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TÁN KÁ KÂI 蜑家鷄 GALINHA DOS TANCARES

Nos tancares que faziam o tráfico dos rios, criavam-se também galinhas em gaiolas colocadas na proa. Essas galinhas estavam constantemente a ver a água do rio mas sem poderem bebê-la. Portanto este termo é empregado para se referir a qualquer coisa que é desejada e que está à mão mas que não pode ser possuída.” (1)

蜑家鷄mandarim pīnyīn: dàn  jiā jī; cantonense jyutping: daan6 gaa1 gai1

(1) GOMES, Luís G. – Tropos Usados na Gíria Chinesa. Mosaico V-27/28 de Novembro e Dezembro de 1952, p. 136

TANCAR – T´ÉANG-CHAI

(2) TancarT´éang-chai – barco de transporte de passageiros no porto – tem 14 côvados de comprimento, 4 de boca e 1 de calado. É coberto de toldos de esteira e destina-se a transporte de passageiros dentro do porto. É movido só a remos apoiados em toletes, por 2 ou 3 pessoas, gingando uma com remo maior que serve também de esparrela. O punho deste remo é aguentado por uma pequena retenida, feita em junco, a uma argola fixada a meio dum vau. Desta forma, o movimento do remo é equilibrado. CARMONA, Artur Leonel Barbosa – Lorchas, Juncos e outros barcos usados n sul da China,1985 p. 33.

F6F HellcatsDois Grumman F6F – 3 Hellcats em Maio de 1943
https://en.wikipedia.org/wiki/Grumman_F6F_Hellcat#/media/File:Hellcats_F6F-3,_May_1943.jpg

Uma esquadrilha de F6F, caças «Hellcats», da «Taskforce 38» da força aérea americana, (1) sob o comando do almirante William Halsey,  atacou pouco antes das 9.30 horas de 16 de Janeiro de 1945, alguns pontos da cidade, como a estação telegráfica de Dona Maria, que ficou danificada,  a Avenida Marginal e o Porto Exterior, sendo o principal alvo do ataque, a destruição dos depósitos de combustível existente no Centro de Avião Naval de Macau (CANM), situado no  Porto Exterior da península, que se incendiou, ficando o hangar completamente arruinado. Conhecedora das intenções das autoridades de venderem parte do combustível aos japoneses, (2) a marinha de guerra americana  efectuou as duas operações para destruir o alvo. A operação de manhã demoliu o alvo e os aviões regressariam pela tarde, (3)  lançando mais bombas, na área do hangar. O bombardeamento saldou-se em cinco mortos (4) e na destruição do antigo Museu Marítimo de Macau, (5)  que estava abrigado no hangar de aviação. (6) (7)

F6F Hellcats no porta-aviões YorktownF6F Hellcats do porta-aviões Yorktown
http://science.howstuffworks.com/grumman-f6f-hellcat.htm

(1) Tratava-se do Grupo 5 da «Task Force 38» conhecido por «T. F. 38.5», integrado no chamado «Carrier Task Force 38» , sob o comando do Almirante William Halsey e que tinha como núcleo oito grandes porta-aviões: Yorktoun, Hancock,Ticonderoga, Essex, Wasp, Hornet, Entrepise e Lexington; e seis porta-aviões mais ligeiros como apoio: San Jacinto, Monterey, Cowpens, Langley, Cabot e Independence.

Porta-aviões EnterprisePorta-aviões Enterprise
Capacidade para 90 aviões e uma tripulação de 2217 homens.
http://ww2db.com/ship_spec.php?ship_id=296

O «T. F. 38.5» pertencia ao grande porta -aviões Entreprise, porta-aviões de apoio Independence e de seis contratorpedeiros: McCord, Trathen, Franks, Hazelwood, Haggard e Buchanan. Tinha como missão atacar os navios e aeródromos japoneses na proximidade do Estuário do Rio das Pérolas.
TEIXEIRA, P. Manuel – Bombardeamento de Macau,  16 de Janeiro de 1945.  NAM VAN, 1985.
 

