Continuação da publicação dos postais constantes da Colecção intitulada “澳門老照片 / Fotografias Antigas de Macau / Old Photographs of Macao”, emitida em Setembro de 2009 pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau/Museu de Macau (1)
O templo Lin Fong (Lin Fong Miu -蓮峯廟 (2) ou Templo de Lótus ou, conforme Padre Teixeira “Pagode do Cume da Colina de Lótus”) fica na Estrada do Arco que começa entre as Avenidas do Almirante Lacerda e de Artur Tamagnini Barbosa, em frente da Avenida do Conselheiro Borja, e termina na Estrada da Areia Preta em frente da estrada Marginal do Hipódromo. Era vulgarmente conhecido por Pagode Novo e era ali que ficavam os mandarins quando vinham a Macau. Este templo não deve ter mais de dois séculos, visto ser chamado Pagode Novo em princípios do século XIX. O templo foi restaurado, reabrindo no dia 17-07-1980. (3)
(1) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/postais/
(2) Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/templo-lin-fonglin-fong-miu/
(3) TEIXEIRA, Padre Manuel – Pagodes de Macau, 1982.
Relatório do inspector interino dos incêndios, capitão Frederico Guilherme Freire Corte Real de 28 de Abril de 1872, do incêndio que se deflagrou numa barraca em Sá Kong (1) no dia anterior pelas 21.00 horas e se propagou a mais 32 barracas que arderam completamente. Uma das barracas servia como “hospital” estando neles doentes que foram depois transferidos para «uma casa ali próxima que se alugou». Outra das barracas servia de depósito do referido “hospital”, onde estavam quatro cadáveres de doentes que tinham falecidos nesse dia, à tarde, e aguardavam enterro. De registar, dois feridos, um deles com queimaduras graves que foram transportados para o Hospital S. Rafael.
BGMT XVIII-19, 1872
(1) Sa Kong era uma pequena área situada entre a Rua Brás da Rosa, a Estrada de Coelho do Amaral e as Avenidas de Horta e Costa e do Almirante Lacerda. Hoje está praticamente incluída na zona de San Kiu. O saneamento de Sa Kong onde havia um cemitério chinês (milhares de cadáveres sepultados conforme informação de P. Teixeira) (2) iniciou-se em 1900 durante a governação de Horta e Costa.
Em 1895, Lu Cao ou Lou Kau, (3) comerciante chinês que emigrou para Macau da cidade de Xinhui (Guangdong) cerca de 1860, para dedicar-se ao comércio do ópio e do jogo comprou na zona de Sá Kong uma área para construir um bairro residencial de rendas baratas com lojas de comércio. Uma das ruas desse bairro tem a toponímia de “Rua do Lu Cao”
(2) TEIXEIRA, P. Manuel –Toponímia de Macau Volume II, 1999
(3) Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lou-cheok-chin-lu-cao/
Notícia publicada no Boletim Geral das Colónias (1) sobre a inauguração das novas oficinas de reparação de automóveis, instaladas num prédio construído na Abegoaria Municipal, situada na Estrada do Cemitério (lugar onde depois, foram as oficinas municipais do Leal Senado, hoje Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais)
ABEGOARIA MUNICIPAL em 1949
A Oficina de automóveis na Abegoaria Municipal custou $ 43.000, 00.
Nesse ano foi também inaugurado o Canil Municipal (ficava no cruzamento da Avenida do Coronel Mesquita e Avenida do Almirante Lacerda; duas entradas uma por cada avenida) cuja construção custou $ 30.000,00.
CANIL MUNICIPAL em 1950
NOTA: a anterior Abegoaria Municipal que não sei se ficava no mesmo sítio, foi muito danificada no Tufão de 18 de Agosto de 1923. Ver notícia em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/08/18/noticia-de-18-de-agosto-de-1923-macau-assolado-por-um-tufao/
(1) «BGC» XXVI, n.º 295 Janeiro de 1950.
