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Nesta data, Francisco António Pereira da Silveira oficiou ao Senado protestando contra uma fábrica de vermilhão, (2) cujo fumo incomodava os habitantes da Penha e que ali se instalara alegando estar fora da cidade:
«Com quanto eu tribute os meus sinceros respeitos aos Snres. Facultativos de que se compõem a Junta de Saúde, não só pela nobre Arte que exercem, mas them pelos méritos pessoaes de cada hum d´elles comtudo não posso acomodar-me com a exorbitância da hipótese classificando aquelle sítio como fora da Cidade, porque a Cidade chega athe a Barra, que fica mais distante do que o tanque–Mainato, e do Tanque-Mainato se faz caminho p.ª ella. O muro que há do Forte de Bomparto à Penha nunca indicou limite da Cidade, nem já mais foi considerado esse muro como limite da Cidade, mas como hum assessorio do Forte, para do mesmo Forte se fazer caminho seguro ao muro da Penha que lhe he sobranceiro; e principalmente desde o anno de 1825 em que o Governo de Macao fez romper o muro, abrindo passagem, e franqueando o terreno aos habitantes para cultivarem, e edificarem propriedade, e esses moradores à sua custa remirão sepulturas chinas, abrirão caminhos, edificarão propriedades, etc., esse muro já mais foi olhado como barreira da Cidade.
Se o aumento das propriedades chinas sobre os entulhos do lado do porto interior de Macao mereceo a protecção do Governo actual do paiz, que estabeleceo alli huma nova rua com  o titulo de rua nova d´El Rey; reputando sem duvida aquelles edifícios ainda que chinezes como fazendo parte da Cidade Portuguesa de Macao, não menos pode deixar de ser registada parte da Cidade, e o sítio do Tanque-Mainato agregado à Cidade, e à Parrochia de Sm. Lourenço pelo Governo de 1824, onde não só os chinas, mas os Nacionaes alli fabricarão suas propriedades, cultivarão-no, e fizeram a sua principal rua a que o Governo de 1847 deo o nome de rua de Tanque-Mainato – nome que qualquer pode lá ver na taboleta da porta» (3)
(1) Tanque do Mainato, área da cidade situada a leste da Colina da Penha, área que abrange a Rua do Comendador Kou Hó Neng, as Calçadas da Praia e das Chácaras e parte da Estrada de Santa Sancha. A designação da área foi conhecida até ao século XIX como Tanque do Mainato pois havia no local um tanque onde os mainatos lavavam a roupa, significando mainato “aquele que lava roupas”. Esta designação, no entanto,  caiu em desuso, especialmente na parte sul desta área, que é hoje mais conhecida por Santa Sancha (onde estava a Chácara de Santa Sancha)
(2) Francisco António Pereira da Silveira (1796-1873) nasceu em Macau na Freguesia da Sé, numa grande casa situada entre a desaparecida Rua do Gonçalo e a mais nobre das avenidas locais — a Praia Grande — filho de Gonçalo Pereira da Silveira (um abastado comerciante e armador, filho de um capitão de navios da Marinha Real de Goa, natural de Lisboa, Joaquim José da Silveira, que em Macau se casou, na Sé, em 10 de Janeiro de 1760, com uma das filhas de um dos mais conceituados homens da terra, Maria Pereira de Miranda e Sousa, constituindo família e fixando-se na cidade) que nasceu em 19 de Outubro de 1762, homem rico e casado em 1795, com Ana Joaquina, filha do homem mais rico e conceituado de Macau, Simão Vicente Rosa. Deste casamento nasceram pelo menos três filhos, Francisco António, Gonçalo e Ana Joaquina.
Francisco António casou com Francisca Ana Benedita Marques, em 15 de Agosto de 1819, e assim ficou relacionado com as famílias mais nobres e ricas de Macau, uma vez que sua mulher descendia, por um lado, em linha recta, de Domingos Pio Marques Castel-Branco, pertencente à melhor nobreza do Reino, e por outro à riquíssima família Paiva.
Deste casamento nasceram cinco filhos: uma menina, a primogénita, e quatro varões, dos quais apenas três atingiram a idade adulta.
Francisco António, depois de ter frequentado o Seminário de São José até 1818, data em que seu pai faleceu, veio a constituir família, tendo de rejeitar a ida para Coimbra para prosseguir os estudos de Direito com que sonhava (regalia que conquistara por ser um dos dois mais brilhantes alunos do seu tempo), para ocupar o lugar de chefe da família e gerir os negócios da casa. No entanto veio a perder, depois, a fortuna paterna nos riscos do mar. Foi director e administrador da Tipografia do Governo, exonerado a seu pedido em 1825.Foi almotacé da Câmara em 1815; vereador do Leal Senado em 1822; escrivão do juízo de direito de Macau em 1843; Irmão, tesoureiro e provedor da Santa Casa da Misericórdia. (4)
Ver biografia deste homem-bom, num trabalho de Ana Maria Amaro para a «Revista de Macau» , disponível em:
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30019/1715
(3) Vermilhão ou Vermelhão: substância tintória, o mesmo que mínio ( designação vulgar do deutóxico de chumbo, também conhecido por cinábrio, zarcão ou vermelhão (Dicionário de língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, 1986)
Vem do francês: vermeilionpigmento opaco alaranjado que tem sido usado desde a antiguidade. O pigmento ocorrente na natureza é conhecido como cinabre. Quimicamente, o pigmento é sulfeto mercúrico (HgS) e como muitos compostos de mercúrio é tóxico. A maior parte do vermelhão produzido naturalmente vem de cinabre extraído na China, daí seu nome alternativo vermelho China ou vermelho chinês.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vermelh%C3%A3o
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia da Macau, volume I, 1997, p. 419-420.
(5) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III, pp. 801-802,  1996.

