Livro de Joaquim Heliodoro Callado Crespo, (1) “Cousas da China, Costumes e Crenças” (2), integrado nas comemorações do quarto centenário do descobrimento da Índia, 1898.
Exemplar, na capa e contracapa, com manchas próprias do papel, com pequenos rasgões e perda de papel (mais na parte inferior da contracapa). Lombada com grande defeito. Páginas interiores em bom estado geral de conservação. Na capa, canto superior esquerdo, uma etiqueta (muito provável de uma biblioteca) com a seguinte indicação: “n.º 18 / I / 169”
Na página 3, ao lado do logo do “Quarto Centenário do Descobrimento da Índia”, (3) um carimbo “Quinta do Salgueiral A. G. Guimarães”. (4)
Livro muito curioso, um repositório sobre a sociedade chinesa, de usos e costumes da China do ponto de vista do seu autor (juízo extremamente negativo da China e dos chineses). Fundamentando-se “no estudo que temos feito do que lemos e observado e colhido”, o autor abordou muitas temáticas, como se pode observar pelo índice (pp. 281-283) tão variado:
As últimas páginas do livro, (pp. 261-280) são constituídas por um trabalho alheio, intitulado “O animismo entre os chineses”, da autoria do fundador dos estudos de sânscrito em Portugal, Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842 – 1907; orientalista, militar, geógrafo, literato e escritor português). Na parte dedicada à “Linguagem chinesa, caracteres e imprensa” (pp. 40 -48), Callado Crespo refere o sinólogo Pedro Nolasco da Silva:
«A língua escrita, diz um synólogo nosso, o Sr. P. Nolasco da Silva, nas suas lições progressivas para o estudo da língua sínica, é lacónica e diffícil de entender; as letras são perfeitos camaleões que mudam de accepção, conforme são as outras letras com que vem ligadas, o seu valor grammatical é regulado quasi unicamente pela sua posição na oração, às vezes uma oração contém só as ideias principaes, e a imaginação do leitor tem de supprir as idéas acessorias.»
(1) Joaquim Heliodoro Callado Crespo (1860? 1961? – 1921) Tenente de infantaria, (oficial da marinha, segundo outras fontes), Cônsul Geral de 1ª classe em Cantão, Cavaleiro de S. Thiago, Commendador da Estrella Brilhante de Zanzibar e S. S. G. L. Além do presente livro, tem outro publicado “A China em 1900”, Lisboa: Manuel Gomes ed” e um artigo “A Questão do Extremo-Oriente – o papel de Portugal no «desconcerto» europeu“, publicado no “Ta Ssi Yang Kuo”, Vols I, pp. 587-603 e Vol II, pp. 639-654. .
(2) CRESPO, Joaquim Heliodoro Callado – Cousas da China, Costumes e Crenças.Contribuições da Sociedade de Geographia de Lisboa. Quarto Centenário do Descobrimento da Índia. Acabou de imprimir-se aos 31 dias do mez de Maio do anno M DCCC XCVIII nos prelos da Imprensa Nacional de Lisboa. 1898, 283 p., 25 cm x 17 cm. Disponível para leitura em: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k375439b/f13.image
(3) Em 1898, há 120 anos, neste dia, um grande evento cultural tinha destaque na edição do DN: “a grande corrida de toiros” no Campo Pequeno. “Na corrida de comemoração do IV Centenário do Descobrimento da Índia, no reinado de D. Carlos I e com a presença do monarca e da corte num Campo Pequeno …” https://paixaoporlisboa.blogs.sapo.pt/comemoracao-do-iv-centenario-da-109759 .
Em Macau, foi publicado “JORNAL ÚNICO: Celebração do Quarto Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia por Vasco da Gama. Macau: N.T. Fernandes e Filhos e Noronha & Ca, 1898.” https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
(4) A quinta/casa do Salgueiral fica na Rua do Salgueiral, n.º 29, uma das antigas casas senhoriais existentes em Guimarães. Segundo informações, hoje é um lar.
GOMES, José Maria Gomes – Apontamentos para a História do Concelho de Guimarães. Manuscritos do Abade de Tagilde. Notas e Comentários, In “Revista de Guimarães (Publicação da Sociedade Martins Sarmento”, 1983, n.º 93 p. 44. https://www.csarmento.uminho.pt/site/files/original/4155e04aa4d176a37b078df255b8176cab4fbf18.pdf
MORAES, Maria Adelaide Pereira de – Velhas Casas de Guimarães, Volume I. Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Univ. Moderna do Porto, 2001