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Em Julho de 1842 foi enviado um Batalhão de Caçadores e outro de Artilharia para Macau, no sentido de defender a cidade. Os militares que se encontravam em Macau eram do “Batalhão do Príncipe Regente” que em 13 de Novembro de 1845, foi substituído pelo Batalhão de Artilharia de Primeira Linha. (1)

Nesse ano, em 26 de Abril de 1842, parte do «Batalhão Provisório» que chegara à Índia com tropas do Reino no ano anterior, sob comando do Major Francisco Maria Magalhães, foi destinado a Macau pelo Governador da Índia, (2) receoso pelo clima de guerra entre Inglaterra e a China. Mas os soldados da referida companhia militar e outras tropas de Pangim amotinaram-se, o que conduziu à deposição do Governador e revogação das ordens pelo Conselho de Governo que o substitui. (3) (4)

NOTA: Durante dois séculos, os Governadores da Índia Portuguesa ou (vice-reis) (5) detiveram a jurisdição sobre todas as possessões portuguesas no Índico desde a África austral ao sudeste asiático; só em 1844 o Estado Português da Índia deixou de administrar os territórios de Macau, Solor e Timor.

(1) CAÇÃO, Armando A. A. – Unidades Militares de Macau, 1999, p.19.

(2) 1840 – 1842 – Governador José Joaquim Lopes de Lima (1797-1852); Governador da India, 1840-1842; Governador de Timor, 1851-1852

(3) 1842 – Conselho de Governo do Estado da Índia – António José de Melo Soutto-Maior Teles, António João de Ataíde, José da Costa Campos e Caetano de Sousa e Vasconcelos ;   1842 – 1843 – Governador Francisco Xavier da Silva Pereira (1.º Conde das Antas)

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 96. 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_da_%C3%8Dndia_Portuguesa

(5) Durante a vigência do regime monárquico, a titulação do chefe de governo da Índia Portuguesa variou entre «Governador» e «Vice-Rei» O título de vice-rei seria apenas atribuído a membros da alta nobreza; foi oficialmente extinto em 1774, ainda que mais tarde tenha sido conferido esporadicamente, para ser definitivamente extinto após 1835).

Os Serviços Militares de Macau organizaram o Campeonato Militar de Natação , na Piscina Municipal, nos dias 6 e 7 de Outubro de 1956 (1)
Assistiram às provas desse campeonato, o Encarregado do Governo, Brigadeiro João Carlos Guedes Quinhones de Portugal da Silveira, os oficiais superiores do Exército, comandantes e oficiais das diferentes unidades e grande número de elementos militares e civis.
O prémio da equipa melhor classificada foi atribuída ao Batalhão de Caçadores n.º 2, seguido da Formação do Quartel General e da Artilharia.

Atletas desfilando perante o Encarregado do Governo e Comandante Militar de Macau, Brigadeiro Portugal da Silveira.

Disputaram-se várias provas de que saíram vencedores os seguintes nadadores:
50 metros, livres: 1.º – 1.º cabo n.~1192, do ABA, seguido do soldado n.º 1609, do ECM, e do alferes Martins, do BC2
50 metros, costas: 1.º – 1.º cabo 1192, do ABA, seguido do alferes Costa, do BC2,  e do 1.º cabo 611, do QG.
50 Metros, bruços: 1.º – tenente Pessanha, do ABA, seguido do soldado 1836, do QG, e do 1.º cabo 310, do BC2.
100 metros, livres: 1.º-  soldado 1435, do ECM, seguido do alferes Branquinho, do BC2, e do soldado 1998, do QG.
100 metros, costas: 1.º – 1.º cabo 1192 do ABA, seguido do alferes Costa, do BC2, e do 1.º cabo 395, do QG.
100 metros, bruços: 1.º – 1.º cabo 310, do BC2, seguido do tenente Melo, também do BC2,  e do soldado 1836, do QG.
200 metros, livres: 1.º – 1.º cabo 1065, do BC2, seguido do 1.º cabo 1481, do ECM, e do soldado 1998, do QG.
200 metros, bruços: 1.º – soldado 1836, do QG, seguido do soldado 1855, também do QG, e do 1.º cabo 858, do ABA.
A estafeta 3×100 foi ganha pela equipa do ABA e a de 4×100 foi ganha pela equipa do BC2.
(1) Extraído de «MBI» IV-77, 15OUT1956

