Extraído de «BGU» 1964.
No dia 3 de Março de 1962, no Ministério do Ultramar, o Professor Dr. Adriano Moreira deu posse ao novo governador de Macau, tenente-coronel António Adriano Faria Lopes dos Santos. O acto foi bastante concorrido. Leu o auto de posse o Sr. Dr. Almeida Cota, findo o que o governador prestou compromisso de honra.
Acto de posse do governador da província de Macau tenente-coronel Lopes dos Santos
Em seguida, o Ministro do Ultramar, ladeado pelo Engenheiro Amaro da Costa e Dr. Costa Freitas, subsecretários do Fomento Ultramarino e da Administração Ultramarina, e pelos governadores empossado e cessante (tenente-coronel Jaime Silvério Marques, proferiu o discurso (1)
No discurso que proferiu, o ministro do Ultramar disse que deve preservar e fortalecer-se a tradicional política de boa amizade entre Macau e a China
No final de seu discurso, o senhor ministro do Ultramar condecorou o novo governador com a Medalha dos Serviços Distintos.
Por fim falou o senhor tenente-coronel Faria Lopes dos Santos. (1)
Os dados biográficos do tenente-coronel Lopes dos Santos, até à sua nomeação como governador de Macau
(1) Os discursos integrais encontram-se disponíveis para leitura no «BGU» XXXVIII – 441, Março de 1962, pp. 15-26, donde se extraiu os dados desta reportagem.
NOTA: António Adriano Faria Lopes dos Santos (1917-2009), general da arma de Engenharia, serviu como Governador de Macau desde a sua chegada a 17 de abril de 1962 até 25 de Novembro de 1966, Nomeado segundo comandante militar e comandante operacional adjunto do comando-chefe da Guiné entre 1968 e 1969. Foi depois Governador de Cabo Verde de 13 de Março de 1969 até Abril de 1974.
Anteriores referências neste blogue:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-lopes-dos-santos/
Dos Arquivos de RTP:
-Reportagem (1:52) da partida de António Adriano Lopes dos Santos de Lisboa, de regresso a Macau em 05 de Outubro de 1965.
https://arquivos.rtp.pt/coudos/partida-de-adriano-lopes-dos-santos-para-macau/#sthash.Ub5oMCsZ.dpbs
-Reportagem das Comemorações do 28 de Maio de 1965 em Macau onde se vê inaugurações de vários edifícios públicos e de habitação social, promovidas pela Comissão Provincial da União Nacional e pelo Comissariado da Mocidade Portuguesa, em colaboração com governo da província macaense, e que assinalam as comemorações da Revolução de 28 de Maio de 1926.
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/comemoracoes-do-28-de-maio-em-macau/#sthash.uC8hFgpA.dpbs
O «Diário da Manhã» (1) apresentou um suplemento semanal em 1966, a propósito da comemoração do 40.º Aniversário da Revolução Nacional de 28 de Maio com o título de “40 Anos na Vida de uma Nação”. O primeiro suplemento abrangia as “províncias europeias, com os arquipélagos da Madeira e dos Açores”.
O 2.º suplemento publicado em 9 de Julho de 1966, era dedicado às províncias do Oriente “Províncias de Moçambique, Macau, Timor e as terras sequestradas do Estado Português da Índia”.
O terceiro número era consagrado às “províncias da África Ocidental: Angola, Cabo Verde, Guiné e S. Tomé e Príncipe”.
Estava programado um quarto suplemento dedicado às comunidades portuguesas dispersas em território estrangeiro, mas creio que não chegou a ser publicado.
A secção dedicada a Macau está nas páginas 153 a 162 e tem vários artigos (nenhum deles assinado):
– “A Análise mais autorizada ao progresso verificado na nossa Província de Macau”
– “Aqui Portugal! Fala de Macau a Emissora de «Vila Verde» ” (2)
– “Quatro séculos da História de Macau”
– “Duas figuras de prestígio intelectual e económico da cidade do Santo Nome de Deus.
– “Colaboramos com quem estiver disposto a colaborar connosco”
– “Bispo D. Paulo Tavares.”
