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“Neste dia, 16 de Janeiro de 1735, partio o navio St.º António para a Costa de Goa, e nelle foi António de Amaral e Menezes (1) que havia entregado, na véspera, o governo de Macau ao Sr Bispo (D. João do Casal). Foi tão desgostozo da colónia que não se despedio de ninguém.” (2)

“05-01-1735 – Neste dia tomou posse do Governo desta Cidade o Sr Bispo D. João de Casal (nonagenário) (3) pela desistência que fes delle António de Amaral e Menezes o qual não quis servir mais que dois annos e meio, para cuja desistência alcançou licença do Vice Rey que a apresentou.” (2)   

“04-08-1735 – Neste dia tomou posse do Gov.º desta Cidade Damião Pereira Pinto (chegado da Índia no navio Sant´Anna) que lhe entregou o Sr. Bispo da diocese, D. João do Casal, Ele veio no Navio St.ª Anna que o recebeo em Mangalor porque este anno nenhum dos Navios desta Cidade poude tomar o Porto de Goa por chegarem mt.º tarde a Costa da Índia.” (2)

(1) António de Amaral e Meneses tomou posse como governador de Macau em 18 de Agosto de 1732. Chegou a Macau no dia 12 do mesmo mês no navio Corsário. Já o pai, Belchior Amaral Meneses ocupara o mesmo cargo de 1682 a 1685. Natural de Goa, além de militar, era tanador-mor com provas dadas. Teve que resolver problemas internos que foi encontrar em Macau e sentiu-se espartilhado pelos “Privilégios” concedidos ao Senado por D. Rodrigo da Costa, que o impediam de exercer autoridade junto dos Vereadores, com quem teve, assim como com o Ouvidor, várias discórdias. Em 1733 pede ao Vice-Rei da Índia que o substitua, por demais desgostoso com o governo. O pedido foi aceite em 1734 (Janeiro), data em que, não tendo sido nomeado substituto, foram abertas vias de sucessão. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 249)

(2) BRAGA, Jack – A Voz do Passado, p. 52

(3) O Bispo D. João do Casal faleceu no dia 20 de Setembro de 1735.

 Neste dia, 12 de Agosto de 1732, chega a Macau o navio «Corsário» trazendo o novo governador desta cidade, o Moço-Fidalgo António de Amaral e Meneses, (1) que tomaria posse do Governo a 18 de Agosto de 1731. Veio render a António Moniz Barreto.(2)

Ephemerides da semana” in «BGM», XII- 34, 20 de Agosto de 1866, p.137

(1) “18-08-1732 – Toma posse e exerce o cargo de Governador e Capitão-Geral de Macau, António de Amaral Meneses. Chegara a 12 do mês no navio Corsário. Já o pai, Belchior Amaral Meneses ocupara o mesmo cargo de 1682 a 1685. Natural de Goa, além de militar, era tanador-mor (3) com provas dadas. Teve que resolver problemas internos que foi encontrar em Macau e sentiu-se espartilhado pelos “Privilégios” concedidos ao Senado por D. Rodrigo da Costa, que o impediam de exercer autoridade junto dos Vereadores, com quem teve, assim como com o Ouvidor, várias discórdias. Em 1733 pede ao Vice-Rei da Índia que o substitua, por demais desgostoso com o governo. O pedido foi aceite em 1734 (Janeiro), data em que, não tendo sido nomeado substituto, foram abertas vias de sucessão. O governo ficou entregue ao Bispo de Macau, D João de Cazal (4) (5)

(2) António Moniz Barreto, natural de Angra de Heroísmo, Açores, filho de Guilherme Moniz Barreto. Conflitos com o Ouvidor, António Moreira de Sousa, a quem mandou prender. Levou um mandato de seis e não de três anos, (de 11 de Agosto de 1727 a 1731) como habitual, e teve sempre o apoio de Goa. (5)

O Moço Fidalgo António Moniz Barreto tomou posse do Governo de Macau, tendo sido um mau governador, segundo o Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses. Mandou prender o Ouvidor António Moreira de Sousa com grilhões, numa fortaleza, mas conseguiu não só governar durante todo o seu triénio como dois anos mais.” (GOMES, Luís G. –Efemérides da História de Macau, 1954)

(3) No dicionário de Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, não existe a palavra tanador mas sim tanadar – funcionário português que, na Índia, arrecadava as rendas das gancarias (assembleia de gancares – cultivadores de terras bravias na Índia Portuguesa)

(4) Um novo governador só é nomeado a 22 de Abril de 1738, tenho tomado posse a 25 de Agosto de 1738, Manuel Pereira Coutinho, natural de Goa. Não teve alterações notáveis no desempenho do seu mandato em Macau, deixando o cargo em 1743 e a cidade em 1744. (5)

Ephemerides da Semana” in «B.G.M.», XII-35, 27de Agosto de 1866, p. 142

(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol I, 3.ª edição, 2015.

“O Senado andava desesperado: para qualquer lado que virasse, só via males: querelas intestinas, perturbações dos mandarins, falta de dinheiro e, a luzir no horizonte, o espectro da fome. Ocorre-lhe pedir, como sempre, ajuda aos jesuítas e nesta data escreve ao P.e Domingos Pinheiro S. J., o Provincial. Entre as várias desgraças que se abateram sobre Macau , uma das maiores é a falta de um celeiro de arroz; os chinas põem preços exorbitantes; e por qualquer questão com os escravos dos portugueses, eles fecham as loja, «deixando perecer toda esta terra sem mantimentos». O único meio que se «antolha ao Senado para obviar a estes inconvenientes» é pedir ao Provincial conceda licença aos padres da Casa de S. José para abrir ali um celeiro de arroz à sua custa e sob a sua administração, dada a falta de dinheiro da parte do Senado. Este espera pagar com os direitos que tirar da vinda dos barcos. O Provincial, a 28 de Julho, escreveu de Pequim ao governador António de Amaral e Meneses (1) : « esta cidade corre perigo de ser tomada pelos chinas….»

Em face deste aviso tão sensato do jesuíta de Pequim, o Senado resolve, a 31 de Outubro de 1733, abrir um celeiro de arroz. Não havendo dinheiro, «se ofereceo o Juiz Ordinario Antonio da Lança Vasconcellos  de fazer toada a deligencia para que o negocio de tanta importancia tenha effeito»”  (2)

(1) O Moço-Fidalgo António de Amaral Meneses, natural de Goa, chegou a Macau a 12 de Agosto no navio «Corsário»  e tomou posse do Governo de Macau a 18 de Agosto de 1732. Teve uma governação atribulada, num período de grave questão financeira, com discórdias com o Ouvidor e o Senado.  Pediu para ser substituído, tendo tomado posse interinamente do Governo , D. João do Casal , bispo de Macau (o primeiro a usar o título de Bispo de Macau pois os seus antecessores usavam o de Governador de Bispado). D. João do Casal, já era bastante idoso, com 94 anos e faleceria nesse ano em Setembro. António do Amaral e Meneses, após a entrega do Governo, no dia seguinte seguiu viagem no navio «Santo António» para Goa, sem se despedir de ninguém. por sair muito desgostoso da colónia. (3)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XVIII, Volume 2. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 216 p. (ISBN 972-8091-09-5)
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.