Archives for posts with tag: Associação Promotora da Instrução dos Macaenses
Extraído de «BPMT», XVIII-53, de 28 de Dezembro de 1872, p. 223

Por este gesto de coragem, “… lançou-se às águas do rio Cantão numa noite de forte temporal para salvar o segundo-tenente Manuel Luís Mendes Leite” foi agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada.

Extraído de «BPMT», XIX-18, de 3 de Maio de 1873, p.69

(1) José de Almeida de Ávila (Horta, 29 de Outubro de 1844 — Lisboa, 30 de Outubro de 1902) foi um oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, na qual atingiu o posto de capitão-de-mar-e-guerra, político e administrador colonial. Foi governador civil do Distrito da Horta (1894-1895). Era filho de José de Almeida Ávila e de Sofia de Vasconcelos, neto paterno de Manuel José de Ávila (irmão do duque de Ávila e Bolama). Com o posto de segundo-tenente em 1872 foi colocado no comando naval de Macau. Neste período integrou as guarnições da canhoneira Camões, da escuna D. Carlos, da canhoneira Tejo e da corveta Duque de Bragança. Em 1874 foi transferido para a Estação Naval de Moçambique. Em Dezembro de 1883 foi nomeado para o cargo de imediato da canhoneira Tâmega, então a prestar serviço em Macau.

Permaneceu em Macau alguns anos, tendo casado em 8 de Agosto de 1885 (então capitão tenente da Armada, comandante da canhoneira «Tâmega») com Guilhermina Homem de Carvalho. (2) Este casamento voltou a ser efémero, por a esposa ter falecida de parto em 11 de Junho de 1886. No ano seguinte, pediu transferência para Lisboa, sendo em finais de 1877 colocado como capitão-tenente supranumerário na Direcção do Arsenal da Marinha e nomeado conselheiro da Escola de Alunos Marinheiros de Lisboa. Ver biografia mais pormenorizada em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Almeida_%C3%81vila https://en.wikipedia.org/wiki/Duke_of_%C3%81vila_and_Bolama

(2) Guilhermina Maria Homem de Carvalho (S. Lourenço 28-03-1865 e faleceu de parto a 11-06-1886). Filha de José Francisco Homem de Carvalho (1825-1880), negociante e proprietário. Em 1871, era um dos 40 maiores contribuintes de Macau; fundador da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), fundada em 1871. (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume II, 1996, pp. 217 e 219)

Extraído de «BPMT», XIII-43 de 28 d

O governador Macau homenageado era José Maria da Ponte e Horta (26-10-1866 a 2-08-1868)

Maximiano António dos Remédios filho de António dos Remédios e de Rita de Sousa Peres nasceu em S. Lourenço a 12.09.1808 e faleceu S. Lourenço a 1.02.1875. Rico negociante e proprietário, arrolado em 1871 como um dos 40 maiores contribuintes de Macau. A 17.09.1871, reuniu em sua casa um grupo de macaenses que constituíram o núcleo fundador da «Associação Promotora da Instrução dos Macaenses» (APIM). Na eleição da 1.ª direcção Maximiano dos Remédios foi eleito presidente.

Maximiano dos Remédios tinha uma propriedade na chácara de S. José, vulgarmente conhecida por chácara de Manochái sita na Calçada das Chácaras (lugar onde havia várias chácaras) local hoje junto de Santa Sancha. A 17 de Abril de 1902, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, (SCM) propôs e a Mesa concordou em comprar por $2 000 a «Chácara de S. José» pertencente à viúva de Maximiniano António dos Remédios, contínua ao Hotel BoaVista (comprada pela SCM em 15 de Novembro de 1901 para aí instalar Hotel Sanatório) com intenção de aumentar a área de construção.

Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/maximiano-antonio-dos-remedios/

Informações retiradas de: FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, VOL. III, 1996, p. 40; TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. I, 1997 p. 303, 311,

Sessão solene no Leal Senado no dia 28 de Maio de 1955, para comemorar o golpe de estado (28 de Maio de 1926) protagonizado por militares e civis antiliberais, comandado pelo general Gomes da Costa, que resultou a queda da Primeira República Portuguesa e a instauração da Ditadura Militar. Depois legitimada na Constituição de 1933, e instauração do Estado Novo.

A mesa que presidiu à sessão solene, vendo-se o Governador Joaquim Marques Esparteiro (1) a discursar
Edmundo Senna Fernandes (2) fazendo a sua conferência sobre o tema «Salazar – A sua política de sempre»

Imagens extraídas de «BGU»,  XXXI-361-362, Julho-Agosto 1955 pp. 382

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joaquim-marques-esparteiro/

(2) Edmundo José de Senna Fernandes (1897-1981), filho de Bernardino de Senna Fernandes Jr (2.º conde) (1867-1911) e Maria Francisca Xavier do Couto. Leccionou na Escola Comercial «Pedro Nolasco», no Seminário de S. José e no Colégio do Sagrado Coração. Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) e comendador da Instrução Pública (1979). FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III. ICM, 1996, p. 552. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/edmundo-de-sena-fernandes/

Na sequência da publicação em 5 de Janeiro de 2018 (1) sobre a “Nova Escola Macaense”, junto hoje mais alguns dados da cronologia desta Escola, aproveitando a data de 6 de Abril de 1861, em foram aprovados os Estatutos da Nova Escola Macaense, fundada pelo então 1.º Visconde do Cercal (depois Barão do Cercal) Alexandrino António de Melo (2) (3) e cuja inauguração se realizou, em 5 de Janeiro de 1862.

