Formou-se no Pacífico, no dia 7 de Julho de 1883, atravessou as Filipinas, passando sobre Manila e entrou no Continente perto de Macau, no dia 12 para 13 de Julho de 1883. O temporal por ter levado muito tempo a passar, produziu consideráveis estragos, perderam-se vidas, embarcações, desmoronaram-se casas e os jardins de S. Francisco e Chunambeiro ficaram completamente destruídos. (1) (2)
Velocidade do vento máxima: 110 Km/h
Pressão mínima: 737, 00 mm.
O «Boletim da Província de Macau e Timor», no suplemento n.º 28 (Vol. XXIX), de 19-07-1883, traz vários relatórios dos diversos serviços do território. Hoje apresento o da Capitania do Porto de Macau de 17 de Julho assinado pelo 2.º tenente, Demétrio Cinatti (3).(1) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que assolaram Macau, 1957.
(2) “12-07-1883 – Grande tufão assolou a cidade de Macau. O tufão desta data danificou muito o edifício que tem servido de quartel ao destacamento da Taipa” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.)
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/demetrio-cinatti/
No dia 6 de Outubro de 1854, declarou-se pelas 11 horas, rijo temporal de leste, (1) rondando no dia seguinte o vento para sudoeste. Houve vários estragos, pois, devido a abundantíssima chuva, deste ano, abateram-se várias casas. O brigue «Beliza» (2) desta praça desarvorou-se, encalhando-se e perdendo o leme no Baixo de Prata, onde se encalhou também o «Chadwick» (3) . O navio chileno «Caldera» (4) ficou desmastreado e roubado de toda a carga, pelos piratas que raptaram também uma passageira francesa.” (5)(6)
Há outras referências de perdas durante este tufão:
“The Barque «Marianne», of Melbourne, Captain Francis, which left Whampoa for Amoy on the 1st instant, with a cargo of cotton, was totally wrecked, during a severe typhoon on the 6th instant, on an island about seventy miles to the southwest of Macao. The captain, mate, and 11 Malays, reached Macao in a China boat, but ten Malays were unfortunately drowned. Captain Francis and the survivors of the crew arrived here yesterday from Macao in the «Spark».” (6)
(1) No dia 6 de Outubro de 1854, formou-se um tufão no Pacífico que atingiu Macau vindo de E. Produziu consideráveis estragos mo mar da China. Desmoronaram-se muitas casas em virtude da violência da chuva que atingiu proporções catastróficas. O vento rondou a SW onde se manteve durante muito tempo. NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau, 1957.
(2) O brigue-escuna «Beliza» de 148 toneladas, que terá perdido o capitão e tripulação durante este tufão, em 1859 ainda constava na Relação dos navios existentes na praça de Macau (proprietário João Lourenço de Almeida).
(3) ” The P. and O. Co.’s steamer «Canton», returned from the Pratas Shoal on the 15th instant, with the passengers and remainder of the crew of the «Thomas Chadwick», but nothing had been seen of the unfortunate captain and boat’s crew of the Beliza.
http://www.pbenyon.plus.com/Gazette/Accidents/Shipwrecks_In_The_China_Seas.html
(4) O navio chileno «Caldera» seguia para a Califórnia e entre os passageiros que ficaram prisioneiros estava uma mulher francesa, Fanny Loviot que mais tarde escreveria sobre esta experiência num livro de aventuras “A Lady´s Captivity among Chinese Pirates” (1859).(7)
(5) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(6) http://www.pbenyon.plus.com/Gazette/Accidents/Shipwrecks_In_The_China_Seas.html
(7) SINN, Elizabeth – Pacific Crossing: California Gold, Chinese Migration, and the Making of Hong Kong, 2013.
No dia 27 de Setembro de 1926, caiu sobre a cidade um inesperado tufão (1) que causou grandes prejuízos e estragos, devido ao facto de o tufão ter mudado inesperadamente de direcção e a população de Macau ter sido apanhada de surpresa. (2)
Assim registaram-se avarias na iluminação pública, naufrágios principalmente no Porto Exterior. A lancha canhoneira «Macau» (3) esteve em perigo de se afundar. O cruzador «Republica» (4) ficou encalhado no Porto Interior. Afundaram-se cinco batelões da «Netherlands Harbour Works». O rebocador Otto encalhou perto de um muro de retenção da Areia Preta. A draga Nanking garrou (5) e foi encalhar em Macau Siac. Encalhou também um batelão na Lapa, outro junto do muro da rua marginal, e outro no Porto Interior. Afundaram-se várias embarcações com perdas de vidas.(6)
O jornal «Diário de Lisboa» informava no dia 28 de Setembro de 1926 que “”UM TUFÃO ASSOLOU MACAU parecendo que houve mortes”
“MACAU, 27 – Um violento tufão assolou esta cidade. Nem todos os juncos de pesca que estavam ao largo recolheram, receando-se que a maior parte se tenha afundado causando a perda de muitas vidas. Os estragos no litoral são relativamente pouco importantes.”