Porta-aviões IndependencePorta-aviões Independence
Capacidade para 30 aviões e uma tripulação de 1569 homens
http://ww2db.com/ship_spec.php?ship_id=220

Nesse dia, 16 de Janeiro de 1945, os alvos dos bombardeiros da Task Force 38 na China foram os campos militares dos japoneses em Amoy, Swatow, Hong Kong (e oficialmente, uma esquadrilha atacou Macau por engano) e na Baía de Samah, em Hainão.
(2) Pedro de José Lobo, chefe dos Serviços de Economia vendeu aos japoneses que careciam de gasolina (desde 9 de Janeiro desse ano, após a invasão do Luzon do norte -nas Filipinas, pelo General Douglas MacArthur, a esquadra americana destruía em terra e no mar todas as fontes de abastecimento dos japoneses) o depósito de gasolina da Pan-American que mantinha carreiras para Macau, armazenada no Hangar. A transacção estava marcada para esse dia, 16 de Janeiro de 1945.
(3) “Cerca das duas e meia da tarde, cinco ou seis aviões voltaram e começaram a metralhar o aeródromo, a pista dos hidroaviões e da área vizinha. Estes aviões não lançaram bombas; usaram apenas metralhadoras para alvejar os automóveis, (8) os transportes do governo e os carros de bombeiros parcados na Avenida da Amizade. Os aviões afastaram-se e cerca de um quarto de hora depois, usando a imponente estátua do governador Amaral como ponto de referência, dois aviões fizeram um último voo baixo metralhando a área perto do aeródromo destruído enquanto outros aviões voavam mais alto a cobri-los para os proteger“- depoimento de Armando da Silva, citado pelo Padre Teixeira (1)
(4) O relatório oficial do Governo que foi enviado para a Comissão Americana após a guerra para efeito de compensação de todos os prejuízos, consta como resultado dos bombardeamentos, a morte de 5 pessoas e vários feridos para além da destruição da gasolina, a destruição do hangar (que foi depois reconstruída), a destruição do Museu Marítimo e de Pescarias e os vidros em vários edifícios. No entanto, os vários relatórios dos observadores militares e civis não foram conclusivas quanto à morte ou número de mortos, segundo informação oral do quarteleiro da bataria da Guia e observador militar da área do Porto Exterior durante a guerra, soldado 4371 Pereira.
(5) A criação em Macau de um museu dedicado ao estudo e divulgação das actividade relacionadas com o mar remonta ao ano de 1919 por iniciativa do então adjunto do capitão dos Portos de Macau, Primeiro-tenente Artur Leonel Barbosa Carmona. O Museu Marítimo e Pescarias ficou instalado na Capitania dos Portos até ser mudado, em 1934, para o Hangar da Aviação Naval. Entre o espólio que se perdeu com os bombardeamentos, encontravam-se cinco modelos, extraordinariamente precisos, de barcos de Macau que foram premiados com «Grand Prix» na Exposição Universal de Paris (7)
(6) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(7) SILVA, Beatriz B. – Cronologia da História de Macau,  4.º Vol, 1997.
(8) Segundo Padre Teixeira (1) os americanos que tinham em Macau a sua espionagem bem montada, nessa manhã, quando Pedro José Lobo se dirigia para o Hangar do Porto Exterior, surgiu uma onda de bombardeiros que despejaram bombas incendiárias sobre o hangar e perseguiram com metralhadoras o automóvel doe Pedro Lobo; este se salvou, saltando do carro e escondendo-se no lodo da estrada” Episódio verídico, confirmado pelo relatório do quarteleiro da bataria da Guia e observador militar da área do Porto Exterior durante a guerra, soldado 4371 Pereira.

