Continuação da leitura do número especial do “Diário Popular” dedicado ao Ultramar Português, em 1961 (1)
Os artigos com referência mais específica a Macau estão nas páginas 5 a 21 na sessão “Índia, Macau e Timor” – IMT.
Página 5 (IMT): uma pequena coluna sobre o governador Comandante Marques Esparteiro e dois artigos:
– “Uma Província que atesta em terras do extremo oriente”
– “O Comercio e a indústria tem excepcional importância e deles vive a população da cidade”
Na página 6 (IMT):

– “A Santa Casa da Misericórdia tem nobres tradições de intensa obra assistencial”
– “A pesca e a cultura do arroz constituem as principais actividades dos habitantes das ilhas da Taipa e de Coloane”
– “Comércio intenso com os territórios limítrofes”
Na página 7 (IMT):
– Usos e costumes da cidade do Santo Nome de Deus onde se conserva o que a China possui de mais típico
– Macau terra de sonho
Nas páginas 8/9 (IMT)
– “A Polícia de Segurança Pública admiravelmente organizada vela pela população e desempenha um importante papel no equilíbrio político e no bem-estar da província”
Durante o mês de Setembro de 1955, num lugar aprazível ao Jardim de S. Francisco, a Banda da Polícia sob a batuta do seu mestre Hyndman, deu regularmente, aos domingos, concertos de música variada, atraindo ao local numerosas pessoas amantes da música. A foto mostra os componentes da Banda rodeados de ouvintes (1)
O mestre Hyndman referido na notícia, será Luís Schellas Hyndman (1891-1956), da família Hyndman cujo primeiro nome referenciado por Jorge Forjaz (2) é Henry Hyndman, natural da Escócia, general do exército britânico e que viveu algum tempo em Macau cerca de 1787.
Luís Schellas Hyndman foi oficial da Marinha Mercante Portuguesa e terá sido o 1.º instrutor da Banda da Polícia de Segurança Pública de Macau. O seu único filho, António Maria José Hyndman (1926- ?) nascido em Shanghai foi funcionário da « Jardine, Matheson & Co», em Hong Kong e depois guarda da P. S. P. em Macau (2)
(1) Extraído de «MBI» III-51, 15SET1955, p. 16
(2) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Vol. II, 1996, p. 229 – 240
O Comodoro Unwin em continência à Guarda de Honra, após o seu desembarque
O Comodoro Unwin na visita ao velho cemitério dos protestantes de Macau
Extraído de «BGU» XXXII – 367, Janeiro 1956.
Fragata «HMS Cardigan Bay»
Lançamento em 28th December 1944 Início das actividades de defesa em 1945, no Mediterrâneo onde esteve até 1949. Chegou a Hong Kong a 7 de Outubro de 1949, onde esteve estacionado e depois envolvido na Guerra da Coreia 1950-1953. De novo estacionado em Hong Kong com missões em Singapura e na China em 1959-1960.
«HMS CARDIGAN BAY» entrou em reserva em 1961 e dispensado da marinha inglesa em 1962. Posteriormente vendido para uma empresa escocesa.
http://www.naval-history.net/xGM-Chrono-15Fr-Bay-CardiganBay.htm
O Comodoro J. H. Unwin D. S. C. da Royal Navy foi promovido a almirante (“Rear Admirals”) em 8 de Julho de 1957. Retirou-se em 14 de Fevereiro de 1961.
É autor do artigo “Principles of War . The Acid Test”, publicado no jornal “Royal United Services Institution,”, Vol 92, 1947, n.º 566.
Poderá ler parte deste trabalho em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03071844709433990
Esta notícia do arraial à maneira portuguesa que aconteceu a 7 de Julho de 1951 , (1) já a publiquei no ano passado (7-7-2016). Volto à mesma notícia agora extraída do Boletim Geral do Ultramar.(2)
Os Srs. Encarregado do Governo, Dr. Aires Pinto Ribeiro, o general Pinto Monteiro, o comandante militar Paulo Benard Guedes e esposa, e o comendador Kou Ho neng e esposa visitando as barracas.