O edifício do Hotel Boa Vista (após 1936, Hotel Bela Vista), debruçado sobre o Bom-Parto e a baía de Bom Pastor, terá sido construído em 1870 para residência da família Remédios e foi no ano de 1890, registado como Hotel, passando a ser propriedade do Capitão Inglês William Edward Clarke. (1)
Foi inaugurada como unidade hoteleira europeia a 1 de Julho de 1890 (2) e a gerência do Hotel manteve-se na família Remédios: L. M. Remédios e sua esposa Maria Bernardina dos Remédios, de 1891 a 1894. (1)

Hotel Boa Vista MAN FOOK 1907O HOTEL BOA VISTA (Foto de MAN FOOK), 1907

Embora o Hotel Boa Vista esteja registado no Registo Predial com a data de 1900 (n.º 5 431 (3), já em 18-11-1899, estava inscrito no Livro do Tabelião Serpa, como pertencente ao Capitão da Marinha Mercante Inglesa William Edward Clarke e mulher, Catherine Hannack Clarke. (1)
A 11 de Novembro de 1899, Clarke e sua esposa hipotecaram o hotel por $ 15 000,00 à “Hong Kong , Canton and Macau Steamer C.º” (onde Clarke trabalhava como capitão); essa quantia foi paga a 21 de Novembro de 1901. Quando o Governador da Indochina Francesa quis comprar o hotel, para aí instalar um sanatório militar e naval, (para a convalescença dos funcionários civis e militares que eram atacados de febre paludosa) “levantou-se tamanha celeuma na imprensa e no parlamento inglês que o governo português se viu obrigado a expropriá-lo para aplacar as iras do leão britânico” (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I). O governou expropria o edifício e vende-o à Santa Casa da Misericórdia por 80 mil patacas.
(1) Não é certo que tenha sido proprietário em 1890 pois em Março 1891, Maria Bernardina dos Remédios aparece em assentos documentais como proprietária do Hotel para reclamantes perante o novo Regulamento de Décimas e Impostos, e em 31 de Maio de 1891, no Processo n.º 339/G, regista-se um recurso interposto ao Conselho da província por Maria Bernardina dos Remédios, após pedido de redução verbal apresentado por Maximiano António dos Remédios e não atendido, contra a Junta de Lançamento de Décimas, que desatendeu a sua reclamação em relação ao valor locativo do Hotel Boa Vista. O Conselho de Província atendeu, em 13 de Junho do mesmo ano, baixando das $750.00 para $ 500.00, por ser tratar de uma unidade hoteleira incipiente (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995).
(2) O jornal «Hong Kong Daily Press» do dia 4 de Julho de 1890, «acaba de aparecer uma importante contribuição para as instalações hoteleiras de Macau. O Hotel Boa-Vista, belo e novo edifício com 20 quartos, situado na Baía do Bispo, (4) frente ao Mar do Sul, foi aberto a 1 de corrente… (…). Mrs Maria Bernardina dos Remédios passou a ser apenas gerente” (TEIXEIRA, Pe.M – Toponímia de Macau,  Vol. II)

