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Era véspera de Natal de 1929 e muitas pessoas abandonavam a cidade na espectativa de os revoltosos cumprirem as suas ameaças de bombardeamento indiscriminado de ruas e casas. (1)

Foi rapidamente sufocada a tresloucada insubordinação dumas 50 praças de artilharia recentemente chegadas que, chefiadas pelo 2.º sargento Manuel dos Santos Guerra, exigiram um aumento de vencimentos a que se julgavam com direito e que o Governo não podia conceder, por falta de disposição legal. Os tresloucados que se insubordinaram na Fortaleza do Monte, onde se encontrava o Quartel de Artilharia de Guarnição, ameaçaram bombardear a cidade. Esgotados todos os meios suasórios e, após um cerco de 26 horas, pela polícia e outros elementos da guarnição desta província e de os subordinados terem sido intimados a renderem-se por intermédio de ordem lançadas pelos aviões da Aviação Naval, (2) dentro de 10 minutos, foram disparados uns tiros de peça, acompanhados de algumas rajadas de metralhadoras, (3) o que bastou para obrigar os insubordinados a entregarem-se às autoridades. (4) |Respeitada a linguagem da época no resumo apresentado|. (5) (6)

(1) , Luís Andrade de – Aviação em Macau, um século de aventuras, 1990, pp. 59-60

(2) “1-05-1928 – Foi criado o Centro de Aviação Naval, dependente dos Serviços de Marinha (DL 22 de 14Jun28) CAÇÃO, Armando António Azenha – Unidades Militares de Macau. 1999, p. 24. Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/aviacao-naval/

(3) “O tenente José Cabral, comandante da Aviação Naval de Macau, sugeriu que o ataque fosse feito com metralhadoras por não existirem bombas próprias contra tropas mas apenas destinadas a destruir fortificações e navios de guerra. Os chefes militares decidiram intervir e ficou assente que a Aviação Naval despejaria não bombas nem balas mas sim panfletos sobre o Monte e a Guia. Às 8 horas e 45 minutos dessa manhã, o “Farey 20”, tripulado pelo tenente Cabral e pelo sargento mecânico Francisco José Júnior, voou sobre as duas fortalezas à altura de 1000 a 1200 metros, fora do alcance de tiro. Com o ruído do motor foi impossível ouvir o fogo de terra, mas um tal major Andrade, das forças fiéis, garantiria mais tarde que foram disparados tiros contra o avião. Horas depois o sargento Guerra ordenaria aos seus homens que se rendessem incondicionalmente.” (1)

(4) Julgamento em Abril de 1930, no hangar da Taipa: “No ano de 1930 não começara da melhor maneira para a Aviação Naval de Macau cujo hangar servia em Abril de 1930, de sala de julgamento de militares implicados numa rebelião armada. Os réus eram vinte e sete praças de artilharia e um sargento Manuel dos Santos Guerra, que, no Natal de 1929, tinham posto Macau em estado de sítio” (1)

(5) Extraído de SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 222

(6) Embora as fontes citadas apontam o acontecimento na véspera de Natal de 1929 (dia 24), uma notícia do dia 23 do correspondente da “Reuter”,  foi publicada num jornal de Singapura no dia 24 com o título de “INSUBORDINATE MACAO GARRISON. Exaggerated Report of Mutiny. (Reuter´s Far Eastern Service). Macao, Dec. 23.

“An exaggerated report is being circulated of a mutiny of the garrison here. The facts are that between 60 and 70 artillerymen, headed by a sergeant, stationed at Monte Fort, became insubordinate, demanding higher pay. The resto of the garrison was loyal, and the Government compelled the disaffected men to surrender without a shot being fired. All is quiet in the city and business is as usual”. The Singapore Free Press and Mercantile Advertiser, 24 December 1929, p. 11. ” https://eresources.nlb.gov.sg/newspapers/digitised/issue/singfreepressb19291224-1