A barraca chinesa
Barraca do «pão com chouriço»
(1) Notícia de 7 de Julho de 1951 – Arraial no ténis militar e naval
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/07/07/%EF%BB%BFnoticia-de-7-de-julho-de-1951-arraial-no-tenis-militar-e-naval/
(2) Notícia dos Serviços de Informação e Estatística de Macau, publicada BGU. XXVII -315/316, 1951.
Hoje comemora-se o centésimo aniversário do nascimento do Padre Salesiano César Brianza, (1) professor de Música e de Religião e Moral no Colégio D. Bosco. (2) Formado pelo Conservatório Nacional de Lisboa, fundou em 1959 o coral dos “Pequenos Cantadores do Colégio D. Bosco” (3) dirigindo-o durante 16 anos.
Em 1962, juntamente com o Padre Áureo Castro, fundou a “Academia de Música de São Pio X”. O Padre César Brianza também foi orientador artístico da Banda da Polícia de Segurança Pública entre 1966 e 1980.
Em sua homenagem recupero um artigo (não assinado) publicado na Revista “Macau – Boletim de Informação e Turismo, (4) acerca da viagem do Coro «Os Pequenos Cantores» às Filipinas, nos últimos dias do mês de Janeiro e primeiros dias de Fevereiro de 1976.
“Nas Filipinas repetiram os mesmos êxitos. Se bem que com menos demora por estas terras intimamente ligadas à história deste nosso território, as suas qualidades artísticas e particularmente a sua preparação como conjunto coral foram motivos de estranheza admirativa da numerosa assistência que as descobriu nos concertos a que teve oportunidade de assistir. E os aplausos com que sublinhavam o seu entusiasmo e a sua admiração, traduziam o testemunho duma autêntica consagração dos nossos jovens intérpretes duma arte que vence os limites de todas as fronteiras nacionais… (…) que nos pode representar em qualquer parte do mundo…(…)
Os «Pequenos Cantores» na execução dum concerto nas Filipinas
Claro que um bom escultor consegue transformar uma pedra tosca, bruta, dura e informe numa obra prima capaz a de desafiar os séculos e os mais desencontrados gostos humanos. E o padre Brianza, maestro do conjunto, da matéria impreparada que lhe colocaram entre mãos, teve a habilidade de a converter em vozes harmoniosas que arrebatam, com todo o seu poder de emoção, uma assistência inteira… (…)
E as nossas autoridades diplomáticas que, com compreensiva modéstia, se haviam referido ao Grupo, porque não o conheciam, convenceram-se, perante o comprovado nível artístico dos concertos executados, que tínhamos em Macau um conjunto musical de elevada categoria. (…)
Os «Pequenos Cantores» confraternizam com estudantes filipinos, na sua embaixada de arte e amizade.
(1) Foto de «JTM », Uma Vida Ligada à Música, 4 de Abril de 2014
http://jtm.com.mo/local/uma-vida-ligada-a-musica/
(2) “O Padre César Brianza iniciou os seus estudos de piano em Hong Kong sob a égide do conhecido maestro Elisio Gualdi. Partiu depois para Xangai, onde recebeu lições de Kostevich, outro grande maestro, até partir para Lisboa, em 1954, onde tirou o curso de piano no Conservatório Nacional. Dois anos mais tarde partiu para Viena, para um estágio de três meses no Augarten Palaiso, o que lhe permitiu assistir frequentemente aos ensaios do aclamado grupo coral «Viena Boys Choir» “. (1)
(3) “A sua dedicação ao grupo dos Pequenos Cantores em Macau, que fundou em 1959, teve um grande impacto não só nos próprios jovens, como também no território. Conhecido pela sua dedicação, o Padre Brianza conseguiu transmitir aos jovens do Colégio Salesiano Dom Bosco uma confiança na procura de atingir a perfeição, merecendo rasgados elogios em cada actuação. Levar os Pequenos Cantores ao Japão foi um sonho tornado realidade para o padre, mas não se ficou por aqui, havendo outras digressões às Filipinas, Portugal, Singapura e Malásia.” (1)
(4) Macau B. I. T. XI-1-2,1976
Anteriores referências a este sacerdote e à deslocação dos «Pequenos Cantores» ao Japão em:
https://www.google.pt/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-#q=nenotavaiconta+C%C3%A9sar+Brianza&*
Em honra do Senhor Ministro do Ultramar, Comandante Sarmento Rodrigues, na sua visita a Macau em Junho de 1952, realizou-se no dia 20 de Junho um grandioso desfile militar, na qual participaram todas as forças de terra e mar que desfilaram perante a tribuna de honra (colocada à frente do Palácio do Governo), com grande variedade de viaturas, material pesado e outros engenhos bélicos. (1)
À esquerda da tribuna ministerial estava formada a guarda de honra, uma companhia do Batalhão de Caçadores n.º 1, sob o comando do capitão Marques de Carvalho e a banda de música da Polícia de Segurança Pública.