– “Leal Senado presente em todos os momentos críticos da história de Macau”
– “Porto de abrigo no «extremo» do Mundo, Macau acolhe 73 000 refugiados.”
“Só os grandes génios são capazes de, por si, mudar decisivamente o rumo da coisas e da própria história, mas esses aparecem, e nem sempre, uma vez em cada século como alguém dizia. Macau não precisa de génios, mas duma acção coordenada, persistente e contínua de todos, mãos dadas e sem veladas intenções nem inconfessáveis interesses, para garantir o bem da província e dos seus habitantes. … “(discurso do Governador de Macau, António Adriano Faria Lopes dos Santos, na abertura do Conselho Legislativo, 1966)
(1) O «Diário da Manhã» n.º 12.562 de 9/7/66, 176 p., dimensões: 41,5 cm x 28, 2 cm x 1 cm. Tinha como Director, Barradas de Oliveira e esse suplemento tinha como editor: António da Fonseca.
O “Diário da Manhã”, a 4 de Abril de 1931, sob direção de Domingos Garcia Pulido, integrante do círculo íntimo de Salazar ocupou a antiga redação d’ “O Mundo”, pioneiro jornal republicano (na Rua da Misericórdia, onde hoje está instalada a Associação 25 de Abril), assume o papel de órgão oficioso e de doutrinação da União Nacional. Com a consolidação do Estado Novo, o “Diário da Manhã” assume uma linha progressivamente mais sectária no culto à figura de Salazar, embora continue a apresentar-se como um órgão noticioso. Esta evidência certamente terá contribuído para que a sua expansão se deva quase exclusivamente à distribuição gratuita ou por assinatura dos diferentes serviços do Estado. A subida ao poder de Marcelo Caetano e uma certa abertura do regime esvaziam de sentido a existência do jornal. O seu último número sai no dia 30 de Janeiro de 1971, vindo a ser substituído pelo jornal “Época”.
http://casacomum.org/cc/arquivos?set=e_8765
(2) Publicado em anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/26/leitura-1966-emissora-de-vila-verde/
15 de Novembro de 1966 – hoje precisamente, já lá vão 50 anos – data dos incidentes na ilha da Taipa. (1)
Uma questão com a construção da escola geral do bairro (Fong Chong) da ilha da Taipa serviu de pretexto para os tumultos que tiveram lugar em Macau no chamado incidentes de “ um, dois, três” (o ponto critico foi a 3 de Dezembro), as primeiras manifestações maoístas da revolução cultural em Macau.
Nesse dia, as autoridades camarárias da Ilha da Taipa (2) decidiram intervir, embargando as obras de construção de uma nova escola (da associação profissional de filiação comunista) que já tinha projecto aprovado mas ainda sem a devida licença para início das obras. A intransigência por parte das autoridades levou à reacção dos trabalhadores, manifestando o seu protesto.
A intervenção policial levou à violência física e assim duma manifestação local, foi o pretexto para a escalada da contestação e as manifestações de rua em Macau por parte dos membros da Associações chinesas pró-comunistas (maoístas afectos a Mao Zedong -毛澤東 – Mao Tsé-Tung, os chamados “guardas vermelhos” da revolução cultural) no dia 30 de Novembro, (3) culminando nos princípios de Dezembro com os incidentes mais violentos.
Vários factores terão contribuídos para esses incidentes: o período conturbado da China com o conflito político entre as cúpulas dos dirigentes, a ascenção do movimento composto por estudantes e outros jovens na Revolução Cultural (1966-1968) com um forte pendor nacionalista (anti-ocidental) que atraiu também a juventude e cidadãos de Macau; o período entre a nomeação e a chegada do novo governador, brigadeiro José Nobre de Carvalho (4), a intransigência e a falta de tacto diplomático político/cultural/socioeconómico muito específico neste território com os representantes e associações tradicionais locais por parte da administração provisória que estava nas mãos de militares (5) (encarregado do governo, chefe das forças militares e do comando da P. S. P. e presidência do Leal Senado) – tudo contribuiu para um rastilho rápido da violência.