Pequeno extracto dum artigo de 1940, (pp.127-134) escrito pelo 1.º tenente A. Gomes Namorado, comandante do Centro de Aviação Naval (1)  para a publicação “ U N de Macau”,  (137 p.) da União Nacional de Macau no ano XIV da Revolução, 1940.
“… Interessante seria registar nestas páginas as milhares de toneladas, em especial correio, e as centenas de milhares de passageiros hoje transportados por aviões. Aqui mesmo, Macau, é um exemplo, talvez quási despercebido. Efectivamente, saber-se-á que em 1938 e 1939 o número de cartas enviadas por correio ordinário e aéreo foi respectivamente de 1.829.662, 4.032.945 e 39.434 e 92.577. A consideração destes números mereceria talvez a atenção de capitais da Colónia, adiantando-se a iniciativas estranhas que à Colónia veem buscar rendimentos que nela deveriam ficar.
Macau precedeu êste movimento pro-aviação. Data de 1921 a criação da sua primeira escola de aviação, criada pelo Governador Paço d´Arcos. A sua vida foi efémera; 6 alunos pilotos a frequentaram e destes apenas 2 concluíram as provas.
Em 1939, por proposta do actual Governador, o Governador que primeiro e melhor viu as possibilidades da aviação, Sua Exa. o Ministro das Colónias, a quem a aviação nas Colónias tudo deve, criou a Escola de Aviação de Macau para formação de pilotos, mecânicos, artífices e radiotelegrafistas. Dotada, desta vez, com os meios necessários, a Escola poderá desempenhar cabalmente da sua missão, desta forma contribuindo para o desenvolvimento da Colónia.” (2)

(1) Recorda-se que nesse ano, o Serviço de Aviação de Macau tinha aparelhos velhos e dos quatro aparelhos apenas um conseguia voar e, mesmo assim não muito bem. Em 1939, a aviação tinha três pilotos em Macau, o primeiro-tenente José de Freitas Ribeiro (2.º comandante do Centro de Aviação Naval) o 1.º tenente aviador Pedro Correia de Barros e o 2.º tenente aviador Rodrigo Henriques Silveirinha (morreria no acidente aéreo em 26 de Junho de 1942, queda do Osprey n.º 6 no Bairro do Tap Seac) auxiliados pelo 1. º Sargento mecânico aviação, Joaquim Macedo Girão e os 2.ºs sargentos artífices de aviação, Rafael Afonso de Sousa e João dos Santos Louceiro.
O 1.º Comandante, capitão-tenente António Gomes Namorado júnior, encontrava-se em Lisboa a frequentar o curso naval de guerra e o Governo decidia-se pela construção de um novo hangar no Porto Exterior, onde coubessem, em condições razoáveis, os aparelhos. Namorado Júnior regressa a Macau e ao comando do Centro em 1940 até Maio de 1941, sendo substituído por Freitas Ribeiro que , por doença de sua mulher – tuberculose- pediu demissão do cargo e regressaria à metrópole, em 1941. O comando passou para o primeiro tenente Pedro Correia de Barros, então com 30 anos de idade.

A construção do hangar no Porto Exterior, cerca de 1941

Informações de Anuário de Macau 1940-1941 e SÁ, Luís Andrade de – Aviação em Macau, Um Século de Aventuras, 1990 p.79
Anteriores referências ao Centro de Aviação Naval em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/centro-de-aviacao-naval/

https://www.marinha.pt/conteudos_externos/RevistaArmada/423/HTML/files/ra_423_sut08.pdf