À chegada do Ministro do Ultramar, a um toque de clarim, a guarda de honra apresentou armas e a banda musical tocou “A Portuguesa”.
O Comandante Sarmento Rodrigues acompanhado pelo Comandante Militar , tenente-coronel António Cyrne Pacheco.
… passou revista à guarda de honra.
Às 9,30 horas começou o desfile.
A um toque de clarim começou a marcha pela Rua da Praia Grande, abrindo com dois castelos da Mocidade Portuguesa com os respectivos estandartes.
Seguia depois um carro militar com o comandante das forças em parada, que parrou em frente à tribuna.
O comandante das forças em parada, o tenente-coronel de artilharia, Acácio V. Neves e Castro e adjunto tenente-miliciano de artilharia, Francisco F. Novo, prestaram a continência pedindo autorização para o desfile, após o que se colocaram à esquerda da Tribuna Ministerial juntamente com o ordenança, clarim e estafeta.
Desfilou então a parte apeada com uma companhia da Marinha de Guerra com bandeira, sob o comando do 2.º tenente Caldeira Saraiva.
Depois vinha a Banda de Corneteiros composta por pessoal indígena dos batalhões de Caçadores 1 e 2. Seguidamente a Bandeira Militar tendo como porta-bandeira o tenente de artilharia Álvaro Manuel V. Cepeda e a respectiva escolta constituída por um sargento, um furriel e um 1.º cabo; um Batalhão de Caçadores sob o comando do major de infantaria, Mário dos Santos Anino, tendo como adjunto um capitão, um sargento (como porta-guião do batalhão) e uma ordenança. Depois, a 1.ª Companhia de Atiradores sob o comando do capitão Carlos Eduardo Campelo de Andrade Bandeira de Lima; a 2.ª Companhia de Atiradores a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria, Pedro de Barcelos; a 3.ª Companhia de Atiradores, a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria, Miguel Ângelo Cambraia Duarte e a 4.ª Companhia de Atiradores a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria Carlos da Costa Campos de Oliveira.
Seguiu-se a Polícia Marítima, a um pelotão sob o comando do chefe Joaquim Baptista e a Polícia de Segurança Pública, a uma companhia a três pelotões , com bandeira sob o comando do tenente José da Conceição Miguel.
Seguiu-se depois a parte motorizada.
Uma coluna sob o comando do capitão de infantaria, Mário Gustavo de Araújo Barata da Cruz, tendo como adjunto um capitão de infantaria com ordenança-estafeta; Companhia Anti-Carro, do Batalhão de Caçadores sob o comando do capitão de infantaria João Melo de Oliveira, um corneteiro e um estafeta;
1.º Pelotão Anti-Carro a quatro secções, sob o comando do tenente miliciano de infantaria Carlos Fernandes Camacho, o 2.º pelotão Anti-Carro, a quatro secções, sob o comando do alferes miliciano de infantaria, José F. Lino.