 Hotel Boa Vista 1910HOTEL BOA VISTA, 1910

(3) Registo Predial N.º 5431 (Ano de 1900): prédio urbano denominado Hotel Boa Vista e dependências sito na freguesia de S. Lourenço, Rua do Tanque do Mainato,(5) tendo a sua entrada principal o n.º1 de polícia …(…) É formado principalmente , pelo Hotel Boa Vista, que abre para esta Rua do Tanque do Mainato e mais cinco terraplenos, ligados por escalas de pedra servindo de jardins, com árvores e duas casetas. Ao fundo do lado do mar tem três tanques pequenos de pedra, dos quais um está arrasado, bem assim a muralha que cercava nesse sítio a propriedade. Tem o valor venal de vinte e cinco mil patacas segundo mostra a escriptura de compra e venda donde se extraiu esta descripção a fls. 47v do Liv. 25 de notas do Tabelião em 18 de Novembro de 1899.(TEIXEIRA, Pe. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I.)
(4)”Havia a praia de Cacilhas, na base do Ramal dos Mouros, hoje totalmente coberta pelo Reservatório, a Praia da Guia onde se erguia a antiga Chácara do Leitão, a Praia do Bom Parto, a Praia do Bispo, onde nadavam os ingleses do Hotel Bela Vista, outro hotel de serviço europeu, e a Praia do Tanque do Mainato, estas duas últimas na baía do Bom Pastor que vai da curva de Bom Pastor à ponta de Santa Sancha” . ” Onde hoje está o Ténis Civil, ficava estão a Baía do Bispo.” “O Tanque do Mainato ficava entre a Baía do Bispo e a Vacaria do Vaz ou Leitaria Macaense, a qual ocupava a área atrás da antiga casa da Obra das Mães.” (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I)
(5) O edifício do Hotel Boa Vista, depois Bela Vista, fica na rua do Comendador Kou Ho Neng antes chamada Rua do Tanque do Mainato ( durante séculos com esse nome por haver ali um tanque onde os mainatos lavavam a roupa. No próprio jardim do Hotel Boa Vista havia outrora três tanques de pedra que depois foram tapados). (TEIXEIRA, Pe. M. – Toponímia de Macau, Volume I).  Hoje, residência oficial do cônsul Geral de Portugal em Macau.

Reuniram-se em assembleia vários moradores de Macau que elegeram uma comissão, composta de João Damasceno Coelho dos Santos, coronel João Ferreira Mendes, José Bernardo Goularte, José Maria da Fonseca, Francisco Justiniano de Sousa Alvim, Pedro Marques e José Joaquim Rodrigues Ferreira, para organizar uma sociedade de subscritores para a construção de um teatro. Até então todos os espectáculos de realizavam em «vistosos teatrinhos» (1) que se armavam na encosta de Mato-Mofino, que deita  sobre a Rua da Praínha; na porção do terreno da Praia do Manduco, depois ocupada pelo jardim do Barão de S. José de Portalegre; na Assembleia Filarmónica, (2)  que existia no largo de Santo António; no edifício do Hospital da Misericórdia; na residência do Juiz de Direito Sequeira Pinto; no «retiro campestre» de Santa Sancha, etc. teatrinhos esses que eram desarmados, uma vez dissolvidos os grupos de amadores que os animavam. Pensou-se, primeiramente, em instalar o teatro no edifício do Hospital S. Rafael. Tal ideia foi logo abandonada, pedindo a comissão ao governo o terreno do campo de S. Francisco, junto da rampa que conduz à entrada do quartel, pretensão esta que foi indeferida, sendo oferecida a cerca do extinto convento de S. Domingos. A Comissão, não gostando do local, requereu e obteve a 2 de Abril, o terreno do largo de S.º Agostinho (3). Correndo imediatamente a subscrição, em Macau e Hong Kong, o edifício do Clube e do Teatro D. Pedro V ficou quase concluído em Março de 1858, devido aos esforços do Cirurgião-Mor da Província, António Luís Pereira Crespo, Pedro Marques e Francisco Justiniano de Sousa Alvim. O risco e a direcção das obras foram da autoria do macaense Pedro Germano Marques (4) (5).