CONTINUA …………….. «BGM», VII-19 de 13 de Abril de 1861, p. 73

Foi inaugurada em 5 de Janeiro de 1862 a «Nova Escola Macaense», e nesse ano veio de Portugal como professor da Escola Macaense, o Cónego Guilherme F. da Silva, (regressaria ao reino a 21 de Março de 1885, vindo a falecer em Lisboa 3 anos mais tarde) (4)

Em 1865, devido a partida para Portugal do director geral da «Nova Escola Macaense», Barão do Cercal e do seu filho (a quem competia suceder-lhe em conformidade com os Estatutos), foi eleita uma comissão directora presidida por José Bernardo Goularte. (5)

Esta escola terminou em 21 de Outubro de 1867 por falta de meios para o sustentar, sendo oferecido o seu remanescente à futura “ Associação Promotora da Instrução dos Macaenses” (P.P. n.º 14 de 31 de Março de 1862, publicada nos Boletins n.º 25 e 27 de 1863)  (6)

(1) Ver anteriores referências a esta escola em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/nova-escola-macaense/

(2) Em 15 de Fevereiro de 1861, o Barão do Cercal propôs, em circular, a criação duma escola de ensino de línguas, principalmente a portuguesa e inglesa, para o sexo masculino, intitulada «Nova Escola Macaense», por existir grande carência de meios de instrução, como então se verificava na Colónia. Em 26 de Março do mesmo ano, o Governador Isidoro Francisco Guimarães autorizou o Barão de Cercal a organizar, anualmente, uma ou mais lotarias (7) para a manutenção dum estabelecimento de instituição para o sexo masculino que este pretendia fundar. A 1 de Novembro de 1861, o Barão do Cercal publicou uma carta, com esta data, no Boletim da Província n.º 48 de 2 de Novembro de 1861, dando conta do andamento da fundação da Nova Escola Macaense por ele promovida. A 27 de Fevereiro de 1862, foi confirmada ao Barão do Cercal de uma lotaria anual, com o capital limitado a doze mil patacas; bem como um subsídio anual de 1.000$00 reis para auxiliar a fundação dum estabelecimento de instrução primária e secundária, cujo ensino deveria ser gratuito para os pobres, cessando, porém tal concessão logo que estivesse reorganizada a Instrução Pública em Macau. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alexandrino-antonio-de-melo/

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 162

(5)

CONTINUA «TSYK» , 3.º Ano, n.º 4 de 26 de Outubro de 1865, pp. 15 e 16

«TSYK» , 3.º Ano, n.º 4 de 26 de Outubro de 1865, pp. 15 e 16
«TSYK» , 3.º Ano, n.º 5 de 3 de Novembro de 1865, pp. 19 e 20
«TSYK» , 3.º Ano, n.º 6  de 9 de Novembro de 1865, pp. 24

(6) “21-10-1867 – Foi encerrada a Nova Escola Macaense criada pelo Barão do Cercal, por falta de meios para o sustentar, sendo oferecido o seu remanescente ao Governo da Colónia, para criação de um liceu.” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) .

(7)

Extraído do «BGM, VIII-26 de 31 de Maio de 1862 p. 106

Foi inaugurado no dia 28 de Setembro de 1894, o Liceu Nacional de Macau criado pelo decreto de 27 de Julho de 1893 (assinado pelo Ministro da Marinha, João António de Brissac das Neves Ferreira), instalado no Convento de Santo Agostinho com uma simples visita do Governador Horta e Costa. Não se realizou nenhuma solenidade por a família real se encontrar de luto. Estiveram presentes na inauguração os professores do Seminário e da Escola Central  (1)
Portaria n.º 92, de 14 de Abril de 1894: «Tendo sido posta em vigor na província por portaria provincial n.º 89 desta data a carta de lei de 27 de Julho de 1893 que criou o Lyceu Nacional de Macau: Hei por conveniente determinar que o edifício do extincto convento de Santo Agostinho seja entregue ao reitor do mesmo Lyceu para alli serem devidamente instalados os estabelecimentos criados pela citada carta de lei»