“Em 1880 um pedido feito pelo Director do Observatório Meteorológico de Zi-Ka-Kei, de Xangai, deixou o segundo-tenente Demétrio Cinatti, ao tempo Capitão dos Portos de Macau, um tanto embaraçado: – era solicitada uma cópia das observações meteorológicas registadas nesta Província e, na Capitania dos Portos, apenas existia um barómetro, onde se faziam leituras quando havia tufões nesta região. (1)
Este facto desagradável, porém, veio ressaltar a lacuna que se fazia sentir e que carecia de ser encarada devidamente.
No ano seguinte passou aquela Capitania a fazer observações regulares dos diversos elementos meteorológicos. Todavia, só em 1900 foi criado o 1.º posto meteorológico, com a designação de Observatório Meteorológico de Macau, na Ermida da Penha, (2) onde passou a funcionar até 1904, data em que foi transferido para parte das antigas dependências do Hospital Conde S. Januário.

Serviço Meteorológico S. Januário I“Três dos cinco pavilhões que constituem a sede do Serviço Meteorológico”nas antigas ruínas do fortim de S. Jerónimo

Desde aquela data intensificou-se o número de observações feitas com maior regularidade e os resultados eram publicados no Boletim Oficial da Província. Montou-se em 1918 um aparelho de importância capital numa zona onde os ventos tempestuosos são frequentes: – o anemógrafo de Dines (3) e, pouco depois, foi aquele Serviço apetrechado com dois sismógrafos. (4) Nesse mesmo ano foi estabelecido o serviço da hora.
Estes melhoramentos e muitos ali introduzidos bastante beneficiaram aquele Serviço e foram devidos ao então encarregado do Observatório, Almirante Artur Barbosa Carmona.(5)

Serviço Meteorológico S. Januário II“Desenhando a carta do tempo, o que se faz duas vezes ao dia, e mais vezes nas proximidades dos tufões”

O último e definitivo impulso que o funcionamento sofreu, foi o resultado da publicação da Lei n.º 2:042, (6) que criou os Serviços Meteorológicos de Ultramar e do Decreto n.º 38:021, que fixou os respectivos quadros do pessoal, em consequência do que foi designado um meteorologista do Serviço Meteorológico Nacional, para Chefe do Serviço Meteorológico de Macau, então criado.” (7)

A 28 de Junho de 1966, o Observatório Meteorológico de Macau transfere-se para a Fortaleza do Monte.

Serviço Meteorológico TaipaHoje, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos – 澳門地球物理暨氣象局 encontra-se na Rampa do Observatório na Taipa Grande desde 1995.
(1) 1880 – Fundação, por Demétrio Cinatti, do Observatório Astronómico, com edifício novo desde 1904 sobre as ruínas do Forte de S. Jerónimo. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3).
(2) No Morro do Bispo.
(3) Aquisição de um anemógrafo “Dines Baxendel” para o serviço do Observatório desta Província  1910/10/01-1911/07/13. (http://www.archives.gov.mo/)
Anemógrafo – aparelho destinado a registar  continuamente todas as variações de direcção (em graus), de velocidade dos ventos (em m/s)e  a distância total (em Km) percorrida pelo vento com relação ao instrumento a as rajadas (em m/s)
(4) 1918 – Instalado em Macau, para melhoria dos serviços meteorológicos, o anemógrafo de Dines Baxendell. Nesta mesma data se repararam vários registadores e se estabeleceram sismógrafos e um pluviómetro eléctrico.(SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4).
(5) Anterior referência a este Almirante em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-l-barbosa-carmona/
(6) Lei n.º 2042 publicada a 22 de Junho de 1950, no B.O. de Macau, n.º 29 – cria em cada uma das colónias portuguesas um Serviço Meteorológico.
A Capitania dos Portos, instalada desde 1904 em edifício próprio sobre as ruínas do fortim de S. Jerónimo, na Guia, cessa responsabilidades no campo dos Serviços de Meteorologia. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5).
(7) MACAU, Boletim Informativo, 1955.