Teatro D. Pedro V 1907Fachada do Teatro D. Pedro V em 1907  (Foto de Man Fook)

Ao edifício delineado por Pedro Marques foi dado o nome de Teatro D. Pedro V, soberano então reinante; mas a actual fachada foi delineada pelo Barão de Cercal em 1873  (6) e restaurada em 1918 por José Francisco da Silva.
Situado no Largo de Santo Agostinho, em Macau, é um dos primeiros teatros de estilo ocidental na China.
Os Estatutos da Sociedade do Teatro D. Pedro V, foram aprovados a 20 de Abril de 1859 pelo Governador Isidoro Francisco Guimarães (o projecto de Estatuto apresentado pelo Secretário da Comissão Directora, Francisco Justiniano de Sousa Alvim tinha já sido publicado no Boletim Oficial de 6 de Novembro de 1858 ) (7) 
Em 2005, o teatro tornou-se um dos locais do Centro Histórico de Macau a figurar na Lista do Patrimônio da Humanidade da UNESCO.

Teatro D. Pedro V 1999Teatro D. Pedro V (伯多祿五世劇院) em 1999 (8)

(1) Em 1839, foi construído o teatro luso-britânico pelo arquitecto macaense José Tomás de Aquino.
(2) A 30 de Junho de 1853, deu-se uma récita nas casas da Filarmónica, em favor dos Expostos deste cidade.
(3) “26-11-1860 – Por Portaria Régia desta  data foi confirmada a concessão feita pelo governo provincial do terreno onde se edificou o Teatro D. Pedro  V. ” (7)
(4) Nasceu em 1799, exerceu o cargo de escrivão da Câmara (não era arquitecto nem engenheiro, mas tinha engenho e arte) e faleceu viúvo, a 15 de Dezembro de 1874, com 75 anos. Está  sepultado na Igreja de S. Agostinho (7)
(5) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(6) “17-03-1865 – Incendiou-se, pela madrugada, o Teatro D. Pedro V, mas o fogo foi rapidamente extinto, tendo apenas ardido parte duma janela. ” (5)
30-09-1873 – Reabriu, restaurado, o Teatro D. Pedro V, com Estatutos aprovados por Portaria de 10 de Fevereiro deste ano”  (7)
(7) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9)
(8) http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Dom_Pedro_V_Theatre_in_Macau.jpg

Nesta data, foram abertas ao público as instalações do Museu Luís de Camões, no Palacete de Santa Sancha” (1).
Opinião do Padre M. Teixeira ” Tudo isto, improvisações de momento, sem um plano de conjunto, ao sabor do capricho governamental” (2).

E tinha razão o Padre Teixeira pois devido à falta de espaço no Leal Senado onde se encontrava a secção histórica do Museu, tornou-se necessário arranjar rapidamente outras instalações e como o Palacete de Santa Sancha tinha sido considerado impróprio e supérfluo para residência de verão da primeira autoridade da província, pelo Governador António José Bernardes Miranda (3) e  estava vaga, foi para aí que se transferiu o Museu.
Mas por pouco tempo pois o Governador seguinte, Tamagnini Barbosa, na 2.ª vez que governou Macau (1926-1930), escolheu Santa Sancha para sua residência permanente (4) e desde aí passou a ser residência dos Governadores.

