o fizeram e o capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa enfrenta os piratas sem esse auxílio, obtendo uma retumbante vitória. O capitão foi recompensado com o cargo de Governador e Capitão Geral das Ilhas de Solor e Timor.
(5) “23-11-1809 – Acordo entre o Ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira e o Procurador José Joaquim de Barros com os mandarins Shing Kei Chi de Nám-Hói, Pom de Hèong-Sán e Chu da Casa Branca para o apresto duma esquadra luso-chinesa, (7) para atacar os piratas de Cam-Pau-Sai. Arriaga exauriu os cofres do Senado e tomando emprestado a seu crédito avultadíssimas somas com os negociantes de Macau, especialmente com F. A. P. Tovar e Felix José Coimbra conseguiu equipar uma esquadra que alcançou uma retumbante vitória”. (GOMES, LG-Efemérides da História de Macau)
(6) GOMES, Luís Gonzaga – A destruição da esquadra de Kam Pau Sai in Páginas da História de Macau.
(7) “O Governo das duas provincias de Cantão e Quang-si, e o de Macáo, igualmente convencidos da precisão, que tem de pôr fim ás invasões dos piratas (os quaes sem temor infestam os mares, que cercam estas duas cidades) de restituirem a publica tranquillidade, e as relações commerciaes, formarão uma guarda costa, combinando a força dos dois governos: para esse fim nomearam os seus plenipotenciarios: Cantão, os mandarins de Nam-hay, Shon-key-chi, de Hiang-sam, Pom, e o da Caza branca, Chu: Macáo ao Conselheiro Arriaga, e ao Procurador do Senado, José Joaquim de Barros; os quaes depois de terem respectivamente communicado os seus plenos poderes, e discutido a materia, concluiram e ajustaram os artigos seguintes:
1.º Haverá uma guarda costa, de seis navios portuguezes, conbinada com uma esquadra imperial; cruzará seis mezes, desde a bocca do tygre á cidade de Macáo, a fim de embaraçar que os piratas não entrem nos canaes, que até agora tem infestado.
2.º O Governo chinez obriga-se a contribuir com oitenta mil taés para ajudar o armamento dos navios portuguezes.
3.º O Governo de Macáo fará logo cruzar os dois navios, que tem armados, e apromptará [46] com brevidade os quatro restantes.
4.º Ambos os Governos devem ajudar-se em tudo o que for a bem do cruzeiro, o qual não se estenderá além dos pontos determinados.
5.º As presas seram repartidas entre os dois Governos.
6.º Quando a expedição finalisar serão restituidos aos macaenses os seus antigos privilegios.
7.º As partes contractantes obrigam-se a cumprir tudo quanto se estipulou nos mencionados artigos sem alterar cousa alguma, e a consideralos como ratificados em virtude de seus plenos poderes.
Macáo 23 de Novembro de 1809.

Shou-Key-chi.—Arriaga.
Pom.—Chu—Barros. “

(Andrade, José Ignácio de – Memórias dos feitos macaenses contra os piratas da China e da entrada violenta dos inglezes na cidade de Macao. Lisboa , 2.ª edição, Typografia Lisbonense, 1835.).
http://www.gutenberg.org/files/36163/36163-h/36163-h.htm 

“Ergue-se no centro da cidade o majestoso edifício dos Paços de Concelho ou Leal Senado, sede do município macaense.
O Senado de Macau foi instituído, em 1583, vinte e seis anos após a data da fundação da Povoação de Macau (1557). Nasceu duma assembleia dos moradores, convocada por iniciativa do bispo D. Melchior Carneiro, a qual escolheu para sua administração a forma senatorial, baseada nas franquias municipais outorgadas pelo rei a algumas cidades de Portugal.
No ano seguinte, foi adoptado o nome de “Senado da Câmara”, sendo este composto de dois juízes ordinários, três vencedores e um procurador da cidade, escolhidos, anualmente, por eleição popular.
Em 10 de Abril de 1585, o vice-rei da Índia, D. Duarte de Meneses, concedeu, em nome de Filipe I, a carta de privilégio com que este rei fez mercê, à Cidade do Nome de Deus do Povo de Macau, na China, e aos seus moradores, dos privilégios da cidade de Évora, carta essa que foi confirmada em 3 de Março de 1595.