Convento de Santo Agostinho – o primeiro edifício que albergou o Liceu em Macau

Segundo Pedro Nolasco da Silva, o primeiro a solicitar do Governo da Metrópole a criação do liceu foi D. António Joaquim Medeiros, bispo de Macau. O Liceu era sustentado pelo Governo, mas recebeu para a sua criação de um subsídio do cofre municipal, atribuído pela vereação do
Leal Senado de 1893-1894, no valor de $ 4 000 anuais para a manutenção do ensino. Teve apoio também da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (subsídio anual de 500 mil reis)
O Regulamento foi aprovado pelo Governador José Maria de Sousa Horta e Costa  por Portaria n.º 164, de 14-08-1894.
No dia 16 de Abril de 1894, no palácio do governo de Macau, foi conferido auto de posse aos seguintes professores:
1.ª cadeira – língua e literatura portuguesa – Horácio Poiares
2.ª cadeira – língua francesa –Mateus de Lima
3.ª cadeira – língua inglesa – P.e Baltazar Estrócio Faleiro
4.ª cadeira – língua latina – João Albino Ribeiro Cabral
5.ª cadeira  – matemática elementar – Wenceslau de Morias
6.ª cadeira – física, química e história natural – Dr. José Gomes da Silva
7.ª cadeira – geografia e história – João Pereira Vasco – tomou posse a 14-05-1894
8.ª cadeira – filosofia elementar – Camilo Pessanha
9.ª cadeira – desenho – Abreu Nunes
O reitor interino foi Dr. José Gomes da Silva.
No mesmo dia e local se fez a primeira reunião do Conselho Escolar, numa das salas do palácio (posta à disposição pelo Governador. Nessa sessão foi resolvido por unanimidade a eleição de Camilo Pessanha como Secretário do Conselho.
Começou apenas com 30 alunos.
O porteiro – Francisco Xavier Brandão
O contínuo – Clementino José Borges
Guarda da Biblioteca – Damião Maximiano Rodrigues (2)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) Informações retiradas do livro TEIXEIRA, Monsenhor Manuel – Liceu de Macau, 1986.

O jornal “Echo do Povo” no seu n.º 68 de 15-07-1860 clamava o seguinte:
Mandam para Africa umas 50 mil patacas tiradas da caixa pública de Macau; empregam uma 25 mil patacas para edificar um palácio para o governador (1) e falla-se já em gastar mais de 50 mil para construir um novo quartel (2), e não querem gastar nem um real para a instrução da colónia, donde procede todo esses dinheiros!!! — Esta injustiça clama aos céos”.
Em 24 de Março de 1861, o mesmo jornal voltava a debruçar no lastimoso estado em que se acha a instrucção publica em Macao”.
E acrescentava:
As cincoenta mil patacas que mandaram para Angola, não eram mais que bastantes para dotar um collegio (havendo já edifício adequado para tal fim) tal qual Macao precisa? Extranhamos por certo a apathia e o indesculpável desleixo de S. exa. O Sr. Governador Guimarães e de dois seus antecessores, o sr Adrião e o sr Pegado, em cujo tempo a caixa publica tinha para dispender. A esses senhores cabe toda a responsabilidade do estado de embrutecimento, em que se acham hoje os mancebos de Macao. Temos vitos filhos de pessoas de alta classe da sociedade, vadiando, ou quando muito, tornarem-se locheiros, soldados de policia, chuchaeiros (3) e abraçarem as cupações ruins d´esta classe, por falta de prestimo (causada pela falta de ensino) para ocupar cargos honrosos”.
Finalmente por iniciativa particular, o capitalista macaense Visconde do Cercal (então Barão do Cercal) resolveu promover meios para fundar uma escola. Para esse fim fez correr uma circular com data de 15 de Fevereiro de 1861, em que expunha o plano da projectada escola, solicitando ao mesmo tempo a coadjuvação pecuniária do público. Conseguiu-se em poucos meses obter um capital de mais de vinte mil patacas, e, em pouco tempo, foram mandados vir de Portugal dos professores das línguas portuguesa, francesa e latina e de Inglaterra um professor Inglês (“um bom mestre da língua inglesa, que é mesmo tempo da religião católica e natural de Londres”) (4)
A escola “Nova Escola Macaense” foi inaugurada no dia 5 de Janeiro de 1862, à 1 hora da tarde, nas “cazas de Escola, na Rua Central, – vasto edifício muito acertadamente escolhido”. A cerimónia constou de um pequeno discurso lido pelo secretário da Comissão Directora da Escola, António Marques Pereira, (5) por parte da mesma Comissão; de uma larga oração, também lida, pelo Padre António Vasconcellos, professor da Escola; (6) e de uma falado Juiz de Direito de Macau, findo o que o Barão do Cercal declarou inaugurada a Escola. Terminada a cerimónia, deu o Barão de Cercal um lauto almoço, durante o qual a banda do batalhão de linha tocou escolhidas peças de música. Assistiram a esta festa, o governador, algumas senhoras e muitos funcionários e principais cavalheiros de Macau.

