No dia 3 de Agosto de 1856, aconteceu um desastroso incêndio a bordo do navio holandês «Banca» capitaneado por Heymans (ou Heymahs), fundeado na rada de Macau. (1) Tinha a bordo, além da tripulação, 350 colonos chineses que deveriam ser levados para Havana. Era perto das 10.00 horas, quando de terra se deu fé do fogo. Fizeram-se largar para bordo algumas embarcações chinesas da Praia Grande e os escaleres do Mondego foram mandados em socorro do navio. O vapor «Queen», que vinha para Macau, recolheu a bordo alguns chineses e cinco marinheiros europeus, que encontrou na água, e veio fundear na Praia Grande, dizendo o capitão que se não aproximara do navio com receio de alguma explosão, pois tinham-lhe dito que havia muita pólvora a bordo. O Governador (Isidoro Francisco Guimarães) deu-lhe ordem para que voltasse a socorrer a gente da «Banca» e, tendo o capitão pedido alguns soldados, logo que estes lhe foram mandados, largou para o local do incêndio, recebendo o resto dos chineses, que estavam sobre o gurupés e proa do navio e sobre os paus que havia na água, perto do costado. Estes chineses foram trazidos para bordo, no bote do mesmo, na lancha do Mondego, no bote do brigue holandês Wilhelmine e num sapateão, onde estava um oficial da Marinha Portuguesa. Salvaram-se 180 chineses e 14 tripulantes. O incêndio foi causado por um chinês que fumava ópio na coberta. (2)
(1) Referências em publicações da época.
Relatório/carta de Peter Parker “Commissioner for the United States” in China” -cópia na página 889 no “Commissioners in China Congressional Series Set/ The Senate of the United Congress, 1858-59” (https://books.google.pt/books?id)
e também (notícia bem relatada) “APPALLING BURNING OF A SHIP” no jornal “The Montreal Daily Witness” (October 29, 1856), na secção “Selections”, (https://news.google.com/newspapers)

Terminologia náutica:
Brigue – antigo veleiro de pequena tonelagem com 2 ou 3 mastros sendo o maior inclinado para trás.
BRIGUE (https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigue)
Costado – conjunto de chapas pranchas que revestem o cavername de um navio ou parte do forro exterior do casco da embarcação acima da linha de flutuação.
Escaleres – pequena embarcação a remo e a vela destinada ao serviço de um navio.
Gurupés – mastro colocado obliquamente na extremidade da proa de um navio.
Lancha – pequena embarcação de vela e remos usada no carregamento ou descarregamento dos navios.
Proa do navio – parte da frente do navio.
Sapateão – espécie de embarcação chinesa.
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.