(2) António Gomes Namorado Júnior (1901-?) foi um oficial de Marinha que serviu na Aviação Naval desde 1926 como piloto-aviadGomes or e deixando-a em 1948 como cap.-frag. RF
É autor de vários artigos e textos aeronáuticos (“Crónicas de Aviação”) publicados nos “Anais do Clube Militar Naval” entre 1927 e 1933 (22 dos 26 textos publicados neste período),
Participou na “Lisboa-Madeira-Açores-Lisboa”,  a primeira viagem com aviões em grupo realizada pela aviação da Armada entre 30 de junho e 31 de julho de 1935.  Tinha como objetivo o treino de manobras e navegação. Os três aviões eram tripulados por Namorado Júnior, Ferreira da Silva, Aires de Sousa, Carlos Sanches, Bernardino Nogueira, Correia Matoso, Brandão, Falcoeira e Nascimento.
Quanto às crónicas de Namorado Júnior, no seu primeiro texto de 1928 (janeiro e fevereiro) de 1928 (assinado N.J.) inserido, tal como o anterior e os restantes, na “Crónica Naval”/”Crónica Marítima” o autor defende a importância de os governos comparticiparem as viagens aéreas (raids) como forma de conhecerem melhor as suas potencialidades a nível económico e militar. Também é defendido que o desenvolvimento e apoio da aviação civil é importante no sentido em que esta pode servir os fins militares em caso de guerra”
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/25055/1/ASPOF%20Faria%20Pinheiro%20-%20A%20Avia%C3%A7%C3%A3o%20Naval%20nos%20Anais%20do%20Clube%20Militar%20Naval.pdf

Notícia publicada no jornal de Macau “A Verdade” de 18 de Agosto de 1928 e reproduzida no Boletim Geral das Colónias (1)
NOTA: A “Royal Air Force“ (RAF) estava instalada em Kai Tak desde 1927 e tinha os hidroaviões bombardeiros  da geração doss “Fairey IIIF ” (aparelhos de dois lugares motorizados com motores “Napier Lion”), utilizados pela RAF de 1926 a 1934.  A “RAF KAI TAK”  além das missões militares actuava também no combate à pirataria nos mares da China. Foi transferida em 1938, para “Sek Kong Airfield” nos Novos Territórios onde esteve até  1999, ano da entrega de Hong Kong à RPChina. Durante a ocupação japonesa de 1941 a 1945 o aeroporto de Kai Tak foi a base dos aviões japoneses “A6M Zero”.
https://en.wikipedia.org/wiki/RAF_Kai_Tak
http://www.rafweb.org

http://asasdeferro.blogspot.pt/2015/09/fairey-iii.html

Anteriores referências ao Centro de Aviação Naval da Taipa e à Aviação Naval  em Macau:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/23/centro-de-aviacao-naval-de-macau-taipa-1928/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/aviacao-naval/
(1) «BGC», n.º 40 , Outubro de 1928.

Pequeno envelope de papel de 7,5 cm x 8 cm de dimensões, contendo no seu interior 5 cópias de rótulos de embalagem de panchões produzidas pela Fábrica de Panchões Iec Long da Taipa. Emitido pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. Macau, comprado no Museu de Arte de Macau, por dez patacas, em 2016.

Fábrica de Panchões Iec Long
Ex-Libris
Yick Loong Firecworks Factory

Envelope com “design” “Extra Selected Firecrackers” semelhante à embalagem dos marcadores de livro com cópias das etiquetas das embalagens de panchões das várias fábricas que existiam na Ilha da Taipa.
Os cinco “ex-libris” têm as seguintes dimensões: 7 cm x 8 cm.
Este é um rótulo de embalagem de panchões da marca ”Duck – Encanto” (Duck Brand Beauty) manufacturado pela Fábrica de Panchões Iec Long (em inglês “Yick Loong Fireworks Factory”) em 1940.
A Fábrica de Panchões Iec Long sita na Vila da Taipa, terá iniciado o negócio na década de 20) (século XX) havendo registado um pedido feito por Tang Pec Tong de renovação da licença da fábrica Iec Long, datado de 6 de Setembro de 1926 Em 26 de Novembro de 1928 houve um grande incêndio e explosão na fábrica de panchões «Iec Leong». O socorro foi prontamente prestado pelo pessoal militar da Aviação Naval, das 6.ª e 50.ª Companhia Indígenas em diligência na Taipa, da Carreira de Tiro e da Polícia de Segurança; aguentaram o combate ao incêndio até chegarem os socorros de Macau, impedindo a propagação a barricas de clorato de potássio e acudindo aos trabalhadores da fábrica. (1)

Verso da embalagem
Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau

Ver anteriores referências a esta fábrica em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/panchoes/
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.