Não existe nenhum documento iconográfico respeitante à traça e delineamento arquitectónicos do primitivo edifício, a não ser uma gravura chinesa, na obra «Ou-Mun-Kei-Leok», publicada no século XVIII, que mostra um pavilhão no estilo colonial fantasiosamente concebido pelo artista chinês, seu autor.
MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado OU-MUN-KEI-LOK

O risco do actual edifício data de 1783, pois, como se verifica dum documento que se encontra nos arquivos do Senado em 6 de Dezembro desse ano, o juiz-sindicante, Joaquim José Mendes da Cunha, oficiara, remetendo a planta da reconstrução dos Paços do Concelho e da Cadeia, que lhe estava anexa, e comunicando ter ajustado com o senhorio a compra das casas e do terreno necessários para esse fim.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado 1940Em 1940, fez-se a restauração completa do edifício, sendo respeitada a nobreza e a sobriedade das suas linhas tão características das antigas construções apalaçadas e, em 2 de Junho desse ano, foi reaberta a benzida a capela dedicada a Santa Catarina de Sena, patrona desta cidade, desde 2 de Maio de 1646.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado dísticoNo átrio, encimando o primeiro lanço de escadaria de granito, lê-se o seguinte dístico:

“CIDADE DO NOME DE DEUS, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL.
EM NOME D´EL REI NOSSO SENHOR DOM JOÃO IV MANDOU O CAPITÃO GERAL D´ESTA PRAÇA JOÃO DE SOUZA
PEREIRA PÔR ESTE LETREIRO EM FÈ DA MUITA LEALDADE QUE CONHECEU NOS CIDADÃOS D´ELLA EM 1654”

A atestar, eternamente, o fervoroso culto ao qual, com nunca desmentida lealdade, se entregaram sempre os moradores desta cidade, pela Pátria distante, tanto nas angustiosas horas das maiores incertezas, como em épocas de despreocupadas e afortunadas bonanças.
Em recompensa dos esforços envidados no extermínio dos piratas, principalmente pela retumbante e decisiva derrota infligida pelo ouvidor Arriaga à esquadra de Cam-Pau-Sai bem como pelos importantes socorros pecuniários prestados em muitas ocasiões ao Estado da Índia, D. João VI concedeu, em 13 de Maio de 1810, ao Senado de Macau, o título de LEAL.
Quando se criou o Museu de Macau, instalando-o no edifício do Senado, foi resolvido colocarem-se no átrio, onde ainda hoje se encontram, todas as pedras com instruções, e de valor histórico, descobertas na cidade. Uma das mais antigas, e que foi encontrada no jardim de San Fá Un, diz, como se vê na gravura, o seguinte:

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado Pedra históricaREINAD FELIPE
4.º NOSSO SÔR E
SENDO CAPT.M DE
STA FORTALEZA
FRCº dE SOUZA
DE CASTRO, SE
FES ESTE BEL
VARTE NAERA
D 1633

Presume-se que esta pedra tivesse sido retirado do antigo fortim de S. Pedro, na Praia Grande, que estava construído mesmo em frente do antigo Palácio das Repartições, depois Tribunal Judicial da Comarca de Macau.

MOSAICO I.3, 1950 Frontaria Igreja MisericórdiaNo alto da parede que fica ao fundo do patamar da escadaria principal e em cima do arco que dá para um pequeno jardim interior, foi colocado um admirável baixo-relevo, em granito, que estava incrustado na frontaria da antiga igreja da Misericórdia, cuja demolição fora decidida em 21 de Setembro de 1883.
Representa esta obra-prima de escultura local a Virgem Mãe da Misericórdia, cujo manto protector e acolhedor dos crentes é assegurado em cada lado por um querubim. À sua direita, o cardial de Alpedrinha e o Papa Alexandre VI r; e, à sua esquerda, a rainha D. Leonor, D. Martinho da Costa e o frade Miguel Contreiras. Um pouco atrás, o rei D. Manuel.
MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado Salão

Em 1940, ao mesmo tempo que se fez a restauração do edifício do Senado, tratou-se igualmente de provê-lo com recheio condigno, tendo assim sido encomendado à firma Lane Crawford, de Hong Kong, o rico mobiliário em estilo D. João V que enche o vasto salão nobre, de tão honrosas tradições onde se faziam as aclamações dos reis, tomavam e tomam posse os governadores e se decidiram os assuntos mais graves da acidentada existência desta cidade quadrissecular.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado BibliotecaNo primeiro andar e na ala direita, está instalada a Biblioteca de Macau, que encerra nas estantes trabalhadas ao gosto das bibliotecas da época de D. Joaõ IV, alguns valiosos exemplares de obras respeitantes aos primeiros tempos da nossa expansão no Oriente.

Fotos e informação retirados de
O Leal Senado da Câmara de Macau. Reportagem fotográfica de José Neves Catela e comentários de Luís Gonzaga Gomes in MOSAICO,1950.