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Por iniciativa do Padre Francisco Xavier Rôndina, S. J. (1) efectou-se a 3 de Abril de 1864, uma quermesse no teatro D. Pedro V, em benefício dos órfãos do Seminário de S. José. Este mesmo jesuíta que veio para Macau em 1862, para ensinar e dirigir o Seminário de S. José, (2) era um defensor dos direitos humanos, denunciando os problemas sociais dos mais pobres e desfavorecidos, e promovendo os meios para sustentar os asilados nomeadamente os órfãos.

Mas só em 1900 por iniciativa do Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva (1842-1912) surgiu o “Asilo dos Órfãos” instalado no Tap Seac, mas que por razões económicas em 1918, foi extinta. (3) (4)

Em 1933, a “Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, que tinha o edifício alugado denominado «Novo Asilo dos Órfãos» na Travessa dos Santos n.º 2, encomendou a construção de um edifício próprio que seria denominado “Asilo dos Orfãos”. (5)

 «Boletim Geral das Colónias», XII, n.º 134/135, Agosto/Setembro de 1936, pp.181

Para efectivação desta grande obra de beneficência, para angariação de fundos para a sua concretização, em Macau, Abril de 1936, (6) foi impresso e distribuído um “jornal” de 16 páginas (número único) onde se apresenta:

– Uma mensagem do Governador interino, Dr. João Pereira Barbosa

 – Um “ante-projecto, para mostrar o partido tomado e em que ainda não há uma preocupação de detalhe”, elaborado por Keil Amaral, (7) acompanhado de uma “descrição do projectado para construção de um edifício na Rua da Horta da Companhia, (8) a pedido da Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, assinado pelo mesmo arquitecto.

– Um artigo intitulado “Querer É Poder”, história resumida do Asilo dos Órfãos até então, por Luís Nolasco (Macau, 18 de Março de 1936) (9)

Com desenho/projecto na 1.ª página da “Fachada principal do novo edifício do Asilo dos Pobres e Órfãos de Macau”
Planta do 1.º pavimento
Planta do 2.º pavimento
Planta da cave
Mensagem manuscrita do governador interino, Dr. João Pereira Barbosa de 8 de Abril de 1936.

NOTA – Apesar de ter havido lançamento da primeira pedra do edifico, em 23 de Junho de 1936, com projecto do arquitecto Keil do Amaral, na Rua de Horta e Companhia, não consta ter havido concretização desta obra pois não encontro nas minhas pesquisas, até hoje, qualquer informação sobre a inauguração ou trabalhos realizados nessa mesma rua e também porque os «Anuários de Macau» de 1938 (p. 442) e 1940/41 (p. 462) referirem uma nova morada para o Asilo dos Órfãos, na «Vila Flora». Acrescenta-se o facto de, em 13 de Fevereiro de 1924, num terreno denominado Horta da Companhia, doado à Irmandade da Misericórdia de Macau pelo Governo da Província, ter sido construído um edifício destinado para Asilo dos Inválidos, (10)

(1) 08-06-1862 – Chegaram a Macau os Padres jesuítas Xavier Rôndina (1827-1897) e José Joaquim de Fonseca Matos, os primeiros professores do reaberto Seminário.  O Padre Francesco Saverio Rondina nasceu em Itália e aos 15 anos de idade ingressa na Companhia de Jesus e faz o seu noviciado em Roma. É enviado para Macau, tendo residido primeiramente, em Portugal entre 1859 e 1862, em Lisboa, no colégio de Campolide onde obteve a autorização régia para ensinar em Portugal, e posteriormente em Macau. Em 1862, passa pela ilha de Sanchoão, onde encontrou aí, a primeira sepultura de S. Francisco Xavier, que restaurou. Padre Rondina, depois de ter dirigido o Colégio de S. José em Macau de 1862 a 1871, devido à ordem que veio de Lisboa (os professores do Seminário teriam de ser obrigatoriamente de nacionalidade portuguesa e a aqueles que não cumpriam este requisito teriam de abandonar o território), abandona Macau com alguns colegas jesuítas e dirige-se para o Rio de Janeiro, onde permanecerá durante algum tempo mas, por motivos de saúde, regressa finalmente a Itália, em 1882. Nesse ano, quando conhece a obra educativa de S. João Bosco, sob a inspiração e nome de S. Francisco de Sales – os Salesianos – propôs a ida destes para Macau. D. João Paulino Azevedo (1902-1918) dá sequência à instalação dos salesianos em Macau, em 1906. (10)