Os festejos dos Santos Populares no ano de 1955, realizaram-se no vasto terraço do antigo mercado de S. Domingos, sob o patrocínio da Esposa do Governador, D. Laurinda Marques Esparteiro, com a realização a cargo do Leal Senado (comissão administrativa presidida por António Magalhães Coutinho)

Laurinda Marques Esparteiro corta a fita simbólica da inauguração dos festejos

Inaugurados na noite de 18 de Junho de 1955 (vigília de Santo António) os festejos repetiram-se na noite seguinte, dia em que é festejado em Macau aquele Santo, e nas subsequentes vigílias e noites de S. João e S. Pedro, respectivamente , 23, 24, 28 e 29  do mesmo mês. Devido ao grande entusiasmo verificado na última noite, houve ainda na noite de 30 um arraial à portuguesa, com o qual os organizadores fecharam com chave de oiro os festejos.

A afluência aos festejos dos Santos Populares

Na grande esplanada do terraço do mercado Municipal de S. Domingos que estava profusamente iluminado e decorado, viam-se tendas de venda de manjericos, refrescos, bebidas gasosas, quermesse, loto, tiro ao alvo, sem faltar as tendas de petiscos, doces, etc. Havia também barracas de divertimentos, de carácter inteiramente popular, e os coretos improvisados, onde a banda da Polícia de Segurança Pública, a tuna «Negro-Rubro» e uma charanga  chinesa  actuaram com os seus programas variados.

O Governador e Esposa acompanhados do Presidente do Leal Senado percorrendo o recinto dos festejos.

Nas últimas três noites os festejos culminaram com a realização de animado batuque por grupos de praças africanas do Batalhão de Caçadores n.º 2.
Todo o rendimento dos festejos dos Santos Populares destinou-se às obras de beneficência.

Os números de batuque por praças africanas foram dos que mais entusiasmaram a numerosa assistência

(1) Extraído de «MBI» II-46, 30 de Junho de 1955.

A bordo do novo paquete “Índia” da Companhia Nacional de Navegação, chegou no dia 22 de Setembro de 1951, um contingente composto de 527 homens, sob o comando do Tenente-coronel Acácio Vidigal das Neves e Castro, que vieram render os seus camaradas cuja comissão de serviço foi dada por finda.

O Comandante Militar de Macau, Coronel de Infantaria Tirocinado (depois Brigadeiro) Paulo Bénard Guedes (1) tenho à direita o Coronel A. Cabrita e à esquerda o  Tenente -coronel  Acácio das Neves Castro.
Após o desembarque, os novos soldados formados para seguirem para os seus quartéis. (2)