Santa SanchaPostal (princípio da década de 60) (Foto de Chi-Woon Kong)

Pela Portaria n.º 221, datada de 5 de Novembro de 1926, era criado, pelo Governador interino e Director das Obras dos Portos, Almirante Hugo de Lacerda, um mostruário de produtos nacionais de Portugal Continental e Ultramarino, especialmente de Macau e Timor, com carácter comercial, abrangendo uma secção de museu da Colónia e a colecção de exemplares de Comissão de Pescarias, sob o nome de Museu Comercial e Etnográfico «Luís de Camões». Para este Museu vieram também os artigos da Exposição Industrial e Feira de Macau realizado nesse mesmo ano (7 a 12 de Novembro de 1926). O museu ao longo dos anos, esteve em vários locais: Palacete da Flora (secção comercial e etnológica até 1931),  Leal Senado (secção histórica até 1936), rés do chão da Santa Casa da Misericórdia (secção comercial e sacra), Inspecção dos Serviços Económicos (em 1933). Finalmente, em 1940,  o Museu passaria para a chamada Casa Garden, junto ao jardim de Camões (por sua vez vendida em 1989 à Fundação Oriente para sua sede), mas só reaberto ao público em 1960, com a denominação « Museu Luís de Camões»,  sendo seu conservador Luís Gonzaga Gomes (nomeado a 8 de Dezembro de 1938) (5). Foi depois renovado em 1980 (curador: António Conceição Júnior de 1978 a 1997)

Museu Luis de CamõesPostal (1960) (Foto de C.M, Kong) (6)

O Palacete de Santa Sancha foi edificado pelo arquitecto macaense José Tomás de Aquino no bairro de Santa Sancha (7), antigamente conhecida pelo Tanque do Mainato, no ano de 1846. O mesmo arquitecto abriu a estrada desde as portas de Santa Sancha até à praia. Foi arrendado em 1884, às Missões Estrangeiras de Paris, (MEP). Os Padres das M.E. de Paris tiveram em Macau a sua primeira casa de repouso que depois passou para Hong Kong , tomando no nome da «Casa de Nazaré».
No Boletim das Missões Estrangeiras, n.º de Novembro de 1924: “pensou-se em Macau, onde se achava, para alugar, uma propriedade ou vila portuguesa, chamada Santa Sancha. Situada à beira-mar, na extremidade oriental da Praia Grande e perto da Igreja de S. Lourenço, comportava o local necessário para uma instalação, ao menos provisório: capela, refeitório, quartos para padres, sala para a imprensa, então bem modesta quanto ao pessoal e quanto ao material. Os trabalhos da organização terminaram no mercado do mês de Dezembro (1884) e no dia 17, às 4h p. m. a recitação em comum do Ofício Divino, começava pelas primeiras Vésperas…(…). O trabalho da impressão começou logo, e o primeiro opúsculo saído dos prelos foi, segundo o desejo do superior, uma obra eminentemente sacerdotal: Mensis Eucaristicus do P. Lercari, S. J.” (2).

Palacete Santa SanchaPalacete de Santa Sancha em 1985 (Nam Van n.º 19, 1985)

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – Residência dos Governadores de Macau. Direcção dos Serviços de Turismo e Comunicação Social, S/ data, 53 p.
(3) O Governador António José Bernardes Miranda (1932-1935) destinou o Palacete a um hospício pediátrico, denominado Hospital Infantil de Santa Sancha que foi inaugurado a 13 de junho de 1934 mas foi encerrado a 15 de Março de 1936, por ordem do Governo Central, sendo os doentes removidos para a Enfermaria da «Vila Branca» (2)
(4) Artur Tamaginini de Sousa Barbosa faleceria neste mesmo Palacete no dia 19 de Julho de 1940, durante o seu terceiro mandato como Governador (1937-1940). Também faleceu neste Palacete a 4 de Junho de 1930, António Patrício, ministro de Portugal na China. Estava de passagem por Macau a caminho para Beijing, afim de assumir o seu cargo na Legação Portuguesa.
(5) GOMES, Luís G. – Museu Luís de Camões. Imprensa Nacional, 1973, 57 p.
(6) Embora no postal conste o nome de C. M. Kong, creio tratar-se de um lapso pois a foto é do fotógrafo Chi Woon Kong.
(7) O Bairro de Santa Sancha, outrora, do Tanque do Mainato abrangia a área situada a leste pela Colina da Penha, ou seja, a actual Rua do Comendador Kou Ho Neng, as Calçadas da Praia e das Chácaras (ambas, hoje já não são calçadas) e parte da Estrada de Santa Sancha. O chineses designaram essa área pelo nome de Chôk Chai Sat (Chácara dos Bambus Pequenos) porque nessa área das chácaras havia alguma com bambus pequenos. (2)