Sobre a biografia e obra do Padre Rondina , aconselho leitura de: ARESTA, António – Cinco Figuras do Diálogo Luso-Chinês em Macau em file:///C:/Users/ASUS/Downloads/06-Cinco%20figuras__Antonio%20Aresta873-894.pdf

MARTINS, Maria M. B. – Compêndio de Philosophia Theorética e Pratica de Francisco Xavier Rondina S.J.; O Renascimento de Neo-escolástica  em https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/15970.pdf

(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971, p. 31.

(3) “1900 – Sendo Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva criou este grande vulto macaense o Asilo dos Órfãos, que ficou a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac (hoje sede do Instituto Cultural do Governo da RAEM). A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares importantes dentro e fora de Macau. (10)

(4) “Havia antigamente o Asilo dos Órfãos da Santa Casa da Misericordia de Macau, instalado no edifício que a mesma Santa Casa propositadamente mandou construir ao Tap Seac e onde hoje funciona o liceu nacional. Um provedor, porém, em hora infeliz de confissão de incompetência e de comodismo propôs, e conseguiu, a sua extinção. Ficou, então, aberta uma lacuna na obra de assistência pública de Macau.” (Luis Nolasco) (6)

(5) “06-01-1933 – Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da «Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos», alimentada com cotas mensais, sessões de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau. Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (11), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, (12) o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar (10) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/06/noticia-de-06-de-janeiro-de-1933-novo-asilo-dos-orfaos/

(6) “O Asilo dos Orfãos”, jornal, número único, de Abril de 1936,Macau.

“ABRIL DE 1936 – Publicado um Jornal do Asilo com o título de “O Asilo dos Orfãos”, Número Único, com a história e o projeto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência; ainda instalado na Travessa dos Santos, ali se utilizou a política de self-supporting-concern, com oficinas de tipografia e encadernação e professores (e material) concedidos pela Comissão Administrativa de Município, por proposta do Tenente Guedes Pinto. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral, sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Pereira Barbosa.” (10)

(7) Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral (1910 — 1975) foi um arquiteto português ligado ao Modernismo, com destaque ao longo dos anos de 1940 e 1950, com responsabilidade projectual de importantes obras públicas, como por exemplo, Aeroporto de Lisboa, Feira das Indústrias de Lisboa, Parque Florestal de Monsanto, Lisboa etc. Completa o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes de Lisboa e a primeira obra é de 1934 (Instituto Pasteur, Porto). Este projecto para Macau terá sido um dos primeiros trabalhos encomendados (não consta na sua biografia) já que só em 1936, é referenciado o concurso para o Pavilhão de Portugal na Feira Universal de Paris, onde esteve durante 1 ano para acompanhar a construção do pavilhão. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Keil_do_Amaral)

(8) A Rua de Horta da Companhia, em 1969, foi redenominada Rua de D. Belchior Carneiro (actual designação) nas comemorações dos 400 anos da chagada a Macau do Bispo D. Melchior.

(9) Dr Luís Gonzaga Nolasco da Silva (1881-1954; filho de Pedro Nolasco da Silva) foi presidente do Asilo dos Órfãos de 1933 (Travessa dos Santos, n.º 2) a 1938/1939 (Vila Flor) (Directório de Macau, 1933, p. 518 e Anuário de Macau, 1938, p. 442) (https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-nolasco-da-silva/)

(10) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, 2015, Volume II, p. 338; Volume III, pp. 161, 230,239, 251, 283)

(11) Dr. Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991; filho de Luís Gonzaga Nolasco da Silva) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gustavo-nolasco-da-silva/

(12) 14-07-1931- O Sr. Pedro Paulo Ângelo, fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, inicia uma subscrição pública para reerguer o Asilo dos Orfãos, instituição onde crescera e sustentada pela Santa Casa da Misericórdia até 1918 quando foi fechado por medidas económicas. Em 13 de Agosto de 1931, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.” (10)

Anteriores referências ao Asilo dos Órfãos: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/asilo-dos-orfaos/

D. BoscoComemora-se este ano , 200 anos do nascimento do sacerdote católico italiano, João Melchior Bosco (1815-1888). Fundador da Pia Sociedade S. Francisco de Sales, (Salesianos) foi beatificado em 1929  e canonizado em 1934 pelo Papa Pio XI. Dom Bosco é o padroeiro dos Jovens.