Nos dois dias seguintes (29 e 30 de Setembro) completava a notícia:
“ No Ministério das Colónias não foi ainda recebido qualquer novo telegrama sobre o tufão de Macau. O cruzador «Republica» garrou, não tendo, porém, sofrido qualquer avaria.”
“Pela vistoria a que se procedeu, verificou-se que o cruzador «República», não sofreu qualquer avaria, em consequência de ter “garrado” em Macau.”
(1) “Formou-se no Pacífico no dia 22 de Setembro de 1926 nas proximidades de Guam; deslocou-se para WNW e depois NW, atravessou Luzon e no Mar da China, recurvou para W passando a poucas milhas a norte das Pratas. passou a cerca de 60 milhas a Sul de Macau e entrando no Continente dissipou-se a N. de Hanoi no dia 28 de Setembro”. (NATÁRIO, Agostinho – Tufões que assolaram Macau.) 1957.
(2) O mesmo acontecendo em Hong Kong conforme relatório anual (1926) de “Hong Kong General Chamber of Commerce”
https://www.chamber.org.hk/FileUpload/201108261214531386/1926AR.pdf
(3) N.R.P «Macau» – lancha-canhoneira (1909-1943)
Sobre esta lancha, aconselho a postagem do site:
http://naviosenavegadores.blogspot.pt/2008/09/marinha-de-guerra-portuguesa-o-nrp.html
Nos comentários a esta postagem, Ricardo Matias dá uma informação sobre o destino desta canhoneira:
“A canhoneira Macau e duas dragas do porto de Macau, foram entregues às autoridades militares japonesas que ocupavam a China por troca com 10.000 sacos de arroz, foi uma troca desigual e forçada pela ameaça de invasão. O navio passou a chamar-se Maiko e com o final da Guerra caiu em mãos chinesas em Cantão, rebaptisado Wu Feng, passou em 1949 para a China Comunista e perdeu-se o rasto. A troca foi realizada em 15 Agosto 1943, mas o navio continuou na lista da Armada até 1945, uma maneira de mostrar aos americanos que não ajudávamos os japoneses.”
(4) Cruzador «República» (ex-HMS Gladiolus) (1920 -1943)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/06/noticia-de-6-de-marco-de-1927-o-cruzador-republica/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/02/leitura-o-cruzador-republica-na-china/
(5) GARRAR – (termo náutico) – quando o navio é levado a vogar à mercê das ondas, por não estar bem segura a amarra. Desprender as amarras.
(6) GOMES, Luís G – Efemérides da História de Macau, 1954.
“5 de Agosto de 1835, data do tufão (1) que fez tantos estragos na Sé Catedral que a catedral foi provisoriamente transferida para a Igreja de S. Domingos em 3 de Agosto de 1836” (2).
A cerimónia de Sagração do novo Bispo, D. Jerónimo José de Matta em 1846, já se realizou na Igreja de S. Domingos.(2)
A reconstrução da Sé Catedral, dedicada à Natividade de Nossa Senhora, foi iniciada pelo Bispo D. Nicolau Pereira da Borja (3) em 1844. Por sua morte, em 1845, o novo Bispo, D. Jerónimo da Mata (4) tratou de continuar e concluir a construção da catedral cuja consagração foi feita em 19 de Fevereiro de 1850.(5)
Vista lateral da Igreja/ Sé Catedral
Atribuída a Man Fook, 1907
(1) “De acordo com os mapas de Piddington o tufão atravessou a ilha de Mindoro na direcção SE-NW e foi sentido pelo navio “Lady Hayes” que estava a Sul de Macau” (NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau, 1957.
O navio “Lady Hayes” está referenciado como um navio construído na Índia, em 1931, comprado pela empresa “Jardine Matheson & Co.” de Hong Kong em 1833 para o transporte do ópio entre a Índia e a China.
