A noite do primeiro dia do ano novo lunar (continuação da postaem anterior) (1) foi assinalada com um deslumbrante festival de fogo de artifício, fornecido pelos conhecidos pirotécnicos de Lanhelas (em Caminha) «António Fernandes e Filhos» (2) e «Libório Joaquim Fernandes Sucessores, Lda» (ainda em actividade) (3) tendo para esse fim vindo especialmente da metrópole os pirotécnicos Rolando José Fiuza e Manuel Barreiro, que procederam à queima, auxiliados por alguns conhecedores do ofício, aqui residentes. Calcula-se que tenham presenciado o grandioso espectáculo, inédito para muitos habitantes desta Província, algumas dezenas de milhar de pessoas.
Junto da estátua de Ferreira do Amaral foi construído um palanque e ao longo da Avenida Dr. Oliveira Salazar foram colocados suportes para foguetes de girândola. O festival foi dividido em duas sessões, sendo uma de fogo e outro de fogo aquático, sendo este último lançado dum batelão fundeado na Baía da Praia Grande, em frente do Palácio do Governo. Na primeira sessão foram queimados 3.500 foguetes de «bouquet», 380 foguetões de fantasia e 60 balonas de cauda, de variadas cores. (…). Foi sobremaneira impressionante o desfecho desta sessão com grandioso e deslumbrante «bouquet» final, que dava impressão de que o céu caiam torrentes de luz em forma de estrelas estonteantes.
Na sessão de fogo aquático, que devido à acentuada ondulação das vagas, foi menos espectaculosa, queimaram-se 1.300 peças de fogo. Não obstante as más condições que o mar oferecia, o público pôde apreciar constelações de estrelas de cores bizarras e cintilantes saindo da água em cachões.
(1) «Macau B. I.» da R.P.S.E.E.G. ano III-61 de 15 de Fevereiro de 1956, p. 7.
(2) “Das 3 fábricas que ali existiam já todas fecharam portas. O que existe são empresas a laborar no setor, como é o caso da «Pirolanhelas», propriedade de Bernardo Fernandes, filho e bisneto de dois dos maiores fogueteiros que existiram na freguesia de Lanhelas. O bisavô era António J. Fernandes que em 1853 fundou a primeira pirotecnia em Lanhelas e o pai, falecido no ano passado, era Benjamim Fernandes que, com o irmão Gaspar Fernandes fundou nos anos 60 a “Gaspar Fernandes e Irmão Ldª , empresa que ao longo de mais de meio século conquistou inúmeros prémios nacionais e internacionais na arte da pirotecnia.” A empresa por diversas vezes esteve em Macau nos concursos de fogo de artifício, salientando-se nos anos de 1989 (2º lugar); 1990 (2º lugar), 2004 (3º lugar) e 2011 (4º lugar). (ALDEIA, Cidália, 19Maio2016) in https://jornalc.pt/pirotecnia-arte-milenar/?v=35357b9c8fe4
(3) ”Nove feridos, um deles em estado grave, quatro casas destruídas e dezenas de habitações danificadas – eis o resultado da violenta explosão que, ao princípio da tarde de ontem, destruiu a Fábrica de Fogos de Artificio Libório Joaquim Fernandes, localizada em Lanhelas, concelho de Caminha. As quatro casas destruídas encontravam-se a pouco mais de 50 metros da fábrica e não resistiram à força da deslocação de ar provocada pelo rebentamento”. (Jornal «Público», 3Junho2000) in https://www.publico.pt/2000/06/03/jornal/explosao-arrasa-fabrica-pirotecnica-144754