Anúncio, publicado em 1956, da fábrica de fósforos ” TUNG HING” (1)
“A fábrica de maior produção na província
Produto de confiança e boa qualidade”
Terá sido uma das primeiras fábricas de fósforo, constando já no Anuário de 1927 com o nome de Tung-heng domiciliado na Estrada Coelho do Amaral n.º 18.
No Anuário de 1938 já apresentava outro domicílio: Avenida Almirante Lacerda n. º 22 e no Anuário de 1941 aumentava a fábrica para dois edifícios na mesma Avenida Almirante Lacerda, n.º 22 e 78.
Com este nome ” Tung Hing & C.ª ” aparecia no Anuário de 1950. (2)
Não consegui saber quando terá sido encerrada (provavelmente no início da década de 60) já que alguns dos Anuários da década de 50 (século XX) não traziam referências a fábricas como por exemplo o do anos 1956-57. De certeza já não estaria a laborar no ano de 1966. As fábricas de fósforo em Macau, deixaram de existir em 1979.
(1) Referências anteriores a esta fábrica de fósforos e outros que existiram no território:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/02/anuncio-fabrica-de-fosforos-cheong-meng/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/02/12/caixas-de-fosforos-com-publicidade-winston/
(2) As outras fábricas de fósforos registadas nesse ano eram:
Cheong Meng na Rua da Alegria 96 a 135.
Sociedade Man Kuok Ltd na na Ilha Verde.
Tai Kuong Leong Kei Ltda, Sucessores na Avenida Almirante Lacerda n.º 18.
“Situado na zona norte da cidade, junto ao antigo istmo da Ilha Verde, no cruzamento da Avenida Almirante Lacerda com a Avenida Conselheiro Borja, mesmo em frente do edifício da Esquadra Policial n.º 4, este pagode ou templo budista é um doa mais antigos, vastos e cuidados de Macau.
Segundo rezam velhos pergaminhos chineses, em tempos remotos, aquele local – sopé duma colina (a que mais tarde se chamou de Mong Há) – era banhado pelas águas lodosas do delta e abrigava uma pequena povoação, habitada por humilde gente do mar.
Os seus habitantes construíram, primitivamente, um santuàriozinho que, a pouco e pouco, com o rolar dos anos e o desenvolvimento progressivo do lugarejo, se transformou no actual templo, conhecido entre os chineses por «Lin-Fông-Miu» (Templo de Lotus).
O Templo Lin Fong em 1955
Donde lhe veio esse nome, tão cheio de poesia oriental?
Segundo o sinólogo e historiador Luís G. Gomes, veio do próprio local.
«Primitivamente as águas do delta acercavam-se da entrada do templo e os raios do Sol, reflectindo-se na sua superfície, transformavam-nas num grande espelho de prata. A babugem das suas ondas vinha desfazer-se de encontro às lajes da balaustrada que forma a cerca da entrada, e nos pântanos adjacentes desenvolviam-se os lotos, perfumando todo o ambiente com o delicado aroma das suas hieráticas flores. Ao, era exactamente pelo facto deste local se encontrar reverdecido pelas enormes folhas dessa planta tão estimada, que os chineses denominaram este templo de Lin-Fông-Miu (蓮峯廟) isto é o «Templo de Lotus.» (1)
Neste templo, residia uma comunidade de bonzos, chefiada por um bispo. A parte residencial tinha, além das celas, uma vasta sala de recepções, onde se realizavam reuniões familiares de estranhos e … se jogava o popular «má-tcheok»
Havia famílias chinesas que se serviam do recinto aprazível, para piqueniques, prevenindo previamente o encarregado do templo para mandar preparar a comida na cozinha dos bonzos – o apreciado «tchái», saborosa comida vegetariana dos budistas, cujo preço variava consoante o número e qualidade dos pratos. Ali se celebravam as quinze principais festividades religiosas do ano lunar que se revestiam de extraordinária pompa litúrgica e eram muito concorridas.
Durante anos o tempo foi ficando ao abandono sendo pouco frequentado, vivendo ali poucos bonzos. Serviu depois de asilo provisório de vítimas de incêndio e inundações.” (2)
Foi construído em 1592, no 20.º ano do reinado do imperador Wan Li, dinastia Ming e é um dos três templos mais antigos de Macau. Ao longo dos anos foi regularmente renovado, restaurado e aumentado (principais obras em 1801 e 1876).