Do livro de Gary Ka-wai Cheung – Hong Kong ´s Watershed, The 1967 Riots (6)
(1) “15-11-1966 – Devido ao embargo das obras para a construção de uma escola patriótica, isto é, comunista, na ilha da Taipa, regista-se uma violenta confrontação entre a Polícia de Segurança Pública de Macau e manifestantes chinese em que, alegadamente são feridas 40 pessoas e detidas 64 (Boletim Oficial n.º 49 e 51 de 1966)”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998
(2) Era Administrador das Ilhas Rui Tomás de Aquino da Graça Andrade nomeado em 5 de Junho de 1966 e substituído em 21 de Novembro desse ano.
(3) “30-11-1966 – Na manhã deste dia e nos dias seguintes um grupo de alunos da escola «Hou Kóng», perto do colégio D. Bosco, desfilaram com os seus professores até ao Palácio do Governo; chegados ali, reuniram-se a lerem voz alta os pensamentos do «Livro Vermelho» de Mao Zedong. A sua actuação continuará.”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998
(4) O coronel António Adriano Faria Lopes dos Santos governou Macau de 17-04-1962 a 22-10-1966.
O brigadeiro José Manuel de Sousa e Faro Nobre de Carvalho foi nomeado a 22 de Outubro de 1966 e chegou a Macau a 25 de Novembro de 1966 e ficará até 8-11-1974.
(5) Encarregado do governo, comandante Militar (desde 28-08-1963) e Presidente do Leal Senado (de 11-05-1965 a 17-12-1966 substituído entre 26-07-1966 a 22-11-1966 por José dos Santos Maneiras enquanto foi encarregado do Governo) – Coronel Carlos Armando da Mota Cerveira.
Comandante da Polícia de Segurança Pública – tenente-coronel de infantaria Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo. de 16-01-1963 a 11-01-1967. O anterior Comandante da P.S.P. era o tenente-coronel (na altura) Mota Cerveira de 17-01-1963 a 14-10-1963.
http://www.fsm.gov.mo/psp/por/psp_org_9.html
(6) Disponível na net:
https://books.google.co.uk/books?id=0uStp3CUaqUC&lpg=PA16&dq=
As fotografias foram extraídas do opúsculo panfletário “Luta Contra As Atrocidades Sanguinárias Do Imperalismo Português Em Macau”, editado pelo diário “澳門日報 (7) Macau Daily News / Ao Men Ribao, em Setembro de 1967.
(7) 澳門日報 – mandarim pīnyīn: ào mén rì bào; cantonense jyutping: ou3 mun4 jat6 bou
A 27 de Abril de 1929, foi criada a revista «Arquivos de Macau» cujo primeiro número saiu em Junho de 1929. (1)
A notícia oficial é transmitida pela Portaria n.º 268:
«Artigo 1.º – Como dependência do Boletim Oficial da Colónia, publicar-se há (sic) mensalmente, um folheto, com o formato que fôr julgado conveniente, que irá inserindo todos os documentos de interesse histórico que forem encontrados nos arquivos da colónia.
Artigo 2.º – Da direcção dessa publicação fica encarregado, em comissão gratuita, o professor do Liceu de Macau Dr. Telo de Azevedo Gomes»
A portaria é assinada nesta data pelo Governador interino João Pereira de Magalhães.
O primeiro número da 1.ª série, Vol. I da Revista Arquivos de Macau saiu a 1 de Junho de 1929.
Esta 1.ª Série consta de 3 Volumes: o primeiro com 7 números, de Junho a Dezembro; o segundo Volume com 6 números, de Janeiro a Junho de 1930; o terceiro Volume com 4 números (o 1.º de Julho de 1930, o 2.º de Agosto de 1930, o 3.º de Abril de 1931 e o 4.º de Julho de 1931.
Exemplar da 2.ª série – Vol. I n.º 3 de Abril-Maio de 1941
Segue-se-lhe a 2.ª Série. O Volume I, já sob a responsabilidade e direcção do Cónego Morais Sarmento, tem dois preciosos índices e a série foi interrompida por «falta de papel» (2)
Exemplar da 3.ª Série – Vol. II n.º 4 de Outubro de 1964
A 3.ª Série é assinada a 1 de Fevereiro de 1964 pelo Governador António Lopes dos Santos. A publicação Volume I sai nesse mês, como Director (em comissão gratuita), o bibliotecário da Biblioteca Nacional, interino, Luís Gonzaga Gomes. Até ao falecimento deste, em 1975, são publicados os volumes correspondentes a cada semestre.