Em 16 de Julho de 1948 registou-se um dos primeiros sequestros (considerado o primeiro acto de pirataria na história da aviação) de um avião comercial. O hidroavião Catalina BBY 5AQ – VR -HDT – baptizado com o nome de «Miss Macao», (1) – voava de Macau para Hong Kong quando foi sequestrado, tendo o assalto corrido mal, resultando no queda do hidroavião no Delta do Rio Pérola, perto de Jiuzhou Yang (2)
A razão do assalto estaria na suspeita de que um dos passageiros era milionário e levaria consigo a bordo 3000 taeis de ouro. (3) Macau não sendo signatário às restrições Betton Woods no tráfico de ouro, tornou-se após a segunda guerra mundial um importante porto de operações entre Macau, Hong Kong e Saigão.
Os assaltantes eram quatro, que compraram no dia anterior um fato à europeia por 20 patacas cada um, tendo um deles (o chefe) sido treinado como piloto de Catalina. O plano inicial seria assumir os comandos do hidroavião e fazê-lo aterrar numa das ilhas do Delta. Terá sido o chefe dos assaltantes que ao tentar estrangular o piloto americano Dale Cramer e perante a reação do copiloto australiano Ken McDuff (bem como alguns dos passageiros), matou a tiro o piloto. Este atingido por uma bala caiu sobre o comando levando o hidroavião a cair a pique. (4)
Um dos assaltantes Huang Yu (黃裕, mandarm pinyin: Huáng Yù; cantonense jyutping: Wong4 jyu6), que fora contratado na China (era um camponês plantador de arroz da China, conhecedor da área onde voava o hidroavião) foi o único dos quatro que não tinha pistola e será talvez, por isso, o único que não tomou parte no assalto, mantendo-se sentado com o cinto de segurança e por esta razão provavelmente terá sobrevivido.
Levava 23 passageiros e 3 tripulantes.
Na década de 40 não havia legislação sobre a pirataria aérea em águas internacionais pelo que devido a um conflito entre jurisdições – acto de pirataria dum avião britânico em espaço aéreo internacional, o tribunal de Macau remeteu para Hong Kong o julgamento (o registo do avião era de Hong Kong), O Governo de Hong Kong alegou não ter jurisdição sobre o local da queda. Por isso Huang foi libertado a 11 de Junho de 1951 e deportado para a China. (5)
Como curiosidade vem mencionado em muitos artigos que a aeromoça do hidroavião era uma macaense de 21 anos chamada Delca da Costa. Mas num “post” sobre a aviação naval do blogue “Crónicas Macaenses” (6), aparece um comentário de Jorge E. Robarts (em 10-03-2004) referindo que a sua amiga Elsa Demée (do Pilar) seria a hospedeira de bordo desse dia mas foi substituída pela colega Gutierrez a pedido desta que precisava estar em Hong Kong por motivos familiares.

O Segredo do Hidroavião CAPA

A partir deste facto histórico Fernando Sobral (7) publicou recentemente em Março de 2014, o romance “O Segredo do Hodroavião” – thriller emocionante passado entre a China de Mao Tsé-Tung, a Hong Kong de Jorge VI e Macau de Salazar” (8)
Lê-se na sinopse desta obra, com chancela da Parsifal:
No dia 16 de Julho de 1948, o hidroavião Miss Macau fazia mais uma viagem entre Macau e Hong Kong. Entre os passageiros embarcados estava um grupo de chineses a bordo que haveria de tentar sequestrar a aeronave, fazendo com que este se despenhasse nas águas do mar, matando tripulação e passageiros. O único sobrevivente seria assassinado anos depois, junto à porta da cadeia, após a sua libertação. Por que razão?”.
O preço do ouro, cuja regulação definida pelo Tratado de Bretton-Woods durante a II Guerra Mundial levara ao comércio ilegal, dera origem a um frenesim na circulação deste metal precioso na zona. Mas naquele dia de Verão, o parelho da “Matco/Cathay Pacific” transportava também algo bastante desejado por muitas e influentes pessoas de Macau e da China.
Quem está por detrás da tentativa de sequestro da Miss Macau, a primeira da história da aviação? E porquê?
A partir de um facto histórico, Fernando Sobral constrói um empolgante thriller levando até ao leitor o jogo de interesses políticos em conflito numa China em guerra civil, entre os nacionalistas de Chiang Kai-shek e os comunistas de Mao Tsé-Tung e criando, ao mesmo tempo, um retrato fiel do universo de intrigas e ambições, de receios e interesses da comunidade portuguesa em Macau. Um romance histórico apaixonante!

