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Recentemente foi editado mais um livro sobre Macau. Este da autoria de  António Alves Caetano, (1) uma investigação realizada baseada em  documentos oficiais existentes no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, “Macau na Era Napoleónica: início dos tempos gloriosos do ouvidor Arriaga” (2 ) que se centra na vida de Macau nos primeiros anos do século XIX, período em que Napoleão Bonaparte ameaçou a Europa e o mundo, e em que o autor expõe nos vários capítulos:  “Macau e Portugal no Mundo”; “Macau: do início da Era Global a Oitocentos”; “A Grâ-Bretanha à conquista de Malaca”; “Macau e a Pirataria no Mar ; “Macau e a Corte no Brasil” e “Pela prosperidade de Macau”.

Ant. Alves-Caetano - Macau na era napoleónica CAPA No último capítulo, uma visão pessoal do autor sobre a acção de Miguel de Arriaga no período citado “A figura titular do Ouvidor”.
O próprio autor afirma (p. 302) “Nos estudos de História procuro basear-se em documentação oficial existente em arquivos, socorrendo-me  da bibliografia sobre a matéria em apreço como elemento complementar. O propósito tem sido o de encontrar nova luz sobre episódios, supostamente relevantes, mas que por qualquer circunstâncias não captara o interesse de historiadores…(..)
… No caso vertente, deparo-me com muita obra escrita em biografias ou ensaios biográficos de Miguel de Arriaga Brum da Silveira que, ignorando a documentação existente sobre o período da vida de Macau, emite juízos de valor desfocados de quanto é legítimo concluir da leitura  cuidada dos documentos portos à disposição dos estudiosos dessa história.”
Ant. Alves-Caetano - Macau na era napoleónica CONTRA-CAPANa contra-capa:
Correu-se  o risco de expulsão da população portuguesa de Macau, por determinação do Imperador da China, se fosse confirmado que a administração do território tinha sido conivente com as forças armadas inglesas na invasão que fizeram em 1808.
A natureza violenta da revolução de 1820, assumiu em Macau, com ataques ferozes ao Ouvidor Miguel de Arriaga, servidor exemplar dos interesses portugueses no Oriente, que determinaram a sua prisão em masmorra infecta que  lhe destruiu a saúde e contribuiu para que falecesse com , apenas 48 anos.”
(1) Resumo da biografia do autor  retirado dos dados biográficos contidos na capa interior do livro: António Alves-Caetano, natural de Lisboa. Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (Universidade Técnica de Lisboa), em 1955. Foi presidente da Companhia de Seguros de Macau, e consultor da Autoridade Monetária e Cambial de Macau. Tem escrito desde 1955, em diversas áreas da Ciência Económica, Fiscalidade e Seguros, consagrando-se desde 1995 à pesquisa de História Económica e Social do século XIX, com livros publicados, artigos em revista e participação em Congressos. Uma biografia mais pormenorizada está disponível em:
https://sites.google.com/site/antonioalvescaetano/biografia
Do mesmo autor, recomendo a leitura da comunicação “Macau: dos primórdios da era global à era napoleónica” – apresentada ao XXXIII Encontro Anual da Associação Portuguesa de História Económica e Social, Bom Jesus de Braga, Novembro de 2013 e disponível em:
http://www3.eeg.uminho.pt/aphes33/Comunica%E7%F5es/Alves-Caetano.pdf
(2) ALVES-CAETANO, António – Macau na era napoleónica. Início dos tempos gloriosos do ouvidor Arriaga. Labirinto de Letras , Editores (colecção: Uma Outra História), 2016, 348 p. ISBN: 978-989-99119-9-4.

Uma notícia retirada do “Jornal de Letras, Artes e Ideias“, n.º 1190,  de 11 a 24 de Maio de 2016, na página 2, secção “DESTAQUE”
EXPOIÇÃO DE SOFIA AREAL EM LISBOAAnuncia a nova exposição de Sofia Areal  “A Oriente Tudo de Novo” inaugurada no dia 12 de Maio no Museu do Oriente (Lisboa) e onde estará patente até o dia 28 de Agosto. De realçar que estão expostos 28 trabalhos mais recentes de técnicas mistas em tinta-da-china, aguarela, lápis de cera, acrílico e grafite, realizados por Sofia Areal após a sua estadia em Macau, em 2014.
Sofia Areal esteve em Macau em Novembro/Dezembro de 2014 como bolseira da Fundação Oriente.
Sofia Areal é uma das mais importantes pintoras da sua geração. Nascida em Lisboa, em 1960, inicia formação em Inglaterra, com os cursos de «Textile Design» e o «Foundation Course, do Hertfordshire College of Art and Design, em St. Albans» (1979-81). (http://economico.sapo.pt/noticias/museu-do-oriente-inaugura-hoje-exposicao-de-sofia-areal_249327.html)

Padre Luís Xavier 1987Faleceu ontem, dia 16-02-2016, no Centro Hospitalar Conde de S. Januário, o  Padre Xavier.
Da  sua vida (1949-2016), sacerdote desde 1973, com uma vida sacerdotal marcante no território, sobretudo ligada à comunidade de língua portuguesa da diocese de Macau, poderão tomar conhecimento através dos jornais (1)
Neste momento de despedida pela partida deste amigo,  um desejo, que repouse em paz.