Exemplar da 3.ª Série – Vol. V n.º2 de Fevereiro de 1966
Uma 4.ª série, embora com características de Boletim do Arquivo Histórico de Macau renasce em 1981 com o Rev. Prof. Dr. Silva Rego e Dra. Beatriz Basto da Silva (a responsabilidade da edição passou a ser do Director da A. H. M.) (3)
(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998.
Realizou-se nos dias 15 e 16 de Outubro de 1953, com a assistência do Comandante Militar da Província (Brigadeiro João Carlos Guedes Portugal da Silveira) (1) um concurso militar de tiro na carreira de tiro da Ilha da Taipa. Aberto entre os militares da guarnição de Macau, nele se inscreveram 40 atiradores individuais e 5 equipas de Unidades Militares. Na prova individual, classificou-se em 1.º lugar o Capitão João Vítor Bragança com 101 pontos e na prova por equipas, o Batalhão de Caçadores I com 403 pontos.
Informação de MACAU Boletim Informativo, 1953.
NOTA: O Batalhão de Caçadores n.º 1 era comandada, nesse ano, pelo Major de infantaria, Leonídio Marques de Carvalho. Era composta por 4 companhias cujos comandantes eram:
Comandante da 1.ª Companhia- Capitão de infantaria, Francisco do Carmo Veiga.
Comandante da 2.ª Companhia – Capitão de infantaria, Abel Carvalho de Almeida.
Comandante da 3.ª Companhia – Capitão de infantaria, José Pedro Heitor Marques.
Comandante da 4.ª Companhia – Capitão de infantaria, José da Cruz Nunes.
O capitão de artilharia, João Vitor Teixeira Bragança era o Comandante da Bataria Antiaérea de 4 cm (2) até 02 de Setembro de 1950 quando foi nomeado comandante da Companhia de Artilharia (o anterior comandante, Capitão Almor Branco Baptista fora nomeado secretário do Governador Albano Rodrigues de Oliveira (3)
(1) Nesse ano, o Chefe de Estado-Maior era o Capitão do C. E. M., António Adriano Faria Lopes dos Santos, que mais tarde viria a ser nomeado Governador de Macau.
(2) Anuários de Macau 1950, 1953-1955
(3) CAÇÃO, Armando A. A. – Unidades Militares de Macau. Gabinete das Forças de Segurança de Macau, 1999, 329 p.
Integrada nas comemorações do 40.º aniversário da Revolução Nacional, foi neste dia, realizada pelo Governador, coronel António Adriano Faria Lopes dos Santos, a inauguração do novo estabelecimento da Escola Comercial «Pedro Nolasco», situado na Avenida Infante D. Henrique, uma velha aspiração da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, entidade que teve a seu cargo este estabelecimento, mantendo-o em funcionamento mais de um século, sem encargos nenhuns para os estudantes que o frequentavam.
O Governador da Província no momento em que cortava a fita simbólica da inauguração do novo edifício da Escola Comercial «Pedro Nolasco».
O novo espaço é um edifício airoso, arejado, espaçoso a contrastar com o acanhamento do velho edifício (1) que não tinha espaço suficiente para comportar os 480 alunos que o frequentavam.
Entrada do novo edifício, no dia da inauguração
O Dr. Henrique Nolasco da Silva, Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, pronunciando o seu discurso no dia da inauguração. Na foto, à esquerda, o director da Escola Comercial nesse ano lectivo, o Dr. Henrique de Sena Fernandes
Uma formação de alunas, no dia da inauguração
Informação e fotos de “Macau Comemorações do 40.º Aniversário da Revolução Nacional”. Centro de Informação e Turismo, 1967, 292 p.
NOTA: a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses cedeu o edifício da Escola Comercial «Pedro Nolasco», actualmente extinta, para a instalação da Escola Portuguesa de Macau (EPM) em 1998.
(1) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/08/noticia-de-8-de-janeiro-de-1954-festa-escolar-escola-comercial-pedro-nolasco/