O Segredo do Hidroavião CAPA+CONTRACAPA

(1) Abril de 1948 – Pedro Lobo e Liang Chang organizam a Companhia Limitada de Transportes Aéreos de Macau, registada em Hong Kong tendo alugado à Cathay Pacific Airways o seu primeiro avião (anfíbio, de 2 hélices) baptizado como «Miss Macau». As viagens entre Kai Tak e o Porto Exterior de Macau custavam 40 dólares de Hong Kong (simples) e 75 (ida e volta). A viagem num sentido demorava cerca de 20 minutos.”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p. (ISBN 972-8091-11-7)
(2) Ilha de Jiuzhou九洲 (mandarim pinyin: Jiu zhou; cantonense jiutping: gau2 zau1) – ilha (hoje integrado numa das áreas do porto de Zhuhai) no estuário do Rio Pérola.
(3) Tael –(mandarim pinyin: liǎng; cantonense jyutping: loeng5), é uma medida de peso muito utilizada em Macau (na China e no Extremo Oriente). Utilizadas nas lojas de ervas medicinais chinesas, nos mercados bem como na transação do ouro e prata.
Um tael é sensivelmente 50 gramas ou 1/18 do cate ( mandarim pinyin: jin; cantonense jyutping: gan1)

1 cate (gan) = 0.60478982 kg
1 tael (loeng) = 1/16 cate

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tael
(4) HACKER, Arthur – Cathay Pacific Airways PBY Catalina amphibious aircraft Miss Macao ashore at Kai Tak airport in
http://www.pprune.org/aviation-history-nostalgia/60421-pbys-5.html
(5) http://en.wikipedia.org/wiki/Miss_Macao
(6) http://cronicasmacaenses.com/2014/02/16/aviacao-naval-em-macau-uma-visao-em-1989/
(7) Fernando Sobral, jornalista, é autor dos romances “Na Pista da Dança”, “O Navio do Ópio”, “L. Ville” e “Ela Cantava Fados”. Escreveu ainda “Os Anos Sócrates” e, em co-autoria, “Barings – A História do Banco Britânico que Salvou Portugal”, “A Teia do Poder ou Os Mais Poderosos da Economia Portuguesa”.
(8) SOBRAL, Fernando – O Segredo do Hidroavião. Edições Parsifal, 2014, 216 p., ISBN 978-989-98521-4-3

Por ocasião da visita do «Besson», pequeno hidro-avião do cruzador francês «Jules Michelet», os oficiais  Amanrich e Salê  visitaram o Centro de Aviação Naval de Macau (1),  na Ilha da Taipa e foram cumprimentar o governador da Província (2) em nome do almirante francês.

Ilustração 1929 Visita Avião Francês I“O comandante José Cabral, os «lieutenant» Amanrich e Salê e o tenente Moura, comandante militar da Taipa

Ilustração 1929 Visita Avião Francês II“A recepção no Palácio do Govêrno. Ao centro da foto, o governador e M.me Tamagnini Barbosa (Fotos do comandante José Cabral)