Requiescat in pace.

Foto de 1987, na Sé Catedral

(1) https://pontofinalmacau.wordpress.com/2016/02/17/50071/
http://hojemacau.com.mo/2016/02/17/obito-morreu-o-padre-luis-xavier-um-exemplo-para-muitos/

Hoje  dia 23 de Janeiro de 2016,  toma posse da diocese de Macau o bispo Stephen Lee Bun-sang (indigitado no dia 16 de Janeiro após a resignação do bispo José Lai Hung-seng – bispo de Macau de 2001 a 2016). (1)
Não sei se a data foi escolhida com o propósito  de se comemorar a fundação da Diocese de Macau. Mas  esta data (posse do novo bispo, referido na imprensa como o primeiro bispo que não domina o português) marca com certeza o encerramento de um ciclo de 440 anos da diocese de Macau, de prelados titulares com formação em língua portuguesa.

ÁLBUM 2005 - Paço EpiscopalPAÇO EPISCOPAL (2005)

Embora Bento da França refira “A 23 de Janeiro de 1573 foi creado o Bispado de Macau, sendo nomeado bispo D. Belchior Carneiro“, (2) o bispado foi criado a 23 de Janeiro de 1576. Também é sempre referenciado como o primeiro bispo de Macau ou o primeiro Governador do Bispado da Diocese de Macau, D. Belchior (ou Melchior) Carneiro, mas este não o foi de facto.
Belchior Nunes Carneiro Leitão (3) foi nomeado bispo a 15 de Dezembro de 1560 em Goa e parte para  a Macau (desembarcara em Malaca em 1567) no dia 1 de Maio de 1568, aonde chega no fim do mesmo ano.  Embora fosse o primeiro bispo que veio para Macau nunca foi titular da diocese (erecta em 23 de Janeiro de 1576, logo foi provida de bispo na pessoa de D. Diogo Nunes da Figueira).
Belchior que faleceu a 19 de Agosto de 1583, não tinha o título de Bispo da China e do Japão, mas tão somente o encargo das almas destas vastíssimas regiões, uma espécie de vigário apostólico ou bispo delegado para as regiões da China e Japão, sem diocese organizada e sem limites precisos do território.
Refere o Padre Manuel Teixeira: (4)
A Diocese de Macau criada pela bula “Super Specula Militantis Ecclesiae“de Gregório XIII, de 23 de Janeiro de 1576, foi no mesmo dia provida de bispo na pessoa de Diogo Nunes de Figueira, presbítero do Hábito de S. Pedro, pelo breve “Apostolatus Officium” do mesmo Papa. O bispo eleito contava então 30 anos, era bacharel em teologia e direito civil pela Universidade de Coimbra, sendo à data, Cónego e Tesoureiro-mor da Sé de Évora.
Portanto, D. Diogo Nunes de Figueira foi o primeiro bispo da nova diocese de Macau – bispo da China e do Japão em Macau, 1576. (5)

ÁLBUM 2005 - Sé CatedralSÉ CATEDRAL (2005)

(1) Stephen Lee Bun Sang – 李斌生, nasceu em Hong Kong a 10 de Novembro de 1956. Ordenado padre em 20 de Agosto de 1988, após formação em Arquitectura, em Inglaterra no ano de 1981 e onde se juntou à prelatura do Opus Dei em 1978.  Foi Bispo auxiliar de Hong Kong de 11 de Julho 2014.
(2) FRANÇA, Bento da – Macau: Os Seus Habitantes.  Lisboa, 1897, p. 16.
Também A. Marques Pereira na sua “Efemérides Comemorativas da História de Macau” se enganou na data: 23 de Janeiro de 1573.
(3) Anteriores referências a Belchior Carneiro em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/belchior-carneiro-melchior-carneiro/
(4) TEIXEIRA, Pe. M. – Macau e a Sua Diocese, VOLUME II Bispos e Governadores do Bispado de Macau, 1940, p. 84.
(5) “D. Diogo espontânea e livremente renunciou o bispado antes de ser sagrado, aceitando-lhe a renúncia o mesmo Gregório XIII a 22 de Outubro de 1578. Veio a falecer em 28 de Junho de 1613.”(3)
O Bispo da China e do Japão em Macau que sucedeu a D. Diogo foi Leonardo de Sá Fernandes, de 1578 a 1588, que depois passou somente a ser bispo da China em Macau de 1588 a 1597.