Lorchas, juncos e outros barcos I

Ilustrado com estampas coloridas (1) e gravuras extra texto, desdobráveis. Apresenta-se  com glossário bilingue, português-chinês, dos termos náuticos, dos nomes das embarcações, do calendário da pesca e de outras actividades marítimas.
Muitos dos desenhos desta publicação foram copiados posteriormente no opúsculo editado pela Repartição Provincial dos Serviços de Marinha (Comando da Polícia Marítima e Fiscal), em 1968 intitulado “Tipos de barcos chineses, usados na pesca, tráfego, diversões etc, cujos desenhos foram copiados do relatório do Ex. mo Senhor Contra-Almirante Artur Leonel Barbosa Carmona“.  Este opúsculo tem 17 páginas, de 30 cm e foi compilado por Nunes da Silva (almirante). Poderá ver este opúsculo em:
http://cronicasmacaenses.files.wordpress.com/2011/08/barcos-chineses-calm-artur carmona.pdf

NOTA:  O 1º tenente Artur Leonel Barbosa Carmona, (1889-1965) teve uma  notável acção em Macau, onde serviu doze anos nos Serviços de Marinha (de 1920 a 1924, como adjunto da Capitania, de 1927 a 1931 no Comando da Polícia Marítima e Capitão do Porto e depois novamente em 1933 -1934. Regressou à Metrópole em 1934 como Capitão-tenente). Dirigiu o Observatório Meteorológico e como director, introduziu-lhe valiosos melhoramentos, o que permitiu uma intensiva cooperação com os de Manila e Xangai na previsão de tufões. Foi em 1930 a Timor, proceder à instalação de um posto rádio por si construído, que tornou possível efectuar comunicações daquela colónia com a metrópole, via Macau, as quais se faziam, antes por intermédio do Timor holandês. Regressado de Macau, comandou diversos navios, o último dos quais o “Afonso de Albuquerque”, em missões de soberania, durante a II Guerra Mundial. Dirigiu tambem as Obras Públicas de Macau (particularmente no sector da electricidade, em que era especializado).
É lembrado porque reuniu um valioso espólio para a criação (proposta sua ao Governador Artur Tamagnini Barbosa) do Museu Marítimo e de Pesca, primeiramente instalada numa dependência da Capitania dos Postos (1919)  e depois no Hangar do Porto Exterior (depósito de petróleo da Província).  Recorda-se que o Hangar foi bombardeado em 1945, e com o incêndio se perdeu todo o recheio (3).
Preparou a representação de Macau na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, em 1922 onde foram exibidos alguns dos curiosos modelos de lorchas, juncos e outras embarcações dos mares da China.

(1) CARMONA, Artur Leonel Barbosa – Lorchas, juncos e outros barcos usados no sul da China : a pesca em Macau e arredores. 2.ª edição, Obra Social dos serviços de Marinha, 1985, 77 p. : il. ; 27 x 21,5 cm. Tem esta edição, uma nota introdutória do Cap.-Frag. João Manuel Nobre de Carvalho

Lorchas, juncos e outros barcos IIA 1.ª edição é de 1954, Macau – Imprensa Nacional, 26 cm X 21 cm, com 73 p.

(2) As estampas foram feitas pelo Senhor Eurico Fonseca, desenhador da Escola Naval.
(3) Incluindo cinco modelos de barcos, notáveis pela sua precisão que fizeram parte do mostruário da Província de Macau na Exposição Universal de Paris de 1900, ao qual foi atribuído o «Grand Prix»
This beginning ironically symbolised an outflow of heritage, rather than the contrary. The episode was repeated when Lisbon requisitioned items linked to fishing and vessels from Macao and Timor to be put on show in Portugal’s pavilion at the 1900 Paris World Fair. The aim was to affirm a country’s place on the international scene and its presence on various continents. In any case, the articles only returned to Macao after the Maritime and Fishing Museum opened in 1919, with the addition of some items collected in the meantime by the assistant to Artur Leonel Barbosa Carmona, then director of Macao’s port authorities.”
MESQUITA, Pedro Dá – artigo publicado no “Macao Magazine“:
http://www.macaomagazine.net/index.php?option=com_content&view=article&id=83:macao-museums&catid=38:issue-3