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Na tarde do dia 27 de Maio de 1836, chegou a Macau a armada americana composta pela corveta “Peacock” comandada pelo capitão C. K. Stribbling, e onde vinha o comodoro E. P. Kennedy, e a escuna “Enterprize” comandada pelo capitão Archibald S. Camphell (o nome do comandante no jornal não está correcta)

O comandante do “Entreprize”, Archibald S. Camphell vinha já doente e faleceu no dia 3 de Junho, vítima de uma disenteria.

Extraído de «O Macaista Imparcial», Vol. I n.º1 de 9 de Junho de 1836, p. 3

No dia 4 de Junho, pelas 5 horas da tarde, foi o funeral tendo assistido o Governador Bernardo Joze de Sousa Soares Andrea (governo: 1833-1837) tenho o Batalhão de Príncipe Regente prestado as honras fúnebres. Ficou sepultado na campa n.º 49 do Cemitério Protestante.

CAMPA N.º 49 : “The remains of Archibald S. Campbell Esq. who died at Macao in command of the Schooner Enterprize June 3d 1836. AET: 40. Erected to the memory of Lieutenant Commandant Archibald S. Campbell by the Officers of the U. S. Ship Peacock and Schooner Enterprize 1836

(TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, p. 286)

Edital de 3 de Abril de 1835 (em inglês) na imprensa estrangeira “The Canton Register”, publicitando o início da Lotaria de Macau no dia 5 de Maio. Presidindo ao sorteio, os vereadores António Vicente Cortella (1) e Joze Vicente Jorge (2) Por cada extracção eram emitidos 400 bilhetes.

O edital está assinado por J.J. Barros, secretário da Câmara, governador de Macau Bernardo José de Sousa Soares de Andrea, José Baptista de Miranda e Lima, Presidente da Câmara, e os vogais: Floriano António Rangel, António Vicente Cortella, João Damasceno Coelho dos Santos e José Vicente Jorge.

(1) António Vicente Cortela (1789-1841 – filho de Inácio Baptista Cortella de Sousa e Albuquerque e Mariana da Silva Faria. Sócio da «Casa de Seguros de Macau», foi vereador da Câmara Municipal e em 1837, juiz de paz da freguesia de S. Lourenço.
(2) José Vicente Jorge, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

“Por Provisão de El-Rei D. João VI de 19 de Dezembro de 1821, se faz saber ao Governador do Estado da Índia que as Cortes Gerais e Extraordinárias da nação ordenam que os Governadores das Províncias Ultramarinos se não chamem mais Capitães-gerais mas usem somente o título de Governadores.”
Macau conheceu sucessiva, alternada ou concomitantemente os seguintes agentes de Governo: Chefe Ocasional, (1) Capitão de Terra, (2) Capitão-mor da Viagem ao Japão, (3) Capitão da cidade, (4) Capitão de Guerra, (5) Capitão-mor da cidade, (6), Conselho do Governo ou Junta governativa, (7) Governador e Capitão-Geral, (7) (8), Capitão-Geral (9) e Governador-Geral (10) 

MACAO – António Mariz Carneiro
1639

Alguns exemplos dos titulares do governo de Macau:
(1) 1557-1558 – Governo ocasional de Leonel de Sousa.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leonel-de-sousa/
(2) Nos primeiros tempos de Macau havia um Senado, cujos membros eram eleitos a intervalos regulares. Um capitão-mor, nomeado pelo vice-rei da Índia, que seguia anualmente para o Japão, aguardava em Macau a monção favorável para a viagem e, durante este tempo era-lhe confiada a presidência do Senado.
1558-1587 – Governo de Diogo Pereira – capitão de terra nomeado pela população, governado com 2 homens-bons, sem prejuízo para o capitão da viagem ao Japão que sobrepõe enquanto permanecia em Macau, e sempre na dependência do Vice-Rei da Índia.
(3) 1558-1559 – Rui Barreto – Capitão-Mor da Viagem ao Japão.
(4) 1600 – D. Paulo de Portugal – Capitão da Cidade.
(5) 1616 – Francisco Lopes Carrasco foi nomeado governador permanente de Macau, mas não chegou a tomar posse efectiva do cargo. Deveria encarregar-se das fortalezas. Viria no entanto mais tarde, como Capitão de Guerra, independente do Capitão-Mor da Viagem ao Japão.
Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/
(6) 1616-1617 – Lopo Sarmento de Carvalho – Capitão-Mor da Cidade. Cargo que repetiu em 1621-1622. 1632 e 1634.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lopo-sarmento-de-carvalho/
(7) 1622 – 1623 – Um conselho de Governo de quatro membros, presidido por frei António do Rosário, tomou conta do governo, até à chegada, nesse ano, do primeiro governador e capitão-geral, D. Francisco Mascarenhas.
(8) 7 de Julho de 1623 – Posse de D. Francisco Mascarenhas (cercou de muralha a cidade). Governou então, a chamada Primeira Capitania Geral de Macau,  até 18 de Julho de 1626.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-mascarenhas/
(9) 1628 – D. Jerónimo da Silveira – Capitão-Geral
(10) Nessa data de 18 de Dezembro de 1821 estava no governo de Macau, José Osório de Castro de Albuquerque que foi substituído em 23 de Setembro de 1823, por uma comissão absolutista chefiada pelo Major Paulino da Silva Barbosa. O primeiro governador com regalias legais de Governador, depois do liberalismo (1822), foi Bernardo José de Sousa Soares Andrea.
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Informações retiradas de:
SILVA, Beatriz Basto da – Elementos de História de Macau, Volume 1, 1986 e Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1998;
Anuário de Macau de 1980.