Os primeiros padres salesianos chegaram a Macau, em 13 de Fevereiro de 1906, devido aos esforços do Bispo João Paulino de Azevedo e Castro. Foram eles, os padres Luís Versiglia, (1) Ludovice Olive e João Fergnani, acompanhados dos mestres de  oficinas Feliz Borsio, Luís Carmagnala e Gaudencio Rota. Fundaram o Orfanato da Imaculada Conceição, para as crianças chinesas. (2)
O primeiro prédio do Instituto Salesiano da Imaculada Conceição foi aberto em 1 de Abril de 1906, no n.º 3 da Rua da Prata. Foi depois transferido para o edifício da Rua de S. Lourenço. Em 1923 foi inaugurado um novo edifício na Calçada da Paz que tinha a separá-lo do edifício da Rua de S. Lourenço, um jardim onde se encontra o monumento à Nossa Senhora Auxiliadora (inaugurado em 1 de Abril de 1934 (3)

Colégio D. Bosco 1952Colégio de Dom Bosco na década de 50 (século XX)

No campo do ensino e educação, além do Instituto Salesiano, outra obra de grande mérito dos Salesianos foi (e continua a ser) o Colégio D. Bosco. (4). Com a designação de Colégio D. Bosco, os rapazes do antigo Asilo dos Órfãos  (5) ficaram instalados em edifício próprio, sito na Estrada Ferreira do Amaral, em 1951, tendo o respectivo terreno sido concedido gratuitamente em 1940, pelo Governo à Associação dos Padres Salesianos, para erecção dum Colégio e Oratório Festivo para os rapazes europeus e macaenses.
Pedra Angular Colégio D. Bosco 1949Embora a primeira pedra de erecção do actual edifício fosse benzida e lançada pelo bispo D. José da Costa Nunes, em 1941, só a 6 de Fevereiro de 1949 (depois do conflito no Pacífico) o então bispo D. João de Deus Ramalho  benzeu a nova pedra angular a 6 de Fevereiro de 1949. Foto retirada de http://blog.lusofonias.net/?p=18931.
A inauguração do Colégio D. Bosco seria a 10 de Fevereiro de 1952.
(1) O padre Luís Versíglia (1.º superior dos seis primeiros salesianos em Macau), aluno de D. Bosco, bispo e vigário apostólico de Shiu-Chow, (6) morreu no dia 25 de Fevereiro de 1930, mártir da fé e caridade  juntamente com o padre Calisto Caravário também ele salesiano (MACAU, B. I., 1956)
(2) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau, 1954
(3) Referências anteriores ao Colégio D. Bosco e a acção sobretudo educativa dos Salesianos em Macau:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/salesianos/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/colegio-d-bosco/
(4) Hoje: Colégio Dom Bosco (Yuet Wah)
(5) O Asilo dos Órfãos passou em 24 de Julho de 1941, da administração da Santa Casa da Misericórdia para directa responsabilidade da diocese. O então, bispo D. José da Costa Nunes confiou os rapazes aos Salesianos, tendo sido instalados em 28 de Agosto de 1941, no antigo «Asilo de Mendicidade» sito na Rua Francisco Xavier Pereira e depois no Orfanato da Imaculada Conceição.
(6) Cháozhōu (潮州), transliterado como Chiuchow (pronúncia cantonense)  Chaochow ou Teochew (dialecto local); cidade no  leste da Província de Guangdong.

ANO III- 60 1956 Colégio S. R. Lima “O «COLÈGIO DE SANTA ROSA DE LIMA» anexo ao antigo Convento de Santa Clara e a cargo das Franciscanas Missionárias de Maria, é um dos modelares estabelecimentos de ensino da Província.” (1956) (1)