Seguia-se o Agrupamento de Baterias de Artilharia, sob o comando do capitão de artilharia Eduardo Afonso S. Salaviza, com um 1.º sargento, porta guião e um estafeta-moto;
Bateria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 1, sob o comando do capitão de artilharia Adriano Vítor Hugo Landercet Cadima, a duas divisões e quatro secções;
Bateria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 2, sob o comando do tenente de artilharia, Joaquim Humberto da Silva Porto Oneto, a duas divisões e quatro secções;
Bateria de Artilharia Anti-Aérea de 4 cm, sob o comando do tenente de artilharia, Domingos Sebastião Gama de Câmara Stone, a duas divisões e quatro sessões.
Bateria de Artilharia Anti-Aérea de 7,5 cm, sob o comando do capitão de artilharia, Maurício Martins Lopes, a duas divisões e quatro secções.
Desfilou a seguir o Esquadrão Motorizado sob o comando do capitão de cavalaria, José Carlos Sirgado Maia, com um 1.º sargento porta-guião, clarim e estafeta-miliciano.
Depois, o Pelotão de Auto-Metralhadoras, sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Mário António de P. Valente;
o Pelotão de Metralhadoras-Auto (Brens), sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Rui Ferreira, pelotão auto T. T., sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Jácome Saavedra de O. Bruges;
Desfilou depois a Companhia de Engenharia, sob o comando do capitão de engenharia, Henrique Pedro Daniel e Aranda, com um 1.º sargento porta-guião, clarim e um estafeta -moto; Pelotão de Sapadores sob o comando do tenente de engenharia Manuel Mesquita Borges e um Pelotão de Transmissões, sob o comando do alferes miliciano de engenharia, Fernando José Brochado de Miranda;
Um pelotão de Motociclistas da Polícia de Segurança Pública e seis “jeeps”, sob o comando do tenente Francisco Maria Candeias, e uma Companhia de Bombeiros Municipais sob o comando de chefe Manuel Dimas Pina, fecharam a parada.
Dirigiu a parada o capitão Alberty Correia, subchefe do Estado Maior.
(1) Segundo testemunhos dos militares radicados em Macau, terá sido o maior desfile militar até então e nunca mais repetido nessa grandeza, quer em termos humanos quer em meios utilizados. As tropas tinham a testa da formação, junto do antigo Palácio das Repartições (depois Tribunal); as forças motorizadas e corporações militarizadas estendiam-se até ao Porto Exterior, ao longo da Avenida então chamada Dr. Oliveira Salazar.
Informações de BARROTE, David (coordenação) – A Visita do Ministro do Ultramar a Macau em Junho de 1952. Editado pela Repartição Central dos Serviços Económicos, Secção de Propaganda, 328 p.
Referências anteriores ao comandante Sarmento Rodrigues e à sua visita a Macau em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-m-sarmento-rodrigues/
Pela primeira vez em Macau realizou-se no dia 12 de Junho de 1954, véspera do dia de Santo António, por iniciativa e sob o patrocínio da esposa do Governador Marques Esparteiro, a tradicional festa dos santos populares, tão em voga em Portugal.
A Sr.ª de Marques Esparteiro cortando a fita simbólica.
Esta festa, destinada a fins beneficentes, teve lugar no terraço do Mercado de S. Domingos, sob a organização da Comissão Administrativa do Leal Senado da Câmara de Macau , cujo presidente era António de Magalhães Coutinho.
À porta do mercado, uma artística imagem de Santo António, rodeada de vasos com manjericos, chamava a atenção do público.
Varrido de ar fresco, o espaço oferecia um aspecto alegre e agradável, o que entusiasma e dispunha bem toda os assistentes. Havia divertimentos de toda a sorte e bebidas refrigerantes para os que tinham sede
A alegrar ainda mais o recinto, a Banda Policial e o grupo «Esperança» deleitaram o público com músicas portuguesas e americanas, tendo-se bailado animadamente.
No dia 13, dia de Santo António, o aprazível recinto atraiu novamente grande multidão que ali foi passar algumas horas divertidas.
Naquela noite, a Banda Policial e o grupo «Negro-Rubro» marcaram a sua presença, executando vários números de música em voga, o que concorreu muito para animar a festa.