 Ilustração 1929 Visita Avião Francês IIIA mascote da aviação naval portuguesa em Macau. O cãosito «Fairey»”

cruzador Jules MicheletCruzador « Jules Michelet»  em 1929

NOTA:  O cruzador francês «Jules Michelet» iniciou actividades em 1904,  foi desarmado em 1930 e afundado em 1937. Em 1929, antes de ser desarmado,  efetuou uma viagem como “propaganda cultural e comercial”  através do Mediterrâneo, Mar Vermelho, Oceano Índico, Mar da China, e Oceano Pacífico. Levava representantes dos diversos Ministérios franceses e nos portos onde atracava, organizavam dentro do navio, exposições de fotografias e dos diversos produtos franceses (indústria e comércio). Em referência a esta notícia, o cruzador ficou atracado em Hong Kong.
http://en.wikipedia.org/wiki/French_cruiser_Jules_Michelet.jpg
(1) Sobre o Centro de Aviação Naval de Macau localizado na Ilha da Taipa, ver anterior “post”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/23/centro-de-aviacao-naval-de-macau-taipa-1928/
(2) O governador era Artur Tamagnini de Sousa Barbosa (2.º mandato,  de 8-12-1926 a 2-01-1931)
Informação e fotos da revista “Ilustração”, n.º 80, 1929

Duas fotos com as respectivas legendas publicadas na revista “ILUSTRAÇÃO” (1928) referente ao Centro de Aviação Naval de Macau, localizado na Vila da Taipa e que foi inaugurado em 10 de Novembro de 1927. O comando foi entregue ao 1.º Tenente José Cabral. (1)
Estava equipada com três aviões Fairey, n.º s 17, 19 e 20. O Fairey 17, o «Santa Cruz» era um dos três aviões que pilotados por Sacadura Cabral e tendo com Gago Coutinho por navegador, tinham tomado parte na travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro, em 1922.

                         Ilustração 1928 Aviação Naval I

AVIAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA – O «Fairey» III D (Motor Rolls Royce Eagle) na Estação aérea de Macau (ilha da Taipa, defronte de Hong Kong, China do Sul). Êste aparelho é aquele em que o falecido capitão de mar e guerra Sacadura Cabral e o contra-almirante Gago Coutinho cruzaram o sul do Atlântico em 1922. A estação aérea de Macau é comandada pelo 1.º tenente aviador José Cabral que se vê no meio do grupo. Foto publicitada no «Aeroplane» a revista inglesa de aeronáutica, a melhor do mundo”.

Ilustração 1928 Aviação Naval II

VISITA DA AVIAÇÃO INGLESA – Visita da aviação inglesa à base aeronáutica portuguesa de Macau. Grupo de oficiais ingleses de Kai Tak, (Hong Kong) com os seus camaradas portugueses, junto dum dos aviões da base da Ilha da Taipa, obtido no curto intervalo das muitas e brilhantes festas ali realizadas (Foto gentilmente oferecida pelo comandante José Cabral)”

(1) O Centro de Aviação Naval (ou Marítima) de Macau  foi extinta a 11 de Abril de 1933. Foi depois reactivada em 1937 (segundo Beatriz Basto da Silva, na sua Cronologia) ou 1938 (segundo Manuel Vilarinho, entrevista à revista «Macau») como Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau. Desta vez com aviões OSPREY, primeiro os n.os 71 e 72, aviões que tinham embarcado nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntam mais tarde quatro aviões também OSPREY. Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, é definitivamente extinta.

Macau 1929Foi rapidamente sufocada a tresloucada insubordinação dumas 50 praças de artilharia, recentemente chegadas, que chefiadas pelo 2.º sargento Manuel dos Santos Guerra, exigiram um aumento de vencimentos a que se julgavam com direito e que o Governo não podia conceder, por falta  de disposição legal.. Os tresloucados, que se insubordinaram na Fortaleza do Monte, onde se encontrava o Quartel de Artilharia de Guarnição, ameaçaram bombardear a cidade. Esgotados todos os meios suasórios e, após um cerco de vinte e seis horas, pela polícia e outros elementos da guarnição desta província e de os insubordinados terem sido intimados a renderem-se, por intermédio de ordens lançadas pelos aviões da Aviação Naval, dentro de 10 minutos, foram disparadas uns tiros de peça, acompanhados de algumas rajadas de metralhadoras, o que bastou para obrigar os nsubordinados a entregarem-se às autoridades.” (1)

NOTA: Era governador de Macau, Artur Tamagnini de Sousa Barbosa (1926 a 1931)

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.