(Boletim do Governo de Macau, Anno VIII, n.º 6, 1862)

Mas a Escola foi de curta duração pois a 21 de Outubro de 1867, era encerrada. A 29 de Setembro de 1867 reuniram-se os subscritores desta escola para deliberar sobre a aplicação a dar ao dinheiro, visto que em 21, mês seguinte expirava o contrato feito por 5 anos com os professores da mesma. (7)
Retirado de TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982.
(1) O antigo Palácio do Governo na Praia Grande foi construído por Isidoro Francisco Guimarães, Visconde da Praia Grande e Governador de Macau (1851-1863).
(2) Foi José Rodrigues Coelho do Amaral, Governador de Macau (1863-1866), que executou esse plano: em 1864 mandou demolir o convento e a igreja de S. Francisco para construir ali o Quartel de S. Francisco.
(3) Chuchaeiros = porqueiros. Do chinês (cantonense) “chu-chai”, 豬仔 – pequeno suíno, isto é leitão, (segundo Padre M. Teixeira na obra consultada). Mas poderá ser também referente ao trabalhador ou “cule” chinês, antigamente embarcado, teoricamente sob contrato, de Macau, Hong K).ng e outros portos do Sul da China, para a América Central, mormente Cuba, e outras terras distantes (BATALHA, Graciete – Glossário do Dialecto Macaense, 1977.
(4) Terá sido o inglês Arthur R. Montgomery que em 1867, no mesmo dia do encerramento da escola, em 21 de Outubro de 1867, colocou um anúncio no «Boletim da Província de Macau e Timor», XII-n.º 42 : “informar ao publico de Macau que elle se acha prompto a dar lições em cazas particulares, ou em sua própria residência, em qualquer hora que fossem convenientes”
(5) O discurso foi publicado no Boletim do Governo de Macau, VIII n.º 6, 1862.
(6) O discurso do Padre Vasconcelos foi publicado no Boletim do Governo de Macau, nos n.ºs 7 e 8 do ano VIII.
O Pe António Augusto Maria de Vasconcelos veio para Macau em 1862 como professor da Escola Macaense, Foi dado o seu nome a uma rampa existente na Guia, um pouco além do início da Estrada de Cacilhas, “Rampa do Padre Vasconcelos”.
Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rampa-do-padre-vasconcelos/
(7) O capital remanescente dos fundos da “Nova Escola Macaense” na importância de $ 9 417,53 foi entregue por Alexandrino António de Melo à Associação Promotora da Instrução dos Macaenses para a fundação de um colégio para instrução dos macaenses – Collegio Comercial – e que viria depois a ser denominado “Escola Comercial”.

D. Beatriz Emília Nolasco da Silva

Realizou-se no dia 18 de Junho de 1954, no Palácio do Governo à Praia Grande, a entrega pelo Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro, das insígnias de «Oficial da Ordem da Instrução Pública», agraciada pelo Governo da Nação, à D. Beatriz Emília Nolasco da Silva, Directora da Escola Comercial «Pedro Nolasco», (1)
Assistiram, além de pessoas de família, da Direcção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses e de professores e alunos da Escola Comercial «Pedro Nolasco», as mais destacadas individualidades e Macau.

O Governador, Almirante Marques Esparteiro proferindo o discurso.

(1) Beatriz Emília Nolasco da Silva (1912- ?) filha de Luís Gonzaga Nolasco da Silva e de Beatriz Emília Bontein da Rosa, é neta de Pedro Nolasco da Silva.(3).  Diplomada pela Escola Cantonal de Lucerna (Suíça), professora da Escola Comercial «Pedro Nolasco»mantida pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses: da Língua Alemã (1934 a 1938), da Língua Inglesa e Noções Gerais do Comércio (1939 até 1950) e da Língua Francesa (1940 a 1952). Directora da mesma Escola na década de 40 (século XX) até 1952/53. Creio que nesse ano de 1954, já não fazia parte dos professores da Escola Comercial (o Director interino em 1953 era o Dr. Edmundo de Sena Fernandes).
(2) Comissão Directora da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses no triénio 1953-55:
Presidente – Henrique Nolasco da Silva
Secretário – Joas José Lopes
Tesoureiro – José Fernandes
Vogais – Dr. Damião de Oliveira Rodrigues, Dr. Pedro Guimarães Lobato, Dr. Henrique de Barros Pereira e Francisco de Paula Barros.
(3) A Escola Comercial “Pedro Nolasco” foi fundada no dia 8 de Janeiro de 1878 sob a chefia de João Eleutério d’Almeida, mas a alma de empreendimento e  seu verdadeiro dinamizador foi Pedro Nolasco da Silva.

Escola Comercial (1927)

O edifício situado no alto da calçada do Gamboa, na Praça do Gamboa n.º 2  construído em 1920, foi sede da Escola Comercial até o ano 1966, ano da inauguração do edifício (actual Escola Portuguesa) no cruzamento das Avenidas D. João IV e do Infante D. Henrique (projecto de arquitectura de Raul Chorão Ramalho e executado pelo construtor civil Osseo Acconci)
Fotos de «MACAU B. I., I-22, 1954».

Bernardino Senna FernandesFoi nesta data, 18 de Abril de 1890, agraciado por mercê honorífica com o título de Visconde de Sena Fernandes por duas vidas, o proprietário macaense Barão de Sena Fernandes.