Os estatutos e regulamento para o Colégio de Santa Rosa de Lima como casa de educação para o sexo feminino, foram publicados em 1875 pelo governador José Maria Lobo d´Ávila (portaria n.º 23 de 18-02-1875) após a extinção do mosteiro de Santa Clara.
O ensino ministrado nesse colégio era o elementar, ou instrução secundária que compreendia: línguas portuguesa, francesa e inglesa; história sagrada; desenho; música de canto e piano; educação física; higiene e economia doméstica.
A pedido do bispo D. António Joaquim de Medeiros, as Irmãs Canossianas tomaram conta desse Colégio em 1889, dirigindo-o até 1903.
Convidadas pelo bispo D. João Paulino de Azevedo e Castro, as Franciscanas chegaram a Macau a 17 de Novembro de 1903, instalando-se no Mosteiro de Santa Clara e tomando a direcção do Colégio. Ambos os edifícios lhes foram cedidos pelo Governo juntamente com os bens do antigo Mosteiro e do antigo Recolhimento de S. Rosa de Lima (o recolhimento fechou em 1875 após o falecimento da última clarissa)
A 30 de Novembro de 1910, o Governo ordenou a saída das Franciscanas do Colégio, o qual era então frequentado por 130 alunas de diferentes nacionalidades, sendo muito delas internas. A escola foi confiada a pessoal leigo a 7 de Janeiro de 1911, ficando reduzida a 40 alunas.
A 10 de Dezembro de 1911, foi arrendado o edifício do antigo Mosteiro de Santa Clara para aquartelamento e tropas expedicionárias, determinando-se que o Colégio de S. Rosa de Lima passasse para outro edifício particular; felizmente esta medida não pegou, continuando o colégio sob a direcção de pessoal leigo.
Em 1932, voltaram as Franciscanas a dirigir o Colégio. A secção chinesa iniciou-se em 1933. (3)
Em Setembro de 1975, o curso de inglês deste colégio, passou para a Escola Matutina (2) e o curso chinês desta passou para o Colégio de S. Rosa (Rua de Santa Clara). A Instrução Primária portuguesa no Colégio funcionou até 1999, permanecendo aí a secção chinesa.

ANO III - 62 1956 Colégio D. Bosco“O COLÉGIO D. BOSCO, de linhas modernas e airosas, é um dos mais modernos estabelecimentos de ensino da Província. “ (1956) (1)

 “ A 24 de Julho de 1941, a Santa Casa da Misericórdia entregou ao Bispo de Macau, D. José da Costa Nunes, o seu Asilo dos Órfãos, com os seus 30 rapazes e a 15 de Agosto desse ano foi confiado aos Salesianos. Enquanto se não levantava edifício próprio, os órfãos portugueses ficaram instalados no Orfanato da Imaculada Conceição juntamente com os chineses.
Em 1940, o Governo concedeu um terreno em Mong Há e a 10 de Novembro de 1941, fez-se a inauguração do aterro para os futuros pátios do colégio.
A 6 de Fevereiro de 1949, foi lançada nesse terreno a primeira pedra dum edifício que se chamou “ COLÉGIO D. BOSCO”, de Artes e Ofícios, destinado ao Ensino Técnico e Profissional, sendo seu primeiro Director, o Pe. António Giacomino.  António Bastos foi o arquitecto que preparou todos os planos”  (3)
(1) MACAU Boletim Informativo, Ano III, 1956
(2) Na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, edifício que foi demolido em 1998 para construir no mesmo lugar o actual “Colégio de Santa Rosa de Lima English Secondary” (Av. Dr.Rodrigo Rodrigues, n.º 367).
(3) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau. Direcção dos Serviços de Educação e Cultura, 1981, 423 p.

Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos, alimentada com cotas mensais, sessões  de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau (1). Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (2), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar. (3) (4).

Asylo dos ÓrphãosAsylo dos Orphãos na Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac) (5)

O Asilo dos Órfãos foi criado em 1900 (Boletim Oficial n.º 15 de 14-04-1900), pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Pedro Nolasco da Silva tendo ficado a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac.  A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado  ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares inportantes dentro e fora de Macau. Um dos ex-protegidos, Pedro Paulo Ângelo, então fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, resolveu reerguer o Asilo e, após proposta em sessão, foi a mesma aprovada por unanimidade.

Assim em 14 de Julho de 1931, Pedro Paulo Ângelo inicia uma subscrição pública para reerguer o «Asilo dos Órfãos”.  Em 13 de Agosto de 1932, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.