A 2 de Março de 1844, sendo Ministro dos Negócios da Marinha e do Ultramar Joaquim José Falcão, e reinando D. Maria II, é decretada por Carta de Lei desta data a criação de um governo provincial em Macau e a redução do Leal Senado a uma simples Câmara Municipal. (1)
Macau ficou a chamar-se «Província de Macau, Timor e Solor» e, quando ao seu governo, ficará independente do Estado da Índia. Junto do Governador «haverá um Conselho de Governo composto dos Chefes das Repartições Judicial, Militar, Fiscal e Eclesiástica e de mais dois conselheiros que serão o Presidente, e o Procurador da Cidade (…)» (2)
O Decreto-lei que institui a província independente do Estado da Índia (situação que se manteria até 1850), a «Província de Macau, Timor e Solor”, somente é publicada a 20 de Outubro de 1844 (2)
diarion-do-governo-2out1844-provincia-de-macau-timor-e-solor-idiario-do-governo-2out1844-provincia-de-macau-timor-e-solor-iidiario-do-governo-2out1844-provincia-de-macau-timor-e-solor-iiidiario-do-governo-2out1844-provincia-de-macau-timor-e-solor-ivCollecção Official da Legislação Portugueza 1943-1845, redigida pelo Desembargador António Delgado da Silva in
http://catalog.hathitrust.org/Record/010425335
(1) O Senado de Macau, que em 13 de Maio de 1810, recebera o honroso título de »Leal» viu fugir-lhe todo o seu antigo esplendor, deixando de ser «um Senado» que a tudo era superior, em 9 de Janeiro de 1834, pela «Nova Reforma Administrativa Colonial», que reduziu-a  a uma simples Câmara Municipal, sujeita ao Governador. O governador Bernardo José de Sousa Soares Andrea, dissolveu a Câmara a 22 de Fevereiro de 1835.
Posteriormente a 20 de Agosto de 1847, foi-lhe retirada a procuratura, sendo anexada à Secretaria do Governo e a 5 de Julho de 1865 determinou-se que a procuratura da cidade passasse a ser de nomeação régia, sob proposta do Governador
TEIXEIRA, P. Manuel – O Leal Senado.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.

Faleceu em Macau, no dia 11 de Outubro de 1834, lorde Napier (1) Superintendente do Comércio Britânico na China que sofreu em Cantão os primeiros sintomas da doença (tifo) em 16 de Setembro e chegou a Macau vindo de Cantão, em 26 de Setembro (agravamento da doença “com os estorvos  e cavilações dos chineses“).  (2) Foi sepultado no dia 15, no Cemitério Inglês. (3) Foi sucedido como superintendente do comércio inglês na China por John Francis Davis (4) que foi mais tarde seria Governador de Hong Kong.
Lorde Napier(1) William John Napier (1786-1834) 律勞卑, nono lorde Napier, foi um oficial da marinha inglesa, político e diplomata. Reformado da armada e com o apoio dos mercadores ingleses em Cantão, foi nomeado por lorde Palmerston (secretário dos assuntos estrangeiros inglês), Plenipotenciário e 1.º  Superintendente do Comércio Britânico na China. Chegou a Macau em 15 de Julho de 1834 a bordo do fragata Andromanche da Companhia das Índias Orientais e a Cantão (Guangzhou), 10 dias mais tarde, sem esperar pela permissão dos chineses para inicio das negociações . A sua carta solicitando a Lu Kun (governador geral de Liangguang) uma reunião, estava muito bem escrita mas sem a forma de petição como era o protocolo da então complicada burocracia chinesa (e utilizada pelos mercadores estrangeiros que estavam em Cantão) pelo que  logo rejeitada após leitura.
Lorde Napier, mal preparado como diplomata e com pouca experiência comercial,  tornou  a sua  missão um insucesso, não conseguindo os objectivos de que propusera.
Mapa Bocca Tigris Ilha LintinEm 5 de Setembro já doente ordenou o uso da força mandando avançar duas fragatas para Whampoa mas as autoridades chinesas bloquearam-nas  em Bocca Tigris. Lorde Napier cedeu mandando regressar as fragatas mas como não puderam sair do rio, teve que fazer uma petição (rendição) ao Vice-Rei, solicitando a sua partida.