(2) “03-08-1836 – Por a igreja da Sé ter ficado muito danificada com o tufão, a catedral foi provisoriamente transferida para a Igreja de S. Domingos” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
“A autorização do cabido para a transferência provisória da Catedral para a Igreja de S. Domingos foi a 29 de Fevereiro de 1844. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995).
Bispo Nicolao Rodrigues Pereira de Borja.(5)
(3) D. Nicolao Rodrigues Pereira de Borja (1841-1845), sacerdote da Congregação de Missão, Mestre na Sagrada Theologia no Real Colégio de S. José da Cidade de Macau, foi eleito Bispo em 25 de Novembro de 1841, confirmado aos 19 de Junho de 1843 e tomou posse do Bispado aos 14 de Novembro do mesmo ano. Não chegou a ser sagrado (marcado para 8 de Setembro de 1844) encontrando-se para esse fim já em Macau D. Fr. Tomás Badia mas este falece a 1 de Setembro de 1844 e o Bispo Borja falece a 29 de Março de 1845 (antes de ser sagrado), com 68 anos de idade. Foi sepultado no interior da Capela do cemitério de S. Paulo. (5) Transladado depois para debaixo do altar principal da Sé Catedral.
Bispo D. Jerónimo José da Mata (5)
No pergaminho sustentado pelo Prelado lê-se:
Plano da Igreja Cathedral de Macau – J. Thomas d´Aquino – 1845 (6)
(4) D. Jerónimo José da Mata (1804 – 1865) foi admitido no seminário aos 18 anos de idade e chegou a Macau em 24 de Outubro de 1826, tendo concluído os estudos no Real Colégio de S. José em 1827. Em 1829, recebeu o diaconado e presbiterado em Manila (não havia Bispo em Macau para essa ordenação). Voltou a Macau, continuando os seus estudos em Matemática e astronomia com a fim de passar para o Tribunal das Matemáticas em Pequim, o que não se concretizou por ordem imperial de não admitir ali mais padres. De 1837 a 1843 esteve no reino e foi nomeado coadjutor do Bispo de Macau (D. Nicolau Rodrigues Pereira de Borja, com estado precário de saúde. Voltou a Macau em Maio de 1844, confirmado pela Santa Sé em 17 de Junho de 1844, com o título de Altobosco. Com o falecimento do bispo Borja, foi sagrado Bispo de Macau, em 21 de Dezembro de 1846, na igreja de S. Domingos. Renunciou o cargo em 25 de Setembro de 1862 Faleceu em Campo Maior (Portugal) em 5 de Março de 1865.(5)
(5) TEIXEIRA, P. Manuel Macau e Sua Diocese Vol II, 1940
(6) José Tomás de Aquino foi o arquitecto da reconstrução da Sé Catedral (incluída na lista dos monumentos históricos do “Centro Histórico de Macau”, por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO). Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-tomas-de-aquino/
Referências anteriores às Igrejas de S. Domingos e Sé Catedral, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/se-catedral/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-domingos/
Recordo aqui mais uma vez o violentíssimo tufão que assolou Macau nos dias 22 e 23 de Setembro de 1874. (1)
A seguir, descrição do tufão e seus efeitos em Macau que foram relatados pelo Eng. Carlos Alves, baseados nos relatórios oficias de então. (2)
“Este tufão, assolando rijamente a Colónia, durante uma dezena de horas, quási a reduziu a ruínas, em grande parte tisnadas por um temeroso incêndio que, no àcume do tufão, irrompeu no bairro de S. António. O cômputo das vítimas acusou 4000 mortos e enormes estragos, materiais em terra e no mar, onde centenas de embarcações se perderam, envoltas em alterosas vagas, nunca vistas naquelas paragens. Em violência e desastrosos efeitos, excedeu quantos eram lembrados nos séculos já decorridos.