Historicamente famoso por ser local de permanência dos Mandarins Chineses da Província de Guangdong quando vinham a Macau. O mais famoso foi o Comissário Imperial, Lin Zexu que após iniciada a Guerra do Ópio, residiu aí e nesse templo, com o Governador das Províncias de Kuong Tong (Guangdong) e Kuong Sai (Guangxi) , Deng Tingzhen, receberam os oficiais portugueses para negociações diplomáticas (Setembro de 1839) Actualmente tem a sua estátua e um museu no templo.
O Templo de Lin Fong foi classificado como edifício de interesse histórico a preservar em 1976 (Decreto-Lei n. 34/76/M de 7 de Agosto. Actualmente está classificado como monumento – Património Cultural de Macau.
(1) Anterior referência a este templo 蓮峯廟 (mandarim pinyin: liǎn fēng miào; cantonense jyutping: lin4 fung1 miu6) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/04/lugares-de-outrora-rochedo-da-estrada-do-arco/
(2) Macau Boletim Informativo, 1955
Mais dois “postais” da década de 40.
Esta foto tem a legenda “Um bairro para funcionários. As primeiras construções”
Sobre este edifício do Mercado Vermelho, mercado da Avenida do Almirante Lacerda ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/mercado-vermelho/
O espaço do antigo canídromo de Macau, (1) entre a Avenida do Almirante Lacerda e a Avenida do General Castelo Branco foi em 1936 transformado em parque de diversões onde foram realizadas as mais diversas actividades como por exemplo: espectáculos de ópera, acrobacias e jogos. E assim se manteve até 1939 quando o Governo de Macau pretendeu transformar aquele terreno num Complexo Desportivo a ser inaugurado em 1940. (2)
O plano inicial englobava um campo de futebol com uma pista para atletismo ao seu redor, dois campos para o basquetebol nos dois topos do campo, e por detrás da Esquadra Policial n.º9, dois campos para ténis, uma piscina e um campo para o hóquei em campo.
Desse plano ficou só concluído o campo de futebol (em relva) e a pista de atletismo (em areia) que foi inaugurado em 1940, aquando das comemorações do Duplo Centenário da Independência e da Restauração, com o nome de «Campo Desportivo 28 de Maio» (3)
A entrada do Campo Desportivo ficava no cruzamento daquelas duas Avenidas, e tinha dois portões e ao meio um “obelisco” que tinha no topo gravada a bandeira da Fundação de Portugal e a data de 1940.
A bandeira da Fundação de Portugal na entrada do Campo Desportivo
Foto de 1940 aquando da construção da entrada.
A bancada principal que estava ao meio do campo desportivo
Anterior referencia a este mesmo Campo Desportivo em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/05/festa-desportiva-28-de-maio-de-1942/
(1) Em 1932, um grupo de chineses e americanos organizaram em Macau a «Associação de Corridas de Cães de Macau», construindo um Canídromo. A inauguração do espaço foi um acontecimento importante, a que não faltou o concurso de uma orquestra feminina, composta de 22 raparias americanas, com vistoso uniforme. Mas o preço das entradas, muito elevado para o nível médio de vida, não permitiu a manutenção do espectáculo que acabou em 1936.
(2) Nesse mesmo ano, a 28 de Setembro por ocasião da Celebração do 30.º aniversário da Implantação de República Portuguesa fez-se a distribuição de um bodo a 2 000 pobres, nesse Campo Desportivo.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4
(3) O «Campo Desportivo 28 de Maio» passou a ser mais conhecido como “Canídromo” após 28 de Maio de 1963, data da inauguração das corridas dos galgos, embora «as corridas de galgos» não ocupassem toda a área, mantendo-se a actividade desportiva no campo central. Nesse espaço actualmente, além do Canídromo, está o denominado “Centro Desportivo de Lin Fong” que é um complexo desportivo que abrange o campo de futebol, a pista de atletismo (5 pistas de tartan), 2 piscinas cobertas, ginásios.