William Skinner - Boca Tigris 1834“Forçando a passagem de Bocca Tigris na China em 7 a 9 de Setembro de 1834, pelos H.M.S. Imigene e Andromache”
William Skinner da Marinha Real

Em 19 de Setembro de 1834 , realizou-se uma conferência entre os negociantes chinas, por parte das autoridades, e vários residentes ingleses. Nela se acordou que Lord Napier saísse da China e o comércio estrangeiro se restabelecesse. (5)
Lord Napier saiu de Cantão para Macau em 21 de Setembro numa embarcação expedida pelas autoridades chinesas. Os navios de guerra ingleses receberam ao mesmo tempo ordem para saírem do rio. (2)
Lorde Napier foi o primeiro a sugerir aos seus superiores, numa carta de 14 de Agosto de 1834, da necessidade de tomar posse de Hong Kong (na altura uma pequena comunidade piscatória chinesa) militarmente.
https://en.wikipedia.org/wiki/William_Napier,_9th_Lord_Napier
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
NOTA: Em Macau, a presença da armada de  Lorde Napier fez com que houvesse uma troca de correspondência do Governador e Capitão Geral de Macau e os Mandarins.
17-09-1834Bernardo José de Sousa Soares de Andrea, cavaleiro das ordens militares de N. Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, condecorado coma Cruz de Ouroda Guerra Cisplatina, Capitão-Tenente da Armada Real e Governador e Capitão Geral de Macau, respondeu às autoridades chinesas que exigiram que as nossas fortalezas estivessem prontas e fortificadas para resistirem a qualquer desembarque das fragatas de Lord Napier, que não receava qualquer perturbação com os ingleses, visto que as relações entre a  Inglaterra e Portugal se encontravam em harmonia , mas que repeliria qualquer tentativa de desembarque e que não aceitava o envio de quaisquer tropas chinesas.” (2)
20-09-1834O Procurador do Senado, António Pereira, oficiou aos Mandarins, para mandarem retirar uma força chinesa que se aquartelara no Templo da Barra com peças de artilharia e trincheiras, para resistir ao desembarque de qualquer força inglesa do Lord Napier“. (2)
Lorde Napier e a família, em Macau ficaram alojados numa casa cedida pelos mercadores ingleses Jardine e Matheson (futuros fundadores da “Jardine, Matheson and Company” em Hong Kong).

CHINNERY Csa de Lord NapierA Casa de Lorde Napier em Macau” por George Chinnery

(2) GOMES, Luís G- – Efemérides da História de Macau, 1954 e SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(3) Enterrado em Macau mas posteriormente exumado e sepultado em Ettrick na Escócia.
John Francis Davis(4) Sir John Francis Davis (戴維斯) (1795 –1890) diplomata (iniciou carreira na Companhia das Índias Orientais em 1813, presidente desta Companhia em Cantão (Guangzhou) em 1832, substituiu Lorde Napier, em 1834) e sinologista (traduziu obras chinesas), foi o 2.º Governador de Hong Kong (1844-1844).
https://en.wikipedia.org/wiki/John_Francis_Davis
CHINNERY 1840 Palácio das Índias Orientais -Praia Grande

Palácio da Companhia das Índias Orientais, na Praia Grande (Macau)
Lápis sobre papel, 1840
George Chinnery

(5) 1834 – Extinção da Companhia Inglesa das Índias Orientais, dando lugar ao comércio de iniciativa particular. Os bens da Companhia foram confiscados, com a solução de algumas pendências, a um Superintendente do Comércio Britânico na China. (2)