(1)   O Governo de Macau compra o edifício do Hotel Bom Vista, em 1923, à Santa Casa de Misericórdia por 82 585 patacas. O Liceu de Macau que estava funcionando neste edifício até aí, vai mudar-se para o Tap Seac.
Em 12 de Julho de 1924, o Liceu Central de Macau instala-se no prédio n.º 89 da Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac). E aí ficará até à mudança para o novo Liceu (entretanto, em 1937, seria denominado Liceu Infante D. Henrique) construído no aterro da Praia Grande, junto da antiga Avenida Dr. Oliveira Salazar e inaugurado a 2 de Outubro de 1958.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
Posteriormente com a inauguração do novo Liceu, o edifício passou a Repartição Provincial dos Serviços de Saúde e a Delegacia da Saúde, e depois Serviços de Saúde de Macau. Presentemente este é o Edifício do Instituto Cultural do Governo da  R.A.E.M. (Praça do Tap Seac)
Anteriores referências ao Liceu, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/liceu-nacional-infante-d-henrique/
(2)   Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991), filho de Luis Gonzaga Nolasco da Silva (7.º filho de  Pedro Nolasco da Silva e proprietário da «Casa Branca», posteriormente Convento da Órdem do Precioso Sangue) era licenciado em Direito. Foi conservador do Registo Predial de Macau. Foi advogado da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia  (Cartório da Santa Casa).
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/09/postais-macau-artistico-iv/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/06/personalidade-pedro-nolasco-da-silva/
(3)   GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4)   Uma entrada de Abril de 1936, na “Cronologia “ citado em (1) da Dra. Beatriz Basto da Silva, refere ainda nesta data, a localização do Asilo na Travressa dos Santos. No entanto já tinha projecto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Ferreira Barbosa.
(5) Foto de Man-Fook.  Retirado do Arquivo Científico Tropical:
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6878

Postais da Colecção “MACAU ANTIGO” (1), emitidos pelo Instituto Cultural de Macau na década de 90 (século XX), a preto e branco (fotografias antigas de Macau – finais do século IX e princípios do século XX). (2)
Hoje trago mais dois postais, referentes ao Mercado Vermelho e à Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida.

MACAU ANTIGO -Mercado Vermelho

O Edifício do Mercado Vermelho ou Mercado do Almirante Lacerda, mais conhecido por Mercado Vermelho (紅街市大樓) foi construído em 1936 tendo sido projectado pelo 3.º Conde de Senna Fernandes (3). Fica no cruzamento da Avenida Almirante Lacerda e  Avenida Horta e Costa. Foi traçada em 1930 e tem três pisos. Revestido de tijolos vermelhos daí o seu nome. Faz parte da lista do Património Cultural de Macau, como edifício de interesse arquitectónico (Decreto Lei n.º 83/92/M de 31 de Dezembro) (4)

MACAU ANTIGO -Av Conselheiro FerreiraPavimentação da Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida

A Avenida terá sido iniciada cerca de 1895 juntamente com as obras de  saneamento da área de S. Lázaro e a construção das casas da Rua de Volong, afim de conter a epidemia – peste bubónica em Macau, Hong Kong e Cantão iniciada em 10-04-1895 (5) e que durou até 1896 com casos esporádicos em 1897 e 1898. Esta foto no entanto será já do princípio da década de XX .
Recorda-se que foi em 1919 que a Santa Casa da Misericórdia teve autorização para construção de dois prédios na Avenida e de outros dois na Rua de Tap Seac (hoje património classificado),  bem como proceder ás obras do prédio n. 89 no antigo Asilo dos Órfãos (iniciado em 1900), depois transformado em Liceu Central de Macau ( 1924) (hoje Instituto Cultural do Governo da  RAEM) (5)

(1) Adquiridos na Plaza Cultural Macau Lda. (Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 32 G). A colecção tem 20 postais.
(2) Muitas destas fotografias encontram-se publicadas em muitas publicações (livros, revistas, jornais, etc) e na web.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9). Há outras fontes que indicam o arquitecto macaense Júlio Alberto Basto
(4) Uma descrição do Mercado poderá ler-se  em “Às compras no Mercado Vermelho” em:
http://oriente-adicta.blogspot.pt/2010/07/as-compras-no-mercado-vermelho.html
e uma descrição mais pormenorizada do edifício, no “site” “H.P.I.P. – Património de Influência Portuguesa – Equipamentos e Infraestruturas
http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=923
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)