Bernardino de Senna Fernandes nasceu em Macau a 20 de Maio de 1815 e também aqui faleceu a 2 de  Maio de 1893. Era filho de José Vicente Fernandes e de Ricarda Constantina Fernandes, naturais desta Província.
Bernardino Senna Fernandes Brasão IBernardino Senna Fernandes Brasão IIBernardino Senna Fernandes Brasão IIIFoi distinguido com os títulos de Barão em 25 de Outubro de 1888, de Visconde (17-04-1890) e de Conde, em duas vidas (31-03-1893).  Esta ultima mercê só chegou depois da sua morte pelo só pode ser gozada por seu filho que, a falar com rigor foi o 1.º Conde de Sena Fernandes. Enquanto que o nome de família seja referenciado em Macau como “Senna Fernandes“, os títulos foram outorgados como “Sena Fernandes
Bernardino Senna Fernandes Brasão IVBRASÃO DE ARMAS: Escudo de ouro carregado com uma águia bifronte de negro estendida, armada de vermelho e com um crescente de prata apontado para cima sobre o peito ; orla de vermelho carregado com quatro cruzetos de ouro entre quatros crescentes de prata sendo estes acantonados  e aqueles nos centros do chefe, contra-chefe e laterais – Timbre, uma águia de negro andante e armada de vermelho. Virol de ouro e vermelho e assim o paquife; elmo de prata lisa, decorado de oiro lavrado e o forro azul celeste.

Negociante rico, grande proprietário (um dos maiores contribuintes de Macau do século XIX), figura polémica (1) e controversa,  foi Major ordinário, (2) Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo, Comendador da Ordem do Elefante de Sião, Cavaleiro de Torre e Espada, Condecorado com a Medalha de Prata de Mérito e Filantropia, Cônsul de Sião e da Itália em Macau, diplomata,  (3) Comandante da Guarda da Polícia, (2) organizador da Polícia do Mar,  (4) superintendente da Emigração Chinesa (isto é da emigração dos cules), inspector de Incêndios,  (5)  presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia e sócio fundador da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses) (APIM). (6)
Deixou numerosa descendência. Casou a 30 de Setembro de 1840 com Antónia Maria de Carvalho. Ficou viúvo, casou a 11 de Julho de 1862 com D. Ana Teresa Vieira Ribeiro e tiveram 9 filhos.

Bernardino Senna Fernandes Estátua IFoto: 2015

Esta estátua foi erecta, em Março de 1871, (no mesmo mês e ano em que foi inaugurado o monumento da Vitória) (7)  num terreno ajardinado do outro lado da rua oposto ao Monumento da Vitória; dali foi removida para o pequeno jardim do vivenda “Caravela”, (8) na Avenida da República, construída pela família Senna Fernandes. A família posteriormente alugou/vendeu (?)  a vivenda “Caravela” para servir de Hotel/Restaurante e nessa altura ofereceu a estátua ao Governo que a mandou colocar no recinto murado do então Museu de Luís de Camões (hoje  propriedade da Fundação Oriente) à direita de quem entra. (9)

Bernardino Senna Fernandes Estátua IIO pequeno jardim à frente da sede da Fundação Oriente com a estátua de Senna Fernandes (na foto: esquerda superior). Foto: 2015

O pedestal tem inscrições em chinês e português. (actualmente muito apagadas)

Bernardino Senna Fernandes Estátua IIIFoto: 2015
PARA PERPETUAR A MEMORIA DO BENEMERITO
CIDADÃO
BERNARDINO DE SENNA FERNANDES
MAJOR HONORARIO
COMMENDADOR DA ORDEM MILITAR DE
NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO
COMMENDADOR DA ORDEM DO ELEPHANTE BRANCO
DE SIAM
CAVALEIRO DA ANTIGA E MUITO NOBRE ORDEM
DA TORRE E ESPADA, DO VALOR, LEALDADE E
MERITO FIDALGO CAVALEIRO DA CASA REAL
CONSUL DE SIAM E DA ITALIA
I BARÃO, VISCONDE E CONDE DE SENNA FERNANDES
AGRACIADO COM A MEDALHA DE PRATA
DE MERITO, PHILANTROPIA E GENEROSIDADE
CHEVALIER SAUVETEUR DES ALPES MARITIMES
SOCIO PROTTETORE DE ASSOCIAZIONE DEI
BENEMERITI ITALIANI
MUITO APRECIADO PELA COMUNIDADE CHINEZA
DE MACAU
PELO SEU AMIGO JUSTICEIRO E PROVADA
ESTIMA  E SYMPATHIA
AOS NEGOCIANTES CHINEZES
A QUEM SEMPRE DISPENSAVA PROTECÇÃO
E APOIO
Bernardino Senna Fernandes Estátua IVFoto: 2015
Esta Estátua foi mandada erigir por
Lu-Cheo-Chi, Cham Hau-in, Ho-Liu-Vong
e outros negociantes chinezes de Macau
Em Testemunho de Amizade e Gratidão