No distrito de Heung-san, vizinhos da península de Macau, morreram mais de 20.000 pessoas, segundo constava, em Hong Kong os estragos foram imensos… (…)
… Amanhecera o dia 22 com o céu límpido e sereno, adoçando a brisa nortenha as prim eiras ardências do sol. O barómetro estava quieto, marcando a pressão normal correspondente ao mês. Havia dias que o alvorecer não se apresentava tão belo e suave… (…)
… A meio do dia, o firmamento começava a forrar-se de nuvens que aumentavam incessantemente, parecendo dispôr-se em camadas. As mais altas tinham o aspecto de cúmulos-estractos, formando cúpula a nuvens mais baixas e dispersas, de formação ovoide, que mudavam suavemente de forma, sem movimento aparente. O aspecto destas nuvens era sombrio, quási fuliginoso, com reverberações arroxadas ou bronzeadas…
Uma várzea nos arredores de Macau onde se encontrou o navio “Concórdia”que estava ancorado no Porto Interior antes da passagem do Tufão de Setembro de 1874 (3)
NOTA: “22-09-1955 – Comemorando o 81.º aniversário do histórico tufão que em 1874 assolou esta cidade destruindo grande número de edifícios públicos e particulares e fazendo numerosas vítimas, realizou-se, segundo o voto da população, no dia 22 do corrente, um solene «Te-Deum», cantado na Sé Catedral. (MACAU Boletim Informativo ANO III, 1955).
(1) Anterior “post” sobre o mesmo tufão
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/09/23/noticia-de-23-de-setembro-de-1874-o-tufao-e-o-farol-da-guia/
(2) ALVES, Carlos – Os Tufões do Mar da China. Separata da Revista «Técnica», 1931, 12 p.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/13/leitura-os-tufoes-do-mar-da-china/
(3) Fotografia retirado de:
NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Serviço Meteorológico de Macau, Macau, Imprensa Nacional, 1957, 20 p + 26 p. (gráficos, mapas e fotografias),
Ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/06/leitura-tufoes-que-assolaram-macau-i/
Foi assinalado no dia 2 de Setembro, pela primeira vez como depressão tropical cerca de 200 milhas a E de Aparri; deslocou-se para WNW e intensificou-se de tal modo que nas proximidades de Hong Kong recebeu o nome de tufão «Lise»
Árvore secular arrancada pelo Tufão de 8 de Setembro de 1949
O centro passou no dia 8 de Setembro, a 20 milhas a Sul de Macau, tendo-se registado muitos desastres em terra.
Pressão mínima: 737,36 mm
Velocidade do vento máxima: 120 Km/h
Rajada máxima: 174 Km/h
Danos causados pelo Tufão de 8 de Setembro de 1949
Entrou no Continente chinês a cerca de 40 milhas a Oeste de Macau.
Estado em que ficou a Avenida Marginal do Porto Exterior, após o Tufão de 8 de Setembro de 1949
Informações e fotografias de Fernando do Rosário retiradas de:
NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Serviço Meteorológico de Macau, Macau, Imprensa Nacional, 1957, 20 p + 26 p. (gráficos, mapas e fotografias).
O tufão formou-se no Pacífico, em 28 de Agosto, a norte de Yap (1), a NW das Ilhas Carolinas (2), deslocou-se para W e depois para WNW, atravessou o Canal de Balintang (3) e o seu centro passou a cerca de 10 milhas a Norte de Macau, tendo o barógrafo registado o valor de 717,5 mm valor muito inferior ao dos tufões de 1923, 1927, e 1936 que causaram muitos danos e vítimas na Província.
Estado em que ficou uma antena metálica da Estação Radiotelegráfica
depois da passagem do Tufão de 2 de Setembro de 1937
Este tufão pela sua violência e destruição aproximou-se bastante do de 1874, mas os estragos foram menores possivelmente, em virtude de uma melhor eficiência na distribuição dos avisos meteorológico ao público.
Produziu no entanto consideráveis estragos e registaram-se algumas mortes.
Pressão mínima: 717,46 mm.
Rajadas superiores a 200 Km/h
Em Hong Kong as rajadas atingiram 267 Km/h.
Ruínas provenientes da passagem do tufão de 2 de Setembro de 1937
Dissipou-se a Norte de Hanoi (Vietname.)
Naufrágio do navio da carreira Macau-Taipa-Coloane resultante do
Tufão de 2 de Setembro de 1937
(1) Yap é um dos quatros estados que fazem parte dos Estados Federados da Micronésia. É o mais ocidental da federação localizada a meio caminho entre as ilhas de Guam e Palau.
(2) As ilhas Carolinas pertencem ao arquipélago no Oceano Pacífico ocidental localizadas a nordeste da Nova Guiné. Fazem parte da Micronésia.
(3) O canal de Balintang fica entre as ilhas Batanes e Babuyan, nas Filipinas, no estreito de Luzon.
Informações e fotografias de Fernando do Rosário, retirados de:
NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Serviço Meteorológico de Macau, Macau, Imprensa Nacional, 1957, 20 p + 26 p. (gráficos, mapas e fotografias), 32 cm. x 23 cm.
Ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/06/leitura-tufoes-que-assolaram-macau-i/
Neste dia, de 1708, a Fragata Nossa Senhora das Neves comandada por Jerónimo de Melo Pereira que partira de Goa, chegou a Macau “desarvorada” (desgovernada), sem mastros e sem leme e a ré sem beque, sendo preciso irem embarcações rebocá- la para dentro do porto por causa de um grande temporal que apanhou por altura do dia 19 de Agosto.
Trazia como passageiros o capitão de Infantaria da guarnição António de Albuquerque Coelho (1682-1745) (mais tarde nomeado Governador de Macau, de 5 de Agosto de 1717 a 9 de Setembro de 1719. Sucedeu-lhe, António Silva Telo e Meneses que governou entre 1719 e 1722. (1).
Na mesma fragata vinham o tenente Dom (por ser fidalgo) Henrique de Noronha e Francisco Xavier Doutel, que pouco depois seriam grandes inimigos de Albuquerque Coelho. (2)
A fragata ficou em Macau para concerto tendo levado dois anos a ficar pronto para novas viagens.
NOTA: Na descrição dos tufões que passaram a uma distância igual ou inferior a 80 milhas de Macau, o mais antigo referenciado por Agostinho Pereira Natário (3) foi precisamente este tufão, que foi sentido em todo o Mar da China.
(1) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado. ICM, 1987, 78 p.
(2) http://www.arlindo-correia.com/070709.html
(3) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/06/leitura-tufoes-que-assolaram-macau-i/
Opúsculo do Engenheiro-Geógrafo Agostinho Pereira Natário (1) de 1957, com o título “Tufões que Assolaram Macau” (2), publicado pelo Serviço Meteorológico de Macau.
“O objectivo desta publicação consiste em trazer ao público a descrição dos tufões cujos centros compreendidos num raio não superior a 80 milhas de Macau afectaram o tempo na região.
Do exame de investigação feito a documentos existentes na Província, e a publicações da especialidade de Hong Kong, Filipinas e Xangai, apurou-se que 119 tufões, uns mais intensos que outros, modificaram o tempo na Província.
O tufão mais antigo que se conhece foi observado em Junho de 1348 ou 1347 por um viajante árabe – Ibn Batuta – que, por duas vezes, atravessou o Mar da China, entre as Filipinas e Amoy, num navio pertencente ao Rei de Sumatra do Norte. Este tufão é considerado pelo Rev. Pe. Miguel Selga (3) como um tufão histórico e outros que se não citam por não terem afectado o tempo na região.
Por falta de elementos concernentes aos mais antigos, não foi possível identificá-los convenientemente, mas citam-se apenas como elemento informativo.
Os tufões que assolaram Macau deixaram bem vincada a marca da destruição, do terror e da miséria em virtude dos elevados prejuízos materiais associados, por vezes, a grandes perdas de vida. Ainda que todos ocasionassem prejuízos o certo é que alguns houve que passaram quase despercebidos; no entanto, a Província entre os muitos que o assolaram não esquecerá o de Setembro de 1874, (4) Maio de 1875, 18 de Agosto de 1923, (5) e Agosto /Setembro de 1937 dadas as circunstâncias especiais em que se observaram e a importância dos estragos e vítimas causados.”
(1) Chefe do Serviço Meteorológico de Macau.
(2) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Serviço Meteorológico de Macau, Macau, Imprensa Nacional, 1957, 20 p + 26 p. (gráficos, mapas e fotografias), 32 cm. x 23 cm.
(3) Padre Jesuíta Miguel Selga (1879-1956), nascido perto de Barcelona, foi historiador, astrónomo e cientista. Chegou a Manila em 1915 para trabalhar no Observatório de Manila, tendo sido depois o seu director.. Trabalhou nas Filipinas até 1946. Publicou imensos trabalhos científicos em diferentes áreas tais como eclipses solares, estudos meteorológicos, terramotos, vulcões e tufões. O mais importante trabalho publicado é o Atlas dos Tufões de Filipinas de1902-1934.
file:///C:/Users/Jorge/Downloads/2306-7940-1-PB.pdf
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/09/23/noticia-de-23-de-setembro-de-1874-o-tufao-e-o-farol-da-guia/
(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/08/18/noticia-de-18-de-agosto-de-1923-macau-assolado-por-um-tufao/
Ver também outro separata publicada sobre os tufões do mar da China, em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/13/leitura-os-tufoes-do-mar-da-china/