Nesta data, 22 de Setembro de 1951, procedeu-se a uma remodelação dos nomes das companhias estacionadas em Macau terminando a designação de «Expedicionário»(3)
Assim:
1 – O 1.º Batalhão de Caçadores de Moçambique que desembarcou em Macau a 28 de Junho de 1951 e  ocupava nessa data os aquartelamentos da Porta do Cerco, Ilha Verde, Mong Há (Fortaleza e Asilo) e Ramal dos Mouros, passou a designar-se Batalhão de Caçadores n.º 1 (3) Comandante: Major de infantaria Mário da Costa Santos Anino (4)
2 – O 2.º Batalhão de Caçadores de Moçambique que desembarcou em Macau a 28 de Junho de 1951 e estava aquartelada em Coloane, passou a designar-se Batalhão de Caçadores n.º 2.  (3) (5) Comandante: Major de infantaria Mário Gustavo A. Barata da Cruz.(4)
3 – A Bataria Independente de Artilharia Anti-Aérea 4cm Expedicionária que estava em Mong Há, transformou-se em Bataria de Artilharia Anti-Aérea 4 cm. (3) Comandante: Capitão de artilharia Gastão M. de Lemos Lobato Faria.(4)
4 -A Bataria Independente de Artilharia Anti-Aérea Expedicionária de 7, 5 cm que estava na Flora desde o desembarque em 1949, e estava aquartelada nessa data no aquartelamento das Barracas Metálicas de Mong Há, desde Julho de 1951, transformou-se em Bataria de Artilharia Anti-Aérea de 7,5 cm. (3) Comandante: Capitão de artilharia Maurício Martins Lopes. (4)
5 – A 1.ª Bataria de Artilharia Ligeira de Moçambique transformou-se em Bataria de Artilharia Ligeira de 8.8 n.º1. (3) Comandante: Capitão de artilharia Eduardo Afonso Rodrigues Salavisa.(4)
6 – A 2.ª Bataria de Artilharia Ligeira de Moçambique transformou-se em Bataria de Artilharia Ligeira de 8,8 n.º 2.  Ficou administrativamente adida à Bataria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 1.  (3) Comandante: Capitão de artilharia Adriano Vitor Hugo L.  Cadima. (4)
O agrupamento de Batarias de artilharia estava sob o comando do Tenente-coronel de artilharia Acácio Vidigal das Neves e Castro.(4)
7- A Companhia de Engenharia Expedicionária, que em 1949 foi para o aquartelamento da Fábrica de Panchões (junto à Porta do Cerco), foi transferida para o aquartelamento da Flora (barracas metálicas) e passou nesta data a designar-se Companhia de Engenharia. (3) Comandante: Capitão de engenharia Henrique Pedro Daniel D. Silva P. Aranda.(4)
8 – A Companhia de Metralhadoras (no quartel de S. Francisco) foi transformada em esquadrão Motorizado sob o comando do capitão Cavalaria José Carlos Sirgado Maia. (3)
(1) Ver anteriores referencias em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/paulo-benard-guedes/
(2) Fotos de «Mosaico» III-14, 1951.
(3) CAÇÃO, Armando António Azenha – Unidades Militares de Macau. Gabinete das Forças de Segurança de Macau, 1999.
(4) Anuário de Macau 1951-1952.
(5) Os batalhões de Moçambique que vieram substituir os de Angola saíram de Macau em Setembro de 1953 no navio «Niassa», na sequência dos incidentes na Porta do Cerco que culminaram em 25 de Julho de 1952 com a morte do soldado africano Joaquim Mundau (6) e consequente início da redução dos efectivos militares, deixando de haver mais soldados africanos em Macau.
(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/07/25/noticia-de-25-de-julho-de-1952-falecimento-de-jacinto-mundau/

No Quartel das Portas do Cerco existia uma lápide de bronze com esta inscrição:

BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 1
2.ª COMPANHIA
SOLDADO INDÍGENA AFRICANO
N.º 50 –A – 335
JACINTO MUNDAU
NATURAL DE MAGUDE – DISTRITO
DE GAZA (MOÇAMBIQUE)
MORTO DO CUMPRIMENTO DO
SEU DEVER EM 25 DE JULHO
DE 1952
PRESENTE

Esta lápide foi desterrada a 25 de Outubro de 1952 pelo Governador de Macau, Joaquim Marques Esparteiro, na face exterior duma das quatro paredes que no Quartel das Portas do Cerco formam a caserna que em vida ocupou esse soldado, morto durante os incidentes na fronteira em Julho de 1952. O tiroteio entre as tropas chinesas de Chin-Sán e as nossas forças das Portas do Cerco e da Ilha Verde prolongou-se durante 1’0 dias, não havendo da nossa parte senão uma vítima, a do africano Jacinto, morto no primeiro dia à falsa fé pela sentinela chinesa que disparou sem provocação alguma. A calma voltou após dez dias de injustificadas agressões chinesas. (1)
Foi condecorado, a título póstumo, com a medalha de Cobre de Valor Militar – Portaria de 6 de Maio de 1953 (Ordem do Exército nº 9 / II Série / 1953)
Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/01/06/noticia-de-6-de-janeiro-de-1952-baptismo-de-pracas-africanos/
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, p. 160