(1) “Figura poderosa e polémica, foi naturalmente alvo de invejas e acusações  de toda a ordem, sobre as quais se torna difícil, hoje em dia, tecer um juízo de valor. Seja como for, ele próprio entendeu defender-se e publicou o folheto Um apelo ao publico imparcial, Macau, Typ. Popular, 1869, 24 p., no qual apresenta uma série de documentos comprovativos dos altos serviços prestados à Província. Coincidência, ou não, pouco depois desse desafrontamento pessoal, um grupo de importantes comerciantes chineses, deliberou mandar erigir-lhe uma estátua de corpo inteiro. (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses)
(2) Senna Fernandes criou um corpo de polícia privado, em 1857, a «Polícia do Bazar», paga por um grupo de comerciantes chineses e depois esta Polícia extendeu-se a toda a cidade. Mas breve surgiram queixas de abuso de poderes. O governo hesitava, falho de meios para se lhe opor. Finalmente usando a velha regra que propõe que “se não os podes vencer junta-te a eles“,  Senna Fernandes foi nomeado Comandante da Guarda da Polícia a 14 de Outubro de 1857 e a 18 de Julho de 1861 foram-lhe concedidas as honras de major. Para demonstrar a sua riqueza, armou a Polícia à sua custa, com o armamento mandado vir propositadamente da Inglaterra.
SARAIVA, António M. P. – Jardins e a história de Macau in Macau, encontros de divulgação e debate  em estudos sociais, pp. 193-205.
Site das Forças de Segurança de Macau  indica como Comandante da Polícia: 14-10-1857 a 29-07-1863. (http://www.fsm.gov.mo/psp/por/psp_org_9.html)
(3) Conseguiu estabelecer com a China vários tratados de comércio, a fim de garantir à população os víveres necessários, depois de várias proibições ordenadas pelos mandarins em consequência da guerra entre a China e a Inglaterra, missão esta muito difícil que só o seu génio e alto prestígio conseguiu levar a bom termo. (Macau B. I., 1954)
(4) Criou também a Polícia do Mar, a quem se deve o salvamento de muitas vidas e propriedades, especialmente a quando do tufão de 27 de Julho de 1862. Reprimiu, à sua custa, com os seus navios e embarcações, o contrabando  e a pirataria nesta paragens, entregando sempre à Fazenda Pública o produto e os artigos das apreensões. Macau B. I., 1954)
(5) Reorganizou os serviços de incêndio da cidade exercendo gratuitamente o cargo de inspector (Macau B. I., 1954)
(6) Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) foi  fundada em 17 de Outubro de 1871, destinada à educação dos «filhos da terra». Em 1878 cria a «Escola Comercial»  (SILVA, Beatriz Basto da Cronologia da história de Macau, Vol.3).
(7) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-da-vitoria/
(8) O edifício da Caravela, infelizmente demolido em princípios de 1979
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2011/12/31/caixa-de-fosforos-hotel-caravela-2/
(9) TEIXEIRA, P.  Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980.

