Em 2012, foi lançado no mercado o livro “MACAU” de Antoine Volodine (1)
Do site da Editora que publicou o livro, reproduzo algumas partes: (2)
“Macau é uma novela que serve de passaporte para esta região cuja História tanta ligação tem a Portugal. É através da memória do narrador que fazemos uma viagem onírica por Macau: um homem condenado à morte encontra-se preso dentro de um junco, drogado e amarrado com fita adesiva, à espera de ser assassinado por um enviado da máfia local. Enquanto aguarda, relembra as ruas, as pessoas e a vida da cidade, uma viagem poética e sonhadora que contrasta com a situação violenta em que o narrador se encontra.
O LIVRO
«Agradava-me a ideia de ser morto na China dentro de um junco ancorado, diante de um velho fotogénico, no meio de uma atmosfera chinesa saturada de maus cheiros, fumo e peixe frito, de tabaco, petróleo e água suja. Afinal fora para isso que eu viera, para acabar com tudo, para estar algures fora de tudo e a tudo pôr termo. Os médicos tinham-me concedido pouco tempo antes do começo dos sofrimentos a sério. Eu tinha previsto abreviá-los por mim mesmo, abreviar essas irreversíveis degradações do corpo. Não é que ser assassinado por engano me fosse de todo indiferente. Claro que havia uma certa dose de injustiça nesta história toda, algo que à última hora me poderia ter deixado uma certa amargura.»
Comentários e crítica do livro: (3)
“Em pouco mais de uma centena de páginas, o autor leva o leitor a uma viagem onírica por Macau tendo como ponto de partida um junco ancorado no Porto Interior e três personagens fundamentais na história: um homem à espera da morte, um velho chinês que fuma cigarro atrás de cigarro e uma jovem coreana, Laura Kim, perita em artes marciais e encarregada de garantir que o ‘condenado’ não fugia da sorte traçada pela máfia local..(…)… Fortemente vincado com a parte chinesa da cidade e da sociedade – as máfias, os juncos do Porto Interior e os cheiros caraterísticos das lamparinas para iluminação e da comida – a novela percorre ainda as ruas da cidade, fortemente marcada por uma presença portuguesa na sua arquitetura.”
JCS. Notícias Sapo, 21 de Junho de 2012 (4)
“É o que nos conta neste livro sobre uma cidade tão próxima da nossa geografia histórica e afetiva. “Macau ia ser o teatro do meu fim. Macau fora o teatro de numerosos períodos da minha vida, todos eles ricos e diferentes. Exílio, escrita, paixões, tumulto, inércia, delírios, tentações, parênteses de clandestinidade, tentação de refúgio no crime puro e simples, contemplação de um quotidiano banal e de um dia-a-dia desastroso, felicidade, tragédia, desprendimento, depressão, difícil repisar da memória, e como último ato, a derradeira deambulação antes do fim: eis o que esta cidade representara para mim no decorrer dos últimos 20 anos”
Jornal de Letras, Artes e Ideias, 5 a 18 de setembro de 2012. (5)
NOTA: Antoine Volodine, pseudónimo mais conhecido de um dos mais destacados escritores franceses contemporâneos, autor de culto, com mais de 30 títulos publicados em França.
Já havia publicado um livro sobre Macau : “Le Port Intérieur” (éditions de Minuit, 1995, Colecção Double Minuit, 189 p.)
Poderá ler uma análise literária desta obra, em francês, no blogue:
http://littexpress.over-blog.net/article-antoine-volodine-le-port-interieur-98960244.html
Olivier Aubert vive com máquinas fotográficas há cerca de vinte anos. Utiliza-as para fazer explorações, reportagens, inquéritos, retratos. Trabalhou até hoje numa trintena de países, uma grande parte dos quais em África e na Ásia. A sua obra está representada em numerosos museus franceses. (2)
Olivier Aubert vive com máquinas fotográficas há cerca de vinte anos. Utiliza-as para fazer explorações, reportagens, inquéritos, retratos. Trabalhou até hoje numa trintena de países, uma grande parte dos quais em África e na Ásia. A sua obra está representada em numerosos museus franceses. (2)
(1) VOLODINE, Antoine – Macau. Sextante Editora, 112 pp. Traduzido para português por Ana Isabel Sardinha Desvignes. Fotografias de Olivier Aubert
Volodine recebeu em 2008, a bolsa Jean Gattégno do Centro Nacional do Livro para a redacção de “Macau”, que foi publicada em Outubro de 2009 pelas “Éditions du Seuil”.
http://fr.wikipedia.org/wiki/Antoine_Volodine
(2) http://www.sextanteeditora.pt/media/noticia/ver?id=3101&langid=1&rnd=10907
(3) Em francês: de Michel Abescat, Télérama n.º 3126, 12/12/2009
http://www.telerama.fr/livres/macau,50256.php
e Isabelle Rüf, Le Temps, 19 décembre 2009
http://www.letemps.ch/Page/Uuid/52a6f8b4-ec1e-11de-976e-533375518f5a/Macao_retour_au_port_int%C3%A9rieur_pour_Antoine_Volodine
(4) http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/14532031.html
(5) Estante/letras do Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 1094, Ano XXXII, 5 a 18 de setembro de 2012, p. 15