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“O ano de 1932, tão sombrio em tantos aspectos, teve também as suas compensações, principalmente no campo artístico e do espectáculo. A companhia portuguesa Grande Tournée Teatral às colónias continuou a dar as suas representações (…)”

“O cinema continua a ser o divertimento favorito da população, mas a comunidade portuguesa tem entre si uma novidade. É a visita da Tournée Teatral Portuguesa às Colónias que, depois de se exibir em África e em Goa, chega a Macau. O grupo é constituído pelas actrizes Eveline Correia, Dolores d’Almeida e Salete Barros e pelos actores Manuel Correia, José de Arêde Soveral, Carlos Barros e Artur d’Almeida. Propõe-se dar uma série de representações e “A Voz de Macau” anuncia que tem a colaboração activa do Grupo de Amadores de Teatro e Música e mais das Mlles. Edith da Costa Roque e Maria da Costa Roque.

O teatro D. Pedro V tem uma temporada que reputamos de ouro. O mês de Fevereiro é praticamente preenchido pelas representações da Tournée que foi muito aplaudida, muito apoiada, deixando uma larga lembrança em Macau, pois nunca mais nos visitou qualquer outro grupo de teatro português. Os nossos hóspedes estreiam-se com o teatro do Largo de Santo Agostinho literalmente cheio, com a deliciosa opereta “A Mouraria“. (1) É um êxito. Dos amadores locais, intervêm Mlle. Edith da Costa Roque, Henrique Machado e Danilo Barreiros. A direcção musical ficou a cargo de Bernardino de Senna Fernandes, do Grupo dos Amadores de Teatro e Música. Estamos a 11 de Fevereiro.

No dia seguinte, representa-se a revista “No Balão” e em 17 apresenta-se o drama “Um Milagre de Fátima“, muito apreciado e louvado pela gente devota da terra. Ainda no mês de Fevereiro, exibir-se-ão a revista “Jardim da Europa“, a comédia “A Boneca Alemã“, a opereta “João Ratão” e a revista “Estava Escrito!”. Os membros da Toumée eram bons actores, pisando o palco com extraordinário à vontade. Foram eles que muito ensinaram os amadores de teatro que uns anos mais tarde formariam a Academia de Amadores de Teatro e Música, com os irmãos Carvalho e Rego, Henrique Machado, Lucília e Mário de Campos Néry, Vizeu Pinheiro, Jaime Bellard e outros.” (2)

(1) A opereta “Mouraria”, foi estreada em Portugal, em 1926, com texto de Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer, sendo a música do maestro Filipe Duarte. Foi encenada por Francisco Ribeiro, no Teatro Apolo (Lisboa). Ficou marcada por um assinalável triunfo da actriz e cantora Adelina Fernandes na personagem da Cesária.

2) FERNANDES, Henrique de Senna – Cinema em Macau III (1932-36)

(3) Fado da Cesária, Filipe Duarte, Silva Tavares, Adelina Fernandes, Opereta Mouraria, 1º acto, Teatro Apollo, Sassetti & C.ª Editores, s/d. http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30023/1797 (3) https://www.museudofado.pt/colecao/partitura/fado-da-cesaria-filipe-duarte-silva-tavares-adelina-fernandes-opereta-mouraria-1o-acto-teatro-apollo-sassetti-ca-editores-sd

Extraído de «Echo Macaense», I-9 de 12 de Setembro de 1893, p.3

Bernardino de Senna Fernandes, 1.º barão (1889), elevado a visconde (1890) e depois a conde (em duas vidas) em 1893, faleceu a 2 de Maio de 1893. (1) O conde casou pela 2.ª vez, em 11-07-1862 com Ana Teresa Vieira Ribeiro (1846-1929) que fundou (depois de viúva) a firma «Viúva Senna Fernandes & Filhos», com sede na Rua da Praia Grande, n.º 71 onde ela vivia. Em 1901, a firma, com a retirada de duas filhas, ficou para a filha Alina (5.ª filha), casada com Fernando José Rodrigues, dando assim posteriormente à firma «F. Rodrigues & Filhos». (2) (3)

Ana Teresa Vieira Ribeiro, em 20.12-1894, casou pela 2.ª vez com o seu sobrinho, por afinidade Leôncio Alfredo Ferreira. (2) (4)

Thomas Edison com o seu 2.º fonógrafo. Foto de Levin Corbin Handy em 1878. (https://en.wikipedia.org/wiki/Phonograph )

NOTA: O fonógrafo, (depois conhecidos como “gramofone” desde 1887), pequena máquina que gravava e reproduzia sons através de rolos de cera, foi inventado por Thomas Edison em 1877 que com os melhoramentos progressivos, tornaram-se populares na segunda metade da década de 80 do século XIX, espalhando-se pelo mundo. O fonógrafo que no início era reservado a um restrito número de homens ricos, passou a ser mostrado em espectáculos públicos, em que um espectador pagava para poder ouvir uma série de cilindros de fonógrafo por uma ordem pré determinada e conduzida pelo apresentador. (5)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bernardino-de-senna-fernandes/

(2) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, vol. III, 1996, pp. 544 e 994

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/firma-f-rodrigues/

(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leoncio-alfredo-ferreira/

(5) https://www.aminharadio.com/radio/historia_fonografo

Empreza Comercial do Extremo-Oriente” de Henrique Nolasco da Silva, sociedade anónima, de responsabilidade limitada, na Rua do Gonçalo n.º 3, com 2 filiais:

A Competidora”, na Travessa do Auto Novo, n.º 30, 32, 34 a 36 (telefone n.º 12; gerente – Henrique Antunes Monteiro) e “Casa Alto Douro”, na Rua Central (endereço telefónico n.º 79). A sucursal em Lisboa tinha como gerente João Frederico Nolasco da Silva. (1)

Sociedade Tecnica e Comercial Portuguesa Limitada (Basto & Companhia Limitada)” com secções de importação e exportação e uma secção de engenharia , e sede na Avenida Almeida Ribeiro, n.s 1,3 e 5  (endereço telegráfico “ MOTOR”). Tinha uma filial em Cantão, na “Second Bund, 5-A”). A Firma “Basto & Companhia Limitada” tinha como gerente Bernardino de Senna Fernandes (provavelmente o 3.º Conde de Senna Fernandes- 1892-1971).

Anuário de Macau 1922, p. 329