Na 5.ª Parte do Boletim Sanitário da Província de Macau, ano de 1922, mês de Janeiro, referente a “RELATÓRIOS E ESTUDOS MÉDICOS”, encontrei este relatório efectuado pelo Dr.  António do Nascimento Leitão (capitão, médico de 1.ª classe), (1) relativo às inspecções sanitárias aos estábulos, vacarias, visitas domiciliárias e via pública.
A) – ESTÁBULOS E VACARIAS
Todos estão obedecendo às instruções que lhes tem sido dadas. Apenas o estábulo da firma Yun-Hop, em Sa-Kong, tem uma parte do reboco da parede caído. Prometeu que em breve dias estaria reparado e de novo caiado a branco
B) – VISITAS DOMICILIÁRIAS
SAN-KUONG (ARMAZÉNS) – AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO – Tem bons urinóis providos de água sob pressão. As retretes é que são do tipo insalubre (celhas de madeira no terraço do telhado). De bom grado poderão ser  substituídas pelas de autoclismo, distribuídas pelos três andares do edifício, para uso não só dos seus 50 empregados, mas também dos seus freguezes. Precisa, porém, de saber para onde tem de dirigir os respectivos tubos  de descarga, se para o colector da Avenida, se para o da rua das trazeiras, ou se para o da Travessa do Paralelo, que lhe fica ao lado.
AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO, N.º 67 – CULAO – Muitos sujos os pavimentos do 1.º e 2.º andares. Tem muitos escarradores, mas todos por baixo das mesas. Indiquei os lugares próprios para estes, lavagens frequentes dos soalhos e escadas, e a afixação de desticos proibindo que se escarre no chão.
AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO, N.º 64 – CASA DE PENHORES – Tem as retretes de celhas no telhado, a transportar – recomendei o tipo  das de caixa, limpas diariamente.
AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO, N.º 74 – CAMBISTA – CASA DE PENHORES. – Casa asseada. as suas retretes e urinóis, de autoclismos, poderão servir de modêlo às outras casas da Avenida.
AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO, N.º 76 – CULAO – No rez-do-chão, a cozinha muito negra, e a porta de grade que lhe dá acesso para a Avenida muito suja de fuligem. Nos andares superiores, os pavimentos muito sujos e as paredes muito escarradas; escarradores em abundância, aos grupos mesmo, mas todos por debaixo das mesas. No telhado, retretes (celhas) com as feses a transbordar – Recomendei as retretes de caixa, limpas diariamente; os escarradores mais espalhados e acessíveis; os soalhos lavados frequentemente; as paredes caiadas e com mais frequência a da cosinha, e sempre limpa e pintada a porta desta para a Avenida.
AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO – Encontrei em sofrível estado de asseio os prémios números 80, 84, 86, 88, 90, 92 e 94.
C) – VIA PÚBLICA
Continuam a ser lançadas a urina e as matérias fecais para os sifões das sargetas de algumas ruas. A Travessa do Abreu, a Rua Nova (Bazarinho), a Calçada da Feitoria, para não citar outras todas as manhãs atestam o que afirmo. Está num estado imundo o pateo do n.º85 (antiga numeração) da Rua das Pontes e dejecta para a via pública um cano com despejos entúpido, que desce do 1.º andar do prédio n.º 24 da Rua da Senhora do Amparo.
Continuam as ruas a ser varridas a sêco, com os graves inconvenientes para a saúde pública.
Pelas 13 1/2 horas dos dias sêcos e ventosos começam as nuvens de poeira a ser levantadas em frente dêste Pôsto Médico, como que a demonstrarem-lhe como é inútil insistir mais sôbre êste ponto de higiene pública.
(1) Nesse ano, o Dr. António do Nascimento LeitãoHomem de cem ofícios» como lhe chamou o Padre Teixeira ), capitão médico colocado no Quadro Sanitário de Macau (desde 1920; seria nomeado major médico em Abril de 1923) era director do Laboratório de Radiologia (nomeado em Janeiro de 1922), director do Laboratório Bacteriológico (funções que desempenhava gratuitamente desde 1922 e era director desde 1912, com interrupções devidas a comissão em Timor). Como responsável do Posto Médico: dava consultas diárias, vacinações, socorros urgentes de dia e noite no Porto ou a domicílio; verificava óbitos na cidade e subúrbios, no mar, no Asilo de Santa Infância e no Hospital chinês; fazia inspecções sanitárias, serviços de estatística e administração, desinfecções e elaboração de relatórios; efectuava serviço clínico do Asilo de Sta Infância, Casa de Beneficência e cadeia civil; exercia sanidade marítima (inspecções de doentes a bordo, verificação de óbitos ocorridos em viagens, pratica as medidas a tomar  no caso de doença infeciosa, etc). Era professor da Escola de enfermagem.
António do Nascimento Leitão, nascido a 27-04-1879 (Aveiro – Portugal) tirou o curso na Escola Médico-Cirúrgica do Porto com 18 valores. Incorporado em 1899, promovido a facultativo de 3.ª classe (alferes) em 1907 ficando alferes graduado do Depósito de Praças do Ultramar nesse ano. Chega a Macau em 8 de Julho de 1907, como facultativo de 3.ª classe do Quadro de Saúde de Macau e Timor. Fez parte das operações militares do ano de 1910 contra os piratas na Ilha de Coloane (serviu de hospital de sangue a lancha-canhoneira Macau, dirigido  pelo Dr. César Augusto de Andrade, coadjuvado pelo Dr. Nascimento Leitão) Prestou serviço em Timor em 1911 e  1923.
Exerceu as funções de subdirector dos Serviços de Saúde em 1924 e 1926.Tenente coronel Médico em 1926.
Foi professor do Liceu de Macau das disciplinas doa  7.º grupo em 1908 – 1913 e das disciplinas do 6.º grupo de 1917 a 1920.
Além das suas múltiplas actividades exercia também  “Clínica médica e cirúrgica”  privada como comprova este anúncio de 1922.
ANÚNCIO de 1922 - CONSULTÓRIO DE ANTÕNIO N. LEITÃOAnúncio do consultório do  Dr. António Nascimento Leitão, em 1922, na Rua do Padre António 10 – Telefone n.º 6.
Intitulava-se “Com prática nas clínicas e laboratórios da Faculdade de Medicina de Paris (seguiu durante o 2.º semestre do ano escolar 1913-1914, um curso prático de medicina operatória sobre o tubo digestivo e seus anexos no Hospital «Saint Antoine », em Paris), médico radiologista ( seguiu assiduamente as conferências de radiologia, assistiu regularmente aos exames radiográficos e tomou parte activa nos exercícios práticos da radiografia no Hospital «Saint Antoine», assim como radioterapia), e subdelegado de saúde e guarda mor  de saúde (substituto de Lisboa em 1916 até regressar a Macau em 6 de Junho de 1917), etc.
As “especialidades” cirúrgicas e radiológicas foram “tiradas” nos quatro meses de licença que lhe foi autorizado em Janeiro de 1914 para ser gozadas em Paris e depois prolongada na situação de licença ilimitada até 31-12-1916.
O horário das consultas: da 1 (13H00) às 2 (14H00) e das 4 (16H00) às 5.30 (17H30).
O Padre Manuel Teixeira (em 1976) elogia este médico ” Foi o Dr. Leitão, neste 400 anos, o único que teve gesto tão simpático“, por ter enviado ao Governador Comandante Albano Rodrigues de Oliveira que foi seu aluno em Macau, a quantia de vinte mil patacas, para ser distribuída pela Casa de Beneficência (Asilo da Santa Infância e Asilo de S. Francisco Xavier), Hospital «Kiang Wu», Leprosaria Ká-Hó, Coloane (para beneficiação das instalações) Liceu Nacional de Macau (prémio para o melhor aluno anualmente), Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (prémio para o melhor aluno anualmente), Seminário S. José (melhor aluno anualmente), Hospital Central Conde De S. Januário (melhor aluno de enfermagem anualmente)
Anteriores referências ao Dr. António de Nascimento Leitão.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-de-nascimento-leitao/
TEIXEIRA, P. Manuel – A Medicina em Macau. Vol IV: Os Médicos em Macau no Séc.XX, 1976.

Escola Infantil (U.N. 1940)A Escola Infantil e o Parque Infantil

 “Quanto a instalações há algumas que podemos chamar modelares: a Escola infantil de Macau (1) pode pôr-se ao lado do que há de melhor no género, na Metrópole. O edifício da Escola Municipal (2) inaugurado há poucos meses, é também um bom edifício. O Liceu, embora a sua situação seja má (dum lado o cemitério e dos outros ruas cheias de movimento e de ruído) vai, contudo, satisfazendo às principais exigências do ensino.

Escola Primária Municipal 1940A Escola Municipal em 1940

             Não obstante tudo isto, ainda há muita gente que de queixa das escolas de Macau. Ora, tudo estaria bem, se essas queixas e lamentações fôssem infundadas, ou traduzissem apenas a excessiva exigência duma sociedade superiormente culta e de requintada educação. Era até uma reacção salutar e uma prevenção da sociedade contra a possibilidade de as escolas, por desleixo ou inépcia, deixarem descer o seu nível cultural. Mas, infelizmente, não é bem isto o que se passa. Na verdade, a cultura média dos escolares de Macau é pobre, o rendimento do ensino é ainda desanimador.
Culpa dos professores? A meu ver, culpa de tudo e de todos.     

E.P.O.Pedro N. Silva década de 50 (ACTD)Edifício da Escola Primária Oficial «Pedro Nolasco da Silva» (sexo masculino) possivelmente na década de 50 (http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD23186     

O ambiente desta terra não é de molde a favorecer a acção educativa da escola. Uma cidade com uma área pequeníssima e uma população de trezentos ou quatrocentos mil habitantes, noventa e nove por cento chineses, cheia de ruídos extraordinários e irritantes – o charivari dos enterros, o estralejar dos panchões, a cegarrega dos tim-tins – e além disso, com péssimo ambiente moral, é o inimigo mais poderoso da educação. É preciso, primeiro que tudo, combater o excesso de vida urbana dos rapazes desta terra, que, além dos inconvenientes de ordem física e moral de todos conhecidos, os torna incapazes de se adaptarem à vida daquelas colónias que impõem um certo isolamento. Combater êste mal é contribuir para alargar o campo de acção dos rapazes de Macau. Torna-se, pois, necessário afastá-los quanto possível da cidade, ensinando-lhes o caminho do mar e da natureza, criando-lhes gosto pela navegação à vela e a remos, incultando-lhes as vantagens do meio isolamento que permite a vida interior e liberta a alma da tirania dos sentidos.

E.P.O.Pedro N. Silva década de 80O mesmo edifício na década de 80

 CARNEIRO, Artur de Almeida – Educação Nacional in Publicação da União Nacional de Macau, 1940

(1) A Escola Infantil que funcionava na Rua Central, foi transferida para um novo edifício inaugurado a 2 de Outubro de 1933, no Jardim da Flora. Posteriormente, após a II Guerra Mundial acrescentaram o nome de Escola Infantil «D. José da Costa Nunes». Em 1997 , sofreu remodelação e ampliação com o projecto de arquitectura de Mário Duque, com o nome de «Jardim de Infância D. José da Costa Nunes» mantém-se como instituição educativa de ensino pré-escolar tutelada pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) , na Avenida Sidónio Pais.
http://www.revistamacau.com/2013/08/14/a-fazer-historia-ha-80-anos/
(2) A Escola Primária Municipal (depois denominada Escola Primária Oficial «Pedro Nolasco da Silva») foi inaugurado a 5 de Outubro de 1939, na Alameda Vasco da Gama pelo Governador Artur Tamagnini Barbosa. A Escola Primária Oficial Pedro Nolasco da Silva foi extinta em Junho de 1997 (Decreto-Lei n.º 24/97/M) mas o edifício manteve-se como “Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes
Sobre a Escola Primária Oficial ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/escola-primaria-oficial/

NOTA: O parque infantil de Macau foi inaugurado a 24 de Dezembro de 1924.